A greve da Defensoria Pública na Paraíba

Tempo de leitura: 3 min

por Luiz Carlos Azenha

Na Paraíba, já está sendo chamada de “greve do fim do mundo”, me informa o dr. Fernando Enéas de Souza, de João Pessoa. A respeito da greve dos defensores públicos do Estado, que já completou 11 meses, ele escreveu:

DEFENSORIA PÚBLICA — INSTRUMENTO DE CIDADANIA

A defensoria pública do nosso estado – Paraíba-, em todos esses anos a fio, não tem recebido a devida atenção e respeito por parte do poder executivo estadual.

Por parte do executivo estadual, a defensoria pública não tem, ainda, se permitida o livre exercício a voz, nem o respeito devido à sua condição de instituição essencial à própria justiça .

Em todos esses anos, entra e sai governo e tudo que ouvimos é que todos são “sensíveis” à causa da nossa defensoria e para com seus defensores.

É de perguntar para óbvia resposta: porque esse descaso? Qual o motivo dessa possível raiva ou rancor que se tem ao tocar nesse assunto que – mais parece TABU – diz respeito a defensoria pública?

Seria preconceito, pelo fato dessa instituição ter se constituído em ancoradouro dos excluídos?

Seria pelo fato de sua clientela ser composta na totalidade por pessoas excluídas de recursos?

O fato é que, a defensoria é das ferramentas a mais essencial a serviço da cidadania.

E, aí vai um exemplo de suma importância: se a Paraíba tivesse uma defensoria forte, pelo menos mais da metade da população carcerária do Estado não existiria!

No entanto, em todos esses largos e extenuantes anos , todos os governantes se vem fazendo surdos em reconhecer o óbvio ululante, como diria o saudoso Nelson Rodrigues, que é a extraordinária importância da nossa defensoria.

Por quê?

Quando se sabe que o perfeito funcionamento dessa instituição traria ganhos incalculáveis para a nossa população, substanciais ganhos sociais e, mesmo (pasmem!) à economia do estado.

É o que aponta diagnósticos sobre a defensoria pública realizados pelo próprio Ministério da Justiça com apoio do programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD-ONU).

Aponta tais estudos a importância dessa instituição para a melhoria dos indicadores sociais da nossa população.

E, é fato comprovado que, nas cidades onde existe uma defensoria pública estruturada, os valores do índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são melhores.

Mas a forma como vem sendo tratada a nossa instituição constitui grave desrespeito a tudo que nós representamos. E de igual desrespeito à Constituição.

E, por via de conseqüência um desrespeito profundo à maioria do povo paraibano que dela dependem.

A forma como nós defensores públicos, integrantes dessa instituição – a defensoria pública – vimos sendo tratados: muito mal remunerados e sem condições mínimas de trabalho, se constitui em verdadeiro golpe a efetivação da justiça e, nesse aspecto nos distanciamos do que reza a previsão de nossa Carta Magna.

Responsáveis por mais de 90% (noventa por cento) das demandas judiciais, somos desperdiçados como material humano; descartáveis; desnaturada a nossa identidade e, a nossa categoria, enfim, andamos na contramão dos avanços das políticas públicas.

Em termos salariais, a diferença entre juizes, promotores e defensores públicos é aviltante e desproporcional.

AD EXEMPLUN, o promotor de justiça ganha em inicio da carreira mais de R$ 11.350,17 e se aposenta com mais de R$ 22.111,25.

Um defensor público ganha em inicio de carreira em torno de irrisórios R$ R$ 5.600,00.

Faz-se necessário uma real autonomia orçamentária, funcional e administrativa plenas. Condutos essenciais para permitir uma atuação livre na defesa intransigente da população desassistida.

É necessário por parte do poder executivo, reconhecer na prática, que a defensoria pública não é somente meio de acesso ao poder judiciário, mas, principalmente, forma de inclusão social e instrumento essencial para assegurar o exercício pleno da cidadania.

De outra banda, um dos principais objetivos da nossa Carta Magna é erradicar a pobreza e marginalização e reduzir as desigualdades sociais – art. 3, III, CF/88 – e para atender esses objetivos, entre outros
meios, existe a real necessidade de se instrumentalizar o acesso da maioria excluída à justiça, pois enquanto a pobreza, a marginalização e as desigualdades sociais representarem a maioria não se pode falar em
exercício da cidadania.

