Ângela Carrato: Agora quem vai defender a Globo? Os lavajistas e Sergio Moro que ela tanto apoiou?

Tempo de leitura: 7 min
Fotos: Reprodução e divulgação

QUEM VAI DEFENDER A GLOBO?

por Ângela Carrato, especial para o Viomundo

Em meados de 2009, durante entrevista, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, fez uma declaração que quase ninguém entendeu.

Gil disse algo como: diante do avanço das novas tecnologias e do que isso significa em termos de desnacionalização, vai chegar o dia em que a Rede Globo precisará ser defendida.

Como o contexto era o de uma guerra surda entre a autodenominada “grande mídia” e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ela praticamente ignorou o assunto e a Rede Globo não se deu, sequer, ao trabalho de responder.

Especialmente naquele momento, parecia absurdo até para os mais atentos estudiosos do setor, que a Rede Globo pudesse precisar algum dia de apoio e, menos ainda, de defesa.

Líder absoluta de audiência em informação e entretenimento, a Globo dava as cartas.

Como todo grande artista, Gil teve a capacidade de enxergar além de seu tempo. E, no caso, foi profético.

Criticada pelos setores progressistas e hostilizada pelo governo Bolsonaro, a Rede Globo precisa agora urgente de quem a defenda.

#RACHADINHADOSMARINHO

Nos últimos dois dias, as redes sociais foram tomadas pela hastag #rachadinhadosmarinho, levantada pelo presidente Bolsonaro e seguidores, e não houve qualquer reação.

Os setores progressistas e a esquerda não têm nenhum motivo para defender a Rede Globo. Muito pelo contrário. A direita e especialmente a extrema-direita bolsonarista, querem destruí-la.

O contexto em que Gilberto Gil fez aquela declaração era completamente diferente do atual.

Na época, não havia ameaça do governo Lula de não renovar concessão da TV Globo e menos ainda de cortar verbas publicitárias da Folha de S. Paulo e de quem mais publicasse informações que desagradassem ao presidente.

A preocupação do ministro da Cultura era com os gigantes internacionais de mídia e a possibilidade de que eles engolissem os grupos nacionais em países como o Brasil. Pelo tamanho e importância, a Globo poderia ser o alvo principal.

Na época não havia fake news, as redes sociais estavam engatinhando e a transparência era a palavra de ordem na comunicação governamental.

Mesmo combatido diariamente, Lula, seus ministros e assessores sempre se pautaram pela cordialidade com os jornalistas, inclusive aqueles que publicavam seguidas inverdades.

Para quem não se recorda desse período, pode surgir a dúvida: mas se era assim, por que a hostilidade da mídia para com o governo Lula?

O momento em que se deu a declaração do ministro Gilberto Gil foi bem específico.

BOICOTE À CONFECOM

Em meados de 2009, o presidente Lula havia anunciado, durante o Fórum Social Mundial, em Belém (PA), a realização da Conferência Nacional de Comunicação, que ficou a cargo dos ministérios da Cultura, das Comunicações e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom).

Pela primeira vez na história brasileira, governo, empresários do setor e representantes da sociedade iriam inaugurar um debate amplo e verdadeiramente público sobre as políticas de comunicação, coisa que já existia nos Estados Unidos, na Europa e no Japão há décadas.

Pela primeira vez, o Estado brasileiro instituía um mecanismo formal de consulta à toda a sociedade sobre os rumos que deveria tomar a comunicação.

Pela primeira vez deixava de ser prerrogativa de especialistas e, principalmente, de lobbies do setor privado, a definição de quais deveriam ser as ações governamentais, num momento em que as novas tecnologias e os novos gigantes do setor já começavam a deixar claro a que vinham.

Para quem não se lembra, quando o estadunidense Google se tornou uma empresa de capital aberto, em 2004, sua missão declarada era “organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil”.

No mesmo ano surgia o igualmente estadunidense Facebook, cujo objetivo era abrir a possibilidade de comunicação entre estudantes do ensino médio e, mais tarde para qualquer pessoa com mais de 13 anos.

