Álvaro dos Santos: Civilizatoriamente, o mundo andou para trás. Dá medo!

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O Grito

O Grito, de Edvard Munch

CIVILIZATORIAMENTE FALANDO O MUNDO ANDOU PARA TRÁS. ISSO AMEDRONTA

 por  Álvaro Rodrigues dos Santos  

Tudo faz crer que estamos enfrentando algo muito mais grave que uma circunstancial crise econômica, política ou ética.

Não se faz necessário desfiar e historiar exemplos, que estão aí de roldão, seja nas decorrências políticas e sociais da crise econômica global, seja nos horrores das guerras locais e suas associadas ondas de vítimas e refugiados, seja na radicalização ideológica das disputas políticas internas, seja, incrível, no próprio retorno do risco de uma guerra global…

Fato real é que em termos de valores civilizatórios o mundo vem temerariamente retrocedendo à época em que a violência, sob todos seus matizes, se oferecia como o instrumento natural para a solução de conflitos de qualquer ordem.

A sociedade brasileira é hoje um exemplo claro dessa tragédia civilizatória.

Os valores humanistas e iluministas que marcaram a recuperação da democracia ao final do século XX, representando um alentado avanço cultural civilizatório na história brasileira, perderam grande parte de seu sentido, sendo hoje até motivos de chacotas.

A maquiavélica indústria do consumismo produziu uma massa que busca compulsivamente a demonstração dos valores materiais/sociais de sucesso que lhe enfiaram mente a dentro, o egoísmo e o sentido de tirar-se vantagem de qualquer circunstância prevalecem nas relações humanas, a gentileza entre cidadãos tornou-se um acontecimento raro e estranho, crescem em poder e selvageria o banditismo marginal e sua contrapartida nos sistemas públicos de segurança, dezenas de milhões entregam-se bovinamente às pregações obtusas e intolerantes da malandragem neopentecostal, os impulsos de intolerância, ódio e exclusão dão a nota no trato das diferenças, legitimam-se os posicionamentos fascistoides, encontrando ampla guarida e repercussão em vários segmentos da sociedade, as lutas políticas e ideológicas transformaram-se em guerras de extermínio e exclusão de adversários…

Os fatores causais desse terrível fenômeno são vários e complexos. Mas não se pode, no caso brasileiro, apequenar a responsabilidade do PSDB e do PT por estarmos, após 30 anos de reconquista da democracia, em um estágio civilizatório nitidamente mais atrasado.

Se tivéssemos à mão um indicador numérico de civilidade humana, sem dúvida o brasileiro médio hoje estaria muitos pontos abaixo do brasileiro médio de 1985. Indesculpável o total descaso dos governos democráticos que se sucederam após 85 com a formação do caráter cívico do povo brasileiro, tanto por falta de ações diretas de uma educação emuladora dos valores humanistas e de ações conscientizadoras de uma verdadeira cidadania, como pelos maus exemplos éticos oferecidos pelos administradores públicos que, ao contrário, teriam como obrigação proporcionarem-se como referências sociais de abnegação e conduta, especialmente para nossa juventude.

É difícil prever-se o que, a curto e médio prazos, poderá acontecer na sociedade brasileira. Uma coisa é certa, não será boa coisa.

A recuperação, o cultivo e o fortalecimento de valores humanistas de cidadania talvez constituam a transformação de qualidade de mais dificultosa realização dentro de uma sociedade. Ainda assim, talvez se apresente como a tarefa cotidiana de maior importância para aqueles que “sobreviveram” e tem consciência de sua essencialidade.

Geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos. Outubro 2015


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Comentários

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Edgar rocha

Que bom , Carlos, que haja realmente uma consciência autocrítica sincera da parte de muitos que olham o passado. Espero que nossa crítica avance.
Franco Atirador, quando citei 1985, foi como o ano em que se forjaram as bases de uma filosofia político administrativa para o PT, sem a qual não se chegaria à eleição da Erundina em 1988. Quis dizer que foi a partir deste ano que tudo começou a ganhar corpo. Havia movimentos sérios em minha região (Itaquera, diocese de São Miguel Paulista) em que toda a sociedade se envolvia, consciente das limitações advindas da total omissão do sistema quanto às demandas sociais. O incrível pra mim é que, naquele período em que a Globo já era a Globo, o Jânio era Prefeito de São Paulo, O PT já fervia na fogueira das vaidades de suas lideranças e, mesmo assim, conquistas sociais de fato, ocorriam diariamente. Cada luta, cada pequeno avanço era festejado. Cada derrota aumentava ainda mais a vontade do povo simples de participar ativamente. Foi isto (e não o mero acaso, como muitos avaliam) que levaram a Luiza Erundina à Prefeitura de São Paulo. Me lembro em 88 das declarações da Prefeita de Fortaleza à sua colega recém eleita: “Mostre o que fez, invista em propaganda, sempre”. Foi algo assim, que eu me lembre. Mas ela foi defenestrada pelo PT, tempos depois como você bem colocou. Contudo, há questões a serem avaliadas. Vi o eleitorado que foi pra boca de urna eleger a Erundina ir minguando, na medida que as lutas por melhoria da qualidade vida (justo estas lutas) foram deliberadamente adiadas “porque este povo pensa pequeno, em torno do próprio umbigo”. Era este o argumento pra não se atender mais a quem pedia um posto de saúde, uma creche, uma mísera rua asfaltada, uma linha de ônibus e tudo que realmente interessava ao povo recém ingressado na luta por um Brasil melhor. Minimizaram as reivindicações da própria militância inocente e cansada de viver na merda, por que “a causa”, a maldita, irritante, etérea, elitista… a filha da p* da causa que o povo não sabia direito qual era, precisava ser prioritária. Cada vez que lembro das sacanagens, dos desrespeitos, do descaso com quem podia ser hoje, o cidadão consciente e participativo, tenho vontade de socar a cara dos antigos administradores regionais de Itaquera e de toda a cidade de São Paulo! Os opositores, no entanto, aqueles que já se encontravam no jogo sujo da política, eram tratados a pão de ló, recebidos quando bem entendessem. E daí em diante, começavam a surgir as contradições e os pés das lideranças iam afundando na jaca na mesma medida em que os antigos colaboradores foram reduzidos a meros carregadores de piano ou sendo afastados, geralmente por questões “ética partidária”, como no caso da Bete Mendes. Isto como não eram simplemente vilipendiados a ponto de se atingir suas vidas na esfera particular (como alguns fazem hoje com a família do Lula)
O mote das lutas sociais, para o povo nunca foi Marx, Hegel, Weber, Socialismo, Trotskismo ou o diabo a quatro. Foi a conquista do básico que tanto fazia falta na vida do povo. Na medida que conseguiam espaço com sua luta, o interesse político surgiria e a discussão teórica seria oportuna. Colocaram o carro na frente dos bois propositalmente, como forma de justificar um projeto que só a direção do PT entendia de fato e que não contemplaria a militância chata exigindo resultados práticos. Projeto este que poderia não ser unânime, que poderia apresentar falhas, mas nunca poderia dar margem a práticas que eram combatidas. Por isto que falei que, a partir de 85 é que o PT ganhou forças para conquistar sua primeira experiência administrativa, com qualidades e defeitos que se repetiriam até a chegada à esfera Federal. Quando Lula foi eleito, foi preciso costurar com Deus e o dibo. Não havia base suficiente pra garantir uma governabilidade com certa autonomia.
No mais, muito obrigado por corrigir-me em meu comentário inexato. Meus respeitos.

Urbano

Em princípio, a essência humana nunca regride. Às vezes temos essa impressão, mas é falsa.

