Ariane e o marido pediram o auxílio emergencial há 60 dias, mas seguem em análise: “Fomos deixados para trás”

Tempo de leitura: 3 min

“Fomos deixados para trás”, diz mãe de família depois de 60 dias em análise no auxílio emergencial

Ela e o marido fizeram o cadastro no dia 07 de abril, há dois meses, e seguem sem resposta

por Marcos Hermanson Pomar, especial para o Viomundo 

“A última vez que ouvi algo vindo do presidente, ele disse que os que estão ‘em análise’ caíram na malha fina e estão tentando dar golpe. Como o governo pode dizer algo tão cruel se tem milhões de pessoas recebendo sem ter direito? Empresários, foragidos, pessoas com carteira assinada e até militares… As fraudes são enormes e ele diz que o sistema é seguro”.

O desabafo é da trabalhadora autônoma Ariane Ribeiro (39), moradora de Camaçari, interior da Bahia.

Ela e o marido, Atemilson (50), estão desde o dia 7 de abril, há exatos dois meses, “em análise” no programa de Auxílio Emergencial do governo federal.

Ariane não tem emprego formal desde 2012.

Antes da pandemia chegar na cidade, ela trabalhava como artesã para complementar a renda da família. O esposo, Atemilson, era motorista de aplicativo. Trabalhava com um carro alugado.

Por conta da adoção das políticas de isolamento social, Ariane foi obrigada a interromper o trabalho com artesanato.

Atemilson, por sua vez, sofreu com a diminuição do movimento nas ruas. O dinheiro que entrava já não era suficiente para pagar o aluguel do veículo.

Foi essa situação que levou os dois a se inscreverem no programa de auxílio emergencial do governo federal, há dois meses: “Fiz o cadastro no dia 07 de abril, preenchi tudo corretamente, incluí no meu cadastro o cpf do meu esposo, e ele incluiu meu cpf no cadastro dele”, conta Ariane.

“No dia 23 de abril recebemos a mensagem de que os dados eram inconclusivos. No meu cadastro a alegação era de que indiquei ser chefe de família e sexo errado. Não tinha esta opção. Já no cadastro do meu esposo alegaram que ele indicou CPF de pessoa falecida”, continua ela.

A solução foi refazer o cadastro exatamente da maneira como haviam realizado o procedimento no dia 7 daquele mês. Mas o aplicativo impediu Ariane de inserir o CPF do marido, alegando que o número já constava em uma inscrição anterior.

“Dia 15 de maio recebemos novamente a mensagem de dados inconclusivos, por preenchimento divergente dos membros da família”, explica ela. “Tornei a preencher com todos os dados corretos. Fiz primeiro o meu e consegui incluir o cpf dele, aí aguardei umas 2 horas e preenchi o [cadastro] dele. Permanecemos os dois em análise até o momento, sem nenhuma previsão de quando isso vai acabar.”

Os dois trabalhadores vivem com a filha Mirella, de 10 anos, que não foi incluída no cadastro por não ter CPF.

A única ajuda do Estado que receberam até agora foi um vale-merenda de 45 reais, distribuído pela Prefeitura de Camaçari em abril e maio.

O limite do cartão de crédito, Ariane estourou esse mês, com as compras de supermercado, enquanto o dinheiro com a venda de alguns salgados feitos em casa rendeu o bastante para comprar um pouco de arroz.

Enquanto a resposta não sai, ela segue aflita: “Estamos sem saber o que fazer, porque além da demora ainda ficamos apreensivos em ter o auxílio negado, mesmo sabendo que preenchemos todos os requisitos”.

“Amanhã completa 60 dias de análise. Com essa demora toda dá pra analisar até minhas vidas passadas”, brinca ela.

“Se formos negados ficaremos sem chão e sem moradia. O aluguel já está em aberto, contas de energia também, sem contar que já não temos mais nem o cartão para comprar alimentos. Estamos nos sentindo esquecidos. O slogan do governo é ‘ninguém fica para trás’. Pois eu afirmo: fomos deixados para trás”, resume a mãe de família.

Ariane e o marido não são uma exceção. Só os brasileiros em segunda ou terceira análise pela Dataprev, empresa pública responsável por avaliar os pedidos de auxílio, são cinco milhões.

Até a última terça-feira (2), havia 1,5 milhão de pessoas em análise desde o mês de abril. Muitas delas, assim como o casal do interior baiano, se inscreveram no dia em que o programa foi lançado.

Nesta sexta-feira (05) a Dataprev enviou à Caixa Econômica um novo lote de pedidos analisados, com 700 mil requerimentos. 500 mil haviam sido negados.


