Darcy Rodrigues da Silva: Segundo turno em 2022 pode ser entre Lula e Ciro, este apoiado pela direita

Tempo de leitura: 3 min
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Por Darcy Rodrigues da Silva

Façamos análises fundados na racionalidade.

Ataques pessoais desonestos são desprezíveis quando partem de Ciro contra o PT ou quando partem do PT contra Ciro.

Ciro não é o político de direita que os petistas querem estigmatizar, nem tampouco é o herdeiro de Brizola, como o PDT gosta de o apresentar.

Trata-se de politico personalista, que defende, porém, um programa nacional desenvolvimentista, a propósito do qual jamais li ou ouvi críticas dos dirigentes e militantes do PT (muitos dirigentes e militantes do PCdoB, por exemplo, consideram que o programa de Ciro possui inúmeros pontos positivos).

A obsessão do ex-governador do Ceará é eleger-se presidente em 2022.

E não parece estar disposto a jogar, mais uma vez, para galera, participando do pleito sem tempo de TV, sem uma numerosa militância e cabos eleitorais cambalando votos para ele pelo país inteiro, sem estrutura de campanha de primeira grandeza, para poder receber muito mais que os 12% de votos que obteve em 2018.

Ciro sabe antecipadamente que não existe nenhuma chance de ser apoiado pelo PT, um partido absolutamente exclusivista quando se trata de apontar seu candidato à Presidência da República, mesmo que Lula não estivesse disponível para ser esse candidato.

Até as pedras do caminho conhecem que o PT nunca apoiaria Ciro, Flávio Dino ou Boulos.

Isso é da natureza exclusivista incorrigível do petismo. Por outro lado, os partidos da direita tradicional não possuem um único nome capaz de derrotar Bolsonaro no 1° turno, indo disputar com Lula no 2° turno.

Antes, tanto Ciro como a direita tradicional trabalhavam com a hipótese de derrotar Haddad no 1° turno, indo disputar o 2° turno com Bolsonaro.

Porém, com a entrada de Lula no jogo e a queda cada vez mais acentuada da popularidade de Bolsonaro, a possibilidade de chegar ao 2° turno passou a ser derrotando o miliciano no 1° turno, indo disputar o 2° turno com Lula.

Em condições normais, tais como aquelas que existiam até 2014, à direita tradicional jamais ocorreria sustentar uma candidatura como a de Ciro.

Mas as condições não são normais.

Assim, se a direita tradicional desejar derrotar Lula e Bolsonaro ao mesmo tempo, a única forma será apoiando um candidato de centro-esquerda como Ciro; este, por sua vez, se quiser disputar as eleições de 2022 em condições de chegar, de fato, ao 2° turno, terá que fazer alianças semelhantes àquelas que Flávio Dino fez no Maranhão para derrotar, sem o apoio do PT, o candidato da família Sarney em 2014.

Desse modo, temos dois fatos soltos no jogo político que prefigura as disputas eleitorais em 2022.

Um conjunto de agremiações de centro direita tradicionais, como o PSDB e o DEM, que sabem não possuir um nome competitivo para chegar ao 2° turno em 2022, mas que desejam impedir as vitórias de Lula e de Bolsonaro, e um nome competitivo, como o de Ciro Gomes, que sabe que não viabilizaria sua ida ao 2° turno sem uma estrutura de campanha de primeira grandeza.

Ciro não se converteu em membro da direita por se dispor a entabular essa aliança, por explorar as contradições entre o lulismo e o bolsonarismo, da mesma forma que Dino não se converteu em politico da direita quando articulou uma aliança semelhante no Maranhão.

Na minha opinião, as chances de Ciro concorrer em 2022 apoiado por uma coligação formada pelo PDT, PSB, Rede, PV, Cidadania, PSDB, DEM (e, talvez, o PCdoB, que pretendia apoiar Ciro em 2014, mas que possui muitos vínculos afetivos que o ligam a Lula, e que dificultam uma decisão racional num primeiro momento) são cada vez maiores.

Por isso, minha intuição política começa a desconfiar de algo até bem pouco tempo impensável: se não houver golpe de estado miliciano, as chances de Ciro disputar o 2° turno com Lula são cada vez maiores.

A queda de popularidade de Bolsonaro, somada ao antipetismo favorece as pretensões do político cearense, desde que viabilize o apoio da coligação ampla acima citada.