Álvaro Rodrigues dos Santos

No artigo procurei focar o que há de mais essencial em nossas vidas, e que deveria ser também o essencial para as estratégias de gestão ou transformação social: a qualidade humana dos cidadãos. Ou seja, seus atributos de caráter, de afeto, de capacidade de compartilhamento com o próximo. Em resumo, seu estágio civilizatório.
Sob essa abordagem, trabalhei com a hipótese de termos regredido dos patamares civilizatórios anteriormente alcançados.
Concluindo, como afirmei já no título, isso amedronta. Já que a população brasileira, em surpreendente grau de desconcientização e despolitização, mostra-se inclinada apoiar medidas carregadas de intolerância, autoritarismo e intenções excludentes. Esse é o nó górdio: já quase três décadas de governos democráticos não foram capazes, por desinteresse total desses governos com a questão, de melhor qualificar humanisticamente o cidadão médio brasileiro. O desenvolvimento econômico e social, indispensável, não traz automaticamente consigo próprio o avanço civilizatório cultural e espiritual do cidadão. Esse objetivo só é alcançado quando é assumido em sua essencialidade. E essa essencialidade, desgraçadamente, sequer foi lembrada pelos governos que sucederam o período ditatorial. O descaso com a educação básica e humanizadora é um dos sintomas mais claros dessa trágica omissão.

    Edgar Rocha

    Essencialidade que sequer foi lembrada pelos governos, muito menos foi devidamente cultivada pela esquerda que sempre usou tais valores como cerne de um projeto aglutinador. A sua relativização no decorrer da luta por espaço institucional culminou no sufocamento de uma semente que começava a germinar no solo fértil dos movimentos sociais reivindicatórios e legítimos. A “utopização” do que se mostrava possível – a saber: uma sociedade organizada, com autonomia de ação, cidadã de fato – adiou o processo graças ao argumento elitista de que militante atrapalha e que administrar pressupunha a submissão a certas regras do jogo político vigente. Regras estas que se encontravam sob ameaça com a possibilidade de uma cidadania plena. Regras que foram simplesmente adotadas na medida em que se abandonavam os movimentos à sua própria sorte, frustração e depreciação. Como resultado, o ceticismo diante das representações, a busca pela via (já corroborada por lideranças) de endosso ao jogo sujo implementado pelos setores mais ultrajantes da democracia (a corrupção no varejo e a corroboração das estratégias marginais de relacionamento criadas pela nova “realidade”, sobretudo na periferia) a exacerbação e extensão do jeitinho, do individualismo e da criminalidade, enfim, a construção do atual estado em que nos encontramos. Criou-se assim, o caldo de cultura – social, político e econômico – para a sublimação de todo tipo de ilegalidade, malandragem e truculência fascista, sem o menor indício de uma resistência substancial. Embora haja muitos críticos, cada qual grita em seu próprio auto falante, reverberando apenas o som difuso e confuso da cacofonia advinda do processo de compartimentação da demanda por cidadania. Tal demanda, agora se subdivide em gavetas: a gaveta do gênero, da idade, do funcionalismo, das corporações, das ONG’s, do ambientalismo, do racismo, etc. etc. etc.
    É assim que vejo e parabenizo-o pelo raciocínio de seu texto, sobretudo pelo estabelecimento do marco divisório temporal em 1985. Pra mim, foi ano de luta e de conquista. Ano que se despontou a primeira experiência política grande do PT. Ano em que se forjou a administração Luiza Erundina, fundando os paradigmas da administração de esquerda, para o bem e para o mal. Tudo que vi em menor escala, se repetiu e se repete em nível federal. O pensamento burguês (de direita e de esquerda) da elite intelectual paulistana deu o tom em escala nacional. Todos desejaram e desejam um país de classe média (um grande Tatuapé e adjacências, de preferência – Deus me livre!) E pouco se aprendeu.
    Meus respeitos.

    Carlos

    Edgar,
    é brilhante seu apontamento dos limites do projeto da burguesia de esquerda paulista.
    Que inclusive formou em seus colégios particulares boa parte dos atuais nominados coxinhas.

    Embora pense e insista no ponto de que a erradicação da fome e da seca como fonte de miséria e emigração do semi-árido são inflecções muito significativas vindos da terrível década 90 auge do neoliberalismo.

    Não podemos ignorar que o período democrático como apontado pelo texto, é marcado por esse ataque do funcionamento neoliberal, do mundo comandado pelo dinheiro em estado puro (o sistema financeiro internacional), e que ainda está presente fechando escolas e batendo em professores, fechando leitos públicos das Santas Casas estaduais. Discutindo privatização de partes importantes da Petrobrás.

    Vivemos tempos muito cascudos, e de uma grande encruzilhada histórica!
    O caminho da luta e emancipação histórica (do sujeito, do país e da classe) talvez só seja desmobilizado pelo pessimismo desanimador.