O começo da nova revolução na mídia estava mais do que desenhado.

As contribuições da Conferência se materializariam em propostas para a comunicação no Brasil, seja enquanto área estratégica e essencial para o desenvolvimento social, seja para a própria democracia brasileira.

Acostumados a agir ao sabor de seus interesses, os donos da mídia brasileira passaram a pressionar o governo para que desistisse de realizar essa conferência.

Ao longo de sua preparação, que envolveu encontros municipais e estaduais em todo o país, nem uma linha foi publicada ou uma matéria de rádio e TV sobre o assunto foi ao ar.

Na antevéspera da abertura da 1ª Confecom, como foi batizada, que teve início em 14 de dezembro de 2009 e durou três dias, os principais grupos de mídia do país, Globo à frente, comunicaram ao governo que não iriam participar.

Acreditavam que, diante do boicote, o governo Lula iria recuar.

PARCIALIDADE

Como Lula não recuou e entre as recomendações desta Conferência figuravam a democratização da mídia, com a elaboração de um novo marco para as telecomunicações – o em vigor é de 1962 e está caduco -, o fortalecimento da mídia pública e da radiodifusão comunitária, a “grande mídia” não gostou e endureceu mais ainda a campanha que desenvolvia contra Lula, o PT e os seus programas sociais.

Basta lembrar a parcialidade com que essa mídia cobriu a campanha eleitoral de 2010 e a repetiu, de forma mais radicalizada ainda, a favor do candidato tucano, Aécio Neves, em 2014.

Por ódio ao PT, a grande mídia brasileira, Globo è frente, respaldou Aécio em seu questionamento sobre o resultado eleitoral, que deu vitória a Dilma Rousseff.

Respaldou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, quando ele decidiu abrir uma ação de impeachment sem crime de responsabilidade contra Dilma.

Mais ainda: essa mídia chamou de impeachment o que era um descarado golpe contra uma presidente legitimamente reeleita.

Igualmente por ódio ao PT, a grande mídia brasileira, Globo à frente, assumiu como filha dileta a Operação Lava Jato, que teve início em 2016, oficialmente para combater a corrupção.

De lá para cá, quase todas as suas 171 etapas foram cobertas pela Globo como espetáculos contra o PT.

Espetáculos nos quais o então juiz Sérgio Moro e o procurador do Ministério Público Federal em Curitiba, Deltan Dallagnol, foram alçados ao pódio de “heróis”.

Até semanas atrás, a Lava Jato nunca havia importunado um tucano e fazia de tudo para não “melindrar apoio importante”, como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como trouxe a público a série #VazaJato do site The InterceptBr, que a Globo simplesmente escondeu de seu público.

Foi obra da Lava Jato a condenação, sem provas, e a prisão de Lula, a fim de que ele não disputasse as eleições de 2018.

Foi obra da “grande mídia” não apresentar qualquer questionamento a Bolsonaro, quando ele se apresentou como “não político”, mesmo estando há 29 anos na Câmara dos Deputados.

Não houve igualmente qualquer questionamento sobre suas conhecidas falas homofóbicas, racistas, machistas e contra os povos indígenas e, muito menos, sobre a ausência de programa e propostas dele para governar o Brasil.

O importante para a mídia brasileira era derrotar o PT. E ela conseguiu.

Nem que para isso tivesse que compactuar com a ilegalidade do então juiz Sérgio Moro que liberou, faltando seis dias para o segundo turno das eleições em 2018, uma delação sem provas do ex-ministro Antônio Palocci contra Lula e o PT.

Delação que o Jornal Nacional dedicou oito minutos a ela, sem admitir, por um segundo sequer, que pudesse não corresponder à verdade ou que carecia de provas.

Há duas semanas, o STF determinou a retirada dessa delação do processo contra Lula, por considerá-la descabida.

E ontem (16/08) a própria Polícia Federal concluiu que a delação de Palocci não se sustenta.

PRESIDENTE DÓCIL

Tudo indica que a família Marinho acreditava que, depois da posse, tudo voltaria ao normal e Bolsonaro seria um novo presidente tão dócil como foram Sarney e Fernando Henrique Cardoso.

