Dennis: Negro, enfermeiro, vencedor!

Tempo de leitura: 3 min

Negro, Enfermeiro, Vencedor!

por Luana Diana dos Santos Tolentino

A semana que passou foi de muita festa por aqui. Dennis, meu irmão mais velho, concluiu a graduação. Se antes tínhamos um técnico de enfermagem na família, agora temos um Enfermeiro. Para minha mãe, Dennis é um Doutor.

Assumo a minha tietagem. Dennis é apaixonado pela profissão que escolheu. Com entusiasmo, fala dos pacientes que pode auxiliar, principalmente dos idosos. Com indignação, expõe a precariedade do serviço de saúde no município em que trabalha. Com pesar, conta as histórias das mulheres agredidas por seus companheiros, dos viciados em crack, dos alcoólatras e dos jovens vítimas de armas de fogo. Nesses casos, a conversa nunca chega ao fim. Sempre o interrompo. Meu espírito não suporta tantas mazelas.

Foram quatro anos e meio para terminar a faculdade de Enfermagem. Dennis estudou a vida inteira em escola pública. Logo que concluiu o ensino médio, optou pelo curso técnico. Por vocação e pela certeza que a remuneração permitiria pagar as mensalidades em uma Universidade particular. A vida acadêmica foi dividida entre os plantões durante a noite, as aulas à tarde e os trabalhos aos finais de semana. Uma verdadeira luta!

Dentre os 50 formandos, Dennis era o único negro. E ainda há quem jure que vivemos numa democracia racial. Como? No Brasil, o número de estudantes negros matriculados no ensino superior não ultrapassa a casa dos 4%. Quando falamos dos cursos ligados à área da saúde, como Medicina, Odontologia e Enfermagem os dados são ainda mais perversos. Os afro-brasileiros correspondem a 0,8 e 1% do corpo discente. Se por um lado a maioria das vagas nas Universidades são ocupadas por brancos, filhos da classe média e oriundos de escolas particulares, no lado oposto está a juventude negra: grande parte é proveniente de famílias pobres, ingressam em cursos considerados “de menor prestígio social”, em horário noturno, e assim como o Dennis, em instituições privadas.

Durante a colação de grau, Dennis chorava copiosamente. Parecia uma criança. O lenço não foi suficiente para conter as lágrimas. Restou esquecer as regras de etiqueta e usar as mãos para secar o rosto. Enquanto isso eu questionava o porquê daquele choro que parecia não ter fim. Será que ele se lembrou dos que disseram que a faculdade não é para preto? Talvez tenha se recordado da professora que, “sem intenção de ofender”, afirmou ter dificuldades de enxergá-lo após uma queda de luz. Pode ser que tenha vindo em mente o amigo que, ao vê-lo vestido de branco, perguntou em tom de deboche se ele era pai de santo. Não. Acho que ele pensou na paciente que não aceitou ser atendida por um negro.

Minhas tentativas de descobrir o motivo de tantas lágrimas foram em vão. Acredito que nunca saberei. “Só quem sente, sabe”. Contudo, essas suposições evidenciam o caráter ardiloso e dissimulado do racismo brasileiro. Ao ascender socialmente, o negro não está imune à discriminação racial. Dessa forma, fica claro que associar o preconceito como resultado das diferenças entre classes sociais não passa de mera falácia. No imaginário popular, homens e mulheres negras tem um lugar pré-estabelecido na sociedade, e quando deixam de ocupar papéis subalternos, são vistos com desconfiança ou como sujeitos “fora do lugar”. Exemplos não faltam. Para ficar somente na esfera pública, relembro o assassinato do jovem boxeador Tairone Silva, morto por um policial militar em Porto Alegre no mês de março. Em Salvador, o vice-prefeito Edvaldo Brito já foi parado quatro vezes em blitz desde que assumiu o cargo. Policiais soteropolitanos precisavam saber o que um negro fazia num carro oficial.