    É fundamental pesarmos os avanços, que são tímidos, mas significativos, e que abrem caminho para um novo potencial. Há que nos reorganizarmos, em torno de um novo projeto, que dê um passo além!

    Fica a sugestão para lembrarmos o horror da década de 1990.
    https://www.youtube.com/watch?v=DlhrziiIUvI

    FrancoAtirador

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    Prezado Edgar Rocha.
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    Devo dizer que são excelentes suas explanações,
    e que suas análises são sempre bastante oportunas
    e seus argumentos muito bem fundamentados.
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    Apenas uma Observação Histórica, no tange à Data 1985:
    .
    No Ano de 1985 (Depois de Cristo, pelo Calendário Gregoriano),
    dentre os Eventos Politicamente Marcantes Ocorridos no Brasil,
    houve a Primeira Eleição, mesmo que Indireta, de um Civil
    para Presidente e Vice-Presidente da República Federativa,
    após Sucessivos Golpes Militares, desde 1º de Abril de 1964.
    .
    Embora sob as Regras Impostas pela Ditadura dos Generais,
    já que as Eleições Diretas pelo Voto Popular foram Sonegadas,
    Tancredo&Sarney (PMDB) venceram Maluf&Marcílio (PDS)
    em Votação realizada pelos Membros do Congresso Nacional
    que compunham o então denominado Colégio Eleitoral,
    contra o qual se insurgiu o Partido dos Trabalhadores (PT) ,
    fechando questão pela abstenção do Pleito no Poder Legislativo,
    dando Motivo, aliás, para a Expulsão da Deputada Petista,
    Bete Mendes, que na ocasião votou no Candidato Peemedebista,
    em Flagrante Desobediência à Deliberação da Instância Partidária.
    .
    A MARIA QUE VENCEU OS CORONÉIS
    (http://imgur.com/8p4y9Pp)
    .
    Mas o Fato de Maior Relevância Civilizatória, ocorrido em 1985 no Brasil,
    foi a Eleição da Guerreira Quixadense, MARIA LUÍZA FONTENELE,
    para a Prefeitura de Fortaleza-CE, pelo Partido dos Trabalhadores (PT)
    – do qual foi expulsa em 1987, antes de concluir o Mandato em 1989.
    .
    “A Maria que Venceu os Coronéis” foi a Primeira Mulher na História do País
    a ser Eleita Chefe do Poder Executivo Municipal em uma Capital de Estado,
    a desbravadora que abriu Caminho para a Vitória de Luíza Erundina, pelo PT,
    nas Eleições Municipais de 1988, à Prefeitura de São Paulo, Capital Paulista.
    .
    Foi o Primeiro Grande Passo para que se elegesse a Guerrilheira Dilma Vana.
    .
    (http://www1.uol.com.br/bibliot/linhadotempo/contandoanos.htm)
    (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tancredo_Neves#.22Diretas_J.C3.A1.22_e_o_col.C3.A9gio_eleitoral)
    (https://pt.wikipedia.org/wiki/Fl%C3%A1vio_Portela_Marc%C3%ADlio)
    (https://pt.wikipedia.org/wiki/Bete_Mendes)
    (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/05/1285003-minha-historia-fui-torturada-em-1970-e-denunciei-o-coronel-ustra.shtml)
    (http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-03/ha-30-anos-poder-votava-aos-civis-no-brasil)
    .
    (https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Lu%C3%ADza_Fontenele)
    (http://www.cibertecadecordel.com.br/detalhe.php?id=4799)
    (http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/7268/1/2002-DIS-FJSCALIXTO.pdf)
    (http://gthistoriacultural.com.br/VIsimposio/anais/Matilde%20de%20Lima%20Brilhante.pdf)
    (https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiza_Erundina#Prefeitura_de_S.C3.A3o_Paulo)
    (http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2012/11/27/noticiasjornalpolitica,2961098/2012-2711po1710a.shtml)
    (http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-08-11/ex-prefeita-de-fortaleza-e-1-mulher-eleita-na-capital-lidera-boicote-ao-voto.html)
    (http://sindifort.org.br/documentos/caderno_8demar%C3%A7o4.pdf)
    (http://blogconvergencia.org/?p=1821)
    .
    Um Abraço Camarada e Libertário.
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Urbano

Está se iniciando o trabalho de separação, mas depois do caos, certamente virá a bonança limpinha e lustrosa, com bem menos fascistas e menos danosos…

    Otto

    Por acaso vossa senhoria não é a favor do “destruir tudo, para depois começar do zero”, pois não?

