Para entender o Oriente Médio… tente algumas leituras
13/3/2010, Robert Fisk, The Independent, Londres
A maior dificuldade para escrever com consciência histórica, é que a história não terminou. Seja como for, se quiser entender a Al-Qaeda, por exemplo, tente o parágrafo seguinte:
“O homem do deserto não merece crédito por sua fé (…). Ele alcançou essa intensa condensação de si mesmo em Deus porque fechou os olhos ao mundo, e a todas as complexas possibilidades latentes nele, que só o contato com a riqueza e as tentações pode trazer à tona. Alcançou uma fé confiável e poderosa, mas em campo tão estreito! Sua experiência estéril roubou-lhe qualquer compaixão e perverteu sua generosidade humana para com a imagem da perda na qual se escondeu (…). Vem daí um gozo na dor, uma crueldade que vale mais para ele que quaisquer bens. (…) Encontrou luxúria na abnegação, na renúncia, na autocontenção. Fez a nudez da mente tão sensual quanto a nudez do corpo. É possível que tenha salvo a própria alma, e sem risco, mas num duro egoísmo.”
É de T.E. Lawrence, em Seven Pillars of Wisdom: a Triumph (1926) [Os Sete Pilares da Sabedoria: Um Triunfo, Rio de Janeiro: Record, trad. C. Machado] – e que perfeição! Sempre lembro essa passagem quando assisto aos videoteipes de Bin Laden. O campo estreito. A abnegação. A crueldade. Não concordo necessariamente com Lawrence, mas em trechos como esse, percebo-me refletindo cada vez mais profunda e intensamente sobre suas palavras.
Digo isso porque várias vezes por ano leitores do Independent pedem-me que sugira “uma lista de leituras” de livros em inglês sobre o Oriente Médio. Não é fácil. A maior dificuldade para escrever com consciência histórica sobre o Oriente Médio, é que a história não terminou. A guerra continua. Os dois “lados” – de fato há muitos, muitos lados – produzem narrativas conflitivas. E não aceito a ideia de que se possa oferecer uma lista equilibrada de livros. Há a versão de Israel. Há a versão dos árabes. Há a versão alucinada dos norte-americanos etc. O Oriente Médio é questão de injustiça. Quem contará melhor a história?
No que tenha a ver com a disputa árabes-israelenses, os dois incomparavelmente melhores livros são The Arab Awakening: the history of the Arab National Movement (Londres, 1938) de George Antonius, e The Gun and the Olive Branch (1977), de meu colega e amigo David Hirst. Antonius escreveu em 1938; Hitler já estava no poder há cinco anos – mas dez anos antes de os palestinos serem ativamente assaltados. – E escreveu que:
“O tratamento imposto aos judeus na Alemanha e em outros países europeus é uma desgraça para os autores e para a civilização moderna. A posteridade não perdoará nenhum país que não assuma a sua parcela de sacrifícios para aliviar o sofrimento e o desespero dos judeus. Impor toda a carga à Palestina árabe é miserável movimento de fuga ao cumprimento do dever moral que cabe a todo o mundo civilizado, além de ser moralmente vergonhoso. Nenhum código moral pode justificar a perseguição de um povo, como meio para aliviar a perseguição de outro. A cura para a expulsão dos judeus da Alemanha jamais será a expulsão dos árabes, de sua própria terra (…).”
Foi o primeiro sinal verdadeiramente eloquente do que estava para acontecer, e Hirst completou a narrativa das muito acuradas predições de Antonius, o primeiro autor, parece-me, a enfrentar o romance-lixo Exodus, com o qual Leon Uris agraciou o Estado judeu – para deleite de Ben Gurion, embora devesse ter pensado melhor –, ao desconstruir o “terrorismo”, sem romantizar os refugiados palestinos e seus movimentos de resistência.
