Cuba rebate editorial da Folha: “Não temos crianças pedindo nas ruas, nem desnutrição infantil”, apesar de bloqueio genocida

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A verdade está nos fatos

A Embaixada de Cuba acompanha o portal de notícias da Folha diariamente, por ser um meio transcendente no cenário informativo do Brasil.

Mas nos deixou indignados o editorial “Nuances da ditadura” (22/4), que calunia o nosso país.

Não vale nem a pena discutir o termo “ditadura” do título.

Poderia ser objeto de esclarecimentos em outro momento.

Temos um sistema político que goza de ampla participação popular, desde a adoção de suas leis, incluindo a Constituição, até o aproveitamento dos direitos primordiais de todos os cidadãos, sem exclusão, ao trabalho, à moradia e aos serviços e direitos, como a saúde, a educação, a segurança.

Em todos os planos, a dignidade plena.

Não temos crianças nas ruas pedindo dinheiro ou trabalhando nem desnutrição infantil.

Todos estudam e são felizes. Um projeto diferente que merece respeito e é apoiado e defendido pela imensa maioria do povo cubano.

Se a Revolução Cubana não fosse profundamente livre e democrática não estaria no poder, nem os cubanos haveriam resistido mais de 60 anos a bloqueios e agressões, nem praticado a solidariedade com o mundo, nem saberíamos apreciar a dignidade que nos mantém e a vida que se nos negam.

As referências à “sempre claudicante economia cubana”, “um país que vivenciou décadas de fracassado planejamento estatal”, sem mencionar a causa principal de nossos problemas, ignora e deturpa nossa realidade.

As penúrias económicas de Cuba e a angústia de seu povo pela escassez e dificuldades têm como causa essencial a guerra não convencional nem declarada dos Estados Unidos da América e de seus aliados contra Cuba, cujo principal expoente é o “bloqueio” genocida que pretende, em vão, render nosso povo pela fome e doenças.

Seu propósito estava claro em um documento oficial do governo norte-americano que perdeu o sigilo e que dizia que “o único modo previsível de tirar apoio interno (ao governo cubano) é mediante o desencanto e a insatisfação que surjam do mal-estar econômico e das dificuldades materiais… Há que empregar rapidamente todos os meios possíveis para debilitar a vida econômica de Cuba… uma linha de ação que… consiga os maiores avanços na privação à Cuba de dinheiro e suprimentos, para reduzir seus recursos financeiros e os salários reais, provocar fome, desespero e a queda do governo”.

Esse propósito qualifica como genocídio na Convenção das Nações Unidas para a prevenção e a sanção desse delito de genocídio, que entende como tais os atentados graves contra a integridade física ou mental dos membros de um grupo humano e a submissão intencional do grupo a condições de existência que levarão a sua destruição física total ou parcial (Art.1.b y 1.c).

Esse bloqueio criminal causou danos imensos à economia cubana em 60 anos, superiores, a preços constantes de ouro, a um trilhão de dólares. Seu caráter extraterritorial e violador do direito internacional e da carta das Nações Unidas gerou a condenação quase unânime da comunidade internacional.

Também por seu caráter injusto, abusador e eticamente inaceitável.

Fomos, antes da Revolução, uma ilha neocolonizada, monoprodutora, monoexportadora, analfabeta, submetida ao desígnio ianque.

A Revolução a transformou.

Nossos indicadores de saúde, de educação, de segurança; nossos resultados científicos e esportivos; a felicidade das nossas crianças; a igualdade de oportunidades para todos…

Tudo são conquistas a que não renunciaremos, apesar das graves consequências do bloqueio e das agressões contra nosso projeto revolucionário.

Pelo bem de Cuba e dos cubanos.

Não conseguimos ter uma economia robusta sobretudo pelo bloqueio e agressões desde o início da Revolução, porém alcançamos uma economia capaz de defender-se da primeira potência militar e econômica do mundo e manter e consolidar conquistas sociais que hoje são um idílio, inclusive para países desenvolvidos.

Analisem os indicadores de desenvolvimento humano do nosso país e os resultados frente à pandemia. Eles falam por si só.

