Ipea: 58,1% apontam falta de médicos como maior problema do SUS

Tempo de leitura: 3 min

por Juliana Castro, O Globo

RIO – Levantamento divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que 58,1% da população apontam a falta de médicos como o maior problema do Sistema Único de Saúde (SUS). A demora no atendimento foi a segunda maior queixa (35,4%). Na terceira colocação, ficou a demora para conseguir uma consulta com um especialista (33,8%). Os entrevistados indicaram as alternativas a partir de uma lista pré-definida.

– A falta de médico e a demora pode ser face da mesma moeda. A demora pode estar associada à falta de médico – explica o gerente de pesquisa da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea, Jorge Abrahão de Castro.

A pesquisa mostra ainda que a população se divide ao avaliar a qualidade de atendimento no SUS. O percentual de entrevistados que classificou o sistema como ruim ou muito ruim (28,5%) é semelhante ao que declara que o atendimento é bom ou muito bom (28,9%). Para 42,6% dos entrevistados o serviço é regular.

Aumentar número de médicos foi solução apontada por maioria

O mesmo método utilizado para identificar os problemas foi usado para que fossem apontados os pontos positivos do SUS. A possibilidade de todo e qualquer brasileiro ter acesso ao sistema gratuitamente é o melhor ponto (52,7%), seguido pelo fato de todos receberem o mesmo atendimento sem nenhum preconceito (48%) e pela distribuição gratuita de medicamentos (32,8%).

Os entrevistados foram questionados ainda sobre possíveis sugestões para a melhoria na qualidade do SUS. Aumentar o número de médicos foi a principal sugestão para melhorar o atendimento em postos de saúde, nas emergências e as consultas com especialistas. Para o atendimento em centros ou postos de saúde, quase metade dos entrevistados (46,9%) fez esta sugestão; para o atendimento por médicos especialistas, o percentual ficou em 37,3%, semelhante ao índice de entrevistados que sugeriram o mesmo em relação ao serviço de urgência e emergência (33%).

Para esses mesmos três serviços, as melhorias sugeridas em segundo lugar referem-se à redução do tempo de espera. Para melhorar o atendimento nos postos de saúde, 15,5% dos entrevistados responderam que é preciso reduzir o tempo de espera entre a marcação e a realização da consulta. A mesma sugestão foi feita por 34% quando questionados em relação ao atendimento por médico especialista. Quanto aos serviços de urgência e emergência, cabe lembrar que não há marcação de consultas. Neste caso, a segunda melhoria mais citada (32%) foi a diminuição do tempo de espera para ser atendido.

O serviço de distribuição de medicamentos, por sua vez, é um pouco diferente dos demais. Por isso, 44,3% dos entrevistados indicaram que, para melhorá-lo, a lista de remédios disponibilizados gratuitamente deveria ser aumentada. Outros 34,3% disseram que o problema da falta de medicamentos deveria ser minimizado. A diminuição da demora para ser atendido na retirada do medicamento foi sugerida por 6,2% dos entrevistados.

Saúde da Família foi serviço do SUS melhor avaliado

Além de fazer uma avaliação do SUS como um todo, a pesquisa questionou os entrevistados sobre cinco serviços específicos: atendimento em unidades de urgência e emergência, em centros ou postos de saúde, consultas com médicos especialistas, distribuição de medicamentos e o programa Saúde da Família.

Para 44,8%, o serviço prestado nos postos de saúde é classificado como bom ou muito bom, para 24,1% é regular e para 31,1% é ruim ou muito ruim. Sobre o atendimento de urgência e emergência, 31,4% classificaram como ruim ou muito ruim e 20,5%, como regular. Outros 48,1% disseram ser bom ou muito bom. Já a consulta de médicos especialistas foi classificada como ruim ou muito ruim por 18,8% e regular por 20,7%.

A distribuição de medicamentos foi classificada como boa ou muito boa por 69,6%. O Saúde da Família é bom ou muito bom para 80,7% dos entrevistados que tiveram seu domicílio visitado por algum membro do programa nos últimos 12 meses. No caso da avaliação dos outros itens, respondem às perguntas pessoas que disseram ter usado ou acompanhado alguém da família durante os serviços do SUS no mesmo período.

O Ipea mostra que, em todas as regiões, o atendimento feito pela equipe de Saúde da Família e a distribuição gratuita de remédios são os dois serviços mais bem avaliados. Em todas as regiões, exceto na Norte, o atendimento nos centros e postos de saúde foi o serviço pior avaliado.

Rapidez no atendimento é principal motivo para ter plano de saúde

No levantamento, o Ipea perguntou aos entrevistados que tiveram ou têm planos de saúde as principais razões para recorrer a estas empresas. O motivo mais citado foi a maior rapidez para realizar consultas ou exames (40%), seguido por ser um benefício fornecido gratuitamente pelo empregador (29,2%). Em terceiro aparece a maior liberdade pelo médico que irá atendê-lo (16,9%).

