Advogado-chave na Lava Jato é acusado de “vender” depoimentos, reforçando pedido de Tacla Duran para “revisitar as delações premiadas”

Tempo de leitura: 3 min
Reprodução TV Globo e TV Câmara

Da Redação

A denúncia é da Pública.

O advogado Antônio Figueiredo Basto, homem-chave nas mais importantes delações da Lava Jato, é acusado de “vender” o conteúdo de delações de clientes.

Basto foi o advogado que cuidou da primeira delação de Alberto Youssef, no escândalo do Banestado, em 2003. Também apresentou ao MPF, à época, o doleiro Clark Setton, sócio de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”.

Só que Setton, ao fechar acordo com procuradores, omitiu que era sócio de Messer. As atividades ilegais de Messer só foram comprovadas em 2018 e hoje corre na Justiça Federal uma ação para anular a delação de Setton.

É incerto se Basto, o advogado, sabia da relação entre ambos.

Na Lava Jato do Rio, Basto teve como clientes os irmãos Renato e Marcelo Chebar.

Em Curitiba, foi o intermediário da segunda delação de Youssef, que corroborou depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, à Força Tarefa comandada por Deltan Dallagnol.

Basto também atuou nos acordos de delação do ex-diretor da estatal Renato Duque e dos empreiteiros Ricardo Pessoa e José Antunes Filho, além de advogar para o doleiro Lúcio Funaro.

Agora, com base em informações obtidas a partir da prisão de Dario Messer, o advogado é acusado de arrecadar propinas para oferecer “proteção” aos doleiros junto a autoridades públicas.

A acusação diz que Basto “vendeu” proteção mas não entregou: ficava com o dinheiro.

Uma conta do advogado e de seu sócio Luís Gustavo Flores foi localizada na Suiça com saldo de U$ 3,9 milhões, sempre segundo a reportagem da Pública.

Quando a Polícia Federal prendeu Messer, em 2018, descobriu uma mensagem dele a outro doleiro, Najun Turner, sugerindo que um dos subornados era o procurador Januário Paludo, o veterano da Força Tarefa de Curitiba.

Uma investigação sobre o caso foi arquivada por falta de provas.

Paludo nega.

Messer, em depoimento, diz que Basto cobrou U$ 200 mil para que o nome de um doleiro do Paraguai não fosse citado na delação de um cliente.

O doleiro Marco Antônio Cursini, que delatou Basto ao MPF, disse que em 2010 pagou U$ 400 mil a Basto e seu sócio Flores para que seu nome não fosse mencionado numa CPI no Congresso. Ele apresentou registros do pagamento.

Por ter vários clientes que fecharam acordos com a Lava Jato, o potencial para Basto combinar depoimentos com omissões ou acusações falsas e trocar por dinheiro é imenso.

Cursini contou aos promotores que, em 2017, ajudou os advogados a repatriar o equivalente a R$ 8 milhões em dinheiro vivo.

Flores foi buscar o dinheiro na casa do doleiro, encheu o porta-malas de sua Land Rover com as notas e foi para o campo de Marte, em São Paulo, de onde voou para Curitiba num avião particular.

O MPF encontrou provas dos pagamentos mensais feitos pelos doleiros a Basto no Exterior entre 13 de setembro de 2006 e 19 de março de 2013.

Embora a investigação não tenha apontado autoridades suspeitas de recebimento de suborno, por coincidência neste período Alberto Youssef e Dario Messer, ambos clientes de Basto, agiram livremente.

O advogado Rodrigo Tacla Duran foi um dos primeiros a denunciar a existência de uma “indústria” de delações em Curitiba.

Ele diz que fez um acordo para pagar U$ 5 milhões ao advogado Marlus Arns e evitar sua prisão pela Lava Jato.

U$ 612 mil teriam sido pagos, antes dele desistir do acerto.

Marlus nega.

Tacla Duran acusa o compadre do ex-juiz federal Sergio Moro, o advogado trabalhista Carlos Zucolloto Junior, de intermediar negociações paralelas entre ele e a Lava Jato de Curitiba, para fechar acordo de delação.

Zucolloto diz que é mentira.

Originalmente, sempre de acordo com Tacla Duran, a Lava Jato queria cobrar dele uma multa de U$ 15 milhões e que ele cumprisse pena em regime fechado.

