Bolsonaro já pagou R$ 228 mil a Chico Buarque, mas não deve assinar diploma do Prêmio Camões

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Foto Ricardo Stuckert

Da Redação

O cantor e compositor Francisco Buarque de Hollanda não se manifestou se prefere receber o Prêmio Camões, instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988, com ou sem a assinatura do presidente Jair Bolsonaro.

A decisão cabe ao mandatário.

Ao longo dos 30 anos desde que foi instituído, os presidentes dos dois países sempre assinaram o diploma, entregue conjuntamente.

De acordo com o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, Jair Bolsonaro titubeia.

Mas, pagar, ele já pagou o equivalente a R$ 228 mil reais.

Merecidamente, diga-se.

Brasil e Portugal racham o prêmio de 100 mil euros e a parcela brasileira já foi depositada.

Dentre os ganhadores do prêmio estão grandes nomes da literatura em português: de José Saramago a Antonio Candido, de Mia Couto a Raduan Nassar.

Porém, houve críticas aos premiadores pela ausência de autores africanos (26 dos 32 premiados são brasileiros ou portugueses).

De acordo com a Folha de S. Paulo, o núcleo ideológico do governo Bolsonaro não quer que ele assine o diploma a ser entregue a Chico Buarque.

Os jurados brasileiros que escolheram Chico Buarque foram os escritores Antônio Cícero e Antonio Hohlfeldt.

Henrique Pires, ex-secretário Especial de Cultura, que escolheu os jurados, confessou à Folha que correu o risco de ser demitido depois do anúncio da premiação de Chico.

O guru do governo Bolsonaro, o especialista em questões anais Olavo de Carvalho, zombou da decisão:

“Chico Buarque ganha o Prêmio Camões. Cas duas mões”, escreveu no twitter.

Diante do discurso que o presidente da República fez ao abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira 24, parece óbvio que Bolsonaro não assinará a premiação.

No discurso, Bolsonaro atacou Cuba, Venezuela, França (sem mencionar o nome), Alemanha, ONGs, a mídia, o cacique Raoni e o Foro de São Paulo, não necessariamente nesta ordem.

Portanto, deve romper com uma tradição de 30 anos para satisfazer a base bolsonarista, que exige carne crua todos os dias.

Como ensinam os manuais de seitas fundamentalistas, a contínua produção de inimigos externos é essencial para manter a coesão da manada, da qual se extrai dinheiro, apoio político ou ambos.

A decisão de Bolsonaro sobre o prêmio será tomada no retorno de Nova York e Chico Buarque parece um alvo perfeito para manter a estratégia.

Se Bolsonaro assinar, não há nada que impeça o artista de não comparecer à entrega do prêmio ou de, ao comparecer, denunciar o próprio Bolsonaro.


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Comentários

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Nuno

Mia Couto é moçambicano, logo africano, ou não é?

Zé Maria

Chico Buarque de Holanda certamente
não ficará agradado em receber um Diploma
manchado com a assinatura do Bolsonaro.
Aliás, o Chico deve preferir que sequer conste
o nome do mito imbecil no Documento.

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