Nesse mesmo contexto, deve-se lembrar o trabalho dos “novos historiadores” de Israel, que criaram uma narrativa complementar. Benny Morris foi o mais proeminente pesquisador israelense a provar que foi intenção de Israel expulsar os palestinos e arrancá-los de suas casas às dezenas de milhares em 1948. O fato de que, depois, Morris não tenha feito outra coisa além de reclamar que a limpeza étnica não tenha sido suficientemente eficaz e ampla não diminui a importância de seu trabalho anterior, seminal.
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Dizem que F. R. Leavis, certa vez, iniciou um parágrafo com “Como qualquer leitor-que-preste de poesia sabe…”. Então, acho que podemos dizer que “qualquer leitor-que-preste” de livros sobre o Oriente Médio deve ler Edward Said. Um de seus melhores livros, aliás, é sobre música. Mas Orientalism [Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2003] sempre será necessário em qualquer lista. Said fez filosoficamente e historicamente, pela narrativa do Oriente Médio, o que Antonius fez politicamente. Não estou subestimando o trabalho político de Said – embora vários críticos tenham anotado que Said talvez não tenha levado n a devida consideração a vasta literatura “orientalista” que brotou na Itália, na Alemanha e na Rússia. Mas não o estou condenando como o condenaram Al Dershowitz e sua gangue.
A União Soviética, claro, sempre teve problemas com o Profeta, porque Maomé foi comerciante e burguês. Jesus Cristo, pelo menos, nasceu em família de trabalhador, embora não se saiba se José, carpinteiro, possa ser dito Stakhanovita recomendável. Mas devo dizer que o fato de Maria e José terem tido de viajar até Jerusalém para pagar impostos é absolutamente otomano, de tão burocrático. E que nenhum hotel aceitasse hospedar uma mulher grávida, sim, tem sabor de Oriente Médio. Mas, não, não! Não vá eu, agora, virar “orientalista”!
E há também esse brilhante pensador e jornalista libanês, o saudoso Samir Kassir – muito saudoso, porque foi assassinado há quase cinco anos, e a última coisa que vi dele foi o sangue ao lado do carro explodido – cuja monumental história de Beirute, em inglês, estará nas livrarias esse ano (admito: estou escrevendo o prefácio).
Tudo que você algum dia quis saber sobre Beirute – e muito, receio, que você preferiria jamais saber – está no livro de Kassir. Ele lembra como, há cem anos, um jovem capo di capo cristão – um Costa Paoli – tinha o hábito de beijar o rosto dos cristãos libaneses recém assassinados, antes de que fossem sepultados. Era homem elegante – “uma rosa na lapela e lenço perfumado no bolso do paletó”, segundo o professor Edward Atiyah –, e um gângster; vingava-se dos muçulmanos. Naqueles dias, havia milícias e grupos armados de apoio às comunidades cristãs e muçulmanas, e às vezes, havia briga de rua.
Exatamente como o meu colega David McKittrick descobriu que, na Belfast do século 19, as primeiras lutas de rua ocorreram nos mesmos locais onde aconteceram as batalhas dos anos 70s, assim também já se sabe que, na Beirute do século 19, os conflitos entre as milícias armadas aconteceram nos mesmos locais onde eclodiria a Guerra do Líbano de 1975.
Kassir é o primeiro autor cujo único personagem humano é uma cidade, em cuja bela e terrível história vêem os homenzinhos girando em rodas de tortura. Eu não sabia que o subúrbio onde reina o Hizbollah, Ouzai, recebeu esse nome para homenagear o velho divino Imã Ouzai; ou que o Partido Social Nacionalista Sírio – uma tediosa sociedade pan-árabe – inspirou-se, para criar sua bandeira vermelha, branca e preta (com penas cruzadas), nos nazistas; ou que o palavrão (em árabe) sharmut ou sharmuta – “puta” – e que hoje se usa a torto e a direito, surgiu da tão mais gentil e suave “charmante”, francesa. Lawrence e demais autores, por favor, anotem.