Dificilmente passou, nem em pesadelo, para os irmãos Marinho, que o relacionamento com o governo Bolsonaro se deteriorasse em tão pouco tempo e que eles próprios fossem figurar em uma das mais aguardadas delações da Lava Jato: a do “doleiro dos doleiros” Dario Messer.

Ironia das ironias, como o Grupo Globo nunca questionou a autenticidade dessas delações, sempre as considerando expressão da verdade e veiculando-as à exaustão, não será fácil mudar de postura. E, menos ainda, convencer o seu público que qualquer delação precisa antes ser provada.

Daí a pergunta: como fica agora a Globo, quando os denunciados por receberem desde 1990, duas vezes por mês, quantias entre US$ 50 mil e US$ 300 mil são seus proprietários?

Isso, depois de a própria TV Globo ter dado grande espaço para a delação do “doleiro dos doleiros” que iria devolver US$ 1 bilhão aos cofres públicos.

Como ficam os jornalistas-lavajatistas de carteirinha do grupo Globo, diante da ironia de Bolsonaro que somou a quantia supostamente recebida pelos Marinho e tuitou: “US$ 1,75 bilhão em rachadinhas”?

Não satisfeito, Bolsonaro ainda ironizou: “aguardando o Fantástico de domingo”.

Como ficam Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, que sempre desconheceram o que Messer tinha para falar? O acordo de delação de Messer foi fechado com a Lava Jato do Rio de Janeiro.

Em relação às denúncias que se avolumam sobre as ações ilegais que a Lava Jato de Curitiba adotou contra políticos e empresários, em especial o ex-presidente Lula, o Grupo Globo sempre adotou a estratégia do silêncio.

Até hoje, seu respeitável público não sabe de quase nada sobre isso, porque a Globo e praticamente o resto da grande mídia corporativa fizeram uma espécie de pacto de silêncio.

Dificilmente, no entanto, esse pacto será mantido em relação às denúncias contra os irmãos Marinho.

IRONIA DAS IRONIAS

A denúncia sobre a delação do doleiro Messer foi publicada em primeira mão na edição eletrônica da revista Veja em 12/8. No dia seguinte, ganhou repercussão na TV Record e não deve parar aí. Até porque a delação de Messer já bombou nas redes sociais.

Ao contrário do que aconteceu com o ex-presidente Lula e com tantos outros réus da Lava Jato, espera-se que os Marinho tenham direito à defesa, se a denúncia realmente prosperar. E esse é o melhor cenário para os herdeiros do “doutor Roberto”.

Eles teriam a oportunidade de comprovar que Messer mentiu e assim restabelecer a verdade.

Se a denúncia não for aceita pelo Ministério Público, além da dúvida sobre as razões disso, os donos da Globo podem acabar “prisioneiros” de seus adversários políticos.

Situação que teria consequências pessoais funestas para eles e para o próprio futuro da emissora.

Se a TV Record já é sua principal concorrente, é bom lembrar que o genro de Sílvio Santos, dono do SBT, é o ministro das Comunicações do governo Bolsonaro e que a CNN não veio para cá a passeio.

Mesmo que a CNN ainda não esteja alcançando índices expressivos de audiência, ela dispõe de tempo e recursos para funcionar no vermelho o tempo que for necessário. Aliás, isso aconteceu no começo com a própria Globo.

Quando ela entrou no ar, em 1965, amargou péssimos índices de audiência. A campeã era a TV Tupi, de Assis Chateaubriand.

Pouco depois, Chateaubriand já começava a sentir o peso da concorrência e de nada adiantou denunciar o acordo de Roberto Marinho com o gigante da mídia estadunidense, Time-Life. Os militares golpistas, que Chateaubriand tinha ajudado a colocar no poder, não lhe deram ouvidos.

Pior. Já estavam fechados com Roberto Marinho.

Ironia das ironias, a história parece prestes a se repetir.

