A gente já sabia: Moro e Dallagnol foram ferramentas do golpe para abocanhar o pré-sal e desmantelar soberania brasileira

Tempo de leitura: 5 min
Eduardo Matysiak

Moro e Dallagnol, cônsules dos EUA

Por Jeferson Miola, em seu blog

“Nossa influência aqui é muito maior do que nossas pegadas”

Liliana Ayalde, Embaixadora dos EUA no Paraguai e depois no Brasil, em telegrama ao Departamento de Estado [2009] vazado pelo wikileaks.

As provas documentais dos laços da Operação Lava Jato com o FBI trazidas a público pelo Intercept e Agência Pública [1/7] corroboram as suspeitas que veículos da imprensa independente aventavam pelo menos desde o final de 2014/início de 2015.

À época, Carta Maior, GGN, Brasil247, DCM, Viomundo e outras publicações lançavam suspeitas acerca da atuação de agências e órgãos do governo dos EUA por trás dos propósitos que moviam a Lava Jato e os movimentos de extrema-direita surgidos em 2013.

Na época, esta abordagem lamentavelmente foi recebida com desconfiança e incredulidade por autoridades do governo, dirigentes partidários e políticos da base de apoio do governo petista.

Em meio à catatonia reinante, na ocasião prevaleceu a crença – vê-se, agora, totalmente ingênua – de que tal hipótese não passava duma “exótica” teoria da conspiração.

Como se percebe hoje, tratava-se não de teoria, mas de conspiração no sentido clássico do termo – inclusive com dispositivos de guerra híbrida dominados por militares.

O plano original da Lava Jato, fracassado no primeiro momento, era eleger o tucano Aécio Neves na eleição de outubro de 2014 ajudado por graves imputações de corrupção a petistas.

Com a reeleição da presidente Dilma, a Operação chefiada por Moro e Dallagnol então passou a incendiar e desestabilizar o ambiente político para, junto com Globo, Eduardo Cunha, Temer, Aécio, Serra, FHC e malta, criarem o clima irresistível do impeachment.

O vazamento criminoso, para a Rede Globo, das conversas telefônicas entre Dilma e Lula, gravadas ilegalmente pelo então juiz Sérgio Moro [16/3/2016], foi o clímax do engajamento da Lava Jato na consecução do golpe.

Com o sistema de justiça já corrompido pela Lava Jato, o STF, na figura de Gilmar Mendes, estuprou a Constituição para impedir a posse do Lula na Casa Civil, fato que poderia ter interrompido o prosseguimento do golpe.

A prisão ilegal do Lula [7/4/2018], fruto da farsa jurídica que envolveu desde a 1ª instância do judiciário até a Suprema Corte, passando pelo TRF4 e STJ, foi a contribuição transcendental dada pela Lava Jato para a manutenção do golpe e o aprofundamento do Estado de Exceção.

Somente com a prisão do Lula, associada a fraudes eleitorais gritantes acobertadas pelo TSE [fake news, WhatsApp, financiamento empresarial], a extrema-direita conseguiu tomar de assalto o poder para executar o catastrófico plano anti-soberania, anti-nação e anti-povo de que o país padece hoje.

Superada a surpresa inicial com as ações espalhafatosas e midiáticas da Operação, se pôde perceber com clareza a associação da Lava Jato com a conspiração.

A investida golpista, coordenada com notável inteligência estratégica com participação estrangeira, não enfrentou maiores resistências para golpear um governo desprovido de sistemas de informações, de inteligência e contra-inteligência minimamente confiáveis.

Procuradores, policiais federais, juízes, empresários, políticos e grupos de mídia tiveram papel central no empreendimento golpista que derrubou a presidente Dilma Rousseff com o objetivo de reverter a inserção soberana e altiva do Brasil no sistema mundial que afrontava os interesses geopolíticos dos EUA.

Além de fortalecer a integração regional via MERCOSUL, durante os governos petistas o Brasil foi artífice da criação da UNASUL e da CELAC, esta última uma comunidade que congrega todos países latinos do hemisférico americano – ou seja, uma espécie de OEA latino-americana, sem EUA e Canadá.