O artigo original, em inglês, pode ser lido aqui
Tradução de Caia Fittipaldi
Comentários
Notas sobre a injustiça palestina « Papagaio Rouco
[…] recente artigo traduzido e publicado pela Caia Fittipaldi e publicado pelo Azenha, no seu Viomundo, Robert Fisk disse que “o Oriente Médio é questão de injustiça. ” Esta frase resume e […]
Notas sobre a injustiça palestina | ESTADO ANARQUISTA
[…] recente artigo traduzido e publicado pela Caia Fittipaldi e publicado pelo Azenha, no seu Viomundo, Robert Fisk disse que “o Oriente Médio é questão de injustiça. ” Esta frase resume […]
Paulo
Para entender o estado racista de Israel e como os sionistas, além de racistas, assassinam usando o terrorismo de estado e o terrorismo de grupos individuais, duas obras importantes são do próprio Fisk. Pobre Nação e A Grande Guerra Pela Civilização.
Outra sugestão seria ver a historia do APARTHEID sul africano apoiado até o fim do regime pelos sionistas de Israel.
Sionistas são racistas. Não importa o quanto a midia ocidental e grupos racistas sionistas usem da propaganda para deturpar a verdade, a própria historia esta revelando seus crimes contra a humanidade.
PS. Um triste dia para nós brasileiros. Lula assina um tratado de comércio com o estado racista de Israel.
mila
A pergunta que não quer calar: quem ganha com a guerra no oriente médio?
Leider Lincoln
"O Oriente Médio é questão de injustiça. " Esta frase resume e explica, de maneira maravilhosa, o que se passa lá. O Estado de Israel é o grande nó górdio, mas por que? Os judeus foram vítimas do holocausto! Isso, para os israelenses, explica tudo. Só não explica por que, se foram os ALEMÃES, e não os árabes ou palestinos, os que o perpetuaram, por que não se retirou um pedaço do território alemão, como seria justo, para criar para eles um Estado?
Os russos não fizeram questão de ficar com Kaliningrado (antiga Königsberg) para si? De cederem a Silésia e a Pomerânia Oriental para os poloneses? Os estadunidenses não obrigaram-nos a cederem os Sudetos novamente aos tchecos? Os franceses não ficaram com a claramente germanófila Alsácia para eles?
Então os aliados sabiam e entendiam muito bem o conceito de reparação territorial. Por que cargas d1água não pegaram então um pedaço da Renânia ou da Bavária e lá criaram o Estado hebreu?
Por que cederam uma terra que nem deles era? Porque estava na Bíblia? Mas não está na bíblia que se deve apedrejar os adúlteros? "Estar" na Bíblia não é uma justificativa séria.
Por que antes, muitos séculos antes os judeus lá viviam? Então por que não mandaram novamente os húngaros para as estepes ou os italianos e gregos para o Cáucaso? Há muitos anos eles também lá viviam.
O que há no Oriente Médio é uma injustiça tão grande que nem todas as mentiras e atitudes hipócritas do mundo conseguem disfarçar.
Neste sentido, o fato de o carniceiro racista Avigdor Lieberman ter "boicotado" o nosso presidente, por este ter se recusado a visitar o túmulo do pai da perversidade sionista, Theodor Herzl, é para nós motivo de orgulho e júbilo.
Demonstra que ao menos alguns de nossos líderes consideram que o respeito aos injustiçados vale mais que a celebração do cinismo hipócrita que é tão caro a esta gente e seus defensores, com os quais nadam juntos em um mar de sordidez e desumanidade.
O Brasileiro
A quem interessa a satanização do Hamas e do Irã e o conflito perene com os palestinos? Àqueles que querem aumentar as colônias israelenses no Oriente Médio!
A paz é um ótimo negócio para o povo, mas um mau negócio para os políticos de Israel.