Mas nem tudo está perdido. Desde a segunda metade dos anos 90, com a participação ativa do movimento negro, presenciamos um crescente debate em torno da necessidade de ações afirmativas que propiciem a inclusão e a permanência de afro-descendentes em Universidades, principalmente nas públicas. A aprovação do sistema de cotas em algumas instituições, a implementação da Lei 10.639/03, a criação de órgãos como a SEPPIR e o aumento expressivo de Núcleos de Estudos sobre a população negra nos campos das Ciências Humanas e Sociais fazem parte desse momento histórico. Embora não tenha agradado a todos, a sanção do Estatuto da Igualdade Racial em 2010 também deve ser vista como um sinal de novos tempos.

Na formatura, Dennis era exceção. Como o Ariano Suassuna, sou uma “realista esperançosa”, e por isso creio que um dia finalmente alcançaremos a democratização do acesso ao ensino superior. Caminhamos lentamente para que isso aconteça, bem sei. Importa é que os passos sejam firmes, cheios de esperança e coragem. Dennis é um vencedor, assim como tantos jovens que entenderam que poderiam alçar voos mais altos e romper com processo de invisibilidade e marginalização a que foi impelida a população negra desde que pisou em solo brasileiro. É chegada a hora de enxugar as lágrimas e exigir o que nos é de direito: a igualdade de participação e de escolha.

Parabéns, Dennico!

*Luana Diana dos Santos Tolentino é  Historiadora e Professora da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais.

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Comentários

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BLOG DE ZULU ARAÚJO « CONEXÃO AFRO

[…] Fizemos o boletim de ocorrência e na segunda iremos fazer a representação contra o cara, que fugiu. Na hora tinha gente na rua, então temos testemunhas. Abriremos um processo, certos da morosidade para que o culpado seja punido, uma vez que o Brasil insiste em negar o quanto é um país racista. Não. A minha luta não é em vão. Enquanto estiver nesse mundo continuarei lutando para que nós negr@s sejamos tratados com respeito. Meu irmao não é um ” preto filho da puta”. Muito pelo contrário: ele é um “Negro, Enfermeiro, Vencedor”! http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/a-vitoria-de-dennis-negro-enfermeiro-vencedor.html […]

Elenice

Parabéns pela inciativa….temos que fazer valer os nossos direitos. Tô junto com vcs até o fim. Amo negros!!! Meu marido é negro, lindo e maravilhoso…Elenice Vidal Prata

“Preto Filho da Puta” | Zulu Araújo

[…] filho da puta”. Muito pelo contrário: ele é um “Negro, Enfermeiro, Vencedor”! http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/a-vitoria-de-dennis-negro-enfermeiro-vencedor.html Abraços em […]

Poliana

Ele é um exemplo para a família…Quem o conhece não esquece jamais.
Parabénssssssss.

Geralda

Parabéns a você Denis, a sua familia que eu tenho certeza muito te apoiou nos momentos dificies. Exemplos como o seu ajudam pessoas que estão na mesma situação seja por ser negra, homossexual ou de qualquer outra minoria social. Luana, que belo texto, parabens pelo irmão, e por conseguir expor de maneira clara e poética os seus sentimentos.

T. Sanches

Dona Carmam Leporace não merece participar de debates civilizados, imagine de uma comemoração que coroa a luta do Dennis. Ela não tem educação, é racista e é casca grossa mesmo. Pensar diferente é completamente diferente de antice. Um exemplar perfeito da "elite" que votou no Serra e não se conforma de ter perdido. Nem acredita ainda que perdeu. Se antene, minha senhora. Ou então se enforque e deixe de ficar enchendo a paciência das outras pessoas.

Dennis Magno

Realmente Carmam eu não sei medir pressão, eu sei AFERIR pressão!

FrancoAtirador

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Que os "Dennis" se multipliquem pelo Brasil.
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José Alceste

ORGULHO NEGRO
Solano Trindade

Eu tenho orgulho de ser filho de escravo…
Tronco, senzala, chicote,
Gritos, choros, gemidos,
Oh! que ritmos suaves,
Oh! como essas cousas soam bem
Nos meus ouvidos…
Eu tenho orgulho em ser filho de escravos..

Solano Trindade – Poeta pernambucano, filho de um sapateiro (Recife, 24 de julho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1974). Emigrou para São Paulo. Foi operário e colaborou na imprensa. Trabalhou no cinema e manteve um grupo teatral folclórico por vários anos.
Solano Trindade foi poeta brasileiro, folclorista, pintor, ator, teatrólogo e cineasta.
Escreveu Poemas de uma Vida Simples e Cantares do Meu Povo.