Ao lado disso, em termos geopolíticos, o Brasil conquistou respeito e protagonismo em fóruns centrais de poder como G7, G20, OMC, FAO etc e, de sobra, fundou os BRICS e se tornou sócio de iniciativas relevantes deste bloco de competidores dos EUA [China e Rússia], como o Novo Banco de Desenvolvimento.

Thomas Shannon foi embaixador dos EUA no Brasil de 2010 a 2013. A estadia dele no país coincide com a eclosão de movimentos de rua de direita e extrema-direita e, também, com os episódios de espionagem da presidente Dilma e da PETROBRAS por órgãos do governo dos EUA.

Em entrevista alguns anos depois da passagem pelo Brasil, já em 2019, Shannon confessou a contrariedade dos EUA com a proeminência do Brasil no cenário regional e mundial.

Segundo reportagem do Poder360, que entrevistou Shannon, “para os americanos, o projeto petista se opunha à ideia americana de eventualmente reavivar uma integração comercial do Alasca à Patagônia, nos moldes da Alca [Área de Livre Comércio das Américas]”.

Na visão de Shannon, era inaceitável para os EUA o projeto brasileiro de “construção de uma grande e coesa América do Sul”.

Para ele, a unidade regional apregoada por Lula visava a formação de um bloco político “que compartilharia a mesma mentalidade progressista do Foro de São Paulo” [sic].

A reportagem ainda explicita que “os Estados Unidos eram o segundo parceiro estratégico mais importante para a Lava Jato — o primeiro era a Suíça, que já apurava o uso do sistema bancário daquele país por funcionários públicos e empreiteiras corruptas do Brasil”.

Esta interação e intercâmbio da Lava Jato com órgãos suíços e norte-americanos deu-se ilegalmente, sem amparo no ordenamento jurídico brasileiro e/ou em tratados de cooperação internacional e caracteriza um ato de grave violação à soberania do Brasil.

A matéria com Thomas Shannon cita que “as conversas da Lava Jato com autoridades estrangeiras ocorriam em Curitiba, mas contavam com o aval do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot”, que “poucos meses após a prisão dos primeiros executivos de construtoras, viajou ao Estados Unidos para encontros com representantes do Departamento de Justiça, do FBI e com o órgão que investigava se a corrupção na Petrobras tinha causado prejuízos a investidores americanos, a Securities and Exchange Comission”.

A sucessora de Shannon na embaixada dos EUA no Brasil foi Liliana Ayaled. Ela aterrissou em Brasília em 2013, no “rescaldo” das controvertidas jornadas de rua. E permaneceu no país até 2017, já com o processo do golpe consolidado.

Antes de servir no Brasil, Liliana Ayaled havia sido embaixadora dos EUA no Paraguai, onde fez test drive em neo-golpismos do século 21.

Liliana supervisionou a farsa do impeachment sumaríssimo que golpeou o presidente Fernando Lugo em menos de 48 horas.

Em telegrama de 2009 vazado pelo wikileaks, Liliana Ayaled reportava ao Departamento de Estado dos EUA que “nossa influência [dos EUA] aqui é muito maior que nossas pegadas” [sic].

O modus operandi dos EUA em conspirações e atentados contra a soberania de países e o direito à autodeterminação dos povos é amplamente documentado.

Só contra Fidel Castro, os EUA realizaram 638 tentativas de assassinato.

Uma média superior a 1 atentado terrorista em cada mês que Fidel esteve no comando da revolução cubana.

A história comprovou, mais cedo que se imaginava, que a Lava Jato fraudou a bandeira do combate à corrupção e corrompeu o sistema de justiça para materializar um projeto de poder ultraliberal, anti-soberania, anti-povo, anti-nação e subjugado aos EUA.

As novas provas divulgadas pelo Intercept/Agência Pública, que surgem depois de um “período de estiagem”, são altamente incriminadoras.

Nas mensagens observa-se não só a promiscuidade dos elementos da força-tarefa com agentes do governo dos EUA; mas, sobretudo, uma relação de subordinação e obediência funcional a um governo estrangeiro.

Moro, Dallagnol e os integrantes da Lava Jato atuaram como agentes dos interesses econômicos, estratégicos e geopolíticos dos EUA no Brasil; atuaram como cônsules “representantes do governo romano nas províncias anexadas”.

