“Desastre” que Bolsonaro ajudou a produzir no Brasil é “problema global”, diz colunista do Washington Post

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O comportamento patético de Bolsonaro está rodando o mundo

O desastre contínuo do coronavírus no Brasil é um problema global

Por Ishaan Tharoor, no Washington Post

No curso tortuoso da pandemia de coronavírus, houve pelo menos uma constante: a nação mais populosa da América Latina não lidou bem com isso.

O Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos em mortes e infecções relacionadas ao coronavírus. Mas os EUA estão começando a lutar para sair da pandemia; no Brasil, o surto está pior do que nunca.

O país registrou na terça-feira perto de 3.000 mortes, um aumento que se acelerou neste mês.

Na semana passada, o Brasil registrou um recorde de 12.888 novas mortes e mais de 467.944 novos casos, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.

Especialistas alertam que o sistema hospitalar do Brasil está à beira de um colapso, com a ocupação chegando perto ou até ultrapassando a capacidade em mais da metade dos estados do país.

Em vez de aumentar, o número diário de testes de coronavírus administrados — chave para rastrear e interromper um aumento nos casos — diminuiu drasticamente desde dezembro.

Parte do problema é o surgimento de uma variante mais virulenta do coronavírus no Brasil, cuja rápida disseminação desde janeiro levantou o alarme global.

“Se o Brasil não for sério, continuará afetando toda a região — e além”, alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, no início deste mês.

“Não se trata apenas do Brasil. É sobre toda a América Latina, e até mais além.”

Mortes por milhão de habitantes

Mesmo em comunidades que estão desenvolvendo maiores níveis de imunidade, um surto descontrolado ainda pode dar origem a variantes perigosas — e os cientistas temem que o Brasil esteja incubando novas cepas possivelmente mais mortais.

Uma colcha de retalhos de toques de recolher e bloqueios inconsistentes em estados e cidades não conseguiu evitar a crise que muitos médicos brasileiros temiam que viria.

Médicos e funcionários da saúde agora estão lutando contra a maré crescente.

“Os pacientes estão sendo transferidos de um estado para outro — às vezes viajando centenas de quilômetros — em uma busca nacional por recursos hospitalares”, escreveu meu colega Terrence McCoy na semana passada.

“Sem ventiladores, as enfermeiras bombeiam os pulmões dos pacientes infectados manualmente. Os cemitérios estão ficando sem espaço para colocar os corpos. Os contêineres refrigerados esperam do lado de fora dos hospitais para receber o excesso. Pessoas em todo o país estão morrendo em casa, sem receber tratamento ”

É impossível ignorar o papel desempenhado pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

O incendiário da extrema direita tropeçou na pandemia — notoriamente considerando o coronavírus pouco mais do que uma “gripezinha” um ano atrás e, mais recentemente, em dezembro, declarando que o surto havia chegado ao “fim”.

Ele próprio contraiu o vírus, mas continuou a apregoar soluções não comprovadas e se enfureceu contra medidas de distanciamento social e outras precauções defendidas por autoridades regionais e seus adversários políticos.

Sob a supervisão de Bolsonaro, o Brasil “sucumbiu à negação, desorganização, apatia, hedonismo e charlatanismo médico”, escreveu McCoy.

Em uma ilustração do caos, Bolsonaro anunciou esta semana que nomearia um novo ministro da Saúde — o quarto do país desde o início da pandemia.

Os dois primeiros entraram em conflito com o presidente depois de questionar sua liderança e a tomada de decisões.

O terceiro, um general da ativa sem formação médica, está agora sendo investigado pelo tribunal superior do país por suposta negligência que levou ao colapso do sistema de saúde no estado do Amazonas no início deste ano.

Em briefing na terça-feira, Marcelo Queiroga, cardiologista que fará a transição para ministro da Saúde nos próximos dias, reiterou sua lealdade ao Bolsonaro. “O presidente está muito preocupado com a situação”, disse ele.

Os críticos se perguntam se isso é verdade. A falta de coordenação nacional efetiva no Brasil sobre a pandemia é, em parte, culpa de Bolsonaro. Ele e seus aliados inicialmente promoveram a desinformação, minimizando a ameaça do vírus e a eficácia do distanciamento social e das máscaras.