Grinaldo

Parabéns, Dennis !

Desejo muito sucesso nesta jornada.

ze carlos

Denis parabens.bom exemplo para juventude

Maria Amélia

Emocionante… Todo sucesso aos Dennis do Brasil que batalham, que vão em busca de um lugar que lhes foi negado mais emfim conquistado por mérito, suor, dignidade…

Brasília, 26/4/2011

Mão de Obra

O Brasil não tem um Prêmio Nobel da Paz e desperdiçando talentos (negros, indios) continuará sem conseguir por muito mais tempo. Aqui sómente grupos sociais que dominaram todas as áreas de poder são considerados donos de todos os lugares, portanto a diversidade que é considerada um valor no mundo aqui é desvalorizada. Como destruir a mentalidade escravocrata e a mentalidade de que o capitalismo, a competitividade, o individualismo é o que determina o progresso de um país. A democracia moderna é a que integra todos os povos, a que distribui riqueza, que implanta a reforma agrária , que possibilita que todos tenham acesso à saúde, educação de qualidade, salário digno. Priorizar sómente o capitalismo sem pensar no desenvolvimento humano é ficar fora de um mundo mais humano e solidário.Será considerado país de primeiro mundo os que tiverem a capacidade de preparar seus jovens para atuarem em qualquer país do mundo. Mão de obra qualificada é blá, blá, blá.

Handerson

Tenho uma história um pouco parecida com a do Dennis, so que ao invés de fazer o curso técnico em enferemagem na minha cidade so tinha no ensino público o curso técnico em agropecuária, e o fiz, era a melhor escola pública da cidade. Depois fiz a faculdade de enfermagem na Ufba. Hoje estou cursando o mestrado e sou professor na faculdade que me formei. Breve terei dois capítulos escritos em um livro; ja fui apresentar trabalhos em congressos fora do país e fui elogiado por grandes nomes na área que estudo. Nem eu mesmo acreditava…

    Conceição Lemes

    Parabéns, Handerson. Abs

    Mévia

    Parabéns, Handerson…

    Chato Nildo

    Será que com nome "chique" facilita?
    Só estou divagando…sem ofensas.

aurica_sp

Que belo texto. Parabéns ao Dennis por sempre acreditar que seria capaz de se formar e seguir a vocação por amor à profissão. Ah e guardadas as devidas proporções creio que não fará o que alguns médicos que se formam na USP por imposição do pai "Doutor" e examinam os pacientes como se fossem apenas um pedaço de carne, sem ter um mínimozinho de vocação para a profissão. Mais uma vez parabéns ao Dennis

jesumar

Dennis quero te dar os parabens, pela sua insistencia e te contar que sentir,talves foi a mesma coisa que voce sentiu na minha formatura em 1978, havia somente eu e mais um negro numa turma de mais 100 formandos em ciencia contabeis e administração pela puc minas. sucesso na sua carreira.

Marcia Costa

Denis: muito sucesso e toda felicidade do mundo pra você! Obrigada, Luana, por nos trazer uma notícia tão linda que mantém acesa a chama da esperança de um novo país, mais justo, mais igualitário, mais solidário.

Jose Bentes

E pensar que o primeiro ser humano era negro e nasceu na mama Africa. Essa cor desbotada mais conhecida por branca aconteceu quando os negros foram se aventurando por terras de pouco ou quase nenhum sol e foram perdendo a melanina até chegar a ausência total de cor que muita gente se orgulha.
Imagine se o primeiro ser humano tivesse sido um branco, nem quero pensar.

Jose Bentes

Lindo, lindo, lindo, parabéns Dennis, que Deus te abençõe.

Luci

O Dennis tem uma família que o apoiou e orientou nos momentos de superação e perseverança. Em nosso país milhares de crianças são orfãs e não terão apoio familiar para superarem obstáculos. A injustiça, exclusão e a violência contra pobres é banalizada. E as crianças que vivem nas ruas, nos grotões de miséria como poderão enfrentar algumnas situações apontadas neste texto?A Constituição Federal afirma que "Todos são iguais perante a lei", mas sabemos que uns são mais iguais que outros, e que os infelicitadamente sem família não tem futuro, não terão vitórias para comemorar.São talentos que o país desperdiça e não vislumbra que a Educação, Saúde, Moradia, proteção à Infância e a Maternidade devem ser prioridade para combater a miséria e para planejar e construir uma Nação reconhecidamente democrática e objetivando o progresso.

ricardo silveira

Muito bonito o texto, cheio de afetividade e realidade.

