Gebrim: Enquanto Neymar brilha na Rússia, Brasil leva de 7 a 1 em casa

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Marcelo Camargo/Agência Brasil

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Gol contra: jogando com EUA, programa do golpe acelera

por Ricardo Gebrim, no Brasil de Fato

Enquanto acompanhamos os desdobramentos da Copa do Mundo debatendo quem é o jogador mais veloz de nossa seleção, as forças golpistas não perdem tempo para acelerar um programa de desmonte das bases da nação. Vejamos quais:

Base de Alcântara

Foram decisivos a realização do Plebiscito Popular e a vitória de Lula em 2002, para impedir a consumação de uma das ações mais entreguistas do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC): o famigerado acordo para o uso do Centro de Lançamento de Alcântara com os Estados Unidos (EUA).

Agora, após reunião com o secretário de Estado estadunidense, Mike Pompeo, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, anunciou a retomada de negociações para um Acordo de Salvaguarda Tecnológica (AST) que permitirá a utilização da Base de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, pelos Estados Unidos.

Como explica Samuel Pinheiro Guimarães, os Estados Unidos têm bases de lançamento de foguetes em seu território nacional, entre elas a base de Cabo Canaveral, perfeitamente aparelhadas, com os equipamentos mais sofisticados do mundo, para o lançamento de satélites e de foguetes. Portanto, não necessitam, de instalações a serem construídas em Alcântara para o lançamento de seus foguetes.

O objetivo principal norte-americano é ter uma base militar em território brasileiro na qual exerçam sua soberania, fora do alcance das leis e da vigilância das autoridades brasileiras, inclusive militares, e onde possam desenvolver todo tipo de atividade cuja essência é militar. Isso porque a localização de Alcântara, no Nordeste brasileiro, em frente à África Ocidental, é ideal para os Estados Unidos do ângulo de suas operações político-militares na América do Sul e na África, e de sua estratégia mundial em confronto com a Rússia e a China.

Submarino Nuclear enviado para as Calendas!

Um submarino nuclear é a arma mais estratégica que uma nação pode contar para defender suas águas territoriais. Em 2016, o Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Prosub), lançado no Governo Lula em 2008, virou alvo da Operação Lava-Jato. Agora, já se fala que o projeto somente poderá ser concluído talvez em 2028!

O Desmonte da Petrobras

Aceleram a venda de ativos como campos de petróleo, refinarias e gasodutos construídos a preços elevados em momento de baixa do petróleo e alta do aço. Conferem urgência ao Projeto de Lei que permite à Petrobras negociar até 70% dos campos do pré-sal concedidos à empresa por meio do regime de cessão onerosa.

Privatizaram três mil quilômetros de gasodutos e entregaram o campo de Carcará, por menos de US$ 2 o barril, quando a Petrobras pagou entre US$ 8 e US$ 11 à União pelo óleo que ela mesmo descobriu.

O que estas medidas têm em comum?

São todas medidas que desmontam as bases estruturais da nação coincidindo com um momento em que se vive um salto tecnológico (chamado por alguns de quarta revolução industrial), agravando ainda mais o déficit da possibilidade de retomada do desenvolvimento econômico.

Para revertê-las, não basta que um candidato que tenha um programa contra o golpe vença as eleições. Mais do que vitória eleitoral, que sem duvida é importante, cada vez mais será necessário desencadear uma nova correlação de forças, inclusive no plano internacional.

Os representantes políticos podem ser alterados ou substituídos. O que importa é o programa em curso que está sendo aplicado pelo golpe.

Assim, vai ficando claro, porque as forças econômicas e sociais que patrocinaram o golpe farão tudo para impedir a candidatura de Lula.

Edição: Simone Freire

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Nelson

“Na América Latina sempre se entregam os recursos em nome da falta de recursos” [Eduardo Galeano].

O jornalista e escritor uruguaio inseriu essa frase, lapidar, em seu livro “As Veis Abertas da América Latina, há quase quarenta anos. Pois, todo esse tempo se passou e aqui continuamos nós a entregarmos os “recursos” que seriam o passaporte para o desenvolvimento, “em nome da falta de recursos”.

Um determinado governo, que assuma o poder em um determinado país, com compromisso com esse país e seu povo, vai – não há outro caminho – ter que se utilizar de suas empresas públicas/estatais e suas riquezas para implantar e embalar seu projeto.

E o Sistema de Poder que domina os EUA sabe, sempre soube disso. Por isso, vem pregando, há décadas, a abertura comercial, as desregulamentações e as privatizações. Essas medidas são, todas elas, instrumentos de que se utilizam os países ricos para se assenhorearem, de forma aparentemente natural e pacífica, dos “recursos” dos países pobres.

Assim, uma vez privatizadas todas as empresas e riquezas pertencentes ao povo brasileiro, eles poderão se dar o luxo de oferecer, sem temor algum, a presidência ao Lula, ao Dirceu, ao PCO. Empossados, eles nada farão, absolutamente nada.

