Fátima Oliveira e as donas de escravos

Tempo de leitura: 3 min

Os ossos da escravocrata Anna Jacintha de São José
A quem interessa, além da família? Não basta o museu?

por Fátima Oliveira, em OTEMPO
Médica – [email protected]

A vida de Anna Jacintha de São José, a Dona Beija, está ligada não só a Araxá (MG), mas ao fato de o Sertão da Farinha Podre deixar de ser Goiás e virar o Triângulo Mineiro, em troca de seu rapto e estupro, aos 15 anos, e assassinato do seu avô pelo ouvidor real Joaquim Inácio Silveira Motta. Nascida em 1800 em Formiga (MG), morreu e foi enterrada em 1873, em Bagagem (MG), onde garimpava diamantes desde 1853.

A cidade guardiã de seus restos mortais, hoje Estrela do Sul, virou manchete. Especulam que são dela ossos encontrados numa praça escavada! A quem interessa, além da família, os ossos da Senhora de escravos? Não basta o museu? Dinheiro público para museus de quem açoitava negros? Cultivo desdém por personagens como a maranhense Ana Joaquina Jansen Pereira, vulgo Ana Jansen/Donana Jansen (1787-1869), e as mineiras Dona Beija e Chica da Silva (1731 ou 1732-1796), ex-escrava que virou Senhora de escravos. A condição de mulher não as exime de terem sido donas de escravos.

As três têm muito em comum: evidências de que adquiriram o pé-de-meia inicial como cortesãs; foram riquíssimas e influentes na política. Beija foi dona de bordel, Chácara Jatobá – sem juízo de valor, pois sendo ela uma mulher de negócios, tocar bordel era apenas mais um! Se de Chica da Silva a maldade sabida foi escravizar negros, dizem que as outras duas eram marrentas e de natureza escorpiônica: Dona Beija mandou matar um ex-amante e Donana Jansen despachava gente pro beleléu por um trisco de nada!

Sinto nojo de Senhores e Senhoras de escravos e a beleza regada a sangue escravo da arquitetura colonial brasileira é um incômodo para mim. Já disse em “Diamantina é Diamantina: joia rara, única e singular” que ela é uma obra de arte tão imponente e bela que dói e como São Luís evoca martírios, lágrimas e açoites. O resto é detalhe…”.

Sobre Ana Jansen, um episódio de Os Tambores de São Luís, de Josué Montello: “Inimigo de Donana Jansen, com quem vivia às turras, o Comendador Meireles tinha mandado preparar na Inglaterra, para vendê-los quase de graça, um milheiro de belos penicos de louça, com a cara da velha no fundo do vaso. Donana Jansen soube do fato e suportou com paciência o riso da cidade. Não reagiu logo: deu tempo ao tempo, enquanto ia mandando comprar, aos dois, aos três, às dezenas, na loja do Comendador, os penicos com seu retrato, até ter a certeza de que, agora, sim, só ela os possuía.

Apenas por perguntar, mal contendo o frouxo de riso, Damião perguntou a um dos negros:

– De quem vocês são escravos?

– De Donana Jansen.

Um cheiro insuportável de mijo podre desprendia-se de um vaso à parte, por sinal maior que os outros, quase o triplo, e coberto com uma tampa também de louça.

– E esse aí? – quis saber Damião.

– Minha sinhá deu ordem pra despejar o mijo dele na cabeça do Comendador, se ele aparecer pra tomar satisfação.

E sem interromper as pancadas seguras, o negro abriu para Damião a dentadura farta, que lhe encheu a boca feliz, rematando com este comentário, entre um penico e outro:

– Donana Jansen não é gente. Tou cansado de dizer. Quem se mete com ela tem sarna muita pra se coçar. Ora se tem!”.

Dona Lô ao saber da intenção de penicos com as caras de Dilma e suas ministras, de pronto pensou: “Nada original! Copiaram do Comendador. Nessa toada, uns penicos de mijo podre até que não constituem má ideia, apenas uma ideia má…”.


