Gilmar: Mídia abriu mão da crítica ao noticiar a Lava Jato

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‘É preciso separar o que é hackeamento, crime que pede punição, do conteúdo das mensagens’

Em entrevista à CBN, o ministro do STF Gilmar Mendes comenta que o engajamento por parte de procuradores e juízes tem suscitado um debate, aqui e no exterior, sobre a parcialidade da Justiça brasileira.

Os órgãos de controle falharam, assegura.

O combate ao crime não pode ser feito cometendo crime.

O ministro Gilmar Mendes, membro do Supremo Tribunal Federal, criticou a conduta de membros da força-tarefa da Lava-jato e do ministro Sergio Moro, antigo juiz responsável pelos processos da operação em Curitiba, diante das conversas vazadas e obtidas por Intercept Brasil.

A atuação proativa do juiz gerou suspeita, disse, se referindo a Moro. Mendes também defendeu que se separe o hackeamento, crime que, segundo ele, merece repúdio e punição, do conteúdo das mensagens divulgadas.

As pessoas que participaram das conversas não negaram que tenham participado, lembra.

Então, assumindo que isso se deu, há que se prestar contas.

Em entrevista ao Jornal da CBN 2ª Edição, dentro do quadro do comentarista Kennedy Alencar, Gilmar Mendes reafirmou que o Judiciário vive a sua maior crise institucional desde 1985, quando houve a redemocratização do país após a ditadura militar.

O sistema todo foi contaminado por essa coisa, critica.

Para o ministro, o país vive um momento extremamente grave, que diz respeito ao sistema de investigação, ao sistema de julgamento e à possível parcialidade da Justiça Federal.

O combate ao crime não pode ser feito cometendo crime, afirmou, em referência à Operação Lava-jato.

Precisamos ter muito cuidado com justiçamentos e justiceiros.

Mendes disse ver com desconfiança o intuito persecutório das investigações, e convocou a imprensa a refletir sobre seu papel na construção da Lava-jato no imaginário da população: A mídia se somou à operação de maneira muito acrítica, em geral.

Citando Nelson Rodrigues, completou: Toda unanimidade é burra.

Fazendo a ressalva de que a operação tem méritos e que o combate à corrupção tem que prosseguir, Gilmar Mendes acusou a força-tarefa de ter criado um Estado paralelo que integrava um projeto de poder.

O trapezista morre quando pensa que voa e, aqui, os trapezistas pensaram que voassem, declarou, fazendo outra citação — dessa vez, de Mário Henrique Simonsen.


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Comentários

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Nelson

É para rir essa? Não, não, é para chorar. A mídia hegemônica faz parte do esquema da corrupção. Essa mídia não iria denunciar os verdadeiros propósitos da Lava Jato, porque está entranhada até o pescoço na corrupção.

E a condição para que ela mesma não fosse jogada no cadafalso, foi apoiar a suposta operação de combate à corrupção. Suposta, porque o objetivo era claro: tirar a turma do PT da jogada.

“Mas, a LJ conseguiu prender gente que não é do PT. Então, esse papo não cola”, dirão alguns. Essa gente presa configura apenas a confirmação da regra por meio exceção, eu diria. O Sistema, que é quem implementou e controla a LJ, não iria emparedar aqueles que para ele trabalharam.

Daí, vermos FHC, Serra, Temer, Padilha, Moreira Franco, Aécio, Cunha e tantos outros de “lombo liso”. Há processos abertos contra quase todos eles? Sim. Contudo, tais processos dormitam nas gavetas, sem que sejam alvos dos olhares justiceiros dos lavajateanos, à espera da prescrição.

Para terminar, os dados a seguir nos dão a dimensão exata do quanto a grande mídia faz parte do esquema da corrupção e do quanto a sua preocupação com o combate à mesma não passa de retórica cínica.

Através do Banestado, foram enviados para fora do Brasil, fraudulentamente, nada menos de R$ 124 bilhões de dólares, na segunda metade da década de 1990 e inícios da de 2000. A Rede Globo teria enviado R$ 1,6 bilhão, a Editora Abril, R$ 60 milhões, a RBS, R$ 181 milhões, e o SBT, R$ 37,5 milhões.

Alguém ainda Crê que pode contar com a mídia para o verdadeiro combate à corrupção?

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