E, em nada fazendo, porque não terão meios para fazê-lo, pois os “recursos” aos quais se referia Galeano terão sido privatizados, logo, logo estarão sendo escorraçados pelo povo como ineptos.

Esta é a situação em que o Sistema de Poder quer jogar não só o Brasil, mas os demais países da América Latina. Ou seja, definitivamente, independentemente de quem assuma o poder, esse Sistema é que seguirá dando todas as cartas, ad eternum.

Nelson

É de lembrarmos o que afirmou o eminente historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira, em abril de 2016, pouco antes do golpe. Estudioso das relações Brasil-EUA, Moniz Bandeira, que, infelizmente, nos deixou em novembro passado, nos forneceu a chave para entendermos a razão do golpe:

“O regime iniciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou a independência econômica do Brasil. O plano estratégico nacional instituiu que o Brasil não pode importar nada sem um contrato que estabeleça transferência de tecnologia, algo que os Estados Unidos não admite. Há uma lei do Congresso norte-americano que não permite transferência de tecnologia. Por isso o Brasil desenvolve sua indústria nuclear, para exportação de urânio com tecnologia alemã, por isso não assinou o protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação (TNP), o que permitiria investigações intrusivas, completas e sem aviso da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), para descobrir os segredos das usinas de produção de urânio enriquecido. O Brasil constrói seu submarino nuclear e outros equipamentos com tecnologia francesa. Comprou helicópteros da Rússia e fabrica aviões em associação com a Suécia. E cancelou o acordo para construir uma base de lançamentos de mísseis com os Estados Unidos, na ilha de Alcântara, no norte do país.”

Nelson

E a dona Dilma Roussef segue afirmando que não houve influência estrangeira no golpe. O golpe teria sido coisa apenas de ressentidos internos, preconceituosos, racistas e misóginos.

A verdade é que, se deixado seguir adiante, o projeto implementado pela turma do PT, que preservava alguma dose de soberania para nosso país – dose ainda tímida, a meu ver – mesmo com corrupção e os erros cometidos, levaria o Brasil a um patamar de desenvolvimento considerado perigoso pelos países ricos.

Em umas quatro ou cinco décadas, o Brasil , um dos países mais ricos do planeta, se não for o mais – estaria chegando perto deles em termos de tecnologia. E com possibilidades até de ultrapassá-los, dado o tamanho do lastro de riqueza que possui em inúmeras áreas – minérios, água, agricultura, energia, biodiversidade – para impulsionar esse salto na direção desse novo patamar de desenvolvimento . Nessa condição, tendo a nossa, passaríamos a prescindir da tecnologia deles. Seria o “fim de festa” para as megacorporações dos países ricos.

Essas corporações veriam se evaporar um amplo espaço onde podiam lucrar vendendo sua tecnologia. Mais do que isso, dotado da tecnologia, nosso país passaria a competir com força no fornecimento dela para outras regiões do planeta que não a tem.

Numa condição em que se acirra cada vez mais a competição pelo espaço vital [Lebensraum], o Sistema de Poder que domina os Estados Unidos não poderia deixar, de forma alguma, o Brasil “embalar” o seu projeto.

Não à toa, um esforço nacional impulsionado pela turma do PT, que rendeu inegáveis bons resultados – ainda que com corrupção e erros, como já afirmei – sofreu e segue sofrendo uma campanha brutal, avassaladora, de mistificação. E essa campanha, conseguiu e vem conseguindo incutir na cabeça de milhões de brasileiros – muitos deles letrados -, que esse esforço foi a destruição do país.

Um esforço para construir e fortalecer o capitalismo nacional – com o apoio insubstituível do Estado, pois é assim que o capitalismo sempre conseguiu seu êxito -, com algumas medidas, suaves, de corte socialista adotadas no sentido de repartir um pouquinho melhor a renda, é vendido aos brasileiros como a condução do país ao comunismo.

Comunismo que nunca existiu em país algum do planeta e que, a julgar pela lentidão com que a humanidade evolui, só terá espaço para se estabelecer daqui a vários séculos.

Concluo que tudo isso demonstra o sucesso rotundo da propaganda ideológica despejada sobre mentes e corações dos brasileiros. Demonstra também, de forma cabal, que o golpe foi planejado em todos os vieses, inclusive no aspecto psicológico [guerra psicológica]. O golpe foi, sim, arquitetado nos centros de estratégia dos EUA, os bancos de cérebros, por gente muito inteligente.

Carlos

Hum ! O Brasil entregou o jogo para prejudicar a Dilma.
Olha a cara dos alemaes. Jogador de futebol sabe qdo o adversario entrega o jogo.
Alemaes ficaram sem jeito para dar entrevista. Estavam sem graça.
A Arabia Saudita que é infinitamente mais ruim que o Brasil nao perdeu nenhum jogo de 7 a 1 nessa copa.
Ali o golpe ja estava em plena operaçao.

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