Até agora, a Globo divulgou apenas uma nota, lida por um visivelmente acanhado Willian Bonner no Jornal Nacional, em que os acusados negam ter contas ou fazer operações de câmbio sem declarar às autoridades brasileiras.

Por tudo isso, fica a pergunta: quem vai defender a Globo?

*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação da UFMG


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Comentários

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Zé Maria

“Meu apoio às trabalhadoras e aos trabalhadores dos Correios
que reivindicam melhores condições de trabalho, e que vem
lidando com o sucateamento da companhia cujo objetivo é a
privatização.”
https://twitter.com/ManuelaDavila/status/1295754521512153088

“Trabalhadores dos Correios estão em greve por reposição salarial
e contra a privatização. O sucateamento da empresa revela
o descaso do governo Bolsonaro com o serviço público.
Todo apoio a essa luta!”
#CorreiosEmGreve
https://twitter.com/GuilhermeBoulos/status/1295752164149731331

“Em greve, trabalhadores e trabalhadoras dos Correios
lutam por melhoria salarial e contra a privatização.
Por isso nosso apoio e respeito à luta.”
#GreveDosCorreios
https://twitter.com/LuizaErundina/status/1295899506169520129

Zé Maria

“Todo o meu apoio aos trabalhadores dos Correios que entraram em greve,
para, além de defender o patrimônio do povo brasileiro, lutar contra a retirada
de direitos previstos no acordo coletivo da categoria e por condições seguras
de trabalho na pandemia.”
#CorreiosEmGreve
https://twitter.com/LindberghFarias/status/1295780551882940417

Zé Maria

Sobre Privatização dos Correios … na Alemanha … Segue o Fio …
https://twitter.com/MariliaMoscou/status/1295872379655200768

jose carlos r. campos

Um belo artigo da professora Angela Carrato. Conseguiu sintetizar em poucas linhas um tópico muito complexo. Continue a nos brindar com mais artigos como esse professora!

a.ali

ironia das ironias!
mesmo que exista quem ñ acredita, a terra é redonda e rodando as pedras se encontram…globolixo e catrefas, e genocida, e etc… quero mais é que se explodam…

Zé Maria

https://t.co/CIJvnoKkRX

Ministro Fachin diz que TSE deveria
ter autorizado candidatura de Lula (PT)
e critica “escalada autoritária” após 2018

MInistro disse ainda que a candidatura
do ex-presidente Lula (PT) em 2018, teria
“feito bem à democracia” e fortalecido
o “império da lei”.

À época, Fachin foi o único ministro do TSE
que votou a favor da concessão do registro
de candidatura ao ex-presidente Lula.

As declarações foram dadas em palestra online
no VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral

| Reportagem: Matheus Teixeira | Folhapress, via JC-RS | 17/8/2020 |

O ministro Edson Fachin (STF) [atual vice-presidente do TSE]
afirmou nesta segunda-feira (17) que o Brasil vive uma
“recessão democrática” e que o futuro está “sendo
contaminado pelo despotismo”.

Fachin disse ainda que a candidatura do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, vetada pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), teria “feito bem à democracia”
e fortalecido o “império da lei”.

À época, a candidatura de Lula foi barrada pelo TSE com base
na Lei da Ficha Limpa —o petista já havia sido condenado
em segunda instância no caso do tríplex de Guarujá (SP).

O ministro do Supremo [e do TSE] também apontou que
houve uma “escalada do autoritarismo no Brasil
após as eleições de 2018”.

“Esse cavalo de Troia apresenta laços com milícias e
organizações envolvidas com atividades ilícitas.
Conduta de quem elogia ou se recusa a condenar
ato de violência política no passado”, declarou.

As declarações foram dadas em palestra online no
VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral.
Segundo Fachin, o país se acostumou a viver no abismo,
e a democracia vive riscos.
“As eleições de 2022 podem ser comprometidas
se não se proteger o consenso em torno
das instituições democráticas.”

Para o ministro, o futuro pode estar comprometido.
“O presente que vivenciamos, além do efeito da pandemia,
também está tomado de surtos arrogantes e ameaças
de intervenção. O futuro está sendo contaminado por despotismo.”