O fortalecimento de nossa instituição, portanto, é essencial, à paridade de armas, em especial com o ministério público.

O abismo entre as duas instituições – defensoria versus ministério público – é enorme fosso, não somente na escala salarial, mas igualmente na falta de estrutura.

Ao poder público, no caso o executivo, compete fazer compreender que uma defensoria pública forte é do interesse de toda a sociedade, na medida em que o defensor é a única ferramenta que pode garantir às camada mais carentes de nossa população o acesso à justiça.

Para que se possa implementar a cidadania, em respeito a democracia e a nossa Carta Cidadã, cabe ao estado honrar o seu dever constitucional que é o de proporcionar aos desassistidos cidadãos paraibanos, um eficiente acesso à justiça.

Mas, para tanto se faz necessário uma defensoria à altura da demanda social existente.

Se faz imperioso que o trato com as questões essenciais à justiça seja tratada pelo poder executivo, com o respeito e a dignidade que a cidadania merece.

Do contrário, a função social e democrática do estado se constituirá em mera falácia por parte de governantes descomprometidos com a pratica social de nossa gente.

Fernando Enéas de Souza
Defensor Público do Estado da Paraíba


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Comentários

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Cristiano Matos

Apoio os colegas da Defensoria Pública da PB, Para fazer valer o direito à paridade de armas, urge a efetivação da autonomia e se essa autonomia não respeitada, então, que as Associações e a própria Defensoria Pública Geral igresse com ação judicial para efetivar a Constituição Federal, art. 134 e 168 da Carta Magna. Preciso saber que o STF já decidiu a matéria, bem como o TJ-MA. Aqui no MA, a Defensoria Pública foi perseguida pelo Poder Executivo e pela PGE, no Governo Jackson Lago, de modo que a instituição ingressou com diversas ações judiciais e, agora, está colhendo o louro da EFETIVA AUTONOMIA, com devidas repercussões no subídio. Basta ver que 03 Promotores de Justiça largaram o MP e vieram ser Defensores Públicos.
Greve é legítima, porém, incompatível com a qualidade de agentes políticos que são os Defensores Públicos, como tb não se pode imagimar greve para juiz e para deputado e para promotor.

MARRI

DEMITAM OS DEFENSORES PÚBLICO DA PARAÍBA QUE NÃO SÃO CONCURSADOS E ABRAM CONCURSO PÚBLICO, AÍ SIM, PODE-SE REIVINDICAR EQUIPARAÇÃO SALARIAL,POIS TODOS OS JUÍZES E PROMOTORES SÃO CONCURSADOS, ELES NÃO..

clemes

Marinalva, por favor, letras minúsculas nos próximos comentários. Abs

MARINALVA

O QUE É INTERESSANTE É QUE AQUI NA PARAÍBA FIQUEI SABENDO QUE NENHUM DEFENSOR PÚBLICO FEZ CONCURSO PÚBLICO. TODOS ENTRARAM ATRAVÉS DE POLITICAGEM, DE APADRINHAMENTO ESSE DR. FERNANDO AÍ NUNCA PRESTOU PROVA EM CONCURSO, ELE E OS OUTROS. O QUE DEVERIA SER FEITO ERA QUE O GOVERNO ABRISSE CONCURSO E OS QUE JÁ ESTÃO COMO DEFENSOR TAMBÉM FIZESSEM A PROVA, AÍ SIM SE APROVADOS TERIAM DIREITO A RECEBER COMO PROMOTOR OU JUÍZ, QUE PARA PODER ESTAR EM QUALQUER COMARCA TIVERAM QUE QUEIMAR AS PESTANAS ESTUDANDO. SEI QUE TEM DEFENSOR PÚBLICO NO ESTADO DA PARAÍBA QUE ERAM FUNCIONÁRIO DO ESTADO E DEPOIS DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 88 É QUE COMEÇARAM A TRABALHAR COMO DEFENSOR PÚBLICO. É BOM QUE O GOVERNO DA PARAÍBA VEJA ESSAS SITUAÇÕES PARA QUE SE FAÇA JUSTIÇA..

