Apps brecam em todo o Brasil e Câmara já tem projeto para melhorar condições para entregadores; vídeos e íntegra

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[Veja no pé deste post o projeto de lei dos deputados Alencar Santana Braga (PT-SP) e Rogério Correia (PT-MG) para melhorar condições de trabalho dos entregadores]

‘É difícil sair para trabalhar, não ver resultados e ser maltratado’, diz entregador

Nesta quarta-feira (1º) trabalhadores que fazem entregas de moto e de bicicleta fazem ato em que cobram melhores condições de trabalho

Por Lucas Veloso, Agência Mural de Jornalismo

Logo que fez 18 anos, Michel da Silva, morador de Cidade Tiradentes, na zona leste da capital, fez o cadastro para atuar como entregador no IFood, um dos principais aplicativos de entrega do país.

Nos seis meses que atua como entregador, a rotina não foi fácil.

“O baguio é louco, mano”, resume.

Apesar de fazer entregas diárias de comida, nem sempre consegue se alimentar.

“Não tem hora para almoçar, talvez tomar um café, porque acordo cedo para sair. Quando consigo almoçar, não tem um lugar específico para almoçar”, acrescenta.

Para driblar as dificuldades, a saída é sentar na calçada, parar no meio da rua ou em alguma praça para almoçar.

No relato de Michel, outras necessidades básicas são negligenciadas, como a falta de banheiros para atender a demanda.

“A gente não consegue usar banheiro, você prende bastante coisa”.

As condições apontadas por Michel fazem parte das reclamações de entregadores ouvidos pela Agência Mural. A diminuição na renda por conta da pandemia do novo coronavírus é um dos pontos citados por profissionais cadastrados em aplicativos como Rappi, iFood, UberEats, Loggi e James.

Nesta quarta-feira (1º), milhares de entregadores em São Paulo e em outras capitais, como Rio de Janeiro e São Luís, no Maranhão, irão aderir ao movimento.

ESSENCIAL

Um decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) considerou os serviços de entrega como atividades essenciais.

Adriano Almeida, 35, viu nos aplicativos de entrega uma oportunidade. Morador do Capão Redondo, zona sul da capital, trabalha de moto há dois anos. Diariamente sai de casa, por volta das 8h, rumo ao centro da cidade, onde fica durante o dia e retorna depois das 22h.

Com contas a pagar e sem emprego fixo, diz que faz cerca de 15 entregas por dia. Os valores mensais dão conta das dívidas, mas reclama dos baixos ganhos e da ausência da plataforma para ajudar os entregadores.

“A gente ganha muito pouco por entrega. Tem coisa que vou levar e não consigo pagar nem a gasolina”.

Com a pandemia, o número de entregadores de aplicativos da capital paulista e da Grande São Paulo cresceu ao menos 20%, de acordo com o SindiMotoSP (Sindicato dos Mensageiros Motociclistas do Estado de São Paulo).

Os dados da entidade apontam para cerca de 280 mil profissionais com motos ou bicicletas.

Pesquisadores da Remir Trabalho (Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista) ouviram 252 trabalhadores do setor em 26 cidades por meio de um questionário online, de 13 a 20 de abril.

Entre os entrevistados 60,3% apontaram uma diminuição na remuneração, em comparação aos dias antes da pandemia.

Outros 27,6% disseram que os ganhos se mantiveram e 10,3% afirmaram que estão com mais renda durante a quarentena.

Além disso, o trabalho se tornou mais perigoso, tendo em vista a exposição ao vírus em tempos em que é necessário o distanciamento social.

ENTREGADORES ‘NUVEM’ E ‘OL’

Nos aplicativos, há algumas diferenças entre os entregadores que impactam na rotina e nos rendimentos.

No caso do iFood, por exemplo, o ‘entregador nuvem’ é o mais comum, pois é aquele com horário de trabalho flexível, sem supervisor ou chefe.

Já quem atua com entregas no esquema OL (Operador Logístico) possui horário de trabalho definido, com uma folga semanal.

Além disso, está subordinado a uma empresa terceirizada e a um líder.

A aprovação depende do estabelecimento em que irá atuar.

Além disso, entrar nesse ramo exige um investimento do próprio entregador.

O iFood, um dos mais famosos aplicativos do setor, cita os itens necessários para quem for se cadastrar.

Possuir um celular com android e pacote de dados, um veículo para entregas (moto ou bicicleta), além de uma caixa térmica ou baú e equipamentos obrigatórios de segurança no trânsito, como capacete e jaqueta com faixas refletivas, são alguns requisitos.