Um simples levantamento das viagens e diárias pagas a policiais federais, procuradores e juízes da Lava Jato aos EUA entre 2005 e 2020 leva a achados surpreendentes.

No cargo de ministro bolsonarista, Moro fez raríssimas viagens ao exterior, mas pelo menos 4 dessas raras viagens internacionais tiveram os EUA como destino, incluindo visitas ao Pentágono e ao Centro de inteligência e espionagem de El Paso.

São claríssimas, portanto, as evidências de que Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, embora pagos com dinheiro público, na realidade atuam como cônsules dos EUA no Brasil e servem a interesses estrangeiros, em detrimento dos interesses brasileiros.


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Comentários

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Maria Luiza de Araujo Ruiz

Parabéns! Muito esclarecedor. Estarei mais atenta a partir de agora.

Cleber papalino

Partindo da visão do texto, todos os bilhões de reais que foram restituídos ao erário vindo dos paraíso fiscais foram uma farsa, a corrupção do governo petista e a farra das empreiteira foi só um sonho de uma noite de verão? Meu poupe da sua hipocrisia. Apesar que a palavra hipocrisia chega a perder o sentido depois que li está pseudo reportagem.

    Armando Antunmeli

    Inclusive operar 1,5bi a revelia do estado brasileiro como pagamento pelos serviços prestados aos patrões estrangeiros, acabando com a engenharia e os empregos do país deve te encher de orgulho não é sua anta?

Anderson

Incrivel como as coisas vao fucando cada vez mais claras e nitidas que tudo isso envolve grandes poderosos da qual mandam e desmandam no País e o gado que somos seguimos o fluxo da manada no caminho do abismo pensando que é a salvação nas na verdade é mais um abismo sem fim de mentiras , farsas e mediocres politicos no país onde tudo pode na terra sem lei dos royalties!!! Parabens pela excelente materia!

bELLE mORAIS

PT sempre mostrando que pode se superar, não adianta, são mestres. Uma coisa que essa pandemia está nos ensinando, e que nosso voto e coisa séria. Veja esse vídeo da Glória heloíza, candidata a prefeitura do Rio e faça uma reflexão, não podemos colocar mais pessoas despreparadas no poder.
https://www.youtube.com/watch?v=O7b2jR4WVTw&feature=youtu.be

maura Bezerra Vilar

Que revolta messe momento estou sentindo…

Maria Valéria Ferreira da Costa Val

Gostaria de receber notificações do Viomundo.

    Luiz Carlos Azenha

    É só clicar no sininho!

FREDERICO

Achei ótimo o texto, muito engraçado. O autor consegue pegar um fato e com uma narrativa ideológica e vitimista distorcer ao ponto de ignorar bilhões de reais desviados pela corrupção, agora se o pré sal é do povo brasileiro da minha parte eu não recebi nenhum centavo, paguei, pago e continuarei pagando o 70% de gasolina mais cara do mundo.

    Henrique Martins

    Acho muito difícil conseguir lavar mentes aqui.

Henrique Martins

Então a ministra da agricultura é intransigente de se zerar o desmembramento ilegal?
Hah sim. E onde ela esteve esse tempo todo que não fez o menor esforço para convencer o ministro do meio ambiente a não propiciar o desmantelamento da Amazônia?
Por que não pediu demissão?
Pois eu digo que vocês são pessoas indignas minha senhora. Por isso integram esse governo imoral.

Carlos Soares

Esse tipo de bobagem está cada vez mais restrito à guetos petistas, graças a Deus!

Foi “armação” os bilhões de reais devolvidos pelos processados/condenados (empresas e pessoas) na Lava Jato?

Alguém ainda tem dúvida sobre o esquema de corrupção montado nos governos petistas?

Será q alguma força misteriosa (e estrangeira) “obrigou” o PT a se corromper?

Semana passada José Serra foi denunciado e, se ficar provado q roubou, espero q seja condenado e preso, como todos os outros (Lula por exemplo)

Dá preguiça ler um texto desses falando q o “bandido” é quem coloca o ladrão na cadeia…

    Henrique MartinsMartinsh

    Bem. Na sua narrativa você esqueceu de dizer que o caso do Serra estava convenientemente bem guardado na gaveta há 10 anos e os rolos do Aécio envolvendo a cidade administrativa em MG continua tudo dantes no quartel de Abrantes.