Em todo o mundo o povo é manipulado. Isso ocorreu até nos EUA, considerados exemplo de democracia. Bush-Cheney e a mídia das megacorporações (porque lá não é PiG, é PiC – Partido da Imprensa das Megacorporações) manipularam o povo para invadir o Iraque, aumentar o preço do petróleo e vender mais armas. Quando o povo se deu conta de que havia sido enganado, o país já estava em recessão!
Oliveira
Só há uma possibilidade de se resolver, até então, este eterno conflito e muitos outros. Quando os homens se conscientizarem da reencarnação. Já pensou um Judeu pensar na possibilidade de reencarnar como palestino. E de um nazista nascer de novo num corpo de um judeu ou de um cigano. E a possibilidade de um chefe de Estado corrupto e ditador sanguinário reencarnar como um simples plebeu. O conceito de céu e inferno não tem ajudado o homem a evoluir, porém, quando ele imaginar que pode reencarnar na mesma situação de suas vítimas, passará a errar conscientemente, então pensará várias vezes antes de matar, corromper, abortar, discriminar, …etc.
roberto bohm
O atual Tea party e a resistência norte-americana em cumprir as determinações da OMC com relação ao Brasil, tem tudo ver , certamente com o texto magistral de Eduardo Galeano em seu livro De perna pro ar. A escola do mundo ao avesso. L & PM POCKET, paginas 32,33,34,35 e 36.
Roberto Bohm
roberto bohm
A memória rota nos faz crer que a riqueza é inocente da pobreza, que a riqueza e a pobreza vêm da eternidade caminham, e que assim são as coisas porque Deus ou o costume querem que sejam". E mais: "há três ou quatro séculos, Inglaterra, Holanda e França exerciam a pirataria, em nome da liberdade de comércio, através dos bons ofícios de Sir Francis Drake, Henry Morgan, Pier Heyn, François Lolonois e outros neoliberais
da época; a liberdade de comércio foi a justificativa que toda a Europa usou para enriquecer vendendo carne humana, no tráfico de escravos; quando os Estados Unidos se tornaram independentes da Inglaterra, a primeira coisa que fizeram foi proibir a liberdade de comércio, e os tecidos norte-americanos, mais caros e mais feios do que os tecidos ingleses, passaram a ser obrigatórios, desde a fralda do bebê até a mortalha do morto; depois, é claro, os Estados Unidos hastearam a bandeira da liberdade de comércio para obrigar os países latino-americanos a consumir suas mercadorias, seus empréstimos e seus ditadores;". – Eduardo Galeano (6) – Continua… Roberto Bohm.
roberto bohm
A memória do poder não recorda: abençoa. Ela justifica a perpetuação do previlégio por direito de herança, absolve os
crimes dos que mandam e proporciona justificativas ao seu discurso. A memória do poder, que os centros de educação
e os meios de comunicação difundem como única memória possível, só escuta as vozes que repetem a tediosa litania
de sua própria sacralização. A impunidade exige a desmemória. Há países e pessoas exitosas e há países e pessoas
fracassadas porque os eficientes merecem prêmios e os inúteis, castigo. Para que as infâmias possam ser transforma
das em façanhas, a memória do norte se divorcia da memória do sul, a acumulação se desvincula do esvaziamento, a
opulência não tem nada a ver com a penúria. – Eduardo Galeano (5) – Continua… Roberto Bohm.
roberto bohm
Naquele interminável morticínio. afinal, os Estados Unidos nada fizeram senão exercer o direito das grandes potências
de invadir e dobrar qualquer país. Os militares, os comerciantes, os banqueiros e os fabricantes de opiniões e de emo-
ções dos países dominantes tem o direito de impor aos demais paises ditaduras militares ou governos dóceis, podem
lhes ditar a politica econômica e todas as politicas, podem lhes dar ordens de aceitar intercambios ruinosos e emprés
timos extorcivos, podem exigir servidão ao seu estilo de vida e determinar suas tendências de consumo. É um direito
natural, consagrado pela impunidade com que é exercido e pela rapidez com que é esquecido.- Eduardo Galeano (4) – Continua… Roberto Bohm.