Embaixador Rolando Gómez González, encarregado de Negócios da República de Cuba no Brasil (Brasília, DF)


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Comentários

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Juscelino Antonio Paviani

Tudo igual abaixo da linha do equador.

ITALO RIBEIRO LAGUARDIA

Nasci á 17/11/1934, consequentemente, tenho 86 anos e me lembro que CUBA, na minha juventude, era uma praia de prazer de americanos, que adoravam o ditador CUBANO, FULGÊNCIO BATISTA, que era um vassalo dos americanos ricos, que com seus dólares facilitava muitas coisas ao Ditador Fulgêncio Batista, que não passava de um vassalo, facilitando meninas cubanas, nas casas de Danças, e era só rum, outras bebidas e mulherio a disposição com seus dólares. Qualquer País, que se interesse pela posse de seus vizinhos, o sistema não é diferente. Esta situação, durou muitos anos e a dignidade daquele povo, não era nada diferente de escravos pagos para aceitarem o domínio de tudo.
Quem é subjugado, se houver possibilidade, tentará se safar da escravidão, é uma questão humana. Fidel Castro, viveu algum tempo nos EEUU., conseguiu infiltrar-se em assuntos estratégicos, inteligente, jovem aguerrido, lutou e conseguiu tirar Cuba daquela situação submissa em que viviam. Qualquer pessoas sabe que ninguém coloca manteiga no nosso pão, talvez até nos tomem. Fidel com suas ideias revolucionárias, sabia quem enfrentaria no caso e o confronto seria inevitável, era como David e Golias, mas os americanos não se deram bem, devido a informações privilegiadas que FIDEL recebia da própria CIA.
O ataque norte-americano na Baia dos Porcos, foi uma humilhação que poucos sabem como aconteceu. FIDEL, sabendo que seria atacado pelos Mariners na Baia do Porcos, pouco tempo antes da invação, mandou que derramassem bastante petróleo no mar, e quando os famosos Mariners tentaram a invasão, ele encontraram um inferno de fogo, que fez uma grande quantidades de baixas norte-americanas, e logo voltaram para suas casas.
Por sua vez, Cuba havia feito um tratado com a Rússia, de ajuda mútua, ela forneceu a Fidel, vários mísseis e outros armamentos de devesa, tipo COREIA DO NORTE E EEUU, acho pouco provável, alguém brincar com o gordinho!!!!!!!!!!

Zé Maria

O Grupo GAFE (Globo, Abril, Folha, Estadão)
é a favor do Embargo Econômico dos EUA contra Cuba, Venezuela e Irã.

O Báidi manda e a Imprensa Ocidental obedece.
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(https://news.un.org/pt/story/2019/11/1693801)
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Brasil, EUA e Israel votam contra condenação
de embargo econômico a Cuba, na ONU

Deutche Welle: (https://p.dw.com/p/3Sf4Z)

Pela primeira em 27 anos, o Brasil se juntou aos Estados Unidos e votou contra uma resolução que é apreciada anualmente na Assembleia Geral da ONU para condenar o embargo econômico americano contra Cuba.

A Assembleia Geral, de 193 membros, adotou nesta quinta-feira (07/11/2019) a resolução por esmagadora maioria pelo 28º ano seguido, com 187 votos favoráveis.

Colômbia e Ucrânia se abstiveram, e Israel foi o terceiro país a votar contra.
A Moldávia, antiga república soviética, não votou.

A votação da ONU tem peso político, mas somente o Congresso dos Estados Unidos pode revogar o embargo, que já dura mais
de 50 anos.

O voto brasileiro reverte uma tradição diplomática brasileira que remonta a 1992, quando a resolução foi votada pela primeira vez. A mudança reforça o alinhamento do governo Jair Bolsonaro com a administração de Donald Trump, mas contraria interesses de empresas brasileiras.

A nova posição brasileira também contrasta com a de outros países próximos dos EUA, alguns altamente dependentes de ajuda militar ou econômica, como a Colômbia e a Ucrânia, que se abstiveram. Já a Guatemala, único país que acompanhou Washington na transferência de sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, votou a favor da resolução.

Após a votação, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, defendeu a mudança de curso do país.