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Comentários

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Fátima Oliveira: Santa Nhá Chica, mestiça oriunda do estupro colonial – Viomundo – O que você não vê na mídia

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Mari

SINHAZINHA – Pensando que governa uma capitania hereditária, a sinhazinha, que parece ter baixado o espírito de ANA JANSEN e numa atitude transloucada em função das ministras não terem, primeiro, vindo tomar-lhe a bênção, acabou tendo uma crise de histeria no Palácio, chilique semelhante ao que ocorreu na Casa Mal Assombrada logo depois do resultado das eleições de 2006 quando, derrotada por Jackson Lago, pratos e louças foram atirados para todos os lados.

DO BLOG do JOHN CUTRIM http://www.jornalpequeno.com.br/blog/johncutrim/

Mari

Foi Fátima Oliveira falar em na Jansen, ou melhor, escrever sobre Ana Jansen e Roseana resolveu mostrar que é uma legíttima herdeira dela, pois repreendeu as 3 ministras que foram a São Luís para um encontro com os quilombolas que ocupavam o Incra – Maria do Rosário (Direitos Humanos), Luiza Bairros (Promoção da Igualdade Racial) e Márcia Quadrado (Desenvolvimento Agrário).
A governadora aprontou barulho porque a sministras visitaram primeiro os quilombolas e só depois foram ao palácio dos Leões.
Para entender esse rolo melhor, leiam: É cantar “Chora boi da Lua” pelos quilombolas… , de Fátima Oliveira, onde ela reproduz a fala da governadora para as 3 ministras: http://talubrinandoescritoschapadadoarapari.blogs

Carlos Malaquias

continuando…

4. O Brasil foi a mais importante, a maior e mais duradoura sociedade escravista da América. Mas os donos de escravos eram relativamente poucos em relação ao total da população livre, e diminuriam à medida em que a sociedade se desenvolvia. Na melhor das proporções uma em cada duas pessoas livres tinham escravos. E tinham poucos, raramente mais do que dois ou três. Fazendas com mais de 100 escravos foram raras na história brasileira, embora não nas grandes plantations das Antilhas. Meu glorioso estado de Minas Gerais tinha a maior população escrava do Império Brasileiro no século XIX – aqui, um em cada três domicílios tinham escravos. Entre os escravistas, dois terços não tinham mais do que cinco desses trabalhadores e seus membros labutavam lado a lado com seus escravos.

5. Mas o Brasil também era diferente das Antilhas e dos EUA noutro aspecto: a maior parcela de sua população livre era não-branca, isto é, composta de mulatos e africanos. Essas pessoas eram geradas pela miscigenação e pela alforria (a liberdade) de escravos. Muitos desses ex-escravos e seus filhos foram senhores de escravos, mas raramente donos de muitos deles. Uma analogia interessante é pensar no operário que deseja ser patrão um dia – é uma consciência possível.

6. O trabalho livre como base da vida social é uma novidade na história humana, datado do século XVIII. Atém então, e pelo menos até o fim do século XIX na Era dos Impérios, a principal força de trabalho que sustentava a Europa e o resto do mundo era de trabalhadores de alguma forma obrigados ou submetidos a senhores. Quando Marx no século XIX disser que tudo o que era sólido se desmanchava no ar, ou algo do tipo, se referia aos laços de obrigações mútuas que uniam as pessoas – laços estritamente ligados à produção de bens e sua apropriação e uso – que estavam sendo substituídos pelo mercado, uma categoria despersonalizada das relações econômicas.

7. Finalmente, alguns historiadores sustentam que a expansão do trabalho livre assalariado (e, consequentemente, do capitalismo) foi a maior obra de engenharia social já feita. Ela dependeu do convencimento de enormes e tradicionais populações de que o trabalho que se contrata é moralmente superior àquele que se toma. Esse ponto de vista era controverso o suficiente para estimular um gigantesco debate entre defensores da escravidão (principalmente no sul dos EUA) e do trabalho livre (sediados na Inglaterra e norte dos EUA). Os defensores da escravidão argumentavam que os escravos do sul americanos viviam melhor e trabalhavam menos do que um operário inglês da mesma época. Não estavam errados. As estatísticas que reuniram para sustentar suas versões e os dados demográficas disponíveis hoje comprovam. Mas os operários possuíam liberdade e puderam se organizar e arrancar várias leis trabalhistas (além de sonhar com o socialismo) que melhoraram sua condição, mas enfim… Em defesa do trabalho livre, contra a escravidão, o anti-escravismo virou um movimento social organizado na Inglaterra a partir de 1820, nos EUA a partir de 1830, no Brasil só em 1870. As ideias que associam a escravidão a algo moralmente ruim, sujo, nausenante e repulsivo derivam dessa época; até então, a escravidão fazia parte da natureza.