roberto bohm
Mas essa guerra, que matou mais de
três milhões de vietnamitas e 58 mil norte-americanos, não foi um erro por ter sido injusta, mas por que os Estados Uni-
dos a levaram adiante mesmo sabendo que não a ganhariam. O pecado está na derrota, não na injustiça. Segundo Mcnamara, já em 1965 havia esmagadoras evidências da impossíbilidade do triunfo das forças invasoras, mas o gover-
no norte-americano continuou agindo como se o contrário fosse possível. Não se questiona o fato de que os Estados Uni
dos tenham passado quinze anos praticando o terrorismo internacional, tentando impor no Vietnã um governo que os viet
namitas não queriam: a primeira potencia militar do mundo descarregou sobre um pequeno pais mais bombas do que
todas as bombas lançadas na Segunda Guerra Mundial, mas este é um detalhe sem maior importância.- Eduardo Galeano (3) . Continua… Roberto Bohm.
roberto bohm
A violência está em sua natureza. Ela corresponde, como a pobreza, á ordem
natural, á oedem biológica ou, talvez, zoológica: assim eles são, assim foram e assim serão. A injustiça, fonte do direito
que a perpetua, é hoje mais injusta do que nunca no sul do mundo, no norte também, mas tem pouca ou nenhuma exis
tência para os grandes meios de comunicação que fabricam a opinião pública em escala universal.
O código moral do fim do millênio não condena a injustiça, condena o fracasso. Robert Mcnamara, um dos responsáveis
pela guerra do Vietnã, escreveu um livro onde reconheceu que a guerra foi um erro. – Eduardo Galeano. (3).Continua…
Roberto Bohm.
roberto bohm
Até vinte ou trinta anos passados, a pobreza era fruto da injustiça, denunciada pela esquerda, admitida pelo centro e ra-
ras vezes negada pela direita. Mudaram muito os tempos, em tão pouco tempo: agora a pobreza é o justo castigo que
a ineficiência merece. A pobreza sempre pode merecer compaixão, mas já não provoca indignação: há pela lei do jogo
ou pela fatalidade do destino. Tampouco a violência é filha da injustiça. A linguagem dominante, imagens e palavras produzidas em série, atua quase sempre a serviço de um sistema de recompensas e castigos que concebe a vida como
uma impiedosa disputa entre poucos ganhadores e muitos perdedores nascidos para perder. A violência se manifesta,
em geral, como fruto da má conduta de maus perdedores, os numerosos e perigosos inadaptados sociais gerados pe-
los bairros pobres e pelos países pobres – . Eduardo Galeano (2). (Continua…) Roberto Bohm
roberto bohm
Fisk como sempre brilhante e necessário! Entretanto em que pese as tantas particularidades daquela terra do Oriente Médio e que ele refere tão bem, nada é diferente daquilo que Eduardo Galeano descreve com notável percepção do que é
a vida em quase todos os rincões deste infeliz planeta, in verbis: "O poder, que pratica a injustiça e vive dela, transpira violência por todos os poros. Sociedades divididas em bons e maus: nos infernos suburbanos espreitam os condenados de pele escura, culpados de sua própria pobreza e com tendência hereditária ao crime. A publicidade lhes
dá água na boca e a polícia os expulsa da mesa. O sistema nega o que oferece: objetos mágicos que transformam son-
hos em realidade, luxos que a tevê promete, as luzes de neon anunciando o paraíso nas noites da cidade, esplendores
de riqueza virtual.Como sabem os donos da riqueza real, não há valium que possa atenuar tanta ansiedade nem pro-
zac capaz de apagar tanto tormento. A prisão e as balas são a terapia dos pobres. – Eduardo Galeano (1).
(Continua…) Roberto Bohm.
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