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Comentários

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Lincoln

Ciro foi tucano sim
Ciro participou do governo de Itamar Franco sim
Fez parte dos governos petistas sim
Recusou ser o vice do Lula em 2018 e aí sim ter oportunidade de chegar ao segundo turno sim

Faz uma guerra quase sem trégua ao Lula e ao Pt sim

Mas sim com Lula pt no jogo já temos um no segundo turno, talvez até ganhe no primeiro turno

Mas Ciro PDT corre o risco de ficar no sereno, conversar e a direita limpinha também lançar candidato

Mas o jogo é jogado

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/Ex-sMWTW8AQ5fMP?format=jpg
https://twitter.com/cynaramenezes/status/1378009341765226506

Tas afirmou que Obama não era presidente
na época da crise do Leman Brothers,
quando na verdade ele foi eleito um mês antes e conversou sobre o assunto com Lula inúmeras vezes.

Por Julinho Bittencourt, na Revista Fórum: (https://t.co/WDngfMbZ9Y)

https://twitter.com/revistaforum/status/1378019237483134982
.
Fascismo Cordial: Marcelo Tas, O Novo Véio Da Havan
“A vaidade é uma Cena Morta,
Filha da Aflição do Espírito”

Por Carlos Henrique Machado Freitas, no Antropofagista, via DCM: (https://t.co/naPAQYamn9)

A guerra virtual produzida pela direita tem orgulho de apresentar o novo Véio da Havan, Marcelo Tas, o jornalista multiuso da direita nacional.

O padrinho de Danilo Gentili funciona como uma espécie de Alexandre Garcia para o bolsonarismo, soprando bobagens, inutilidades de natureza tosca à procura de um lugar ao sol nas mesinhas que alimentam a mídia do submundo.

Em dois momentos empolgantes, no programa Pânico e no site Antagonista, com rapapés lisonjeiros aos dois veículos chapa branquíssima, o ex-empresário do CQC vem produzindo, de forma ensaboada e escorregadia, como é da sua personalidade, quitutes reacionários para agradar à gleba morobolsonarista, para se tornar uma nova excelência num mundo da carne fresca do atual governo.

O mote de Tas é trazer uma visão tosca do trabalho de Glenn Greenwald.

O esforço do novo Véio da Havan é alimentar de paspalhices “jornalísticas” o novo universo dos imbecis e, com isso, concentrar fogo nos vazamentos do Intercept, com a balela requentada de que não está criticando o trabalho do jornalista e, muito menos sendo agressivo com ele, mas sorridentemente, o hipócrita diz ser contra o que ele classifica como jornalismo João Kleber ou uma série da Netflix.

Tas faz um picadão de bobagens e, muito criticado em seu twitter, não esconde o gabola cabotinista, intoxicado por uma vaidade rara, mesmo querendo bancar o leitoso.

O fato é que Marcelo Tas, afeito ao governo Bolsonaro e a reboque, às práticas de Moro, faz sua reflexão infantil cheia de falsa moralidade jornalística para cair nos braços do bolsonarismo e nas graças do próprio Bolsonaro e de Moro.

Como se dizia antigamente, a vaidade é uma cena morta, filha da aflição do espírito.

https://twitter.com/DCM_online/status/1378037540360491008
https://antropofagista.com.br/2019/07/06/fascismo-cordial-marcelo-tas-o-novo-veio-da-havan/

Não ser gado, eis a questão!