FrancoAtirador

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Adentramos no Milênio do Expurgo Inevitável:
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Ou os NaziFascistas expurgam a Democracia
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Ou os Democratas expurgam o NaziFascismo.
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Em toda a História da Humanidade,
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o Retrocesso Civilizatório foi Aparente,
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não Substancial, porque foi Transitório,
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e, por Circunstancial, não foi Absoluto.
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!Fascistas! Não Passarão!
!Hasta La Victoria! Siempre!
(http://imgur.com/p9cM6et)
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    ROCHA NETO

    Lembram-se da frase: ” Todos os caminhos levam à Roma”… todos os caminhos foram desfeitos e a humanidade amargou 1.000 anos de trevas. Roma deixou de ser o centro. Portanto, a humanidade pode sim, sofrer algum retrocesso em seus direitos e liberdades. O lado bom, é que nada é eterno. Uma mudança de polos. Uma nova ordem já dá sinais de vida. Não que o mundo vá deixar de ser capitalista. Até, se tornará mais capitalista, ainda. Não é o FIM do Capitalismo. Porém, os EUA, perderão a hegemonia mundial. O Brasil, por ser muito grande e rico, inevitavelmente, será um dos protagonistas da nova ordem.

    FrancoAtirador

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    Os Períodos Históricos fixados ao longo do Tempo
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    e a Divisão do Planeta Terra em Ocidente e Oriente
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    são Convenções Humanas Fictícias Relativamente.
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    Na Verdade, a História, como a Ciência, é Contínua
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    “e atropela Indiferente todo aquele que a negue”.
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    “O que Brilha com Luz Própria Nada Póde Apagar”.
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    “E é na Escuridão do Céu que Brilham as Estrelas”.
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    CANCIÓN POR LA UNIDAD DE LATINOAMÉRICA
    (Pablo Milanés e Chico Buarque de Holanda)
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    El nascimiento de un mundo
    Se aplazó por un momento
    Fue un breve lapso del tiempo
    Del universo un segundo
    .
    Sin embargo parecia
    Que todo se iba a cabar
    Con la distância mortal
    Que separó nuestras vidas
    .
    Realizavan la labor
    De desunir nossas mãos
    E fazer com que os irmãos
    Se mirassem con temor
    .
    Cuando passaron los años
    Se acumularam rancores
    Se olvidaram os amores
    Pareciamos extraños
    .
    Que distância tão sofrida
    Que mundo tão separado
    Jamás se hubiera encontrado
    Sin aportar nuevas vidas
    .
    E quem garante que a História
    É carroça abandonada
    Numa beira de estrada
    Ou numa estação inglória
    .
    A História é um carro alegre
    Cheio de um povo contente
    Que atropela indiferente
    Todo aquele que a negue
    .
    É um trem riscando trilhos
    Abrindo novos espaços
    Acenando muitos braços
    Balançando nossos filhos
    .
    Lo que brilla con luz propia
    Nadie lo puede apagar
    Su brillo puede alcanzar
    La oscuridad de otras costas
    .
    Quem vai impedir que a chama
    Saia iluminando o cenário
    Saia incendiando o plenário
    Saia inventando outra trama
    .
    Quem vai evitar que os ventos
    Batam portas mal fechadas
    Revirem terras mal socadas
    E espalhem nossos lamentos
    .
    E enfim que paga o pesar
    Do tempo que se gastou
    De las vidas que costó
    De las que puede costar
    .
    Já foi lançada uma estrela
    Pra quem souber enxergar
    Pra quem quiser alcançar
    E andar abraçado nela
    .
    (https://youtu.be/zzp3tBSghIc)
    (https://youtu.be/zR9grCBssrk)
    (https://youtu.be/Z2JZq7ARat8)
    .
    (http://mgar.com.br/blog/?p=98)
    .
    .

