Em meio ao colapso, prefeito de Porto Alegre empurra três privatizações

Tempo de leitura: 3 min
Reprodução

Porto Alegre: de sede do Fórum Social Mundial a “coração de um colapso monumental”

Por Reginete Bispo* e Jeferson Miola

“Dê a sua contribuição […] com a sua vida pra que a gente salve a economia do município de Porto Alegre”. Prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo/MDB, em 25/2/2021.

Porto Alegre, com as políticas de inclusão social, inversão de prioridades orçamentárias e de orçamento participativo dos governos da Frente Popular – iniciados com Olívio Dutra em 1988 e continuados por Tarso Genro, Raul Pont e João Verle até 2004 – já foi a capital mundial da esperança.

O início do século 21 foi marcado pelo 1º Fórum Social Mundial, realizado na semana de 25 a 31 de janeiro de 2001 na capital gaúcha com a presença de mais de 25 mil cidadãos e cidadãs de 117 países de todos os continentes que, ante o totalitarismo do pensamento único e da ideia autoritária de que não havia alternativas e de que a humanidade estava condenada à fatalidade neoliberal, proclamaram que um outro mundo é possível!

Setores ideológicos não-partidários do PT, assim como governos estrangeiros e instituições multilaterais – como foi o caso, por exemplo, de vários organismos da ONU – reconheciam e premiavam os governos da Frente Popular liderados pelo PT por suas políticas anti-neoliberais de fortalecimento do Estado, distribuição de renda, promoção da igualdade racial e de gênero e de justiça social com democracia participativa.

A partir de 2004 a espiral de ódio ao PT que passou a dominar a política brasileira também alcançou Porto Alegre, e então a oligarquia local e o monopólio midiático da RBS/Globo desencadearam uma guerra feroz para “tirar o PT” do governo.

Desde então, a cada eleição o mesmo condomínio conservador, unido no objetivo de repartir o butim do orçamento e da renda municipal, se reveza na gestão da Prefeitura.

Mudam apenas os nomes, mas a essência do projeto oligárquico permanece intocável.

A decadência da Administração Municipal, sucessiva e permanente ano após ano, é notória.

Esta cidade que já foi motivo de inspiração mundial, hoje é símbolo de profunda vergonha mundial.

O New York Times deste sábado diz que Porto Alegre é o “coração de um colapso monumental no sistema de saúde do Brasil”.

O jornal afirma que a cidade convivia com a ameaça de colapso funerário e profissionais de saúde da linha de frente “exaustos imploravam em fevereiro por um bloqueio para salvar vidas”.

Enquanto isso, segundo a matéria, “Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre, argumentou que havia um imperativo maior: ‘coloque sua vida em risco para que possamos salvar a economia’”.

“Agora, Porto Alegre, uma cidade próspera no sul do Brasil, está no centro de um colapso impressionante do sistema de saúde do país – uma crise prevista”, descreve a reportagem.

Pacientes estão morrendo asfixiados nas filas de espera de UTI’s ou vão a óbito nos próprios domicílios, porque não existem vagas hospitalares para serem transferidos.

Nas últimas semanas, observam-se filas nos cartórios para registro de óbitos, e a cidade está à beira de um colapso funerário.

Nada disso, porém, comove o prefeito Sebastião Melo/MDB e sua base de sustentação na Câmara de Vereadores.

Apesar desta realidade tétrica, Melo recorre ao judiciário para manter o comércio e os serviços da cidade funcionando normalmente.

Ao mesmo tempo, em meio a este “colapso monumental”, Melo irresponsavelmente prioriza com sua base na Câmara de Vereadores a votação de projetos de privatização da empresa de ônibus [CARRIS], da companhia de processamento de dados [PROCEMPA] e da empresa de abastecimento d’água [DMAE].

E, além disso, tenta aprovar com urgência projeto para destruir o sistema previdenciário municipal, que é sabidamente saudável e equilibrado.

A escolha do prefeito de Porto Alegre é vergonhosa e repugnante.

Porto Alegre, que já foi a sede do Fórum Social Mundial e fonte irradiadora da esperança de um outro mundo possível, hoje é mundialmente apontada como o “coração de um colapso monumental” da saúde.

Nós sabemos que todo este sofrimento, dor e luto poderia ter sido evitado.

Confiamos que com nossa experiência acumulada, com a solidariedade e capacidade de resistência da população, seremos capazes de deter esta onda de devastação para colocar a vida como valor maior a ser preservado.

*É vereadora em Porto Alegre


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Marcao

Que se fodam os gaúchos, enquanto comem churrasco e chupam o espeto que depois será enfiado nos rabos deles novamente.
Povinho nazista.

Zé Maria

O Consórcio [P]MDB/PSDB, Coligados com Partidos Satélites da Direita, destruiu o
Estado do Rio Grande do Sul, inclusive a
Capital Gaúcha, Porto Alegre, com a Colaboração Prestimosa do Grupo RBS,
que, primeiro, derrubou o PT do Governo
Estadual, em 2002 – quando paradoxalmente
Lula se elegeu Presidente pela primeira vez –
e, logo em seguida, pôs fim às Gestões
Petistas da Capital, em 2004, quando o
Partido dos Trabalhadores estava na Quarta
Administração Consecutiva do Município de Porto Alegre, desde 1989.
Aliás, é preciso dizer às Pessoas que não viram
ou não se lembram da Porto Alegre do final
do Século 20, que foram os Governos Municipais
Portoalegrenses do PT que moralizaram o Transporte Coletivo na Capital, impulsionando a CARRIS – que estava totalmente sucateada – como a Melhor Empresa Pública de Transporte
Coletivo Urbano do País, até mesmo conquistando
prêmios Nacionais e Internacionais.
Também foram os Governos do PT que
proporcionaram, com investimentos, ao Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) estender o Tratamento de Esgotos
quase integral à Maioria dos Bairros de Porto
Alegre e a Cobertura de Água Potável a toda
a Cidade.

marcio gaúcho

Assim como o prefeito de Porto Alegre, a maioria dos administradores das cidades gaúchas do interior, partidários do “bolsonistão”, estão pregando a desobediência civil de forma direta ou velada, apoiando manifestações dos comerciantes e demais ditos “empresários” em favor da liberação geral das atividades econômicas, em detrimento do risco de infecção dos seus empregados, clientes e demais pessoas das comunidades. Querem promover a desorganização social e provocar os poderes constituídos, medindo forças de classes, simplesmente para não perder os seus anéis. A nação é um organismo somente, e sem ela sã em saúde e condições elementares de vida não haverá espaço outro tipo de relação mais importante do que a sobrevivência humana. Os entes econômicos, que bem gordos estão, que tenham a paciência e a sabedoria de saber aguardar e colaborar para a resolução e a diminuição dos efeitos dessa pandemia, entregando anéis para não perderem os dedos num futuro próximo. Sem distanciamento e parada por algumas semanas, nunca sairemos desse labirinto tenebroso e assustador.

Deixe seu comentário

Leia também