Carmam Leporace

Será que ele aprendeu alguma coisa???

O Brasil foi ranquiado com o último lugar do mundo em ensino superior…. Esse Nunca Dantes…

Se foi numa dessas universidade do PRO UNI, esse rapaz não sabe nem medir pressão, seu paciente estará frito.

    Aline C. Pavia

    Agora é "Carmam"? Seu prozac além de vencido está adulterado filho.

    Maldoror

    Não é verdade sua afirmação… Essa pesquisa a qual a senhora se refere foi feita em apenas 36 países (ficamos realmente em último lugar) e mensurou apenas o percentual de alunos graduados. Não houve qualquer avaliação sobre a qualidade do ensino e dos alunos. Fonte (você não colocou a sua): http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=

    Mévia

    Olha o preconceito aí Genteeeeeeeeeeeeee….

Antropólogo

É a exceção que confirma a regra.
Parabéns!

Conceição Lemes

Silvia, por favor, letras minúsculas nos próximos comentarios. abs

    Silvia

    Tem um motivo de ter colocado as letras maiúsculas…se possível, leia o comentário. Obrigada!

Madalena Mello

Será que me lembrei daquela "bondosa" professora que tive lá pelas bandas de Bauru/SP, quando aos 9 anos de idade (3ª série primária) minhas tranças foram desmanchadas por ela e meus cabelos bagunçados para mostrar aos outros coleguinhas de sala que meu cabelo era "RUIM" e com muita farra e gargalhada serví de atração turística na sala de aula?
Ou será que me lembrei da vendedora da loja que ao ser interrogada (POR MIM) se tinha tal número e tal cor de uma sandália, ela prontamente respndeu: "…olha senhora, temos modelinhos mais baratos…" E por mais que me esforce não me lembro de ter perguntado o preço da sandália…
Parabéns irmãos DA MINHA COR. Não vamos chorar mesmo. Vamos exigir o que temos direito.
POR CAPACIDADE, POR DIGNIDADE, POR RESPEITO e… COM MUITA LUTA

    Mévia

    Engraçado, Madalena a sua postagem me lembrou um caso que aconteceu comigo, perguntei quanto custava uma saia e a vendedora respondeu que era muito cara, só que eu disse para ela que que não perguntei se era cara, mas, quanto custava… E cheguei a conclusão que não precisava comprar só para provar para ela que eu podia comprar. Também lembrei de uma vez que entrei numa loja do shoping e duarante 15 minutos fui ignorada pelas vendedoras e pela gerente, isso porque entrei para comprar apenas uma blusa, fui a outro shoping e na mesma loja da rede comprei não apenas uma blusa, mas, várias peças, isso porque as vendedoras já me conheciam… Há! Só para lembrar, não existe cabelo ruim, apenas cabelo. Tem um detalhe, apesar de ter ascendencia afro não tenho pele escura, mas, nem por isso deixo de ser afrodescendente…A luta continua

Silvia

DENNIS! QUERO AQUI PARABENIZÁ-LO POR ESSA VITÓRIA! SEI QUE TERÃO OUTRAS MIL, POIS VOCÊ MERECE! FIQUEI MUITO ORGULHOSA AO LER ESSE TEXTO TÃO BEM ESCRITO POR MINHA PRIMA E MESMO DE LONGE IMAGINEI E TAMBÉM QUIS SABER O POR QUÊ DO SEU CHORO, CONSEGUI TE VER CHORANDO POR MESMO DISTANTE DESSA REALIDADE SABER ALGUNS PERCALÇOS QUE PODERIAM TER TE DEIXADO TRISTE. MAS QUERO TE DIZER PRA CHORAR DE ALEGRIA, DE ORGULHO DE SI MESMO E DESSA FAMÍLIA LINDA QUE TENS, POIS SE CONSIDERE UM VITORIOSO, POIS AS COISAS MELHORES DA VIDA SÓ QUEM É IMPORTANTE COMO VOCÊ CONSEGUE E TEM! TIVE QUE ESCREVER TUDO EM MAIÚSCULO PRA QUE VOCÊ SINTA A MINHA VONTADE DE TE DAR UM ABRAÇO DE PARABÉNS NESSE MOMENTO LINDO DA SUA VIDA! A SUA PROFISSÃO É MARAVILHOSA! TENHA MUITO SUCESSO! PRA MINHA PRIMA SÓ TENHO A DIZER QUE FOI MUITO FELIZ NAS PALAVRAS E QUE A AMO MUITO! BJOS DA Silvinha, prima de vcs! bjos