José M. Carneiro

O único culpado por tanta falácia sobre a distância do salário do Defensor e do Promotor ou Juiz, REPITO, O ÚNICO CULPADO É O ETERNO GOVERNADOR JOSÉ MARANHÃO, QUE ACABOU DE DAR NO FIM DO ANO PASSADO DOIS AUMENTOS PARA OS PROMOTORES E UM PARA OS JUÍZES. E DEPOIS ALEGA QUE SE DER TAMBÉM PARA OS DEFENSORES DESCUMPRE A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL, ORA, ELE FOI QUEM DESCUMPRIU A LEI COM OS CITADOS AUMENTOS (QUEM QUISER PODE CONFERIR).
MARANHÃO, que quer se eternizar como governador, este é o QUARTO MANDATO, está pouco se lixando com os pobres da Paraíba, 80% são pobres e precisam de DEFENSORES, ele odeia os mesmos e não cumpre a Lei que dá Direito à isonomia com promotores e juízes porque assim está pisando nos pobres, ou vocês acham que ele(POLÌTICO DE CARTEIRINHA) ama a pobreza paraibana? O responsável por esta pobreza toda é ele mesmo que está conseguindo se manter no cargo há 20 anos mais ou menos muitas vezes de forma escusa e oportunista. SE O POVO NÃO TEM ACESSO À JUSTIÇA (DEFENSORES SEM RECEBER ISONOMIA), COBREM DO ÚNICO CULPADO – GOV. JOSÉ MARANHÃO!!!

Bruno Morais

Compartilho o entendimento dos defensores públicos. Hodiernamente um advogado com bom conhecimento e atuante no mercado consegue auferir renda, a médio prazo, acima do que os defensores estão ganhando que descontados os tributos o valor deve girar em torno de apenas R$ 4000.00 mil reais. E o concurso para defensoria exige anos de estudos após a facultade para lograr exito na aprovação. Como entendo um absurdo o que os professores de todos os níveis de escolaridade, e delegados de alguns estados, recebem de subsídio.

    José M. Carneiro

    Caro Bruno, dissestes bem amigo.
    No entanto, o Governador da Paraíba dá aumento todos os anos para os Promotores, Juízes, Desembargadores e Procuradores do Estado, como esses últimos, no final do ano passado QUE ACABOU POR INFRINGIR A "LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL", ou seja, só tem reajuste para os Grandes do funcionalismo paraibano.
    "SÓ GANHA QUEM JÁ TEM"!, E QUEM NÃO TEM VIVE A SE LAMENTAR. Cadê a Procuradoria da República que não tem
    coragem de intervir no Estado. José Maranhão vive descumprindo a lei de responsabilidade fiscal em favor de sua esposa a Desembargadora, em favor dos Juízes e dos promotores, e é por isso que o Judiciário paraibano anda ao lado de José maranhão, com exceção dos "mendigos" Defensores Públicos dos quais Maranhão não precisa mesmo, por isso ele não cumpre com a isonomia, paridade de salários ou como queira se chamar. Abraços!
    At..,
    JoséM. Carneiro

Fernando Enéas

Trabalho na DP/PB em 02 Comarcas do interior da Paraíba. Na atual greve componho aqueles 30% exigíveis ao trabalho. Nas Comarcas em que trabalho não me limito apenas ao tecnicismo jurídico. Percorro bairros, promovo palestras e busco educar a população em torno dos seus direitos fundamentais: violência contra a mulher

    Marcos Miranda

    Parabens pelo trabalho. Sou Servidor do Tribunal de Justiça do Estado de Sao Paulo, em greve a mais de 80 (oitenta) dias.
    é inacreditavel o descaso do poder publico.
    A luta continua