Somando- se os votos do Ciro aos do Haddad no segundo turno não suplanta os de Bolsonaro. Quem era eleitor de Ciro que votaria no Haddad votou. No Ceará, o Haddad ganhou no segundo turno. Em São Paulo, Rio e Minas perdeu feio. Vamos responsabilizar os políticos militância e direção partidária do PT desses locais também? Esse negócio de dizer que Ciro influiu no resultado eleitoral é desculpa esfarrapada de quem não faz autocrítica e assume a responsabilidade pelos erros cometidos nos governos progressistas. Acertamos sim, muito. Mas erramos também. Tem que deixar de hipocrisia. Criaram e engordaram cobras para mordê-los depois. Encheram a Globo e a grande mídia de dinheiro, agradaram o mercado financeiro, grandes empresários e latifundiários. Passaram a mão na cabeça das forças armadas. Colocaram os golpistas do, a época, PMDB e dos outros partidos do centrão, no governo e na linha sucessória. Permitiram que esses senhores desviassem recursos públicos, junto com pessoas ligadas ao próprio PT, vide o exemplo de Pallocci e o ex-senador Delcídio. O PT perdeu pra ele mesmo. Dilma não lutou por seu mandato nas ruas. Ela, os dirigentes partidários e parte da militância do PT assistiram o bloco passar. Uma parcela dos apoiadores do governo ( parte da militância e de outros democratas) fomos para as rua mobilizar em manifestações em apoio e defesa do mandato e do o governo. Como fizemos nas eleições de 2014.. Ela e a direção do partido fazendo cara de paisagem e fazendo um discursinho aqui, outro acolá e nada de concreto … O Ciro faz o jogo político dele. Exagera em algumas fala, sim exagera. Tem outras dispensáveis,
claro. Mas não se pode negar o programa de governo consistente. E a coragem. Não se pode negar que denunciou e bateu nos abusos da lava jato. Em 2015 e 2016 qdo muitos aliados do PT e integrantes do partido silenciaram, ele foi um dos que colocaram a cara pra bater e condenaram o golpe. Condenou a prisão do Lula. Apoiou o governo e foi pro enfrentamento. Parou qdo o próprio governo ficou imóvel. Deu apoio ao Cunha. Essa de responsabilizá-lo por algo construído pelo próprio PT, é tapar o sol com a peneira. É ser gado, sem senso crítico, ser teleguiado por discurso oficial e massa de manobra de direção partidária, como o são os bolsominions que negam ou fecham os olhos para alianças com o centrão, a aliança miliciana, os desmandos do atual governo, os desvios de recursos nas rachadinhas, as festanças com o cartão corporativo da presidência e essa política econômica, social e de saúde louca e irresponsável.
Votei e voto o PT. Fui às ruas sempre defender o mandato em 2015 e 2016. Fiz campanha em 2014. No segundo turno então foi uma verdadeira batalha. Agora, não vou me prestar a emprengar pelo ouvido com esse discurso obtuso querendo jogar a responsanilidade da eleição do Bozo nas contas dos outros. Tenhamos vergonha na cara e identifiquemos nossos erros e aprendamos com eles para não repetí- los.

    Patrice L

    Dizer-se petista ou que já votou no Lula é um truque conhecido para dar legitimidade a supostas auto-críticas, todas em nome da sinceridade e que não têm outro propósito senão o de alimentar o antipetismo. Parece ser o caso aqui. Desconfio dos seus autores.

    Quanto ao Ciro em relação à prisão do Lula.

    Em nome da verdade, seria bastante lembrar o ‘Luladrão tá preso, seu babaca!’ que quis significar e espalhou aos 4 ventos, com o concurso de cirominions.

    Mas vou além: para manter-se ambíguo e distante, visando capturar o eleitor de cada lado, Ciro produziu a máxima espertinha – porque politicamente interessada – de que a prisão era legal, porém injusta. Hã, como assim??

    Com a capa da revista na mão, exibindo a foto de Ciro, Mino Carta chegou a gravar vídeo lamentando a leveza (sendo amigo, talvez quisesse poupá-lo de denunciar como esperteza) do enunciado de Ciro. Ou seja, dizendo que não bastava dizer-se dessa prisão que era injusta, que era preciso muito mais. Muito mais.

    O que Ciro recusou-se a fazer – ir além – porque, na real mesmo, Ciro quis o Lula preso pra aproveitar-se eleitoralmente dessa circunstância. Mas, nem isso dando certo, foi-se para Paris! Para além da aritmética a que vc quer reduzir, passou ao povo, sim, com tal gesto, forte mensagem simbólica e com repercussões.

Washington Augusto de oliveira

Aí sim, fica caracterizado que o Ciro é uma cepa do vírus Bolsonaro.

Zé Maria

É possível, sim, que o PDT componha com
PSDB e DEM uma Frente Antipetista para
disputar com Jair Bolsonaro uma vaga no
segundo turno. O Ciro ficará confortável
com o retorno às origens Demo-Tucanas.

João Alexandre

O importante é mudar. Nada de continuar o presente desastrado com o Bolsonaro e muito menos voltar o passado com o PT de Lula com sua turma(Eduardo Cunha, Temer, Antônio Palocci, Gedel Vieira entre outros) . Muda Brasil!

Alexandre

Resumindo, Ciro fará( segundo a reportagem) o que sempre criticou. Vai entender.
Esta cada vez mais difícil acreditar em políticos.

Patrice L

Que bizarro o autor no seu artigo elidir, como se tratasse de alguém civilizado, as cada vez mais repudiáveis agressões e ofensas do Ciro travestidas de franqueza e assertividade.

Uma das quais referindo-se à Dilma como aborto.

E nada a enfatizar sobre a imensa responsabilidade da fuga à Paris com isso que taí?

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