PERFIL DOS ENTREGADORES

Allan de Almeida Lima, 24, de Guarulhos, na Grande São Paulo, faz entregas desde dezembro do ano passado.

Ex-motorista de uma empresa de logística, acreditou que como entregador a vida financeira iria melhorar, mas após seis meses cadastrado em três plataformas afirma que ficou decepcionado com a realidade.

“Entrei achando que ia fazer meus horários e que conseguiria grana trabalhando oito horas, mas é relativo”.

Allan diz que os rendimentos não ultrapassam R$ 1.000 por mês. Para compensar, faz outros trabalhos informais, como encanador e ajudante de pedreiro para aumentar a renda.

“É difícil sair para trabalhar, não ver resultados e ser mal tratado em algumas casas”, resume.

Uma pesquisa da Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas), após uma amostra realizada em seis regiões de São Paulo, apontou o perfil social dos entregadores.

Segundo o levantamento, os entregadores moram nas periferias, são homens jovens [50% até 22 anos], negros (71%), com ensino médio completo (53%) e estavam desempregados (59%).

Com a atual situação, esses profissionais trabalham sete dias da semana (57%). Em média, a jornada diária é de 9,24 horas, para fazer nove entregas, com uma remuneração mensal de R$ 936.

Diariamente, eles cumprem uma pedalada que supera os 60 km, sendo 40 km para prestar o serviço e 20 km no trajeto de casa para a região central.

Entre as reclamações, a falta de segurança no trânsito (44%), ausência de infraestrutura viária (34%) e a falta de segurança contra roubo (20%), ocupam as primeiras posições. Também há reclamação de bloqueio indevido do cadastro.

Esse tipo de reclamação é rotina no dia a dia dos entregadores. Durante cinco dias, a Agência Mural acompanhou um grupo de entregadores no aplicativo de mensagens Whatsapp.

Entre pedidos de ajuda com o aplicativo e recomendações de espaços para arrumar bicicletas e motos com promoções, a falta de entrega faz parte da maioria das mensagens.

“Cara, hoje tá osso iFood em, tô no shopping Mooca, desde meio dia, fiz uma corrida só”, dizia um post.

A incerteza sobre a renda do dia também costuma ser um problema.

“Cheguei 6h30 na Vila Madalena, era 10h e só tinha feito duas entregas”, lamentou outro entregador.

“Desisti e vim embora. Queimar gasosa a toa, tô fora”.

Procurados, os aplicativos Rappi, UberEats, Loggi e James não responderam sobre a paralisação e as condições de trabalho.

O iFood afirma em nota que “os ganhos médios mensais do grupo que têm a atividade de entregas como fonte principal de renda aumentaram 70% em maio quando comparados a fevereiro”.

Segundo a empresa, o valor médio por hora é de R$ 21,80 e que o valor médio pago por rota é de R$ 8,46.

Sobre o bloqueio de entregadores, a empresa diz que nos casos de necessidade de desativação das contas dos entregadores, o profissional recebe uma mensagem via aplicativo e é direcionado para um chat específico para entender o motivo e pedir análise do caso.

Se um erro for comprovado, a conta é reativada.

A empresa diz que tomou medidas de enfrentamento à Covid-19 como auxílio financeiro para quem apresentar sintomas e que fazem parte dos grupos de risco, além da distribuição de EPIs (equipamento de proteção individual).

Pl 3572-2020 de Luiz Carlos Azenha



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Comentários

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Henrique Martins

Complementando meu comentário:

Em nenhuma das eleições anteriores houve apoio ostensivo das religiões a um candidato a presidência da república.

Nestas eleições , contraditoriamente, a Marina e o cabo Daciolo são evangélicos e não foram agraciados com o apoio dos evangélicos. Eles preferiram apoiar um candidato demoníaco.
A Marina inclusive foi candidata a presidência da república e era competitiva, mas a lavação de mentes foi tão fortes que seus ‘irmaos’ traíras minaram as chances dela.
Marina é uma pessoa rancorosa, mais demoníaca ela não é e jamais faria o que Bolsonaro está fazendo com o meio ambiente.
JAMAIS!

Henrique Martins

Complementando meu comentário:

A justiça eleitoral tem que ser, no mínimo, autorizada a fiscalizar as igrejas que fazem uso da fé para fins políticos.

Mecanismos de controle já!

Henrique Martins

URGENTE

O ministro Fachin tocou no assunto do abuso religioso nas eleições.