Fernando Enéas

Trabalho na DP/PB em 02 Comarcas do interior da Paraíba. Na atual greve componho aqueles 30% exigíveis ao trabalho. Nas Comarcas em que trabalho não me limito apenas ao tecnicismo jurídico. Percorro bairros, promovo palestras e busco educar a população em torno dos seus direitos fundamentais: violência contra a mulher; da criança e do adolescente; dos idosos; dos sem teto e sem terra. Em uma das comarcas em que atuei, no alto sertão da Paraíba, fui agredido pelo prefeito local, sem que o Estado me proporcionasse qualquer assistência (tenho fotos e documentos). Mais de um vez fui agredido por juizes e de outras vezes por promotores (tenho documentos) vitima da juizite e da promotorzite. Nos meus deslocamentos (que vão muito além dos gabinetes refrigerados dos chefes) não tenho direito a auxilio de transporte, alimentação, moradia, combustível. Os meus locais de trabalho foram tomados de empréstimo ao poder judiciário local. São locais de improviso onde se acomodam 03 pessoas, no máximo, sem ar refrigerado, sem material de expediente. Tive de comprar um laptop de segunda mão e dele me sirvo. Atendo em média entre 30 a 50 pessoas por dia e ainda me repeso em audiências. Desconheço lazer. Não tenho casa própria. Tenho viajado todas as semanas, pago combustível e alimentação com o que ganho e os consertos constantes do velho Pálio 1.0 que me leva e traz nas esburacadas estradas do interior da Paraíba Não são poucas as vezes que tenho ido atender pessoas em presídios distantes da Capital do meu Estado, muitas vezes aos sábados e domingos. Os meus telefones pessoais são de domínio público das pessoas carentes de justiça às 24 horas. Tenho tudo documentado e possuo centenas de fotografias. Visitem minha página de ORKUT:
Dr. Fernando: um advogado de trabalhadores. Acessem o GOOGLE: defensor público fernando eneas.

Fernando

Azenha,

Tem um tema que politico e jornalista algum tem coragem de questionar, investigar e divulgar:
Altos salários de juizes e promotores.
Logicamente medo de represálias, mas seria um ótimo tema para ser abordado por um artigo seu aqui, ou melhor, uma matéria na Record.

Apenas citando o texto da Greve de Defensoria Pública da Paraíba, o salário INICIAL de um promotor é R$ 11 mil, um Coronel do Exército tem salário inferior e acredito que os dois primeiros postos de General tb tenham salários inferiores. Se não me engano, apenas o posto mais alto do exército, o General de Exército tenha salário semelhante (no Brasil temos pela ordem, Coronel e depois três postos de General).

Em minha opinião, duas grandes distorções, o General deveria ser melhor remunerado e o promotor em inicio de carreira deveria ter um salário inferior e compatível com a sua falta de experiência.

O mesmo serve para juizes.

José Lucena

Uma categoria que fica em greve por um período de 11 meses não tem mais nada o que reclamar. Estão de greve mas recebem seus salários, provalvelmente, a grande maioria exercem atrividades parelelas e se locupletam.
E os líderes deste grupo?
O mais provável é que exista uma acomodação geral, falta de interesse de se voltar ao trabalho pois, assim está muito bom e rentável, só uns poucos estão realmente preocupados.
O povão óóóóóóóóóóóóóóó, é que está no mato sem cachorro.

José Américo

A rigor, assiste razão ao Defensor, em muitos dos fatos aí elencados, embora tenha falado teoricamente, em grande parte.

A falta de estrutura é presumível. A Defensoria é um órgão jovem e que não atrai, ainda, a atenção dos governantes estaduais. É muita ingenuidade achar que a greve da Defensoria paraibana é fruto somente de uma reivindicação salarial. São raros os 'órgãos públicos estaduais, principalmente aqui no Nordeste, que possuem, de fato, condições de trabalho de bom nível – nem falo em "alto nível".

Os salários altos pagos a auditores, promotores e magistrados acabam por fazê-los "ignorar" a falta de estrutura. Eles sabem que investimentos maiores podem amputar futuros aumentos. No caso da Defensoria paraiba, afora a lamentável declaração de que um salário de R$ 5.600,00 é irrisório, em que pese ter tido como parâmetro os subsídios de outras categorias, tal valor nunca será irrisório, seja na Paraíba ou em qualquer outro lugar do Brasil.

É um valor, talvez, incompatível com a demanda e complexidade do serviço prestado pelos Defensores, além da sua relevência, claro. No entanto, é um salário razoável, para o início da carreira. Apesar disso, nessa briga, alguém vai ter que ceder. O serviço não pode parar e tão pouco o governo deve ficar parado, sem oferecer novas condições aos servidores grevistas.

Por fim, concordo com alguns comentaristas: há uma distorção na remuneração e carreira de Promotores, Magistrados e outras carreiras, em que os servidores já começam com um salário pouco abaixo do topo da carreira. Isso PODE, não quer dizer que vá, obrigatoriamente, provocar acomodação. Acho que deveria ser um salário menor, durante o estágio probatório, ao cabo do qual se daria um aumento substancial, atrelados os aumentos, futuramente, a alguns fatos objetivos, como especializações, mestrados, Doutorados, ascensão na carreira, etc.

