Jeferson Miola: Eleições no Brasil talvez produzam resposta dura ao bolsonarismo

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Foto: Gabriel Paiva/PT na Câmara

Onda de mudança pode emplacar na eleição

Por Jeferson Miola, em seu blog

As pesquisas eleitorais em cidades de diferentes regiões do país relativas ao 1º período da campanha eleitoral no rádio e na TV [9 a 23/10] mostram crescimento das candidaturas de esquerda e progressistas, e queda das candidaturas bolsonaristas e/ou associadas a Bolsonaro.

Mas, como se percebeu em 2016 – e, principalmente, na eleição de 2018 – a manipulação criminosa das redes sociais e mídias digitais pela extrema-direita pode reservar surpresas inimagináveis, que contrariam as estimativas dos institutos de pesquisa.

Além disso, as restrições sanitárias impostas pela pandemia acrescentam um componente de maior imponderabilidade à eleição deste ano.

É prematuro, portanto, considerar que o cenário referido – ascenso da esquerda/descenso eleitoral do bolsonarismo – estejam cristalizados.

Por outro lado, não se pode desprezar os elementos da conjuntura eleitoral que reforçam esta tendência.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, a chapa Boulos e Erundina/PSOL ocupa a 3ª posição com 14% [Datafolha], livrando vantagem de 4% em relação ao concorrente mais próximo. Com um detalhe importante: Russomano, o candidato do Bolsonaro, cumpre a sina de sempre, e derrete a olhos vistos.

Russomano poderá ser logo ultrapassado por Boulos, que hoje tem reais chances de ir ao 2º turno contra Bruno Covas, do PSDB – partido que, embora aparente certo incômodo com a podridão do clã miliciano e negue ser bolsonarista, sustenta e aprova todas políticas regressivas e de destruição do país aprovadas por Bolsonaro no Congresso.

Na cidade do Rio o bolsonarista Crivella, cuja candidatura estaria cassada se os bolsonaristas não tivessem sua “justissa” eleitoral de estimação que mantém a candidatura dele ao mesmo tempo que cassa a candidatura à vereança do Lindberg Farias/PT, oscila entre a estabilidade e a queda lenta, porém persistente.

Eduardo Paes, do DEM do também bolsonarista Rodrigo Maia, o engavetador de mais de 60 pedidos de impeachment do criminoso na Câmara, segue estagnado e com a seta para baixo, enquanto Martha Rocha/PDT e Benedita da Silva/PT crescem.

No Recife o candidato João Campos, que é tratado com as reverências de descendente dinástico e recebe R$ 7,5 milhões de fundo partidário do PSB, tem 31% das intenções de voto [Datafolha].

A candidata Marília Arraes/PT figura como disputante do 2º turno – com a vantagem de ter 50% menos de rejeição que seu primo João.

Enquanto isso, as candidaturas da oligarquia bolsonarista vão ficando para atrás.

Em Fortaleza o policial militar bolsonarista Capitão Wagner, que a essas alturas deveria estar cumprindo pena de prisão por ter liderado, no ano passado, a rebelião criminosa da PM do Ceará que resultou no tiro desferido contra o senador Cid Gomes e que foi apoiada pelo então ministro Sérgio Moro e pelo chefe da Força Nacional bolsonarista, aparece liderando com 31%.

Atrás do jagunço bolsonarista; mas, contudo, à frente do cirista José Sarto/PDT [15%], a ex-prefeita Luizianne Lins/PT avança para o 2º turno, com 24%.

Em Belém/Pará Edmilson Rodrigues, numa aliança do PSOL com o PT e o PCdoB, lidera com larga vantagem em relação aos demais candidatos, podendo ser eleito no 1º turno.

Em Porto Alegre, capital mais meridional do Brasil, Manuela e Rossetto, numa chapa encabeçada pelo PCdoB com o PT de vice, lidera com folga o 1º turno. Manuela representa a mudança desejada pela maioria da população, enfarada de 16 anos de retrocessos e abandonos promovidos pelo condomínio partidário de direita e extrema-direita que neste período todo se revezou na destruição da capital gaúcha e na regressão da imagem da cidade que um dia já foi inspiração para o Fórum Social Mundial.

O dado novo é a pesquisa que projeta Manuela vencendo todos adversários no 2º turno com 40% – ou seja, ela ultrapassa o teto da votação da esquerda no 1º turno, que está ao redor de 30%.

Este extrato de diferentes realidades regionais não caracteriza a realidade de um país tão heterogêneo e diverso como o Brasil, é verdade; mas pode ser a sentinela de uma onda de resistência e mudança que avança no país.

Não faltam motivos para esta onda que poderá produzir uma resposta dura ao bolsonarismo, a suas políticas, a seus desatinos e a seus candidatos no 15 de novembro.

A posição irresponsável e ideológica do Bolsonaro em relação à vacina, assim como a luta antirracista, combinada com a questão do gênero, estão entre os fatores que contribuem para este cenário.

Esta conjuntura eleitoral, se confirmada nas próximas semanas, abrirá caminho para a recomposição das forças do campo democrático-popular e inaugurará uma nova dinâmica na resistência ao fascismo e seu projeto antipopular, antinacional e antidemocrático.


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