Ivone Silva, sobre os mais de 12 mil demitidos por bancos na pandemia: Cadê o lado humano das campanhas publicitárias?

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Fotos: Sindicato dos Bancários de São Paulo e CUT/RS

Da Redação, com Contraf-CUT e Sindicato dos Bancários de SP

Os bancos já demitiram mais de 12 mil trabalhadores este ano, em descumprimento ao acordo firmado em março com o movimento sindical bancário de quem não haveria demissões durante a pandemia.

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia, foram 12.794 demissões, contra 11.405 contratações, em um saldo negativo de 1.389 postos de trabalho fechados.

No levantamento do Caged para os meses de junho, julho e agosto fica claro que aumentou o ritmo das demissões na categoria.

Em junho, foram registradas 1.363 demissões, número que sobe para 1.634 em julho e atinge 1.841 em agosto.

O aumento dos desligados motivou a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e o movimento sindical bancário em todo o país a fazerem uma campanha contra as demissões.

A campanha visa denunciar a quebra do compromisso assumido pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), feito em mesa de negociação com o Comando Nacional Bancário, de não realizar demissões durante a pandemia.

O compromisso foi assumido durante a mesa de negociações no primeiro semestre, logo no início da pandemia no Brasil.

O primeiro banco a puxar a fila das demissões foi o Santander, que não esperou muito e começou a demitir ainda no primeiro semestre.

O Itaú passou a demitir funcionários já no segundo semestre, o mesmo acontecendo com o Banco Mercantil do Brasil.

A mais recente adesão à lista dos descumpridores do acordo foi a do Bradesco, que combinou uma campanha publicitária para alardear que estava se preparando para o futuro, mas adotou um ritmo de demissões que tem se acelerado nas últimas semanas.

“Os bancos estão preocupados com a sua imagem mas esquecem que responsabilidade social é respeitar os trabalhadores e manter empregos durante uma pandemia mundial. Foram R$ 21,7 bilhões de lucro líquido somados (Itaú, Santander e Bradesco) no semestre, com o investimento de R$ 1,2 bilhão em publicidade e propaganda”, afirma Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.

”Não há justificativa para o setor mais lucrativo da economia fechar postos de trabalho em plena pandemia. Muitos trabalhadores são surpreendidos com as demissões por email ou whatsApp e entram em desespero porque já estão fragilizados durante esse período”, observa.

”Cadê o lado humano na pandemia que os bancos exibem nas suas campanhas publicitárias?”, questiona. ”E a imagem de respeito com a população?”

“Mobilizamos todas as Comissões de Organização dos Empregados (COEs) e aguardamos um posicionamento dos três bancos sobre essas demissões. Cobramos mais transparência nos números de funcionários a serem atingidos pelas mudanças e que todos sejam realocados em outras áreas da instituição”, acrescenta Ivone Silva.


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Zé Maria

‘Lado Humano’ das ‘Campanhas Publicitárias’? Isso existe?

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