Pra quem tiver interesse, foi traduzido para o português o livro de divulgação dos mais recentes avanços no estudo sobre tráfico de escravos e escravidão na América do prof. Herbert Klein, de Stanford, chama-se o Tráfico de Escravos no Atlântico. É baratinho e a leitura é fácil (apesar de algumas derrapadas da tradução…)

    Roberto Macedo

    Carlos NUNCA na historia da humanidade "a escravidão fazia parte da natureza". Tanto nunca fez, tanto não é algo da NATUREZA que um mundo de rebeliões escravas pra quem se dispuser a estudá-las.Nunca houve escravidão sem luta contra ela. Como a escravidão era natural?
    Viu o filme Spartacus, "épico estadunidense de 1960, do gênero drama histórico, realizado por Stanley Kubrick, e que conta a história do escravo romano Espártaco. O roteiro, escrito por Dalton Trumbo, é baseado em romance homônimo de autoria de Howard Fast, publicado em 1960?"
    Sempre foi mais ou menos daquele jeito.

    Carlos Malaquias

    Caro Roberto,
    Trata-se de natureza histórica da sociedade (como certo pensador alemão propôs num aparente paradoxo). Toda sociedade em cada época tem certo conjunto de idéias e valores que parecem intocáveis e são tanto mais defendidos como parte da natureza das coisas, quanto mais importantes são fundamentais para aquela ordem. Ex., a propriedade privada em nações capitalistas, apesar de ser uma criação historicamente datada é defendida como parte imutável da natureza humana. Evidentemente muita gente não concorda. Mas não é preciso unanimidade. Basta que a maioria experimente esses valores como realidade inescapável, que eles sejam reificados no cotidiano e que opções alternativas não apareçam. As ideias dissonantes devem, é claro, ficar restritas. A cooptação aos valores escravistas, ou sua inexorabilidade até 1850, certamente explica que, no Brasil, um em cada três donos de escravos fosse um africano liberto ou seu descendente. A esse propósito, em 1835 os Malês (escravos islamizados) protagonizaram em Salvador o mais impressionante plano de revolta conhecido no Brasil: pretendiam aniquilar os brancos e reduzir os negros nativos (crioulos) à escravidão. Significativamente, seus planos desabaram a partir da denúncia de escravos já libertos. As rivalidades de escravos de procedências diversas, bem como os estranhamentos entre africanos e nativos certamente não ajudaram a “desnaturalizar” a escravidão, isto é, construir um projeto social alternativo. Porém, em regiões onde os brancos senhores de escravos não puderam contar com a colaboração de libertos e mulatos, como foi o caso da Jamaica e Demerara, os senhores conseguiram cooptar as comunidades de negros fugidos ou revoltosos a evitar revoltas. A natureza humana, em qualquer desses e de outros casos, não passa da força com a qual certas noções se apresentam; nossas idéias de liberdade são, assim como os pensamentos de nossos antepassados, criações históricas e dificilmente perpétuas.

