Dono de empresa que intermediou vacina a U$ 15 a dose diz que está em quarentena e não vai à CPI

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

Hoje os olhos do público se voltam para o depoimento do médico negacionista Osmar Terra, um dos principais consultores do presidente Jair Bolsonaro em questões relativas à pandemia.

Terra está desmoralizado pelas previsões completamente estapafúrdias que fez ao longo da pandemia.

Basta ver o vídeo acima para ter uma ideia de como ele dizia que o vírus iria desaparecer e que o Brasil teria a chamada “imunidade de rebanho” logo ali adiante.

Muito mais interessante seria a sessão de amanhã, para quando está marcado o depoimento do empresário Francisco Maximiniano, dono da Precisa, que teve os sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático quebrados pela CPI.

Maximiniano, através de seu advogado, informou à CPI que retornou da Índia recentemente e está cumprindo quarentena em casa.

Ele foi intermediário da compra de doses da vacina Covaxin, produzida na Índia, por um preço 1.000% superior ao que a própria fabricante cotava seis meses antes — de acordo com documentos do Ministério das Relações Exteriores aos quais o Estadão teve acesso.

Segundo a repórter Julia Affonso, a fabricante Bharat Biotech ofereceu inicialmente a vacina a U$ 1,34, em agosto de 2020, mas o Brasil pagou U$ 15 a dose em fevereiro deste ano.

No caso da vacina da Pfizer, o governo Bolsonaro usou o suposto preço alto para prorrogar a negociação por onze meses. Acabou pagando U$ 10 pela dose.

A vacina da Covaxin foi a única comprada pelo Brasil com intermediário. A autorização foi dada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro e a negociação durou apenas três meses.

O Ministério da Saúde fechou contrato para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin em 25 de fevereiro, totalizando R$ 1,6 bilhão, mesmo com a vacina ainda na fase 3 de testes.

Só depois a pasta contratou a Pfizer e a Janssen, a U$ 10 a dose.

Tanto a Precisa quanto sua sócia, a Global Gestão em Saúde S. A., estão sob investigação do Ministério Público Federal, sob a acusação respectivamente de fraude na compra de testes rápidos e de não entregar remédios pelos quais recebeu pagamento com dinheiro público.

O Ministério da Saúde disse ao Estadão que só pagará pela vacina indiana quando as doses forem recebidas, mas conta com o produto da Bharat Biotech para o Programa Nacional de Imunização.

“Foi a única aquisição que teve um telefonema do presidente da República para o primeiro-ministro [da Índia], indicando para primeiro-ministro a preferência do Brasil pela aquisição da Covaxin com todos esses problemas. E, além do mais, foram colocados na Câmara dos Deputados, naquele projeto de lei que autorizou aquisição de vacinas pela iniciativa privada, por empresários, a possibilidade de compra da Covaxin”, comentou o relator da CPI Renan Calheiros.

De acordo com a procuradora Luciana Loureiro, do MPF, é preciso fazer uma investigação minuciosa sobre o contrato:

“A omissão de atitudes corretiva da execução do contrato, somada ao histórico de irregularidades que pesa sobre os sócios da empresa PRECISA e ao preço elevado pago pelas doses contratadas, em comparação com as demais, torna a situação carecedora de apuração aprofundada, sob duplo aspecto cível e criminal uma vez que, a princípio, não se justifica a temeridade do risco assumido pelo Ministério da Saúde com essa contratação, a não ser para atender a interesses divorciados do interesse público”, ela escreveu, de acordo com o diário direitista carioca O Globo.


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Zé Maria

A Vacina Covaxin, produzida pela Fabricante
Indiana “Bharat Biotech”, custava, em fevereiro
de 2020, US$ 1,34 – aproximadamente R$ 6,50 –
e seis meses depois o desgoverno Corrupto
de BolsonaroGenocida/Guedes/Mourão pagou
US$ 15,00 (cerca de R$ 75,00) – Preço 1.000% Superior – pela mesma Vacina, cuja compra foi
intermediada pela Empresa “Precisa
Medicamentos, Sócia da Global Gestão em Saúde S. A., que deve quase R$ 20 milhões
ao Ministério da Saúde por medicamentos
não entregues em 2017”.

Para o médico sanitarista Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor da Anvisa, o caso conecta todos os escândalos no governo Bolsonaro. “A Precisa já se envolveu com servidores do Ministério da Saúde em um negócio que até hoje está mal explicado e que provavelmente tem, numa das pontas, um deputado federal que é líder do governo e que tem dito que desta vez vamos ‘enquadrar’ a Anvisa. Ele tentou aprovar algumas leis que de fato ameaçaram muito a integridade da Anvisa, que é um órgão fundamental para o funcionamento do sistema de segurança sanitária brasileiro. Quer dizer, agir contra a Anvisa é um crime de lesa pátria. Esse conjunto de acontecimentos infelizmente não me surpreende”, analisa em entrevista a Marilu Cabañas, do Jornal Brasil Atual (https://youtu.be/wt-o-Gxg1Q4).

https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2021/06/servidor-aponta-pressao-atipica-pazuello-importacao-covaxin-vacina-mais-cara/

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