Fúncia: Volta da Reforma Tributária à pauta da Câmara é novo golpe contra o SUS e os municípios

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Foto: Reprodução de rede social

 REFORMA TRIBUTÁRIA VOLTA À PAUTA – NOVO GOLPE CONTRA O SUS E CONTRA OS MUNICÍPIOS

Por Francisco Fúncia*

A Câmara dos Deputados deve retomar a tramitação do Projeto de Reforma Tributária.

Trata-se de projeto que:

— prejudica o orçamento da seguridade social retirando fontes específicas;

— aprofunda o processo de subfinanciamento e desfinanciamento do SUS com a ampliação da centralização da competência de tributar;

— também prejudica o financiamento das políticas públicas municipais ao retirar o ISS que é um tributo de competência municipal para integrar esse novo imposto federal.

Os municípios ficarão ainda mais dependentes da esfera federal para o financiamento das políticas públicas, como é a do SUS, cujas ações descentralizadas representam diretriz constitucional.

Como o objetivo do governo federal é o aumento da arrecadação, haverá uma tendência de redução de recursos para Estados e Municípios para não aumentar a carga tributária total, num processo compensação interna entre os entes federativos.

Neste caso, não somente o financiamento do SUS nessas esferas governamentais será reduzida, mas o conjunto das políticas municipais sociais e de infraestrutura urbana.

Para que isso não ocorra seria preciso que o governo federal não ficasse com um centavo da arrecadação desse novo tributo.

Outra possibilidade seria que a carga tributária fosse aumentada para compensar a participação federal para além dos valores anteriormente vinculados à seguridade social.

Nenhuma dessas hipóteses parecem factíveis no atual cenário político.

Essa pauta, portanto, deveria integrar a luta do Conselho Nacional de Saúde, inclusive para mobilizar os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, bem como a Frente Pela Vida e todas as entidades que lutam em prol do SUS e contra o seu processo de desfinanciamento, incluindo os partidos políticos progressistas.

Essa NOVA pauta, portanto, deveria integrar também a luta que o Conselho Nacional de Saúde tem realizado em conjunto com a Frente pela Vida,   inclusive para mobilizar os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde e todas as entidades que lutam em prol do SUS e contra o seu processo de desfinanciamento, incluindo os partidos políticos progressistas.

É necessário que a luta contra o subfinanciamento e o desfinanciamento do SUS seja incrementada, pois sem financiamento adequado, não se avança na defesa do SUS e das demais políticas sociais

Temos que encontrar uma forma de avancar na luta contra o desfinanciamento do SUS e das demais politicas sociais, porque as ações realizadas até o momento, apesar de importantes e de promoverem conquistas parciais, não têm sido suficiente para evitar o avanço desse processo de desmonte da garantia dos direitos de cidadania, como por exemplo, não conseguimos sensibilizar a sociedade e a mídia contra a aprovação da EC 109 em março de 2021.

A pauta que pode unir TODAS as entidades e instituições, Conselhos de Políticas Setoriais, partidos progressistas, dentre outros, é a luta contra a EC 95, contra a EC 109, contra esse projeto de reforma tributária, na medida que esses marcos constitucionais e legais viabilizam o avanço do processo de desfinanciamento do conjunto das políticas sociais, em especial a da saúde, na linha da austeridade fiscal.

A defesa da PEC 36, por exemplo, poderia ser um dos caminhos propositivos de luta contra essa avalanche conservadora de desmonte do Estado, na medida que possibilita, se aprovada, a revogação da EC 95 pela substituição por outra regra de controle das contas públicas, bem como uma nova regra de cálculo do piso federal do SUS protegida das instabilidades da dinâmica econômica.

Da mesma forma, uma outra reforma tributária é possível, mais justa e solidária, e com possibilidade de ampliação da receita com redução do ônus tributário sobre a população de renda baixa e média, como tem proposto o professor Eduardo Fagnani da Unicamp. 

Francisco Funcia é economista e mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor dos cursos de Economia e Medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), consultor técnico do Conselho Nacional de Saúde, vice-presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES) e secretário de Finanças da Prefeitura de Diadema (desde janeiro/2021)


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Comentários

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Zé Maria

Falar em ‘Reformas’ para empobrecer – quando não,
desempregar – os Trabalhadores públicos e privados
é a Regra dos Governos de Neoliberais tipo Guedes.

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