Mévia

Tendo recebido esta notícia através de um professor, acredito que valha a pena, realmente, ler uma noticia como essa, mas, as pessoas estão esquecendo que independente da pigmentação da pele, somos em grande maioria afrodecendentes, então já cheguei a conclusão que o racismo e a exclusão não é definitivamente de forma nenhuma, exclusividade dos negros, mas, da grande maioria de pobres deste país, e cada vez que uma pessoa que faz parte dessa massa consegue chegar a algum lugar de destaque, através dos estudos merece ser aplaudido de pé. Parabéns Dennis, que muito mais negros ou pobres consigam alcançar o seu sonho, deixem de ser uma noticia, e passem a ser olhados com naturalidade, porque batalharam muito para chegar onde você chegou… Grande Abraço… E muito, muito sucesso para você.

Luci

Parabéns ao Vi o Mundo que possibilita entendermos que o racismo brasileiro é uma luta constante, é o que Mano Brown denominou sobreviver no inferno. Muitos lutaram, alguns perderam forças e desistiram.
Dennis conseguiu e a família está junto nesta certeza de que barreiras foram superadas, sem apoio do Estado, aquele a quem pagamos impostos (os pobres ganham menos e pagam proporcionalmente mais impostos que os ricos). As histórias de sofrimento que Dennis conta à família acontece em vários cantos deste país, porque a estrutura da Casa Grande está intacta.O choro do Dennis é o de muitas famílias que jamais verão o filho ou a filha ter um diploma de universidade. O racismo brasileiro é cruel. Somos todos iguais!
Dennis desejo-lhe sucesso.

Bruno

Parabéns para o Dennis, de verdade. Espero de coração que faça, independente de sua cor, melhor que uma grande parte dos profissionais de saúde formados nos dias de hoje, desumanizados e indiferentes ao sofrimento dos pacientes.

@Daiane_Bessa

Que lindo! Parabens Luana e Denis.

    Gilson Nascimento

    Dennis meus parabéns irmão espero que possamos triunfar perante esta sociedade hipócrita,venho de uma familia grande somos em 10 irmãos todos tão negros quanto a noite e aqui em casa dos 10 irmãos ,7 tem diploma em nivel superior e dos 7,3 pós graduados.para cada um que se formava minha mãe se tornava um exemplo para o nosso bairro e os hipócritas queriam saber como esta familia conseguia fazer isto?

Dennis Magno

Obrigado pessoal!!!! Yes!!!!!!!!!

    Luci

    Dennis estamos aguardando o convite para o jantar de comemoração pela formatura.
    Afinal são 50 formandos e voce merecidamente és notícia aqui no Vi o Mundo, sua história de luta e vitória, contada pela irmã, a profa. Luana (admiradora e incentivadora) está sendo lida por milhões de internautas, é para comemorar.

    Gilson Nascimento

    Dennis meus parabéns irmão espero que possamos triunfar perante esta sociedade hipócrita,venho de uma familia grande somos em 10 irmãos todos tão negros quanto a noite e aqui em casa dos 10 irmãos ,7 tem diploma em nivel superior e dos 7,3 pós graduados.para cada um que se formava minha mãe se tornava um exemplo para o nosso bairro e os hipócritas queriam saber como esta familia conseguia fazer isto?
    E a resposta era acreditar que podiamos superar a tudo e a todos, coisa que voce fez por acreditar que era possivel um negro sair do lugar pré estabelecido desde que deixamos a senzala que é ser servil e não negros estudados e estudiosos meus parabéns,devemos a cada dia romper a barreira que nos impede deavançar estou contigo nesta caminhada irmão e a cada negro que se forma sinto-me orgulhoso estamos conquistando o espaço que é nosso por direito.Parabéns mais uma vez

Gerson Carneiro

Observando a estatística sobre a participação de jovens negros no corpo discente das universidades apresentada no texto, cresce a minha sensação de que de fato foi um deboche da Maria Cristina Poli, apresentadora do Jornal da Cultura, quando na semanan passada afirmou que "a falta de mão de obra na construção civil se deve porque os jovens não se interessam mais por essa profissão".

