As sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela

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Atualizado em  24 de maio, 2011 – 22:54 (Brasília) 01:54 GMT

Venezuela
Após sanções, Caracas avalia fornecimento de petróleo a clientes nos EUA

Claudia Jardim

De Caracas para a BBC Brasil

Após o anúncio de que os Estados Unidos sancionarão a estatal petroleira venezuelana PDVSA por manter negócios com o Irã, o governo da Venezuela colocou em dúvida parte do abastecimento de petróleo destinado a empresas norte-americanas.

O governo venezuelano disse que avaliará o impacto das sanções na produção petrolífera do país.

De acordo com o ministro venezuelano de Energia e Petróleo, Rafael Ramirez, a PDVSA garantirá o abastecimento de petróleo às filiais da PDVSA nos Estados Unidos, mas diz que avaliará o fornecimento às empresas Citgo e Hovensa, clientes norte-americanos da petroleira venezuelana.

“Garantimos o abastecimento a nossas filiais. Porém, avaliaremos o abastecimento a outros clientes”, afirmou Ramirez, em entrevista coletiva conjunta com o chanceler Nicolás Maduro.

Os Estados Unidos são o principal comprador do petróleo venezuelano. De acordo com a PDVSA, são enviados diariamente 1,2 milhão de barris às petroleiras norte-americanas.

O governo do presidente Hugo Chávez repudiou as sanções anunciadas nesta terça-feira pelos EUA, qualificando a medida de ação “hostil”.

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Caracas afirma que a medida está “à margem do direito internacional” e dos “princípios previstos na carta das nações Unidas”, afirmou o chanceler Maduro.

Negócios com o Irã

Os EUA argumentam que a PDVSA mantém negócios com o setor energético do Irã, o que violaria proibições impostas por Washington.

De acordo com o subsecretário de Estado dos EUA, James Steinberg, as sanções impedirão o acesso da PDVSA a contratos com o governo americano e a financiamentos para importações e exportações.

Ramirez rebateu as acusações, ao afirmar que a venda do petróleo venezuelano é uma “decisão soberana” e que seu governo não aceitará que Washington imponha sanções que tentem dirigir as políticas do país.

“Hoje é o Irã, amanhã pode ser outro país. Não vamos cair nesse jogo de discutir com eles (EUA) e ver quais são as razões e porque nos sancionaram”, afirmou.

Além da PDVSA, também foram punidas outras seis empresas de Emirados Árabes, Israel e Mônaco.

‘Mensagem’

O subsecretário de Estado americano disse que as sanções buscam limitar o abastecimento de combustível para o Irã e, ao mesmo tempo, “enviar uma mensagem” para as demais empresas sobre os “riscos” de manter negócios com o governo iraniano.

“Aqueles que irresponsavelmente continuarem apoiando o setor energético do Irã ou facilitarem os esforços iranianos para evadir as sanções dos Estados Unidos enfrentarão consequências significativas”, afirmou Steinberg, em entrevista coletiva, em Washington.

O subsecretário disse que as empresas punidas estiveram envolvidas com a venda de derivados de petróleo ao Irã. As sanções não se estendem aos países de origem dessas empresas.

A lei americana com a qual Washington orienta suas sanções proíbe que governos, empresas e pessoas invistam no setor energético iraniano ou exportem ao país petróleo refinado, incluindo gasolina e derivados.

De acordo com os Estados Unidos, essas medidas visam impedir o “desenvolvimento do programa nuclear” do Irã.

O presidente venezuelano, por sua vez, ironizou as sanções de Washington em seu perfil no Twitter. “Sanções contra a pátria de (Símon) Bolívar? Impostas pelo governo imperialista gringo? Pois bem-vindo, Mr. Obama! Não esqueça que somos filhos de Bolívar”, escreveu Chávez.

PS do Viomundo: A diplomacia dos Estados Unidos fez um brilhante movimento, do ponto-de-vista de Washington. Primeiro, afastou o Brasil da Venezuela (ver entrevista da presidente Dilma ao Washington Post). Depois, usou Chávez como “exemplo”, para enfraquecer por tabela o Irã. De quebra, deu um passo para restabelecer a voz de Washington nos negócios da América Latina.

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