    Carlos Malaquias

    Caro Roberto,Caro Roberto,
    Trata-se de natureza histórica da sociedade (como certo pensador alemão propôs num aparente paradoxo). Toda sociedade em cada época tem certo conjunto de idéias e valores que parecem intocáveis e são tanto mais defendidos como parte da natureza das coisas, quanto mais importantes são fundamentais para aquela ordem. Ex., a propriedade privada em nações capitalistas, apesar de ser uma criação historicamente datada é defendida como parte imutável da natureza humana. Evidentemente muita gente não concorda. Mas não é preciso unanimidade. Basta que a maioria experimente esses valores como realidade inescapável, que eles sejam reificados no cotidiano e que opções alternativas não apareçam. As ideias dissonantes devem, é claro, ficar restritas. A cooptação aos valores escravistas, ou sua inexorabilidade até 1850, certamente explica que, no Brasil, um em cada três donos de escravos fosse um africano liberto ou seu descendente. A esse propósito, em 1835 os Malês (escravos islamizados) protagonizaram em Salvador o mais impressionante plano de revolta conhecido no Brasil: pretendiam aniquilar os brancos e reduzir os negros nativos (crioulos) à escravidão. Significativamente, seus planos desabaram a partir da denúncia de escravos já libertos. As rivalidades de escravos de procedências diversas, bem como os estranhamentos entre africanos e nativos certamente não ajudaram a “desnaturalizar” a escravidão, isto é, construir um projeto social alternativo. Porém, em regiões onde os brancos senhores de escravos não puderam contar com a colaboração de libertos e mulatos, como foi o caso da Jamaica e Demerara, os senhores conseguiram cooptar as comunidades de negros fugidos ou revoltosos a evitar revoltas. A natureza humana, em qualquer desses e de outros casos, não passa da força com a qual certas noções se apresentam; nossas idéias de liberdade são, assim como os pensamentos de nossos antepassados, criações históricas e dificilmente perpétuas.

Carlos Malaquias

Bem, o assunto é muito mais complexo do que parece, como os comentários anteriores indicam. Eu quero deixar algumas (longas…) informações históricas.

1. A escravidão, como instituição social ou como sistema econômico tanto faz, é muito mais antiga do que a escravidão de negros africanos. Os primeiros conjuntos de leis escritas (o Código de Hamurabi, séc. XVIII a.C., é o mais famoso) já mencionava a escravidão. Assim também textos egípcios, hebraicos, gregos… Em Atenas o escravo constituiu a força de trabalho fundamental das oficinas de cerâmica na época clássica (mais ou menos séc. V a.C.). Mas foi em Roma que o sistema econômico baseado no trabalho escravo atingiu seu ápice na antiguidade e com isso a legislação que o regulava. Mesmo com o cristianismo (que, a propósito, não negava a escravidão) e com o fim da civilização romana a escravidão não deixou de existir. Só diminuiu na Europa ocidental, mas não no oriente médio, nas ilhas produtoras de açúcar do Mediterrâneo e na África subsaariana.

2. Havia escravos de toda cor de pele. O termo “escravo” tem as mesmas raízes etimológicas do inglês “slave”, como eram chamados os brancos habitantes da sudeste europeu submetidos à servidão e vendidos a outros lugares, os eslavos. Durante o Império romano existiram escravos brancos da Galícia e de outros lugares. No domínio árabe da península ibérica, não era raro que negros islamizados fossem ricos comerciantes ou clérigos, enquanto católicos brancos reduzidos à escravidão. A cor da pele não estava associada ao estatudo de escravo. O racismo foi uma conseqüência da escravidão moderna, quando o peso do trabalho foi sustentado exclusivamente por ombros negros.

3. Foi com o descobrimento da América e a criação de um sistema produtivo de “commodities” (perdão pelo anacronismo) em larga escala, com poucos recursos técnicos, e muita disponibilidade de terras, que a necessidade de força de trabalho foi suprida pela compra de africanos e sua redução ao escravismo. Deve-se, contudo, notar duas coisas: a escravidão foi apenas um dos tipos de trabalho compulsório empregados na colonização da América. Os espanhóis usaram várias formas de repartimiento (como os pré-colombianos mita e coatequil), a …, além de escravos negros. Entre os ingleses foi comum a servidão temporária (os indenture servants). Em segundo os africanos foram usados porque havia oferta desse tipo de força de trabalho. Pode-se dizer que foram os portugueses que criaram o tráfico negreiro (depois seguidos pelos ingleses, franceses, holandeses e os brasileiros) em sua expansão pela costa da África, ainda no século XV. Dos reinos africanos os portugueses adquiriam ouro, pimenta, óleo de palma e escravos. Estes foram usados na produção de açúcar no Algarve, nas ilhas do Cabo Verde e na Madeira. Quando a América foi descoberta, já sabiam onde conseguir trabalhadores.

continua…

strupicio

Se nosso país – num tipo de ficção politica radical – se isolasse do mundo moderno e de toda sua influencia
a Legislação Trabalhista acabava em uma semana, tocavam fogo no que resta de mato nativo, a escravidão voltava e um mês (nosso patronato é quase 100% escravocrata)..e em um ano fechavam as escolas…em 3 anos voltavamos 3 séculos..sendo otimista.

