Em defesa da Caixa pública e direitos, empregados param em todo o País; em SP, adesão foi de 40%

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Respeitando as medidas de prevenção e distanciamento social, o movimento teve adesão média próxima de 40% dos empregados na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Foto: Sindicato dos Bancários SP

Em defesa da Caixa pública e direitos, empregados cruzaram os braços em todo país

Por Cecília Negrão*

São Paulo, 27/04/21 – Empregados da Caixa Econômica Federal de todo o Brasil fizeram uma forte greve nesta terça-feira (27), em defesa da Caixa 100% pública; por mais contratações; por melhores condições de trabalho e de atendimento à população; inclusão dos bancários em grupo prioritário para vacinação contra a Covid-19; e pelo correto pagamento da PLR Social.

O movimento teve adesão média próxima de 40% dos empregados na base do Sindicato (São Paulo, Osasco e região), mesmo com todas as limitações decorrentes da pandemia de Covid-19, respeitando as medidas de prevenção e distanciamento social.

No Twittter, a mobilização dos empregados, com a hashtag #BrasilSeguroéCaixaPública- que contou com o apoio de movimentos sociais, lideranças políticas e população em geral – chegou a figurar entre os três assuntos mais comentados do país na rede social.

“A mobilização de hoje foi muito forte em todo o país. Os empregados aderiram ao movimento e mostraram que vão resistir aos ataques do governo Bolsonaro e da direção do banco, que prejudicam não só eles, mas também a toda população que precisa da Caixa. A greve de hoje concretizou algo que falamos há tempos. As lutas em defesa da Caixa pública, de sua função social e dos direitos dos seus empregados são indissociáveis. E, mais que isso, é uma luta que deve ser encampada por toda a sociedade. O apoio imenso de movimentos sociais e da população em geral mostra que estamos no caminho certo. Não vamos recuar. Juntos, somos mais fortes”, enfatiza a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva.

Caixa Pública

Os trabalhadores protestaram contra a IPO da Caixa Seguridade, área das mais rentáveis da Caixa, marcada para esta quinta-feira 29.

“A IPO da Caixa Seguridade é parte de um plano de privatização da Caixa aos pedaços. Como a privatização do banco precisaria do aval do Congresso, o atalho encontrado pelo governo Bolsonaro e pela direção do banco, na pessoa do presidente Pedro Guimarães, foi a venda de suas subsidiárias. E, para além disso, pretendem criar uma nova subsidiária, que concentraria todo o trabalho social do banco, que chamam de Banco Digital, com intuito de também entregá-la aos banqueiros privados. Este seria o fim da Caixa, o banco do Bolsa Família, do auxílio-emergencial, do financiamento da moradia, da infraestrutura”, explica a dirigente do Sindicato e empregada da Caixa Tamara Siqueira.

“Nosso intuito é parar a IPO da Caixa Seguridade, que se efetivada reduzirá a rentabilidade do banco. Isso significa menos empregados, menos agências, menor capacidade de operação e financiamento de programas sociais e, por fim, a queda da rentabilidade será utilizada como argumento para a privatização. Estamos fechando um dia para continuarmos abertos no futuro”, acrescenta.

Vacina Já

Os dempregados da Caixa também cobram medidas mais eficazes de proteção contra a Covid-19 e a inclusão dos bancários em grupo prioritário de vacinação.

“Os bancários, que estão na linha de frente desde o ano passado, atenderam mais de 120 milhões de brasileiros só com o auxílio emergencial, sem falar no Fundo de Garantia e no Bolsa Família. Enfrentaram filas e aglomerações, decorrentes da falta de organização do governo federal. Porém, nunca deixaram de atender a população neste momento difícil. Estamos perdendo colegas todos os dias. Já morreram mais empregados da Caixa por Covid-19 em 2021 do que em todo o ano passado. É uma luta pela vida”, diz o diretor do Sindicato e também empregado da Caixa, Dionísio Reis.

PLR Social

Outro ponto da pauta de reivindicação dos empregados da Caixa é o pagamento correto da PLR Social. A Caixa, descumprindo acordo coletivo, fez a distribuição linear de 3% do lucro entre os trabalhadores, quando o acordado é a distribuição de 4%, o que gerou um prejuízo que chega até quase R$ 1.600 por empregado.

“Os empregados cumpriram o seu papel e, como recompensa, levaram um calote em parte da sua PLR Social, que visa valorizar justamente o trabalho social que só a Caixa faz. Isso justamente no ano em que estiveram na linha de frente, em risco em meio à uma pandemia, para pagar o auxílio-emergencial para milhões de empregados. Não aceitamos as justificativas da Caixa para esse calote”, enfatiza o diretor do Sindicato.

Mais contratações e melhores condições de trabalho

Os empregados da Caixa reivindicam ainda a contratação de mais empregados para reduzir a sobrecarga de trabalho e manter um bom atendimento à população.

“Cobramos que a Caixa contrate os aprovados em concurso de 2014 e pare de recorrer desta sua obrigação com ações judiciais. O quadro está defasado. Os empregados estão extenuados física e psicologicamente. Somente com mais empregados esta situação poderá ser revertida, preservando a saúde dos trabalhadores e garantindo um bom atendimento à população que procura a Caixa”, conclui Dionísio.

*Cecília Negrão é jornalista e assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.


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