Diante da referida estatística e da afirmação da Maria Cristina Poli, pergunto: para aonde estão indo os jovens negros, então? Sim porque a maioria dos pedreiros e serventes que conheço são negros. Conheço um único pedreiro que é descendente de japonês (fiquei surpreso até).

Na verdade entendi que a Maria Cristina Poli usou da estratégia recorrente do PIG de não reconhecer as altas taxas de empregabilidade promovidas pelo situação econômica favorável gerada pela administração do ex-Presidente Lula. Ou seja, a escassez se deve ao fato de que não há pedreiro que não esteja trabalhando.

    Maldoror

    É a lavagem cerebral… Ser pedreiro ou empregada doméstica não dá IBOPE. O pobre, graças à mídia, passou a ter preconceito e vergonha de si próprio. Também caiu no conto do vigário de que existem "profissões de rico" e "profissões de pobre". A doméstica da minha casa casa trocou seu emprego de 30h semanais de seg a sex e 2 salários, por um de 44h e 1 salário. Deixou de ser "empregada" para ser "telefonista", pirou MUITO sua qualidade de vida, mas resgatou sua "auto-estima". Quem diabos inventou essa história de que pedreiro não pode ganhar dinheiro? E de que empregada doméstica tem que receber um ou dois salários? O pior é que acreditam nisso, não se organizam e se deixam explorar… Tem muito médico e advogado por aí vivendo pior que pedreiro e empregada doméstica…

Gerson Carneiro

Quanto à manifestação de discriminação racial apontada em Salvador-Bahia, o que mais me choca é que praticamente o efetivo da Polícia Militar da Bahia é formada por negros. Então enxergo um quê a mais de crueldade nos fatos de discriminação racial ocorridos em Salvador.

Anoil

Eu gostaria de que alguém explicasse o porquê de ainda não ter aparecido nenhum grupo cotista com rendimento acadêmico inferior aos demais. Não é um grande mistério que os antes tidos por incapaz para fazer curso superior agora produzam isso?

    Henri

    Sem querer bancar o chato, mas estudo direito na UERJ, que é um curso ainda tradicional aqui, e vejo que o desempenho dos alunos cotistas é sim inferior ao dos não-cotistas, sem falar na falta da tal "base cultural" que se torna bem perceptível em alguns casos: os alunos não conseguem ler textos em línguas estrangeiras em disciplinas em que esses são indispensáveis, como direito internacional, por exemplo; não participam de grupos de pesquisas porque não têm nota para isso e/ou interesse e só conseguem estágio em órgãos públicos, porque os escritórios particulares exigem muito em seus processos seletivos, como CRs altos e, quando se formam, geralmente vão trabalhar em cargos menos privilegiados no mundo jurídico, como auxiliares e oficiais de justiça…

    Enfim, falei isso apenas porque acho que parte do debate sobre cotas perde sua credibilidade com algumas pesquisas que negam o que dá errado nesse sistema. A própria UERJ, que se orgulha ter sido a primeira estadual a implantar o sistema, faz vista grossa, omitindo dados de suas pesquisas, que comprovam que os alunos cotistas só conseguem se equiparar aos não-cotistas, ou superá-los, em cursos menos "badalados", como serviço social, pedagogia, história etc. Em engenharia, medicina, direito e administração, a coisa não anda muito boa para quem ingressou por cotas.

    Elza

    'Sem querer bancar o chato, mas estudo direito na UERJ, que é um curso ainda tradicional aqui, e vejo que o desempenho dos alunos cotistas é sim inferior ao dos não-cotistas, sem falar na falta da tal "base cultural" "

    Meus deus, quanto preconceito nessas frases heim Henri? A questão de bom ou mal desempenho ñ está relacionado a cor da pele ou co-tistas e não cotistas, e sim as oportunidades que são oferecidas como bons salários, emprego, lazer, saúde, educação, tanto um negro como um branco podem apresentar mal desepenho e um branco tbm pode se achar incapaz de ñ cursar um curso de medicina ou odontologia.