Sérgio

Some-se a tudo isso a facilidade da comunicação globalizada e de massa instantânea proporcionada pela internet. Centenas de milhões de pessoas de toda e qualquer parte do planeta interagindo on-line. Milhões de semi-analfabetos trocando as mais estapafúrdias informações. Todos querendo seguidores, quanto mais deles melhor. Uma mentira, um ¨ouvi dizer¨, espalha-se pior do que o mais mortal dos vírus. Informações falsas e tendenciosas como verdades. O poder nos bilhões de dedos. Os baixos-instintos à solta protegidos pelo anonimato…
A barbárie planetária já é mais que um ovo dentro da serpente. É para dar medo, sim. Terror e pânico é o mais correto.

Carlos

Não podemos entrar nessa de pessimismo a toda prova!
Estamos num Brasil que erradicou a fome, e que toda criança está matriculada em escola. O futuro será muito melhor que o presente!
Um futuro que caminha pra todo mundo ter um smartphone conectado na internet, se informando, descobrindo sobre seus direitos e sobre sua condição material, sem o filtro dos empresários de mídia.
A morte brutal, a covardia humana, sempre foi “natural” para os excluídos do mundo, nós brancos é que agora nos damos conta da miséria humana pelo fato de tomarmos conhecimento de como isso se dá em detalhes.
Em 1985 a vida era melhor para os brancos! E só pra eles!

Edgar rocha

“Mas não se pode, no caso brasileiro, apequenar a responsabilidade do PSDB e do PT por estarmos, após 30 anos de reconquista da democracia, em um estágio civilizatório nitidamente mais atrasado.”
Ia dizer Aleluia! mas fiquei com medo de me chamarem de neopentecostal. Até que enfim, começamos a olhar o passado com um certo distanciamento salutar. É o ponto de partida, sr. Álvaro, para o início da purgação. Purgação inevitavelmente atrasada. O olho do furacão começa a jogar a todos para o escanteio da tempestade. Agora, em meio a detritos mil, poder-se-á ter consciência da falsa bonança de quem está no centro, enquanto as periferias já se encontram há muito arrasadas e plenamente conscientes do caráter pernicioso destes efêmeros paradigmas. Efêmeros e arrasadores, como um tornado.
Quem sabe agora, os que observavam tudo do centro tranquilo e protetor, possam entender fenômenos como a permeabilidade social ao discurso de desqualificação da política e, no caso do PT o porquê de, em seus redutos históricos mais sólidos, o PT e a Dilma tiveram um desempenho no máximo sofrível, como é o caso do ABC Paulista. Por que o conservadorismo de fortes contornos fascistas tomou as ruas do sudeste de forma descarada, em apoio ao que pretendem destruir a democracia, mesmo sendo por ela privilegiados graças aos moldes conciliatórios da política pública Federal e ao poder central do mesmo fascismo representado pelos Governos Estaduais com suas respectivas polícias. Nada disto, nada destas forças até recentemente subterrâneas – percebidas apenas pelos setores mais periféricos e negligenciados da sociedade – foi considerado perigoso, reprovável ou até mesmo irreconciliável durante a falsa “luta política” travada apenas na superfície da vida política. Agora que esta luta se tornou real, descobriu-se que esta não é a realidade que querem os que mandam no país. Só agora, depois de milhares de jovens mortos nas periferias, de favelas incendiadas em São Paulo sazonalmente, de favelas vilipendiadas por UPP’s no Rio… Esta é a realidade que não se esperam que se estendam para além de seus limites sociais e geográficos. Será que vão contê-la? O mundo cão sempre foi a base do pragmatismo político, tanto de esquerda quanto de direita. A vida é assim mesmo, política é isto. E os que dele participam se consideraram herois acima do ideal ou do bom senso. A falsa realidade agora, se tornou real e os atinge também. Não há mais omissão e cooptação que segure a besta fera jungiana que eles despertaram. Ela se chama Ares. E pela primeira vez, Dionísio fora esquecido por estas paradas. Ele e o onipresente Pã. Esperam oblações. Receberão? Ora, quem hoje acha que eles são a realidade?

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