Mais tarde, Bolsonaro questionou o valor das vacinas, alimentando o sentimento anti-Beijing, mesmo quando uma vacina chinesa estava sendo testada no Brasil. Em outubro passado, ele bloqueou os planos do governo federal de comprar dezenas de milhões de doses da vacina Sinovac.

Nessa frente, Bolsonaro tinha um companheiro de viagem, o ex-presidente Donald Trump, que também desprezava os bloqueios e buscava culpar seus rivais domésticos, assim como a China, pelos infortúnios da pandemia.

No ano passado, o governo Trump também pressionou o Brasil a não obter a vacina russa Sputnik V para sua população.

Mas com a saída de Trump e o aumento das infecções, Bolsonaro está no meio de uma reviravolta humilhante.

Seu governo anunciou na semana passada que havia pedido 10 milhões de doses da vacina russa. E teve que ir à China, de boné na mão, para solicitar dezenas de milhões de doses de uma vacina chinesa, além da matéria-prima para produzí-la em massa em solo brasileiro.

“A China enfrentou meses de ressentimento e desconfiança, como o lugar onde a pandemia começou, mas nas últimas semanas seus diplomatas e executivos farmacêuticos têm recebido dezenas de pedidos de vacinas de funcionários desesperados na América Latina, onde a pandemia está tomando um perfil devastador, que cresce a cada dia”, observou o New York Times.

“A capacidade de Pequim de produzir vacinas em massa e enviá-las para países em desenvolvimento — enquanto os países ricos, incluindo os Estados Unidos, estão acumulando muitos milhões de doses para si mesmos — ofereceu uma abertura diplomática e de relações públicas que a China prontamente aproveitou. ”

Enquanto isso, no turbulento cenário político doméstico do Brasil, a má gestão de Bolsonaro apresentou uma nova abertura para seu principal rival.

O ex-presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva atacou o manejo “idiota” de Bolsonaro na crise.

“Este país está em um estado de grande tumulto e confusão porque não há governo”, declarou Lula na semana passada, lamentando as vidas que poderiam ter sido salvas.

Os profissionais da área médica do Brasil estão tentando desesperadamente impedir que isso aconteça.

“Estamos tentando ajudar as pessoas, mas essa doença é muito mais rápida e agressiva do que as táticas que temos usado”, disse André Machado, especialista em doenças infecciosas da cidade de Porto Alegre, ao Guardian.

“É como se estivéssemos açoitando um cavalo morto. Essa doença vai matar muito mais pessoas no Brasil.”


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Comentários

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Zé Maria

Comissão Européia faz Pesquisa de Opinião, cujos Resultados demonstram que a Ignorância, a Bestialidade e as Fake News
são um Fenômeno de todo o Ocidente Branco Cristão.

O Ceticismo Europeu sobre as Vacinas

“Relatório de uma Pesquisa da Comissão Europeia. realizada em 2019,
aponta que 48% dos entrevistados dizem que as vacinas produzem efeitos colaterais,
38% crêem que as vacinas podem causar a doença contra a qual protegem, e
31% indicaram acreditar que as vacinas enfraquecem o sistema imunológico.”

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56264205

Zé Maria

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Pergunta a ser respondida pelos Sábios C@lunistas Brasileiros:

Como chamaríamos um Governante que assiste Insensível
à Fome, à Miséria ou a uma Epidemia provocada por um Vírus
Fatal – contra o qual não há Cura ou Vacina – se espalhando
pela População de seu País, sem adotar Atitude alguma para
Resolução dessa Catástrofe Coletiva, sendo absolutamente
Negligente no Controle desta Situação Gravíssima?
.
.

Tião Mota

Deverá ser processado por todo mundo que morreu. Pelas famílias dos mortos de covid.
Todo mundo que morreu de covid a família deveria entrar na justiça e pedir indenização da União.
Toda família de vítima de covid deveria pedir indenização.
Esse cara ainda vai ser vítima da estupi-dez dele próprio.

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