Zucolloto, segundo Tacla Duran, disse em conversa por aplicativo que reduziria a pena para U$ 5 milhões de multa e prisão domiciliar, desde que recebesse um pagamento “por fora”.

O advogado afirma que depois do contato com o padrinho de casamento de Moro recebeu uma novo proposta de acordo.

Por e-mail, os procuradores  Julio Noronha e Roberson Pozzobon teriam mudado a proposta original e oferecido a ele as mesmas condições oferecidas por Zucolloto.

Tacla Duran viajou para a Espanha, país do qual tem cidadania, e é considerado foragido pela Lava Jato.

Ele já fez vários pedidos para que seu caso seja investigado: “Chegada a hora de revisitar as delações premiadas, orquestradas por rufiões de delatores que foram pagos por empreiteiras para celebrar acordos em conluio, premiados pela Força Tarefa de Curitiba”, escreveu no twitter.

Em junho do ano passado, o PGR Augusto Aras retomou as negociações para fechar acordo de delação premiada com Tacla Duran.

Abaixo, a íntegra das denúncias do advogado à CPMI da JBS e a denúncia do MPF contra Basto e outros.

O depoimento de Tacla Duran na CPMI da JBS

Denuncia figueiredo-basto de Luiz Carlos Azenha


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Zé Maria

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“Trem fantasma”

Na Coluna da Jornalista Mônica Bergamo

O ministro da Justiça, André Mendonça, foi questionado por ministros do STF
(Supremo Tribunal Federal) sobre a revelação de que a delegada Érika Marena,
que coordenou investigações da Lava Jato, lavrou o depoimento de uma testemunha
sem que ele tivesse ocorrido de fato.
O ministro, ao qual a PF é subordinada, afirmou que averiguaria os fatos.

FANTASMA
O procedimento de Marena foi revelado em diálogos entre os procuradores
Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior que foram hackeados.

FOGUEIRA 
Na conversa, Dallagnol disse que Marena poderia “sair muito queimada nessa”
e que “pode dar falsidade contra ela”.

POR ESCRITO 
O Ministério Público Federal do Paraná afirma que o depoimento citado
foi do delator Fernando Moura, que disse uma coisa à PF e depois
negou perante a Justiça …
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ONDE ESTÁ
O advogado Nythalmar Filho, investigado por supostamente tentar cooptar clientes
para defendê-los na Lava Jato do Rio de Janeiro sob o argumento de que teria
acesso livre a Procuradores e ao juiz Marcelo Bretas [sic], acionou a OAB
para que seu caso permaneça no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

ENDEREÇO  
Ele estava sendo investigado no Rio —mas o presidente do STJ, Humberto Martins,
determinou que o inquérito fosse enviado à Corte.
A razão: a investigação envolve Procuradores da República, que têm foro privilegiado.

PÓLVORA  
Nythalmar tem sido visto pela advocacia como uma espécie de homem-bomba,
detentor de informações preciosas sobre procedimentos da Lava Jato do Rio.
Ele já buscou gabinetes de Brasília, inclusive da PGR (Procuradoria-Geral da
República), para contar a sua história.

SELEÇÃO 
Na petição à OAB, o advogado reclamou de as investigações terem, até agora,
“se restringido tão somente a esse causídico”.
Ele afirma que a seletividade “presume a culpabilidade deste requerente
e a inocência das citadas autoridades [procuradores e o juiz Bretas]”,
o que “não atende aos anseios sociais de transparência e publicidade”.
“A restrição”, segue, “apenas fomenta mais dúvidas acerca da atuação das ditas autoridades”.

ASSINATURA  
Jovem, Nythalmar, que tem 30 anos, começou a chamar a atenção pelos clientes
que conquistava para defender na Lava Jato, e que antes eram atendidos por
bancas renomadas.
Ele sempre negou as acusações e disse se guiar pela ética e boas práticas da
profissão.
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Estava visto que as Falcatruas da FTLJ de Patifes de Curitiba
iria espraiar nas Forças-Tarefas do MPF de Outros Estados.
Há constante troca de Informações sobre Procedimentos
da ‘Lava-Jato’ entre Procuradores e Juízes em todo o País.
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