Dom Roberto: A reforma da Previdência é criminosa, exploradora da dignidade humana; vídeo

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CNBB

Como cristão e cidadão eu não posso referendar essa Reforma da Previdência que é uma política criminosa

por Dom Roberto Francisco Ferrería Paz*

A Reforma da Previdência proposta pelo governo federal não vem para fazer justiça social, e por isso, não é possível apoiá-la.

É preciso que todos os cidadãos, em especial os cristãos, por compromisso de fé, fiquem alertas diante dos impactos que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/2019 podem causar na vida de homens e mulheres, especialmente aos mais pobres.

Há uma queda de braço, uma disputa de discursos que é reverberada em nossas comunidades e paróquias sem, contudo, o conhecido e a reflexão necessária sobre os impactos das decisões tomadas em relação à Reforma da Previdência.

É fundamental nos informamos, nos mobilizarmos e não deixarmos que essa Reforma, essa violência contra os trabalhadores, se instale em nosso país, a exemplo do Chile, onde a pobreza assola nossos irmãos e irmãs.

Diminuir o Benefício da Prestação Continuada, aumentar o tempo de contribuição das trabalhadoras e dos trabalhadores rurais e o tempo de contribuição desses trabalhadores em um cenário de informalidade e desemprego – que alcança 14 milhões de pessoas – é um acinte à dignidade da pessoa humana.

Com essa PEC, não é só a Previdência Social que será desmontada, todo o sistema de Seguridade Social o será, e cada vez mais o povo dependerá das entidades de caridade ou de recursos próprios para pagar às empresas para terem acesso à Saúde, Educação, Cultura, quando estes são direitos fundamentais já garantidos pelo Estado, na Constituição Federal de 1988.

O desejo de desconstitucionalizar esses direitos também está proposto na PEC do governo federal, o que expõe claramente o plano do atual governo de fazer do Brasil um experimento neoliberal, que explora os mais pobres.

Lembremos que hoje o Brasil tem 54 milhões de cidadãos que vivem abaixo da linha da miséria. Basta olhar para a realidade do nosso povo em nossas comunidades na cidade e no campo.

“Na Evangelium Gaudim, o papa Francisco nos recorda que na primazia do lucro, a vida não interessa mais à pessoa humana, ela é descarte. Isso é idolatria, pecado.

Com o trabalho informal, com que salário o trabalhador vai conseguir se aposentar?

São os grandes bancos que vão ganhar com o sistema da capitalização. Como cristão e cidadão eu não posso referendar essa política a serviço da porte, antipatriota, que é exploradora da dignidade da pessoa humana.

Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, bispo de Campos (RJ) e referencial nacional da Pastoral da Saúde da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).


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