Desigualdades sociais aumentam no DF, aponta estudo; íntegra

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Fotos: Victor Queiroz/Inesc

Da Redação

Na última sexta-feira, 14/04, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) divulgou o relatório de pesquisa que fez sobre o Mapa das Desigualdades no Distrito Federal (DF).

A partir de dados da Pesquisa por Amostra de Domicílios (IBGE/2021), o estudo analisa as questões raciais, de gênero e de classe.

No Distrito Federal, mostra o Inesc, 57,4% da população se autodeclara negra.

O DF é dividido em 33 Regiões Administrativas (RA), apenas 9 têm maioria branca.

Os espaços de maioria  branca são os que dispõem de infraestrutura, cultura, segurança, saúde e educação adequadas. Nas regiões com maioria negra, a realidade é completamente oposta.

“O Distrito Federal é um perfeito estudo de caso sobre as gritantes desigualdades no Brasil, em todos os indicadores de políticas públicas”, observa o Inesc.

O relatório do Instituto mostra:

* Em territórios brancos, as pessoas trabalham na mesma região em que vivem, enquanto nos territórios negros há grande concentração de classes D e E.

* A SCIA Estrutural, maior concentração de população negra do DF (75,4%), tem a menor renda domiciliar – inferior a 2 salários mínimos e a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes – 50,8.

* No Lago Sul, onde a renda domiciliar é superior a 20 salários mínimos, a população negra representa menos de um terço do total de habitantes.

* Regiões periféricas de maioria negra somam até 50% da população vivendo em insegurança alimentar nos últimos 3 meses.

* Fercal, a segunda maior concentração de negros no DF (73%), tem a pior infraestrutura de todo o Distrito Federal: menor saneamento básico (20% dos domicílios), menor abastecimento de água (61,4% dos domicílios) e maior quantidade de ruas esburacadas (acima de 70%).

* As taxas de homicídio são maiores nas Regiões Administrativas que mantêm padrões de desigualdade de raça, renda e infraestrutura.

A dinâmica dos homicídios obedece, porém, às estruturas de dados nacionais sobre Genocídio da População Negra e Feminicídios.

Neste sentido, é importante observar a dimensão racial dos homicídios tanto por RAs (onde os indicadores da Estrutural e Sol Nascente/Pôr do Sol são alarmantes), como também na caracterização racial e de gênero dos dados gerais do DF.

* Os crimes de racismo e injúria racial aparecem espalhados por todo o DF. Porém, a região com maior número de ambos é o Plano Piloto (área com maioria da população branca).

* Regiões com os piores indicadores de políticas públicas são aquelas onde as taxas de feminicídio, estupro e violência doméstica são mais altas.

As taxas de feminicídio são maiores na Ceilândia, Samambaia e Santa Maria.

Estupros e descumprimentos de medidas protetivas da lei Maria da Penha são maiores em Ceilândia, Samambaia e Planaltina.

Aqui, o relatório do Inesc alerta:

Ao contrário do argumento preconceituoso e racista de que estas regiões são habitadas por pessoas mais violentas, a correlação de dados de acesso às políticas públicas como um todo torna óbvio que é na desigualdade construída pelo Estado que está a chave desta violência. As políticas de combate à violência contra a mulher precisam se estruturar conjuntamente ao acesso às demais políticas públicas da sociedade.

O Inesc também avaliou a questão da falta de transparência nos dados do orçamento do Distrito Federal.

“Em algumas áreas, as ações citadas nem sequer aparecem no orçamento do ano em vigor, o que sugere falta de prioridade governamental para a redução de desigualdades”, explica Cleo Manhas, porta-voz do Instituto.

Na área de habitação, em 2022, houve um gasto de cerca de R$ 2,7 milhões para novas unidades e R$ 1,2 milhão para melhorias. Mas, em 2023, a continuidade dessas duas ações nem sequer aparecem no orçamento.

Em relação ao saneamento, em 2023, a única ação que aparece é a regulação de serviços públicos, não havendo informações sobre ações relativas às águas pluviais e limpeza urbana.

Na área de transporte, a maior parte do recurso é destinada para a construção e manutenção da infraestrutura para carros, sem nenhuma execução de recursos para passarelas de pedestres, embora tenha sido gasto R$ 400 mil na construção de estacionamentos.

“Na educação, embora haja um aporte em 2022 para novas unidades de educação infantil, a meta do Plano Nacional de Educação para a educação infantil ainda está longe de ser cumprida, especialmente com relação às creches”, acrescenta Cleo Manhas.