Fernando

Força aos grevistas!

Viva o fortalecimento da DPU, DPDF e DPEs.

Gabriel

De fato, a situação das defensorias públicas nos Estados demonstra o descaso com a população de baixa renda no Brasil.
A defensoria pública é uma instituição de suma importância no diminuição das desigualdades. No entanto, muitos defensores espalhados pelo Brasil ainda não se deram conta de sua missão. Ora, se incumbe aos defensores zelar pelos interesses de pessoas de baixa-renda, o que uma greve de 11 meses pode trazer de benefícios para o povo? Infelizmente é uma tendência do funcionalismo público, ao que me parece, se tornar classista e defender tão apenas os interesses de seu órgão.
Imagino que a greve também defenda uma melhor estrutura para a Defensoria que, se posso imaginar, deve ser precária. Contudo comparar o salário de um defensor com o de um promotor (que no Brasil inteiro são absolutamente altos e desproporcionais) é de um egocentrismo terrível.

Antonio Araujo

Que dinheiro vai pra iniciativa privada!!!!!!!!!!!!!!!

Antonio Araujo

Defensoria Publica é pra quem precisa (sujeito indefinido).
Sou de Campina Grande-PB e preciso da Defensoria,mas, nada é normal por aqui.E o Tribunal de Justiça "num ta nem ai" com a situação.
Espero que o CNJ tome parte na situação.

Thiago Leal

Texto horroroso de se ler, como é costume dos juristas. Um monte de linhas-parágrafos, todas tontas, enrolando e embromando o real pedido do texto: que defensores públicos ganhem o mesmo que juízes! Francamente. O salário de um juiz e de um promotor é que são absurdos. O combate deve ser para diminuir esses salários ofensivos à classe trabalhadora, e não criar outro cargo que ganhe cinco dígitos num país em que o salário mínimo é de R$ 510,00. Isso sim seria cumprir "um dos principais objetivos da nossa Carta Magna [que] é erradicar a pobreza e marginalização e reduzir as desigualdades sociais – art. 3, III, CF/88". Mas parece que o defensor público acima, interessado em melhorar a sociedade, tem outro interesse que se sobrepõe a tanto, muito privatístico, aliás.

O que realmente me interessa e não foi abordado no texto do Fernando Enéas é com relação às condições de trabalho. Estão ruins como? Falta estrutura? Equipamentos, prédios, pessoal? Então isso não se resolve aumentando salários, e sim aplicando esse dinheiro em aquisição do apoio material e concursos para mais pessoal. Muito simples.

    Gabriel

    Exatamente!! Faltam pessoas vocacionadas na defensoria.

    Thiago Leal

    Pelo que consta da minha experiência, "vocação" é uma palavra meio estranha ao círculo de concursos públicos em geral…

    Fernando

    Parabéns,

    Gostaria de ter escrito um texto tão lúcido e que resume de ótima forma o pensamento dos que verdadeiramente lutam por justiça.

    Dilma Presidente.

MILA

A Defensoria Pública assiste prioritariamente quem? Pobres, prostitutas e pretos.
Prioritariamente porque não impede que pessoas da classe media utilizem os seviços da Defensoria. Aliás, até a classe mais abastada esta a utilizar. Para fazer jus a gatuidade da justiça basta que a pessoa se declare pobre na forma da lei, ou seja, que não tem condições de arcar com encargos de uma ação – honorários e custas processuais – sem comprometimento da propria sobrevivencia e de familiares dependentes. O fato de se possuir bens não impede que se tenha a assistencia da Defensoria Publica. O MP tem como função pripritaria a autoria de ação penal, que exerce com muita eficiencia quando o réu é pobre, prostituta ou preto. Vide as prisões abarrotadas dessa gente. O Poder Judiciário tem como função prioritaria julgar e é eficiente na condenação dos tres ps. A Defensoria Púbica, DEFENDE os injustiçados. Por isso é relegada a ultimo plano pelos politicos e tratada como primo pobre. É o velho BRASIL que Lula tenta mudar.

ratusnatus

Se o descaso é tanto, eles deveriam entrar com pedido de intervenção federal no Supremo. Tão esperando o que:

Ed.