Os principais problemas dos planos, apontados pelos entrevistados, são o preço da mensalidade (39,8%) e o fato de não cobrir algumas doenças ou procedimentos (35,2%).

O SUS tem pouco mais de 20 anos de existência e, em 2009, realizou 721 milhões de atendimentos ambulatoriais e 11 milhões de procedimentos de média e alta complexidade e internações.

O Sistema de Indicadores de Percepção Social analisou as percepções sobre bens e serviços públicos relacionados à Saúde. Foram entrevistadas 2.773 pessoas de 3 a 19 de novembro de 2010.


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Comentários

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Ipea: 58,1% apontam falta de médicos como maior problema do SUS | Associação Capixaba de Medicina de Família e Comunidade (ACMFC)

[…] é um instituto sério, esperamos que essa pesquisa seja levada em conta nos planejamentos. Clique aqui para visualizar a matéria […]

Página 13 » Blog Archive » Ipea: 58,1% apontam falta de médicos como maior problema do SUS

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Maristela

Aumentar o número de médicos não resolve, eles não cumprem horário, restringem o número de consultas por hora e aumentam o seu horário de intervalo cada vez mais. Além de tudo chegam atrasados e nada acontece. O que falta é uma gestão eficiente e Não só médicos na gestão, pois eles se protegem muito.

augustodafonseca13

O maior problema da saúde, na verdade, está na gestão do SUS pelos governos estaduais e prefeituras. Especialmente prevenção.

Uma prova:

Programa do Serra “São Paulo Dengoso” garante recorde da dengue em 2010!
http://migre.me/3QOLy

*

Luiz Lozer

Agredir o Pedro, não esgota o debate com ele. Discordo pontualmente de algumas coisas, mas no geral, ele fala a verdade.

federici jomar

e triste mas os medicos tem razao. quanto ganha um juiz promotor deputado prefeito e as vezes envolvidos em escandalo ninguem mais quer estudar anos e mais anos para depois ganhar 4mil reais isto e uma vergonha e por
isso que digo TORCO MUITO PARA QUE UM DIA APARECA UM HOMEN QUE MUDE O BRASIL E NAO A PROPRIA VIDA; mas aos poucos estamos chegando la.
abracos
tucadotirol

mara

Nâo é só o SUS tenho que fazer uma cirurgia da mama pela Cassi e a maioria dos médicos não querem atender, tenho que fazer com quem quiser me atender, não sou eu que escolho o médico, é ele que me escolhe é o que estou sentindo e aí a gente fica entre o plano , os médicos e principalmente os hospitais. Procurei informações e cada um põe a culpa no outro será que vc poderia fazer uma reportagem nos esclarecendo de quem é a culpa dos médicos dos hospitais ou dos convenios ou é de todos? Nem vou entrar na questão do SUS pq deve ser bem pior.

    Conceição Lemes

    Mara, por favor, o que é a CassI? abs

Digger

O problema da falta de médicos se dá nas cidades do interior. Poucos médicos se submetem a clinicar em cidades pequenas, onde não há possibilidades deles se aperfeiçoarem, devido à constante evolução da medicina. Aí eles se concentram nos grandes centros. A solução para o problema, será com uma boa remuneração e a possibilidade desses médicos se atualizarem através de cursos à distância pela internet.

J.Martins

Publicado em
http://www.guiarioclaro.com.br/guia_novo/secoes/d… na data de 18.01.2011 sob o título "Medicina em risco", autor:Desiré Carlos Callegari, presidente da SAESP, Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo. Eis um naco do texto publicado:
"À qualidade duvidosa de boa parte das escolas médicas brasileiras, soma-se outro problema: brasileiros e estrangeiros formam-se em cursos do exterior – em Cuba, Bolívia, Paraguai, dentre outros países – que não garantem o mínimo de conhecimentos, habilidades e competências requeridos para o exercício da medicina."

O_Brasileiro

Dependendo da cidade, os médicos não querem atender nem os planos de saúde, que chegam a pagar em torno de R$ 50,00 por consulta, imagina então o SUS, que paga menos do que R$ 15,00.
Muitos estão atendendo só consulta particular, por pelo menos R$ 200,00 cada uma, e com isso ganham mais do que ganhariam dos planos de saúde e do SUS.
E não lhes tiro a razão, estudam no mínimo 6 anos, sendo que a maioria estuda 10 anos, incluindo a especialização, e não ganham nem a metade do que ganham outros funcionários públicos como promotores e delegados. E isso para SALVAR VIDAS TODOS OS DIAS!!!
Cada hipertenso ou diabético controlado pode ser um paciente a menos nos pronto-socorros!

Paulo Amaral

Momento Mágico…

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk………

João Ávila

Se a população possui uma boa avaliação do PSF, significa um importante avanço no SUS, pois a saída para o equacionamento dos problemas no sistema público de saúde é o fortalecimento da atenção primária. É obvio que é preciso evitar a doença e não procurar remediá-la. Quanto à falta de médico, ela existe apenas no setor público e não no setor privado, ou seja, aqueles que estudaram durante cinco ou mais anos nas universidades pública, pagas pelo erário, estão mesmo é atrás de grana alta, e não estão nem aí para o juramento de salvar vidas feito por ocasião da colação de grau.