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Zé Maria

17 de Abril:
MST realiza Jornada no marco do Dia Internacional de Lutas Camponesas

As mobilizações massivas ocorreram em 18 estados em todas as regiões
do país, em luto e luta pelos 27 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás

Com o lema “Contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”,
as ações da Jornada deste ano, têm como objetivo reafirmar o compromisso
da luta contra a fome, a escravidão, todas as formas de opressão e violência,
trazendo para o centro da luta política a questão do acesso à terra e da Reforma Agrária.

Ao longo desta segunda [17/4], foram mobilizadas ações
no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
de 12 estados – em reivindicação às pautas da Reforma Agrária –
no Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Paraíba,
Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul,
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília.

Em Alagoas, nos últimos dias 10 e 11, o MST em conjunto com outras organizações populares cobraram a saída do atual superintendente
do Incra do estado e reivindicaram a indicação de José Ubiratan
Rezende Santana para o cargo, através de uma ocupação no órgão.

Em Pernambuco, desde o dia 3 de abril, o Movimento Sem Terra
realizou nove ocupações, das 9, 7 ocorreram neste final de semana,
mobilizando cerca de 2.280 famílias em todo o estado.
As áreas reivindicadas para Reforma Agrária no estado estão
localizadas nos municípios de Timbaúba, Jaboatão dos Guararapes,
Tacaimbó, Caruaru, Glória do Goitá, Goiânia e Petrolina.
Já nesta segunda [17], houve a nona ocupação no estado, com a
ocupação da Fazenda Santa Maria em Sanharó, com 370 famílias.

Também nesta segunda [17], houve ocupação no Espírito Santo:
200 famílias do MST ocuparam área patrimonial do governo do Estado.
Uma área que está há anos sendo grilada pela Aracruz Celulose, atual Suzano.
A área vem sendo grilada há mais de três décadas, nos municípios de Serra,
Aracruz, Linhares, São Mateus e Conceição da Barra.
Chegando no total de mais de 11 mil hectares.
Essas áreas podem assentar mais de mil famílias.

Em Eldorado dos Carajás, houve também ato político-cultural na Curva do S, local onde houve o massacre, no Pará; estado onde também ocorreu o Acampamento Pedagógico da Juventude Oziel Alves.
No estado também houve audiência pública sobre a pauta da Reforma Agrária.

Outras audiências públicas foram realizadas no Paraná e na Bahia.

Ações solidárias foram feitas no Paraná e Bahia, com a doação de 36 toneladas de alimentos a famílias vulneráveis.
Mutirões de plantio ocorreram em memória aos mártires foram feitas
no Paraná, Alagoas, Bahia, São Paulo e Pará.

Íntegra:
https://mst.org.br/2023/04/18/17-de-abril-mst-realiza-jornada-no-marco-do-dia-internacional-de-lutas-camponesas/

Observe-se que o que o Grupo GEF (Globo, Estadão, Folha)anda
anunciando como ‘Fazendas’ são Terras Griladas [*] do Poder Público.

*[No Brasil, grilagem de terras é a falsificação de documentos para,
ilegalmente, tomar posse de terras devolutas bem como de prédios
ou prédios indivisos.

O termo também designa a venda de terras pertencentes ao poder público
ou de propriedade particular mediante falsificação de documentos
de propriedade da área.
O agente de tal atividade é chamado grileiro.

O termo “grilagem” provém de uma causa usada para o efeito de envelhecimento
forçado de papéis, que consiste em colocar escrituras falsas dentro
de uma caixa com grilos, de modo a deixar os documentos amarelados
(devido aos excrementos dos insetos) e roídos, dando-lhes uma aparência
antiga e, por consequência, mais verossímil.
(http://journals.openedition.org/terrabrasilis/2137)
(https://web.archive.org/web/20170121203914/http://ambiente.hsw.uol.com.br:80/grilagem.htm);
(https://www.worldcat.org/pt/title/grilagem-corrupcao-e-violencia-em-terras-do-carajas/oclc/12052812);
(https://retratosdeassentamentos.com/index.php/retratos/article/view/258)]

Zé Maria

O DF é um exemplo do que ocorreu no Brasil
depois do Golpe de 2016 que derrubou o PT.
.
.
“Com Bolsonaro, número de milionários aumentou e pobreza bateu recorde”

Após o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016,
o aumento da riqueza entre os ricaços acelerou

O legado bolsonarista criou um rastro de disparidades com 2,1 milhões
de indivíduos ganhando acima de R$ 1 milhão, enquanto 62,5 milhões
de brasileiros e brasileiras ficaram mais pobres no Brasil.

Dados da Receita Federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
mostram que somente entre janeiro de 2019 e dezembro 2021,
o Brasil registrou 562 mil ricos (1% da população) nadando em dinheiro,
e 29,5% da população brasileira afundou na miséria.

Íntegra:
https://pt.org.br/com-bolsonaro-numero-de-milionarios-aumentou-e-pobreza-bateu-recorde/

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