Os EUA vêm votando contra as resoluções da ONU de forma constante há mais de duas décadas, mas se abstiveram pela primeira vez em 2016, no governo do ex-presidente Barack Obama, quando Washington e Havana se aproximaram.
Mas as relações se deterioraram no governo Trump, que endureceu as restrições ao comércio e viagens que seu antecessor, Obama, havia afrouxado.

https://www.dw.com/pt-br/brasil-vota-contra-condena%C3%A7%C3%A3o-de-embargo-a-cuba/a-51160079
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O Editorial da Folha deve ter sido escrito pelo
Reverendo Araújo que perdeu o Emprego.
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Zé Maria

https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/03/06/15835448365e62fa05000da_1583544836_3x2_xl.jpg
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“Sanções a Cuba”

US Department of State
[Departamento de Estado dos EUA]
https://www.state.gov/cuba-sanctions

“Os Estados Unidos mantêm um embargo econômico abrangente à República de Cuba.”

“Em fevereiro de 1962, o presidente John F. Kennedy proclamou um embargo ao comércio entre os Estados Unidos e Cuba, em resposta a certas ações do Governo cubano, e ordenou aos Departamentos de Comércio e do Tesouro que implementassem o embargo, que continua em vigor hoje.”

“Em 16 de junho de 2017, o Presidente emitiu um Memorando Presidencial de Segurança Nacional (NSPM) sobre o Fortalecimento da Política dos Estados Unidos em relação a Cuba.

“Em 8 de novembro de 2017, o Departamento de Estado, do Comércio e o Tesouro dos EUA anunciaram certas mudanças para implementar o NSPM de junho de 2017 do presidente.”

“Para obter informações adicionais, visite os links relevantes abaixo e a Lista de Restrições (*) a Cuba .”

*(https://www.state.gov/cuba-restricted-list/list-of-restricted-entities-and-subentities-associated-with-cuba-effective-january-8-2021)
.
Leia também:

“Uso de sanções pelos EUA dispara sob Trump e chega a 9.000 restrições”
“Bloqueios são arma para minar a economia dos países;”
“entenda como essa estratégia funciona”

| Reportagem: Rafael Balago | Folha de S.Paulo | 07/3/2020 |

“Estar sob sanção internacional é como ter uma doença contagiosa: quem se aproximar de você pode acabar atingido também. E o medo de contágio tem crescido, pois os EUA aceleraram a expansão da lista de vetos e, ao mesmo tempo, aumentaram as punições para quem interagir com sancionados.”

Íntegra:
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/03/uso-de-sancoes-pelos-eua-dispara-sob-trump-e-chega-a-9000-restricoes.shtml)
.
(https://brasil.elpais.com/internacional/2021-01-02/donald-trump-amplia-sancoes-a-cuba-antes-de-deixar-a-presidencia-dos-eua.html)
.
https://executivedigest.sapo.pt/embargo-comercial-dos-eua-castigo-bate-recorde-e-custa-mais-de-5-mil-milhoes-a-cuba/
.
(https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/economia/62001/entenda-os-danos-causados-a-cuba-pelo-bloqueio-dos-estados-unidos-em-2019)
.
Livro: “As Veias Abertas da América Latina”
Autor: “Eduardo Galeano”

