C. Zetkin: Mortes no Palmeiras e egoísmo de Messi me fazem desejar o fim do velho futebol

Tempo de leitura: 2 min
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O velho morre e o novo não pode nascer

Por C. Zetkin

Não vejo futebol há cerca de três semanas, o que é muito para mim, pois o acompanho religiosamente desde criança. Talvez não seja tão difícil enquanto palmeirense já que o time do Abel não anda enchendo os olhos. Mas nesse ínterim perdi jogos interessantíssimos. Ainda assim, a cada notícia em que esbarro, continuo sem sentir falta.

Na primeira, vi que morreram, por Covid-19, dois funcionários do Palmeiras: um podólogo e um segurança.

CBF, FPF, Governo do Estado e o escambau garantiram que os “protocolos” (palavra maldita) eram perfeitos. Só se for para os jogadores milionários.

Esses dois profissionais só estavam trabalhando in loco por escolha de todas essas entidades. Qual a desculpa agora?

Que eles se infectaram num cassino clandestino, local predileto dos mimados milionários que, sim, expõem seguranças, motoristas, roupeiros e etc que os servem?

Ah, e mesmo com essas mortes, houve jogo na quarta seguinte. Afinal, the show – nem tanto – must go onE se o Palmeiras vai jogar, eu vou… dormir.

O outro acontecimento que me abalou não foi uma morte nem uma declaração abertamente polêmica. Foram dois trechos de uma entrevista do Messi.

No primeiro, ele falava do sonho de ganhar um título pela seleção profissional.

Faltou o complemento: um título sobre milhares de cadáveres sul-americanos. Não levem a mal: eu tenho duas camisas do argentino.

Uma de quando ele estreou pela seleção principal ainda com a 18, nem a 15 do título olímpico nem a 10 que hoje dispensa comentários. Além de outra pelo Barcelona, embora eu simpatize mais com os colchoneros.

Ainda possuo um mini-craque, artesanal, feito em Buenos Aires. Logo não dá para me acusar de qualquer má vontade. Mas choca. P

orque, num cenário desses, com famílias destroçadas por todo o continente, o mais importante é o sonho de um bilionário em ganhar um título “pela seleção principal”.

Para mim, a medalha olímpica de 2008 é muito mais digna.

A outra declaração que me entristeceu foi sua confissão de ter medo de se contaminar.

Não de contaminar roupeiros, camareiras, recepcionistas, motoristas de ônibus. Nem de, mesmo que indiretamente, contribuir para uma tragédia ainda maior ao país-sede e/ou todo o continente.

O medo era de se contaminar. Porque quem tem mais de 9 zeros na conta não enxerga nada além de si e dos seus. Sem julgamento moral. Funciona com praticamente todo mundo que alcança (ou muitas vezes herda) esse patamar.

Continuo admirando o futebol do Messi, já em curva descendente e ainda assim espetacular. Mas só isso.

E quanto mais demorar para os torcedores perceberem que todos esses jogadores não dão a mínima para nossas vidas, a despeito de faixas manufaturadas e gestos vazios, mais difícil será a refundação do futebol.

Um futebol que, há algumas semanas, não respeitou o povo nem mesmo os jogadores — sem iniciativa própria — ao insistir em jogar por duas vezes numa cidade deflagrada por justos protestos, como aconteceu em Barranquilla, na Colômbia.

Esse futebol, que acha que pode prescindir do povo, precisa morrer. Para que outro, melhor e mais humano, possa nascer.


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Comentários

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Nelson Maciel Filho

Concordo que a Copa América não deveria acontecer, assim como os campeonatos regionais e das divisões.
Não concordo com as expressões do Messi, todavia, o gênio argentino faz mais no campo social de que a maioria dos milionários brasileiros.

Bello

É até interessante comparar a humanidade do Hamilton com um esportista que não tá nem aí pra ninguém. Na copa de 2014 o Messi deixou um menino de 8 anos no vácuo.
Assim como um monte de gente por aí que vc cumprimenta e a pessoa finge que não te vê, que não ouve etc. E depois o errado ainda e vc.
Esses jogadores atropelam e fogem. Literalmente.
As elites não ligam para pobre, um ou outro tem coração.
Tem gente que só liga para dinheiro.
Maradona jogava muito mais. Não sei se sóbrio ou não. Mas jogava bem mais.
Hamilton destoa dos outros esportistas mundiais.
Lembro do Boris Becker casar com uma mulher negra e nenhum mais.
Enfim, não espere amor de onde nunca vira. Querem saber só do nosso trabalho. Não se importam com trabalhador de baixo não.
Em tempos de covid parece que as pessoas tão mais interessadas nos bens do que num Bem só.

Pereira Souza

Acho que desde que a luza caiu eu não vejo futebol. É só jogo lixo. Uns pernas de pau.
Raramente tem jogão bom. Premier League e olha lá. Ou final da libertadores.
Esperam o que do andar de cima. Compaixão. Não tão nem aí pra nós. Eles consideram mais o pistão do carro deles.
Bobo é ver jogo lixo na tv. Não jogam nada. Literalmente assassinam a bola.
Irremediavelmente acabo dormindo pq sequer acertam os 3 paus. O goleiro nem se suja.
E a seleção TB é ruim. Amistoso e perda de tempo. Dá sono TB.
A fórmula 1 é outra droga. Dá sono TB. Tem Verstapen e Hamilton e só. Umas corridas chatas, nada a ver com Senna, Schumacher, Mansel, etc.
Parece um cortejo.
Prefiro ver os moleques da rua empinar pipa. É mais divertido e não dá sono.
Ver as meninas crianças com sua voz estridente de pequena mulher já. É mais animado, tem mais vida.
Os caras parecem que tão seguindo o carro da funerária na F1.
Ques programas chatos.
Ques jogos ruins.
O andar de cima não se importa nem um pouco conosco. Só sua família mesmo que liga. Somos só a mão de obra que eles conseguiram baratear.

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