EUA removem barragens para ajudar salmão

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A barragem de Great Works, no rio Penobscot, em Maine

A barragem  de Veazie, no rio Penobscot, em Maine

Desfazendo barragens

A música do Penobscot

The Economist, 16.06.2012

Devolvendo a vida a um rio

O rio Penobscot leva o nome da nação Penobscot, a tribo norte-americana cujas terras ancestrais ficam nas margens do rio. É o maior rio do estado do Maine e o segundo maior da Nova Inglaterra.

Por milhares de anos a tribo tem vivido ao lado do rio e dependendo dele, navegando em canoas e fazendo cerimônias em sua honra.

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As águas claras do rio fluiam livremente. Apenas tempestades, secas e barragens feitas por castores interrompiam o curso. Isso mudou com a chegada dos imigrantes europeus, que construiram mais de cem barragens para aproveitar madeira e, mais tarde, para mover moinhos e produzir energia.

A barragem de Great Works em Bradley, Maine, bloqueia o rio por quase dois séculos. Mas no dia 11 de junho começou a ser demolida, o primeiro passo para abrir cerca de 1.500 quilômetros do rio.

O projeto é uma colaboração entre empresas, grupos de conservação, agências estaduais e federais e a nação Penobscot.

A remoção é parte do Fundo de Restauração do Rio Penobscot, um projeto público-privado de 62 milhões de dólares, que também envolve a remoção da barragem de Veazie em 2013, além de ajudar os peixes a ultrapassar outras duas barragens.

Isso é importante. O salmão selvagem do Atlântico, que no passado se reproduzia no Penobscot, tem tido dificuldade de subir o rio. Só restam 3 mil de uma população que já foi de 75 mil e muitos destes nasceram em fazendas. Os pescadores do rio tradicionalmente mandavam o primeiro salmão pescado na temporada para o presidente dos Estados Unidos, mas isso foi feito pela última vez em 1992, com um salmão enviado a George Bush pai.

A nação Penobscot, que tem direitos ilimitados de pesca, só tirou dois salmões do rio desde 1980.

Outras populações de peixes diminuiram, também. Pássaros e outros animais que se alimentavam no rio desapareceram. Abrir a barragem vai permitir ao Penobscot fluir mais livremente de Old Town até o oceano pela primeira vez em gerações, o que tornará a jornada mais fácil para o salmão e outros dez peixes migrantes, inclusive os alewives, shad, sturgeon e blue-black herring.

O nordeste dos Estados Unidos tem um sistema de rios fragmentado por sete barragens, que interrompem o fluxo a cada 150 quilômetros. Mas nem todos concordam que isso causa danos. O governador do Maine, Paul Le-Page, um fã da energia hidrelétrica, quer mais barragens, não menos.

Ele chamou a remoção do Great Works de “irresponsável”. Mas a produção de energia no Penobscot não vai cair. Duas outras barragens foram reformadas para compensar a produção.

Ken Salazar, o secretário do Interior, que participou de uma cerimônia celebrando a demolição, disse que é falsa a escolha entre criar empregos ou cuidar do planeta. Eric Schwaab, da Agência Oceânica e Atmosférica Nacional, que deu 20,9 milhões de dólares para o projeto, disse que a demolição é vital não apenas para a saúde do rio, mas para a pesca comercial e recreativa. Embora uma análise econômica completa não tenha sido feita, a Agência de Pesca e Natureza dos Estados Unidos estima que o rio recuperado vai injetar 500 milhões de dólares na economia local. O projeto deverá criar empregos no ecoturismo.

Um ancião da tribo, que talhou um arpão de pesca anos atrás, espera em breve usá-lo pela primeira vez. Ele espera que “quando o rio fluir livremente de novo, vai fazer suas canções sobre cascatas, corredeiras e bancos de areia, que também vão renascer”. Os salmões vão sentir o arrebatamento.

PS do Viomundo: Talvez a maior besteira dita pelo ex-presidente Lula em seus dois mandatos foi fazer pouco caso dos bagres da Amazônia. Não está sozinho. Exprimiu a ignorância, a empáfia e a arrogância que caracteriza quem só olha a Amazônia como espaço de colonização, para uso interno ou multinacional.

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