Excerto

VILA RICA DE OURO PRETO: A POTOSÍ DE OURO

A febre do ouro, que continua impondo a morte ou a escravidão aos indígenas da Amazônia,
não é nova no Brasil; tampouco seus estragos.
Durante dois séculos a partir do descobrimento, o solo do Brasil teimosamente negou os
metais aos seus proprietários portugueses. A exploração da madeira, o pau-brasil, ocupou o
primeiro período da colonização do litoral, e logo apareceram grandes plantações de cana-de açúcar no nordeste. No entanto, diferentemente da América hispânica, o Brasil parecia vazio
de ouro e prata. Os portugueses não tinham encontrado ali civilizações indígenas de alto nível
de desenvolvimento e organização, somente tribos selvagens e dispersas. Os aborígines
desconheciam os metais; foram os portugueses que, por sua conta, tiveram de descobrir os
locais em que se depositavam os aluviões de ouro no vasto território que se abria, através da
derrota e do extermínio dos indígenas, à sua faina de conquistadores.
Os bandeirantes da região de São Paulo tinham atravessado a vasta zona entre a Serra
da Mantiqueira e a cabeceira do rio São Francisco e notaram que os leitos e bancos de areia
de vários rios e riachos que por ali corriam continham traços de ouro aluvial em pequenas
quantidades visíveis. A ação milenar das chuvas tinha roído os filões de ouro das rochas e os
depositara nos rios, no fundo dos vales e nas depressões das montanhas. Sob as camadas de
areia, terra ou argila, o pedregoso subsolo oferecia pepitas de ouro de fácil extração do
cascalho de quartzo; os métodos de extração se tornaram mais complexos na medida em que se
esgotavam os depósitos mais superficiais. Assim entrou na história, impetuosamente, a região
de Minas Gerais: a maior quantidade de ouro até então descoberta no mundo foi extraída no
menor espaço de tempo.
“Aqui o ouro era mato”, diz agora o mendigo, com o olhar planando sobre as torres das
igrejas, “havia ouro pelos caminhos, crescia como pasto.” Agora ele tem 75 anos de idade e
se considera uma tradição de Mariana (Ribeirão do Carmo), a pequena cidade mineira vizinha
de Ouro Preto, que se conserva, como Ouro Preto, parada no tempo. “A morte é certa, a hora
incerta. Cada um tem seu tempo marcado”, diz o mendigo. Cospe na escadaria de pedra e
sacode a cabeça: “Tinham dinheiro de sobra”, conta, como se os tivesse visto, “não sabiam o
que fazer com ele e então faziam uma igreja atrás da outra”.
Em outros tempos, essa comarca era a mais importante do Brasil. Agora… “Agora não”,
diz o velho, “agora isto aqui não tem vida alguma. Aqui não há moços. Os moços foram
embora.” Caminha descalço ao meu lado, passos lentos, sob o morno sol da tarde: “Vê? Ali na
frente da igreja estão o sol e a lua, quer dizer que os escravos trabalharam dia e noite. Este
templo foi feito pelos negros; aquele, pelos brancos. E aquela é a casa do monsenhor Alípio,
que morreu aos 99 anos justos”.
Ao longo do século XVIII, a produção brasileira do cobiçado mineral superou o volume
total de ouro que a Espanha extraiu em suas colônias durante os dois séculos anteriores.
Choviam aventureiros e caçadores de tesouros. O Brasil tinha 300 mil habitantes em 1700; um
século depois, ao final dos anos do ouro, a população já se multiplicara onze vezes. Não
menos de 300 mil portugueses emigraram para o Brasil durante o século XVIII, “um
contingente de população maior (…) do que aquele que a Espanha transferiu para todas as suas
colônias na América”. Calcula-se em uns 10 milhões o total de negros escravos trazidos da
África, desde a conquista do Brasil e até a abolição da escravatura: embora não se disponha
de uma cifra exata para o século XVIII, é preciso levar em conta que o ciclo do ouro absorvia
mão de obra escrava em enormes proporções.
Salvador da Bahia foi a capital brasileira do próspero ciclo do açúcar no Nordeste, mas
a “idade do ouro” de Minas Gerais transferiu para o Sul o eixo econômico e político do país
e, a partir de 1763, fez do Rio de Janeiro, o porto da região, a nova capital do Brasil. No
centro dinâmico da florescente economia mineira brotaram as cidades, acampamentos
nascidos do boom e bruscamente crescidos na vertigem da riqueza fácil, “santuários de
criminosos, vagabundos e malfeitores” nas gentis palavras de uma autoridade colonial da
época. A Vila Rica de Ouro Preto foi elevada à categoria de cidade em 1711; nascida da
avalanche de mineiros, era a quintessência da civilização do ouro. Simão Ferreira Machado a
descrevia, 23 anos depois, dizendo que os comerciantes de Ouro Preto, em matéria de poder,
superavam sem termo de comparação os mais exitosos mercadores de Lisboa: “Para cá, como
se fosse para um porto, convergem e são recolhidas à casa real da moeda grandiosas somas de
ouro de todas as minas. Aqui vivem os homens mais refinados, tanto os leigos como os
eclesiásticos. Este é o assento de toda a nobreza e a força dos militares. Esta é, em virtude de
sua posição natural, a cabeça da América íntegra; e pelo poder de suas riquezas, a pérola
preciosa do Brasil”. Outro escritor da época, Francisco Tavares de Brito, em 1732 definia
Ouro Preto como “a Potosí de ouro”.
Com frequência chegavam a Lisboa queixas e protestos contra a vida pecaminosa em
Ouro Preto, Sabará, São João d’El Rei, Ribeirão do Carmo e todo o turbulento distrito
mineiro. As fortunas eram feitas e desfeitas num abrir e fechar de olhos. O padre Antonil
denunciava que sobravam mineradores dispostos a pagar uma fortuna por um negro que
soubesse tocar corneta e o dobro por uma prostituta mulata, “para com ela entregar-se a
