“Alípio caiu vítima do genocida”, diz Ivan Seixas sobre morte do militante Alípio Freire, de covid, aos 75 anos de idade

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É exatamente a impunidade dos criminosos de ontem que estimula, naturaliza, banaliza e torna impunes os crimes, chacinas e massacres do presente. Hoje esses mesmos crimes são cometidos contra a população de baixa renda das periferias das cidades; contra os trabalhadores rurais e camponeses pobres; estão presentes nas torturas e assassinatos nas sombrias salas de ‘interrogatório’ das delegacias e outros órgãos públicos do presente. Alípio Freire

Alípio Freire caiu vítima do genocida. Nesses tempos de covid e de reinado do genocida e sua quadrilha, me sinto como nos tempos de nossa luta contra a ditadura, que a cada dia ficávamos sabendo da morte de uma companheira ou de um companheiro. Naquela época, nos dava força para continuar a vontade de derrotar o inimigo e encostá-los todos no paredão e justiçá-los em nome dos caídos. Já não usamos armas, já não temos a esperança de encostar essa gente fascista no paredão, mas meu ódio pelo fascismo é talvez até maior. Alípio Freire, presente! Agora e sempre! Ivan Seixas, ex-preso político

Sua morte é uma grande perda para os movimentos sociais e sindical. Seu legado continuará inspirando a luta pela democracia e justiça social no Brasil. Toda nossa solidariedade aos familiares, amigos, companheiros e camaradas de Alípio. Nota de pesar do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Da Redação

Morreu hoje de manhã em São Paulo, depois de uma longa luta contra a covid 19, o jornalista, escritor, poeta e artista plástico Alípio Freire, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Ele tinha 75 anos de idade.

Durante a ditadura militar, integrou a Ala Vermelha, que combateu o regime através da luta armada. Preso na Operação Bandeirantes, na rua Tutóia, em São Paulo, foi torturado.

Cumpriu pena no Presídio Tiradentes de 1969 a 1974, o que posteriormente retratou em co-autoria do livro “Tiradentes, um Presídio da Ditadura”.

Também produziu o documentário “1964: Um golpe contra o Brasil”.

Alípio militou ao longo de toda a vida.

Em 2010, diante da ameaça de ministros militares contra a apuração dos crimes de Estado cometidos pela ditadura, escreveu uma carta aberta ao então ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi, que dizia em parte:

Gostaria sinceramente de me orgulhar das nossas Forças Armadas, que nos deram homens da envergadura de João Cândido, Luiz Carlos Prestes, Apolônio de Carvalho, Henrique Dufles Teixeira Lott, Alfeu D’Alcântara Monteiro, Carlos Lamarca — para ficarmos apenas no universo dos nomes mais conhecidos publicamente, sem citar os milhares de Marco Antônio da Silva Lima, José Raimundo da Costa, Otacílio Pereira da Silva, José Mariane Alves Ferreira, Onofre Pinto e tantos outros, alguns dos quais constam da lista daqueles que foram assassinados e outros que, além de assassinados, tiveram seus cadáveres ocultados — os “desaparecidos”, por ordem de seus antigos companheiros de farda.

A verdade, porém, é que a cúpula atual das nossas Armas, em sua grande maioria, pouco difere daqueles energúmenos que rasgaram a nossa Constituição com o golpe de 1964, e instalaram o Terror de Estado, para garantir os privilégios da elite econômica, o esbulho da classe trabalhadora e do nosso povo, e instituir consignas aviltantes, do tipo “O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”. Assim, por maior que sejam a minha boa vontade e meu esforço nesse sentido, não há como nos orgulharmos de instituições comandadas por políticas desse tipo. Mas, um dia as mudaremos, também.


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