    Na minha percepção, o seu comentário está recheado de preconceito é só ler nas entrelinhas, só mais algumas linhas…. "faz vista grossa, omitindo dados de suas pesquisas, que comprovam que os alunos cotistas só conseguem se equiparar aos não-cotistas, ou superá-los, em cursos menos "badalados", como serviço social, pedagogia, história etc." …… porque vc acha q/ serviço social, pedagogia, história são cursos menos "badalados"? será que vc teria "base cultural" para me responder o significa "zang Fu". Só uma formação acadêmica ñ dá "base cultura" ñ viu Henri.

    Eu não sou negra, mas fui pobre, filha de pais semi analfabetos, nordestina e toda mnh formação educacional foi em escola pública, do fundamental a Universidade, nem vou lhe falar das minhas grandes realizações como profissional e como pessoa, porque ñ é esse o objetivo e continuo realizando e só pra terminar, eu tenho amigas que têm mestrado, são doutoras realizados em São paulo e um dia eu falando pra uma, vale salientar não é negra, que eu estava passando por algumas transformações subjetivas, a mesma cheia de espanto me perguntou "o que é isso? pra vc ver nem sempre ter um título de "doutor" significa se ter "base cultural", precisa-se também estudar no livrão da vida.

    Jair

    Me responda só uma pergunta, Henri. Você é oriundo do ensino público ou conseguiu vaga na UERJ vindo de escola particular ou curso pré-vestibular?

    Hector Binker

    Tenho algo a comentar. Sou loiro, de uma família de doutores e escolhi ser músico justamente pelo pedantismo crônico que meus primos e até irmãs tem em relação a profissão. No hospital onde trabalham meus familiares surgiu um negro cardiologista e não durou 1 ano, tamanha a pressão psicologica e desmerecimento que ele sofreu (isso são palavras da minha mãe, único braço são naquele hospício de casta social). Diria que as tais profissões "badaladas" como medicina não tem muitos negros porque são tão racistas e classistas que ninguém nem se dá ao trabalho de se inscrever nelas tamanho vexame social que é passar pelo que o Pedro passou. E em tempo, minha ex namorada era negra, da periferia, fala francês, inglês e alemão, tem doutorado na França e nunca teve problemas pra ler textos extra. Aprendeu como qualquer outro estudante que não teve chances: correndo atrás do prejuízo. O fato de não saber uma língua previamente não diz absolutamente nada. Nem me espanta, no entanto que na área juridica (conservadora e racista como é) negros acabem em empregos subalternos. O mesmo ocorre na área médica. Mas também, você já viu algum médico de grande hospital que não seja um mauricinho rico cheio de privilégios? O que eu mais ouço em minha própria familia é frases de primos dizemdo que tem nojo de tratar do povo "feio, fedorento e negro". Com essa mentalidade não me espanta o baixo índice de negros que tentem essas vagas. Pelo menos nos crusos de pedagogia, história e afins existe um movimento negro e tolerância maior. A saúde nesse país é uma vergonha, e não é por causa do SUS, é pelos funcionários dessa área mesmo. Escolhi não compactuar com essa miséria intelectual. Sou uma ovelha negra na minha familia, mas não me arrependo disso. Fui humilhado até por ter uma namorada negra. O Brasil é um país racista, classista e preconceituoso. Infelizmente. Mas ainda vou ter um filho mulato, escrevam… hehehehe Sö minha opinião.

Denise Pacheco

Parabéns Dennis,Luana!
São conquista de muitas lutas rompendo muitos preconceitos e racismo.
Más sabemos que cada Negro e Negra que formam no curso superior é uma grande vitória,pois sabemos quanto nós e caro, sabemos também o que quermos é muito mais a juventude Negra hoje vem com garra e ousadia eu acredito neles , o que consiguimos até hoje ainda está enacabado.
Felicidades e vamos Avante!! A felicidade é guerreira

Eduardo

Sou negro, universitário, faço doutorado na USP e sei bem o que este rapaz deve ter passado, pois a população negra neste espaço é quase inexistente. Concordo também com a Luana, e acho que ela tem muita coerência naquilo que diz. A igualdade virá aos poucos, a conta-gotas, e é preciso ter força (e paciência) para alcançar os nossos objetivos na busca de uma sociedade cada vez menos injusta.