contínuos e escandalosos pecados”, mas os homens de sotaina não se portavam melhor: na
correspondência oficial da época se encontram numerosos testemunhos contra os “maus
clérigos” que infestavam a região. Eram acusados de usar a imunidade para contrabandear
ouro em pó dentro de santinhos de madeira. Em 1705, afirmava-se que não havia em Minas
Gerais um só cura que se preocupasse com a fé cristã do povo, e seis anos depois a Coroa
chegou a proibir o estabelecimento de qualquer ordem religiosa no distrito mineiro.
Proliferavam, no entanto, as formosas igrejas construídas e decoradas no original estilo
barroco característico da região. Minas Gerais atraía os melhores artesãos da época.
Externamente, os templos pareciam sóbrios, despojados; no interior, símbolo da alma divina,
resplandeciam no ouro puro dos altares, retábulos, pilares e painéis de baixo-relevo; não se
economizavam os metais preciosos para que as igrejas pudessem alcançar “também as
riquezas do céu”, como aconselhava o frei Miguel de São Francisco, em 1710. Os serviços
religiosos tinham preços altíssimos, mas tudo era fantasticamente caro nas minas. Como
ocorrera em Potosí, Ouro Preto se lançava à dissipação de sua súbita riqueza. As procissões e
os espetáculos proporcionavam a exibição de vestidos e adornos de luxo fulgurante. Em 1733,
uma festa religiosa durou mais de uma semana. Além das procissões a pé, a cavalo e em
triunfais carros de nácar, sedas e ouro, com trajes de fantasia e alegorias, havia também
torneios equestres, touradas e bailes de rua ao som de flautas, gaitas e violas.
Os mineradores desprezavam o cultivo da terra, e a região padeceu epidemias de fome
em plena prosperidade, entre 1700 e 1713: os milionários tiveram de comer gatos, cachorros,
ratos, formigas e gaviões. Os escravos gastavam suas forças e seus dias nas lavagens do ouro.
“Ali trabalham, ali comem”, escrevia Luis Gomes Ferreira, “e ali, geralmente, tem de
dormir; e como ao trabalhar ficam banhados de suor enquanto os pés se esfriam nas pedras ou
na água, quando descansam ou comem seus poros se fecham e congelam de tal forma que eles
se tornam vulneráveis a muitas enfermidades perigosas, como as bem severas pleurisia,
apoplexia, convulsões, paralisia, pneumonia e muitas outras.” A doença era uma bênção do
céu que aproximava a morte. Os capitães de mato recebiam recompensas em ouro por cada
cabeça cortada de escravo fugitivo.
Os escravos eram chamados “peças das Índias” quando eram medidos, pesados e
embarcados em Luanda; os que sobreviviam à travessia oceânica se transformavam, já no
Brasil, “nas mãos e nos pés” do amo branco. Angola exportava escravos bantos e presas de
elefante em troca de roupa, bebidas e armas de fogo; mas os mineradores de Ouro Preto
preferiam os negros que vinham da pequena praia de Whydah, na costa da Guiné, porque eram
mais vigorosos, duravam um pouco mais e tinham poderes mágicos para descobrir o ouro. De
resto, cada minerador necessitava de pelo menos uma amante negra de Whydah para que a
sorte o acompanhasse nas explorações. A explosão do ouro não só incrementou a
importação de escravos como também absorveu boa parte da mão de obra negra empregada
nas plantações de cana-de-açúcar e tabaco de outras regiões do Brasil, que ficaram sem
braços. Um decreto real de 1711 proibiu a venda de escravos empregados em terras agrícolas
para o serviço nas minas, com exceção daqueles que demonstravam “perversidade de
caráter”. Era insaciável a fome de escravos em Ouro Preto. Os negros morriam rapidamente,
apenas em casos excepcionais chegavam a suportar sete anos contínuos de trabalho. Isto sim:
antes da travessia do Atlântico, os portugueses os batizavam. E no Brasil tinham a obrigação
de assistir à missa, embora estivessem proibidos de entrar na capela maior ou de sentar nos
bancos.
Em meados do século XVIII, já muitos mineiros tinham-se deslocado para o Serro do
Frio em busca de diamantes: descobriu-se que as pedras cristalinas descartadas pelos
caçadores de ouro eram diamantes. Minas Gerais oferecia ouro e diamantes casados, em
proporções parelhas. O florescente acampamento de Tijuco se converteu no centro do Distrito
Diamantino, e ali, como em Ouro Preto, os ricos vestiam a última moda europeia e
encomendavam do outro lado do mar roupas, armas e os móveis mais luxuosos: horas de
delírio e esbanjamento. Uma escrava mulata, Francisca da Silva, conquistou sua liberdade ao
tornar-se amante do milionário João Fernandes de Oliveira, virtual soberano de Tijuco, e ela,
que era feia e tinha já dois filhos, converteu-se na Xica que manda. Como nunca vira o mar
e queria estar perto dele, seu cavalheiro construiu para ela um grande lago artificial, no qual
colocou um barco com tripulação e tudo. Nas faldas da serra de São Francisco levantou para
ela um castelo, com um jardim de plantas exóticas e cascatas artificiais; em sua honra oferecia
opíparos banquetes regados com os melhores vinhos, bailes noturnos até o amanhecer, funções
de teatro e concertos. Em 1818, Tijuco ainda festejou grandiosamente o casamento do príncipe
da corte portuguesa, mas dez anos antes, John Mawe, inglês que visitou Ouro Preto, já se
assombrara com a pobreza; encontrou casas vazias e sem valor, com cartazes que em vão as
colocavam à venda, e foi servido com comida imunda e escassa. Tempos antes havia
estalado uma rebelião que coincidiu com a crise na comarca do ouro. Joaquim José da Silva
Xavier, o Tiradentes, foi enforcado e esquartejado, e outros lutadores pela independência
foram mandados para o cárcere ou para o exílio.