É um pouco da nossa tradição brasileira de "muita lei e pouca execução da lei".
Ai, para corrigir, … fazem-se mais leis…

Viabilizar que é bom, só os 12% de juros…

Fernando

Este texto só pode ser irônico, ou estamos falando de uma greve em NY? Onze meses de greve com um salário inicial de R$ 5.600,00 em João Pessoa (uma linda cidade) e onde o custo de vida é bem inferior ao de São Paulo, Rio, Manaus, etc. Qualquer cidade do Brasil, já seria uma salário respeitavel..
Absurdo é o salário de um professor da rede de ensino público de todos estados do Brasil, um delegado de SP, etc.
Absurdo é um promotor em inicio de carreira (sem experiência alguma, apenas formação acadêmica e cursinhos preparatórios) ganhar 20 (vinte, eu repito) SALÁRIOS MINIMOS. Desrespeito com as pessoas que necessitam do serviço, se quer o salário de promotor, preste concurso para promotor (que eu considero como absurdo o salário inicial, porém acho correto ter uma boa evolução salarial ao longo da carreira e um salário de 20 mil).
Apoio o direito de greve, mas 11 meses ganhando 5 mil é desrespeitoso, com todos que pegqam ônibus lotado de manhã cedo pra ir pro trabalho, lotado pra ir para Facu e lotado a noite pra voltar pra casa. Dilma Presidente, para diminuirmos ainda mais as desigualdades.

    MILA

    Dou outro lado o Defensor em uma ação penal tem um membro do Ministerio Público ganhando para acusar os tres ps quanto? E um Juiz que vai julgar ganhando quanto? E em uma ação civil contra Bancos poderosos, do outro lado uma poderosa banca de advocacia Essa disparidade e esse tratamento difrenciado faz com que poucos, mesmo em João Pessoa, optem fazer concurso para o cargo de defensora e quando fazem queiram permanecer na carreira. A exigencia em conhecimento jurídico é a mesma, tanto para MP, Judiciário e Defensoria. Por que permanecer em uma carreira em que as exigencia são as mesmas, até maiores em face da grande quantidade de pessoas que necessitam da assistencia da Defensoria Pública, ganhando menos? Depois não reclamem da falta de assitencia juridica e de 99% população carceraria ser formada de pobres prostitutas e pretos pela má qualidade dos serviços juridicos prestados. Lembre que a proxima vitima do encarceramento pode ser voce. CARREIRAS JURIDICAS DEVEM GANHAR IGUAL.

    Fernando

    Se deseja igualdade vamos reduzir o salário dos promotores e dos juizes.
    99% dos advogados do Brasil não tem um salário superior a R$ 5.600,00.
    1% ganham salários melhores e destes 0,1% tem renda compativel ou superior a de promotores e juizes.
    Qto. as bancas de advogados de grandes empresas, são sempre os mesmos grupinhos dos escritorios herdados dos pais, avos e com pelo menos três sobrenomes "tradicionais".
    Volto a dizer, GREVE de 11 meses no Brasil ganhando R$ 5.600,00 (inicial) é desrespeito com a população pobre, estes são maus exemplos que prejudicam a imagem de toda a classe trabalhadora privada e pública. Qdo necessitamos de causas justas somos comparados com "grevistas" como vcs. e temos o direito de greve questionado.

    Thiago Leal

    Lamento, mas se as pessoas em João Pessoa acharem que o salário de mais de 5 mil é pouco, eu tenho certeza que terá muita gente no Brasil afora interessada em prestar esse concurso. Aqui em São Paulo mesmo, formados em direito prestam concursos que remuneram menos para qualquer lugar do território nacional. E são muitos. Ou seja, a falta de defensores não é por falta de gente interessada, e sim por falta de iniciativa pública que não abre concursos nem investe em estrutura.

    Concordo com você que carreiras jurídicas deveriam ganhar a mesma coisa. Mas é a magistratura e promotoria que deveriam receber como os defensores, e não o contrário.

    Francamente, esse papo de que salário de cinco paus é insuficiente para motivar serviço de qualidade por parte de um funcionário público e defensor público só pode ser, no mínimo, uma piada de extremo mal gosto.

Francisco Couto

É uma situação vergonhosa mas de fácil entendimento; tudo no Brasil é feito para o andar de cima(os ricos e influentes)

A Defensoria pública parece ser para o cidadão comum o INSS da justiça(quem já tratou de um furúnculo em um sabe como será o tratamento em outro). Até quando será assim?

Francisco couto(Paraibano de João Pessoa)

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