O_Brasileiro

O nosso "alento" é que saímos da escravidão para a semi-escravidão, e que agora os semi-escravos não tem raça específica…

Wildner Arcanjo

A escravidão nada é mais do que mais uma das formas do Homem se impor sobre outros Homens, seja pela força, pelo dinheiro ou pela opressão. O capitalismo nada mais é do que uma forma evoluida de escravidão, onde o empregado é dono de sua força de trabalho mas não é dono de nada que produz, só do que pode comprar. Não se enganem, enquanto houverem seres humanos estes sempre tentarão fazer valer as suas vontades sobre a vontade de outros e quando estes outros tornarem-se dominantes farão o mesmo.

    Roberto Macedo

    Imagina escravidão ser isso que Wildner acha. Vai estudar rapaz! Quem fala em FORMA EVOLUÍDA de escravidão precisa estudar. E muito. Tenha um pouco mais de senso. Vamos debater com seriedade.

    Wildner Arcanjo

    Existe seriedade e embassamento no que digo, como pode ser até bem explicado pelo post do Carlos Malaquias. Eu não quis ser tão extenso, mas o post dele é irretocável. Não acho também que não haja senso. Por fim, talvez seja você que não queira ver senso ou seriedade no meu comentário. No mais, só posso lamentar.

    Carlos Malaquias

    Dizer que meu comentário foi extenso é bondade; prolixo é o adjetivo adequado. Mas, no fundo, a ideia é o que vc. disse: o capitalismo não é um sistema moralmente superior ao escravismo. De minha parte, mesmo que ninguém tenha perguntado, acho que há uma saída humanamente possível: socialismo.

    César Augusto Sandri

    Como o da Rússia, China antiga? Podem ser até ideológicamente justo, mas é impraticável.Acho
    que o ideal é um meio termo entre capitalismo e socialismo. O socialismo é imcompetente para gerar bens e o capitalismo para distribui-lo . Tem coisas que tem que ser socialistas : escolas, saúde, segurança.Mas entregar empresas produtoras de bens para o estado já foi demonstrado que não é eficiente. Já nas mãos capitalistas são.

Caracol

Saudades do Brizola, que foi o único político brasileiro a botar luta contra a escravidão em seu programa partidário. Para os outros, escravidão não existia.
Aprendemos na escola que o homem é o único animal racional existente. Não aprendemos que também é o único capaz de escravizar a própria espécie.

    Klaus

    Verdade, lembro de uma vez que Brizola disse que ATÉ os negros eram bonitos na Globo.

Samuel Velasco

Muitas vezes o escravo alforriado tomava como primeira providência comprar um escravo pra si. Por um bom tempo historiadores relutavam até mesmo a escrever sobre os documentos encontrados, ou simplesmente os ignoravam durante a pesquisa, jogavam pra escanteio.
Numa sociedade escravista a única chance de ascensão social era a partir da posse de escravos, os quais eram baratos, pois o tráfico era intenso. Alguns dos escravos alforriados adquiriam outros escravos para ascender socialmente e também porque isto lhes reduziria a chance de que eles mesmos (os alforriados) voltassem a ser escravos, o que não raramente acontecia com os escravos alforriados (a reescravização).
A história não deve eximir de culpa seus párias, no entanto, no sistema de plantation do Brasil colonial, as pressões para se ter mão de obra escrava eram próprias do sistema, da fase de acúmulo do capital. Se formos deslocar nossas paixões contra todos que em algum momento escravizaram, mataram ou roubaram pra colonizar, não vai restar nem um jusuíta pra contar história…

Roberto Macedo

Uma abordagem precisa e sem reparos. Escravidão é crime contra a humanidade. Imprescritível. Sempre foi, mesmo quando era permitida. Algum reparo? Com a palavra os defensores da escravidão.
Concordo com a Dra. Fátima quanto ao nojo da escravidão. A escravidão dá nojo, é nojenta mesmo.