De fato o estado é laico e nenhuma religião tem a guarida constitucional para governar o país.

As igrejas não são partidos políticos. E se fossem ou vierem a ser elas terão que serem controladas como os partidos políticos.

Hoje podemos dizer que os evangélicos estão governando o país. Mas houve também um envolvimento ainda que em menor proporção das igrejas católica e espírita. Alguns padres fizeram campanha abertamente para Bolsonaro e Edvaldo Franco – um ícone do espiritismo –
declarou publicamente seu apoio a ele.Minha cunhada disse que nas reuniões espíritas kardecistas que ela frequenta a propaganda política anti-Lula e pró-Moro correu solta nas sessões. Algumas pareciam comício eleitoral, por isso ela deixou de frequenta-las.

Não há nada na Constituição que autorize as religiões a se intrometerem na política.

Então, talvez seja interessante o Congresso analisar a questão urgentemente para impedir o abuso religioso já nas próximas eleições. Fachin levantou a bola agora é a vez do Congresso cortar.

Daqui a pouco quem quiser ser político vai fazer curso de pastor, abrir uma igrejinha e fazer campanha política dentro da igreja sem nenhum controle e sem prestar contas eleitorais em detrimento dos demais candidatos.Isso definitivamente não está certo. A paridade de armas e a isonomia são pilares do processo eleitoral.

A propósito, sobre o auxílio para a população na pandemia, essa conversa de que o dinheiro é do engano está totalmente equivocada. O dinheiro é nosso. É fruto dos impostos que pagamos. Bolsonaro confessou que sonegava impostos no passado.
Portanto, ele não têm direito moral ao gerenciamento desse dinheiro. O dinheiro não é do governo dele coisa nenhuma! O dinheiro é do povo!

Inclusive, se o país ficar endividado por causa da pandemia quem vai pagar a dívida somos nós e não ele que é avesso ao pagamento de impostos.

O auxílio na pandemia não é favor, é direito da população!

Esqueçam essa história de ‘dinheiro do governo’.

    Henrique Martins

    Engano = governo

Wendel

O Brasil esta mais precisando é de uma cruzada para defenestrar este enganador.

Eduardo

Coitados ? Não respeitam o pedestre, sobem na calçada, andam na contramão, chutam o espelho retrovisor, fazem um barulho ensurdecedor, não usam máscara e álcool gel e trazem a pizza fria. É só NÃO pedir comida pelo celular que a vida deles melhorará.

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1278381292267220993
O Brasil tem jeito.
É só a Gurizada se juntá.
#BrequeDosApps
https://twitter.com/J_LIVRES/status/1278381292267220993

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1278344615993761792
Buzinaço e Descarga no Centro do Rio de Janeiro
#BrequeDosApps
https://twitter.com/tretanotrampo/status/1278349480476250114

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1278335896719368193
Moça de 18 Anos, de Porto Alegre, explica a Falta de Eqüidade de Gênero
das Empresas na Contratação de Entregadores Homens e Mulheres.
#BrequeDosApps
https://twitter.com/sulvinteum/status/1278335896719368193
Em Porto Alegre, Entregadores de Aplicativos
estão concentrados na Praça da Alfândega.
#BrequeDosApps
https://twitter.com/sulvinteum/status/1278339010650427393

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/Eb2moNxWAAEsfZe?format=jpg
#BrequeDosApps Entregadores em Porto Alegre
“Arriscando a própria Vida para matar a sua Fome”
https://pbs.twimg.com/media/Eb2moDNXgAQP-wA?format=jpg

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1278312486064787457
https://pbs.twimg.com/media/Eb2kJk7WoAsMAV9?format=jpg

Apoio a luta justa dos entregadores. #BrequeDosApps
Dia de paralisação nacional em Aracaju, na Orla da Atalaia

https://pbs.twimg.com/media/Eb170I-XsAA_SWZ?format=jpg
https://twitter.com/i/status/1278312684686114818

Zé Maria

“Aqui nois não é empreendedor de porra nenhuma,
nois é força de trabalho! Certo?”
“Os caras não valorizam a força de trabalho.
Vou falar uma verdade para vocês,
existe força de trabalho sem patrão.
Não existe patrão sem força de trabalho.”
#BrequeDosApps
Galo do MovEntregadoresAntifascistas
https://twitter.com/galodeluta/status/1278145570868166657

https://br.sputniknews.com/brasil/2020070115780741-greve-dos-entregadores-de-aplicativo-atinge-ao-menos-7-estados/

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