O magistrado citou pesquisas de opinião e ressaltou que os elevados
índices de “alienação eleitoral” e a fragilidade do apoio à democracia
demonstram, “inequivocamente, que vivemos uma recessão democrática”.

https://twitter.com/JC_RS/status/1295506947467292674
https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/politica/2020/08/752698-fachin-diz-que-tse-deveria-ter-autorizado-candidatura-de-lula-e-critica-escalada-autoritaria-apos-2018.html

Antes tarde do que nunca.
Mas é bom lembrar que o Ministro Edson Fachin, Relator da autodenominada
Operação Lava-Jato, no STF, tem costumeiramente votado contra os pedidos
da Defesa de Lula, tanto no mérito dos inquéritos e ações penais forjados
contra o ex-presidente, quanto nos casos de Suspeição do então juiz Moro.

Zé Maria

“In Fucks, We Trust”

Ministro do STF suspende sanção aplicada em 2019
ao coordenador da força-tarefa de Curitiba

Decisão de Fux dá vitória a Deltan na véspera de
julgamento no CNMP que pode afastá-lo da Lava Jato

A proximidade de Fux com a operação já havia se
tornado evidente no episódio da “Vaza Jato”

| Reportagem: Matheus Teixeira | Folhapress, via JC-RS | 17/8/2020 |

O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal),
suspendeu os efeitos da sanção administrativa de
advertência imposta em novembro do ano passado
ao coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba,
o procurador Deltan Dallagnol.

A decisão [de Fucks] mantém os julgamentos de dois
procedimentos disciplinares contra Deltan marcados
para esta terça-feira (18) no CNMP (Conselho Nacional
do Ministério Público), mas impede que a pena já
aplicada a ele seja considerada na análise dos outros casos.
Pelas regras do CNMP, o histórico do procurador deve ser
levado em consideração para definir novas punições.

O processo disciplinar em que Deltan sofreu uma
advertência foi aberto a pedido do presidente do STF,
ministro Dias Toffoli, após entrevista do procurador
à Rádio CBN em 15 de agosto.
Na ocasião, o coordenador da força-tarefa criticou
ministros do Supremo pela retirada de trechos de
depoimentos da Odebrecht da Justiça do Paraná
e o envio à Justiça de Brasília.
Segundo Deltan, os ministros que votaram nesse sentido
formavam uma “panelinha” e mandavam uma mensagem
“muito forte de leniência a favor da corrupção”.

Os dois julgamentos marcados para estar terça dizem respeito
a outros episódios.

Um dos processos foi movido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL)
e questiona a conduta de Deltan por ter feito crtíticas no Twitter ao
parlamentar. Segundo o senador, as declarações prejudicaram a
campanha dele à Presidência do Senado no ano passado.

Já no outro caso a senadora Kátia Abreu (PP-TO) acusa Deltan
de ter tido ganhos econômicos de forma ilegítima ao ser remunerado
para realizar palestras.

A decisão [do Vice-presidente do STF] representa uma vitória para a
operação e indica como a ascensão de Fux à presidência do STF, em
setembro, pode dar uma sobrevida à Lava Jato, que tem sofrido
derrotas tanto na PGR (Procuradoria-Geral da República)
quanto no Supremo.

A proximidade de Fux com a operação [lava jato] já havia se
tornado evidente no episódio da “Vaza Jato” revelado pelo
site The Intercept Brasil.
Em uma das conversas de Deltan com o então juiz da operação,
Sergio Moro, ambos deixaram claro que o magistrado do Supremo
era uma das esperanças para as investigações na corte.
Logo após a abertura do processo de impeachment contra a então
presidente Dilma Rousseff (PT), eles conversaram sobre o cenário
interno no Supremo.

“[Fux] disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. (…) Os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições. Em especial no novo governo”, relatou Dallagnol.
Moro respondeu: “Excelente. In Fux we trust”.

https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/politica/2020/08/752703-decisao-de-fux-da-vitoria-a-deltan-na-vespera-de-julgamento-que-pode-afasta-lo-da-lava-jato.html

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