Parabéns ao Dennis e à Luana também!

Fabio_Passos

No Apartheid Social brasileiro os negros são vítimas do preconceito de classe somado ao preconceito contra a melanina.
Creio que as ações compensatórias, ao contrário do que previam os críticos, conservadores ou não, já trazem bons resultados ao Brasil. Se há uma prioridade para o Brasil, um dos países mais injustos do mundo, é reduzir a injustiça. Saber que aos poucos reduzimos as injustiças causadas pelo preconceito é muito bom. E muito melhor será reduzir a injustiça a passos largos.

SILOÉ

Parabéns Denis!!! Que sua história de hoje em diante seja comum, mais tão comum que deixe de ser notícia.

Elton

Relato emocionante! Parabéns a este menino, a luta NUNCA termina em um país como o nosso, com os fascistas de plantão!

rodrigo.aft

Dennis,

um grande YES!!!! (socando para cima o ar, com força, com semblante vencedor)

tenho o maior orgulho de pessoas, q, contra tudo e contra todos, fazem sua parte bem feita e provam q a avaliação alheia estava errada.

e, Luana, não são só os negros q comem o pão q o diabo amassou para educar seus filhos ou parentes.
discriminação há em todo lugar, algumas vezes mais aberta, outras mais velada.
pessoas humildes de outras etnias sofrem, e bastante, para educar seus filhos, inclusive com extremo esforço pessoal, abrindo mão de confortos mínimos para pagar colégio ou, até melhor, faculdade a filhos ou parentes.

no mercado, ao atuar profissionalmente, o jogo do poder torna-se mais violento qto mais vc sobe, mais armadilhas as pessoas de má índole vão te colocando no caminho.
Ninguém quase quer brigar por um cargo de auxiliar de serviços gerais, mas por um cargo de diretora (por ex. no seu caso) ou de enfermeiro-chefe (por ex. no caso do Dennis), aí vc começa sentir q cor já não é um impecílio, é briga de cachorro grande contra cachorro grande, d qquer cor.

Eu sempre joguei limpo, e procurei sempre prestigiar e conviver com os mais competentes, mostrando o meu trabalho e não pedindo favores a ninguém, e incentivando os mais despreparados a estudar mais, se dedicar mais, sem jogar sujo para subir, mas o q vc vê na maioria dos casos, é a formação de "turmas" e dívida de favores mútuos entre os componentes do grupinho, a famosa "panela" (às vezes, quase QUADRILHA), passando pelo uso de drogas no grupo e até "favores" sexuais, chegando a fraudes contra a empresa… nisso é fácil entrar… DIFÍCIL É SAIR!!!!

conselho a vcs dois: não façam da sua vida um livro aberto no ambiente profissional… pessoas pouco éticas podem usar o q saberm de vcs contra vcs mesmos; procurem não trazer problemas de casa para o trabalho e nem levar trabalho (e relacionamentos profissionais) para casa… vcs não sabem quem são as pessoas… demora anos para saber quem é quem dentro de um ambiente profissional (eu sempre evitei, inclusive, ter relacionamentos afetivos no trabalho – fora do trabalho, divirta-se!).

muita sorte e tudo d bom pra toda turma aí!!!

Paulo A. Fernandes

Massa demais Luana! Muitas felicidades pro Dennis; e que ele seja mesmo o que deve ser um enfermeiro: um cuidador de pessoas enfermas. É uma bela profissão.
O alerta é porque também ando muito desiludido com médicos que não gostam de gente e enfermeiros que não querem saber de cuidados com o doente, pois muitos esquecem que são responsáveis pelos cuidados. A maioria de pessoas formadas em enfermagem vão para cargos administrativos, de gerência ou fazem pós em Saúde Pública. É uma desgraça que as pessoas mais preparadas para o cuidados estejam em funções desviadas, deixando o cuidado para quem tem menos habilitação.

    Maldoror

    Para quem não é capixaba fica a dica: massa = legal, bacana.

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