    Djailson

    Você está se comportando como o corno que seguiu a mulher até o motel e não conseguiu provar a traição porque ela pendurou a calcinha no buraco da fechadora. Vocês, pobres de direita metidos a fascistas não suportam mais saber que seus ídolos de sangue está na iminência de serem presos.
    Vocês nunca deixarão de ser prostitutas dos europeus colonizadores.
    Sangrem mais um pouco. seu destino está próximo.

    Carlos Soares

    Pq eu não leio um texto da esquerda defendendo o “pobre” Eduardo Cunha? Ou o Marcelo Odebrecht? Ou os diretores da Petrobras q devolveram milhões roubados?

    Só Lulinha foi injustiçado, meu Deus?

    Q coisa, não?

Jackson palande

Pois é, nada a comentar…

José de Sousa Malaquias

Fico estarrecido com tanta história da “poderosa turma de Curitiba”. Quero sim, que Bozo conclua o mandato para o qual foi eleito. Quero o pior para o Brasil. Vai acontecer…

Zé Maria

A Pública e The Intercept trouxeram provas de que os Patifes da Força-Tarefa
da Operação Lava-Jato em Curitiba, sob o Comando de Moro, corromperam
o Sistema Judicial Brasileiro, ao permitir ou, quiçá, solicitar ilegalmente a
interferência de Polícia Estrangeira dentro do Território Nacional, com o intuito
de afastar do cargo a ex-Presidente Dilma Russeff e indiciar, acusar, processar
e condenar injustamente o ex-Presidente Lula, só porque os Governos Petistas
contrariaram os interesses geopolíticos e econômicos dos EUA na América
Latina, especialmente na América do Sul, diante do Protagonismo do Brasil
conquistado no Mundo, notadamente após a Descoberta do Pré-Sal pela
Petrobras, cujo sistema produtivo elevou o País à condição de uma das mais
importantes Economias do Planeta, responsável pela Erradicação da Pobreza
Extrema, promissora da Grande Nação com Desenvolvimento Sustentável, que
por certo seria, e como tal parceria disputada por Países de todos os Continentes.

E por conseqüência da ação nefasta de meia dúzia de bandidos impatrióticos
infiltrados em Órgãos Públicos, com poder absoluto de investigação e de juízo,
e com aval das Instâncias Máximas do Ministério Público e do Poder Judiciário,
foi destruído o sonho de Justiça Social de Milhões de Brasileir@s que envolvid@s
em promessas eleitorais mentirosas e baseadas na fraude eleitoral são atirad@s à
própria sorte, sob um Governo de mal-intencionados e incompetentes chefiados
por um Miliciano Genocida Demagogo, exclusivamente para atender interesses
particulares, priorizando o acobertamento de crimes cometidos em família.

Assim sendo, para que as Instituições Republicanas Democráticas legitimamente
funcionem ‘normalmente’ será preciso que o Ministério Público Federal e o Poder
Judiciário efetivamente se redimam das injustiças praticadas no seu interior nas
última décadas, e que o Poder Legislativo deixe de ser um braço do Executivo,
para finalmente desempenharem suas funções constitucionais, deixando de ser
submissos às ordens de falsos, arrogantes e presunçosos comandantes militares
– eventualmente até exercendo Cargos no Governo Central – que se lambuzam em churrascos na residência de embaixador estrangeiro na região ‘nobre’ do Distrito Federal, comemorando o Dia da Independência de um País Estrangeiro
em detrimento da própria Soberania Nacional do Brasil.

Henrique Martins

Valeu Casagrande!!!

Te agradeço em nome do meu país.

Neste momento precisamos mais do que nunca de pessoas como você do nosso lado, sobretudo, preocupadas com o futuro do Brasil.

Nenhuma dependência ou ex- dependência química poderá lhe tirar a sensibilidade, seus valores ou sentimentos.

Acredite, há muitas pessoas que nunca estiveram na sua condição e estão verdadeiramente intoxicadas.

Você é um exemplo de superação.
O Brasil também vai superar esse período obscuro que marcará a nossa história.

Célio

Pior cego e o que não quer enxergar.
Tudo pelo nosso pré sal.

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