Alberto

+ um comentário excelente sobre o artigo:
Élida Mariano do Rego – Sabará-MG

Certamente que essas senhoras podres de ricas que se fizeram por si, pois nenhuma herdou riqueza de família, não importando se herdaram de homens com quem viveram ou conviveram, tem seus méritos. Viveram numa época em que as mulheres tinham donos e não direitos. A lhes manchar os méritos, a escravização negra. Muita gente pode dizer que aquilo foi naquele tempo, que a escravidão era legalizada no Brasil. Era, mas mesmo muita gente rica não possuia escravos. Por que? Por não concordar. Tinha escravos que tinha dinheiro e considerava que negro era pra ser escravizado. Vejamos Chica da Suilva, ex-escrava e possuía escravos. Com isso quero dizer que escravidão negra é indesculpável em qualquer tempo. http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColuna

Alberto

Um comentário em outro site que achei muito bom:
Sobre negras donas de escravos, em São Luís há também o Beco Catarina Mina, que recebeu tal nome em memória à negra Catarina Rosa de Jesus Ferreira – inteligente e muito bonita, Catarina logrou considerável fortuna, com que comprou a sua alforria e também alforriou sua mãe e se fez proprietária de imóveis e senhora de escravos, acabando por tomar ares de grande dama. Sabia enfeitiçar com a sua simpatia e insinuante meiguice os ricaços da Praia Grande.
Parte do Beco Catarina Mina é formada por uma escadaria com 35 largos degraus em pedra de cantaria.
Comentário Enviado Por: Charles Lamounier Em: 22/6/2011 http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=5

Jô Freitas

O negro nunca deixou de ser escravo. Êle teve declarada a sua liberdade sem nenhum preparo para sobreviver. A liberdade foi ser jogado a sua própria sorte sem ajuda, sem orientação nenhuma. Ainda existem os quilombolas descendentes dos negrois fujões. Isso continua sendo escravidão.

riorevolta

Voltaire era dono de escravos, os Founding Fathers americanos eram donos de escravos…

A maioria dos escravos adquiridos por portugueses na África era comprado de comerciantes africanos de escravos, assim como qualquer ser humano de sua época, africanos escravizavam outros africanos e vendiam para o resto do mundo.

Os portugueses compravam os escravos, eles não faziam escravos. Ou você lembra de alguma guerra significativa da Europa na África antes de 1815 (periodo chamado de 'neocolonial').

Quem fazia escravos eram as tribos guerreiras pois sabiam que podiam vendê-los, primeiro na Arábia, Índia e China na Idade Média e depois para os portugueses, espanhóis, holandeses, ingleses nos séculos seguintes.

Assim se conclui que humanos escravizavam humanos.

    Alberto

    E daí que fulano, sicrano ou beltrano era dono de esccravos? Isso legitima a escravidão? A escravidão humana em qualquer época da historia é criminosa.

    riorevolta

    Como e daí?! É muito mais compreensível tanto para entender a escravidão daquela época, o racismo de então e de hoje, suas origens e etc… Jamais para legitimá-lo.

    O que estais querendo é totalmente anacrônico. Julgar um acontecimento do passado pelos valores do presente…

Lousan

Acho interessantíssimo lembrar dessa época, mas criticar um período é muito dificil….da mesma forma como hoje temos "nojo" desta época passada, daqui a 50 anos estarão tendo "nojo" de nossa forma de transporte ser movida a petróleo que polui tanto.

A um tempo atrás tive a felicidade de ir a Caverna do Diabo, uma obra de arte da natureza que só se transformou em parque estadual a poucos anos e hoje é monitorada e liberada apenas com visitas de guias cadastrados. Antes dessa consciencia ambiental e a então estatização do parque, frotas de onibus iam até a caverna e milhares de pessoas levavam o seu souvenir da caverna, depredando e deteriorando tamanha obra de arte. Hoje pensamos com horror sobre esta época, para aquela época era a coisa mais normal do mundo…são pontos de vista que mudam com o tempo…a conscientização humanitária, ambiental, etc….e nem precisamos ir tão longe, a 100 anos a mulher jornalista mal poderia escrever algo desse tipo..sequer podia trabalhar!
Viva a evolução!