Leonel

os 2 únicos problemas da saúde publica é a politicagem – políticos a mantém precária para permanecer no poder, porque uma sociedade doente da votos e o infeliz cidadão que não cumpre com seu papel dentro da sociedade que é muito além de se escravizar para pagar os altos salários desses maus políticos.

Pedro Luiz Paredes

A verdade é que o funcionalismo público sofre de ineficiência desde os garis até o mais alto escalão dos 3 poderes. O executivo é o mais eficiente porém mais benevolente, bondoso. Até porque concentra muito poder.
Nos cartórios do judiciário os caras fazem uma certidão por dia e o resto do tempo ficam enrolando, tomando cafezinho, conversando e fingindo que estão fazendo alguma coisa. Isso quando não param param para exigirem melhores salários.
Os juizes por sua vez levam tempo para tomar decisões óbvias para parecer que trabalham com seriedade e estudam todas os casos com prudência e imparcialidade quando sabem desde encerrado o momento probatório, qual será a decisão final.
Os deputados, vereadores e afins vão à sede legislativa para decidir uma questão ou duas, assinar alguns papeis preparados pelos assessores(que sabem mais e trabalham mais do que eles). O resto do tempo passam conversando e fazendo "lobi".
A escória, que são os professores, médicos, garis, veem tudo isso e se sentem no direito de relaxar já que não são valorizados. Não tem metas e nem são exigidos. Pois se fossem exigidos exigiriam, e isso é problema. Continuemos assim.
As coisas são assim porque quando mais eles ganham e sonham mais querem ter e realizar, isso é da natureza humana (não tem nem o que discutir – só 1% pode discutir).
Esse esquema prioriza os que estão na ponta da pirâmide porque tem poder ou conjuminam poderes para tanto, continuarem concentrando poder e renda.
Eu mesmo não sei o que é pior, o poder concentrado na mão de gente ineficiente e inescrupulosa ou o poder desconcentrado amanteigado, de difícil fiscalização, objetivados e positivados para o lucro.
Acho que todos os sistemas são válidos quando há fiscalização de qualidade. Mas com a desculpa de que isso pode ser usado politicamente, contra entes públicos volúveis perante o poder econômico, não aperfeiçoam esses métodos.
Penso que todos esses problemas seriam resolvidos pelo aperfeiçoamento dos métodos de fiscalização.

    NELSON NISENBAUM

    Sr. Pedro, a escória é o senhor! Vem aqui jactando-se da própria ignorância! Vá prestar um concurso público e trabalhar, meu chapa. Venha dar um plantão no meu pronto-socorro público. Vá dar aulas nas escolas públicas. Vá julgar os milhões de processos que existem no Brasil. Só quem nunca entrou na máquina pública pode falar e escrever os absurdos que o senhor aqui exarou.

    Marta

    Completando o que o Nelson escreveu, sr. Pedro, faça tudo isso pelo salário que recebm.

    NELSON NISENBAUM

    Muito bem lembrado, Marta. Como servidor público que sou, já até tinha esquecido o que é salário!

    Avelino

    Caro Sr Pedro
    O que o sr está propondo, uma revolução para que voltemos aos moldes do comunismo primitivo?!
    Quanto a escoria, essa foi de phuder.

NELSON NISENBAUM

Em um outro debate que participei neste site, consignei o alto prestígio que a medicina e os médicos ainda gozam, não obstante todos os problemas que possam ser apontados na atualiade. Esta pesquisa favorece a minha tese, na medida em que aponta uma boa avaliação do serviço onde o médico está presente (PSF) e a falta do médico como maior problema onde ele está ausente. Não se trata de fugir dos desafios que se impõem na formação e educação médica, bem como dos problemas de gestão pública e postura da classe, mas sim de avaliar o olhar da sociedade sobre o conjunto presente.

    gefferson

    Um médico salva vidas e professor transforma e forma vidas e aonde entra a ética destes profissionais ?? ''não são todos '' médicos que por ganharem mal descontam tudo nos pobres miseráveis que muitas vezes são obrigados a escutar as grosserias e até as cagadas de certos médicos. tem também os profelixos ''não são todos '' quem nunca na escola publica teve um professor que não fazia nada só conversava ou dava uma aula capenga e depois pedia exercício ?não é de hoje que são setores mal remunerados quem entra já entra sabendo se o sujeito quer ganhar dinheiro por que não não troca de serviço ? pelo menos para mim a questão ética vem antes de tudo ainda sou jovem e pretendo ser professor um dia mais quero que seja um hobby dar aulas com prazer . como quero dinheiro vou procurar outro serviço durante o dia já estou me formando. sobre os professores os melhores que eu já tive na rede publica trabalhavam em outro serviço durante o dia e davam aulas por hobby a noite vocês tinham que ver a qualidade deste prof. já no caso dos médicos a coisa ta feia

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