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Comentários

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Henrique Martins

A propósito, considerando que o alho é bactericida e anti-microbiano é possível que ele possa mesmo diminuir a carga viral. Agora aquela senhora do Paraná falar que um dente de alho representa a cura do Covid aí não. Ora, se nem antivirais potentes estão dando conta do vírus, vai ser um dente de alho que vai dar?

Dias

Li notícia no Correio Brasiliense que o governo quer testar um vermífugo chamado nitazoxanida para tratar pacientes assintomáticos da Covid.
Nesta altura do campeonato toda tentativa é válida, já que estamos numa situação desesperadora.
Mas eu temo que não vá funcionar porque os vermífugos não são antivirais. Nem a cloroquina é. Inclusive, eu soube que o médico de Parintins, no Amazonas, que foi reinfectado pelo Covid se tratou na primeira infecção com o vermífugo Ivermectina. No entanto, torço, de coração, para que ainda assim a experiência dê certo.

Elaine

É isso aí Carla Zambelli, confirma mesmo que Bolsonaro pretende usar o artigo 142 CF para dar um golpe militar fascista e neonazista no país intervindo no Congresso e no STF.
Trata-se de um baita combustível para os movimentos democráticos ficarem mais intensos.
Sua turma é burra minha filha!
Não é por acaso que vocês acreditam que a Terra é plana nao.

Henrique Martins

Antenor,
Agradeço de coração sua defesa.
Valeu!

Henrique Martins

Antenor,

Não me importo que a ideia seja copiada se puder ajudar na luta contra o Covid. Mas me importo se ela for colocada como elixir mágico, pois eu sugeri uma soma de providências como tratamento auxiliar e não só o enxofre. O enxofre vai ajudar, mais não vai livrar ninguém do Covid é muito menos cura-lo sozinho. Se meu raciocínio estiver certo a ciência vai comprovar isso.

P.S: no dia 25 de maio eu enviei as mesmas sugestões para a Sociedade Brasileira de Infectologia e para o Conselho Federal de Medicina.

No mesmo dia enviei as idéias para um médico do exterior que é amigo de um amigo meu.

Portanto, as idéias já estão até no exterior. Não adianta eles virem se apropriar não.

Não entanto, se for possível, faço questão absoluta que eles as usem pois minha intenção é ajudar não me interessa em qual governo.

Antenor

Complementando meu comentário: o internauta Henrique Martins fez o comentário no post: Chioro detona acordo que desova 2 milhões de doses de hidrocloroquina dos EUA no Brasil: seremos cobaias dos americanos, de 03/06/2020.
A propósito, o internauta fez uma explanação sobre a hidrocloroquina deixando claro sua posição sobre o uso da substância para o tratamento do Covid. Seu raciocínio foi inclusive elogiado por um médico. Um outro disse que suas sugestões tinham que ser levadas oficialmente para o ministério da saúde.

Antenor

URGENTE
Ontem Bolsonaro fez um teatrinho com uma apoiadora dele que diz falar com Deus e afirmou que o enxofre cura a Covid.
A mulher falou em um dente de alho por dia ou algo assim.
Daí Bolsonaro marcou uma reunião com a mulher no ministério da saúde.
Eu digo que a turma dele entrou na onda do copia é cola.
Isso porque a ideia do alho veio
na semana passado de um internauta que comenta neste blog.
O alho realmente tem muito enxofre. O internauta recomendou como tratamento auxiliar o alho, damasco e o gengibre, além do Omega 3.
Eu fui pesquisar e descobri que os 3 primeiros contém muito enxofre.
Presumo que o enxofre realmente ajude a tratar o Covid porque tem propriedades anti-inflamatorias.
De fato a ciência poderá comprovar isso no que se refere ao tratamento do Covid.

O problema é que de novo eles querem vir com uma solução mágica para curar o Covid.

O enxofre vai ajudar SIM, mas não vai livrar ninguém de contrair Covid e certamente não vai funcionar sozinho.
O internauta disse que ia AJUDAR e não exatamente curar.

O engraçado é que a mulher afirmou que fala com Deus.

Vem cá querida, seu Deus chama Henrique Martins?

a.ali

já os inscritos e pertencentes as classes a/b e os milicos de todos os postos e graduações JÁ receberam, e até o veio da havan…enquanto quem, realmente, necessita, fica esperando nos milhoes de análises

Zé Maria

O Grupo dos Milhões de Brasileir@s Invisíveis não tem direito sequer à Esmola.

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