    Wildner Arcanjo

    No futuro, quem sabe, os paleontólogos e antropólogos podem até estudar os afrescos rupestres de nossa época e, quem sabe, podem se fazer as seguintes perguntas:

    – O que é "CV"?

    – Qual o significado de "É nois"?

    – Será que "Fulano x Ciclana" era alguma parte de um rito cerimonial, de união entre indivíduos?

    – Quais foram os grupos que criaram aquelas inscrições e para qual finalidade?A forma de expressão, para a época, era avançada?

    A História pode até ser engraçada, quem sabe…

urbano

Como a imensa maioria dos personagens da historia do Brasil ate 1888 era constiuida de proprietarios de escravos parece que a jornalista esta propondo que se esqueça a historia do pais. Tem cada uma nesse nosso jornalismo. Aonde andam as escolas de jornalismo? Tem professores dando aula nelas? Ou os alunos passam ociosos fumando seus cigarrinhos?

    Mari

    Pode dizer logo o que quer, sem arrodeios meu senhor? Ou é a favor dos escravocratas? É um direito seu, mas diga, sem arrodeios.
    São condenáveis todos os escravocratas. Assim penso. Ou acha que havia senhor de escravo bonzinho?
    A escravidão negra sempre foi condenável e havia povos,a maioria que sempre a condenaram, tanto é que em muitas sopciedades não houve escravidão ou ela foi abolida. Não pega a desculpa de não julgar o ontem com os olhos de hoje. Coitadinhos dos donos dee escravos, pois eles eram animaiznhos sem conciência…

    Klaus

    Devemos extender nossa condenação a Ramsés e a Nabucodonosor também.

    Elton

    "Extender", assim mesmo? Com "X" ???

    Klaus

    Por que vc só acorreje eu?

    Samuel Velasco

    Precisa dessa polarização? Ninguém é a favor dos escravocratas. Não tem nem como.
    Não tem como eu ser a favor, por exemplo, do Peñarol campeão da Libertadores 2011. Por mais que eu quisesse, não mudaria o passado.
    Após passar por um processo educacional que nos apresentou noções como cidadania, respeito aos direitos elementares, etc, é fácil olhar pro passado e não admitir que tenhamos chegado a este ponto (o presente) decorrendo daquele passado. E daí advém todos os anacronismo possíveis.
    Não adianta inventar a história, o falso conhecimento estará sujeito à desconfirmação (Thompson, A Miséria da Teoria).
    E parafraseando um professor que tive, grande historiador e pesquisador do Brasil Império, "nada é mais subversivo que a verdade".
    Com relação ao comentário do 'Urbano', entendo o que ele quer dizer. É de praxe da mídia em deturpar a ciência ou quaisquer outras tentativas de conhecimento legítimo. Não somente o jornalismo, mas o cinema e a literatura fazem suas incursões nesta aventura.
    Em se tratando de certos conhecimentos, como a História, os efeitos são mais nefastos. Como é fácil depreender que a história é um acúmulo de fatos, qualquer um acha que pra entender um determinado período de nosso passado, basta ler um livro X a respeito do mesmo. Pronto, acumulou fatos, "estatísticas", números, pode discorrer. Não importa se sou jornalista, se sou médico, se sou engenheiro, nas horas vagas sou historiador…

    L..

    Mas quanta desonestidade: ninguém falou ou sequer insinuou ser a favor da escravidão. Muitos se posicionaram, claro, em favor da verdade. Pode dizer logo o que quer, sem arrodeios minha senhora? Ou é a favor da censura e da ocultação de toda história e fatos que não concordam com as suas convicções políticas?

Josaphat

No mesmo "Os Tambores de São Luis", há a passagem em que Donana vai passar o fim de semana na chácara fora da cidade e, como está chovendo e ela não desejava sujar os pés de lama, manda que todos os escravos se deitem, fazendo um longo tapete, que ia do pé da carruagem à porta da casa. Donana caminhou calçada por cimo do capacho de corpos humanos.
Sem tirar os sapatos.

    mrcatra

    que tesão hein!

Marcelo Rodrigues

Não está faltando um trecho depois de "até ter a certeza de que, agora, sim, só ela os possuía" e antes de "Apenas por perguntar, mal contendo o frouxo de riso, Damião perguntou a um dos negros"?

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