Íntegra:
(http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/As-Veias-Abertas-da-America-Latina.pdf)
.
O tempo passa, a tecnologia avança,
o inimigo expansionista se torna invisível,
mas o Imperialismo na América continua.
.
.

Zé Maria

Bastou o Báidi, do Partido Democrata [SIC], assumir a Presidência
dos Estado dos Estados Unidos da América (EUA)
e já começou a circular, nos Editoriais da Mídia Venal na América Latina,
o “Press Release” Padrão do Departamento de Estado dos EUA contra Cuba.

Zé Maria

Excerto

Seu propósito [dos EUA] estava claro em um documento oficial do governo norte-americano que perdeu o sigilo e que dizia que
“o único modo previsível de tirar apoio interno (ao governo cubano) é mediante o desencanto e a insatisfação que surjam do mal-estar econômico e das dificuldades materiais…
Há que empregar rapidamente todos os meios possíveis para debilitar a vida econômica de Cuba… uma linha de ação que… consiga os maiores avanços na privação à Cuba de dinheiro e suprimentos, para reduzir seus recursos financeiros e os salários reais, provocar fome, desespero e a queda do governo”.

Esse propósito qualifica como genocídio na Convenção das Nações Unidas para a prevenção e a sanção desse delito de genocídio,
que entende como tais os atentados graves contra a integridade física ou mental dos membros de um grupo humano e a submissão intencional do grupo a condições de existência que levarão a sua destruição física total ou parcial (Art.1.b y 1.c).

abelardo

Tomou submissa, tomou?

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