A energia elétrica e a ética

Tempo de leitura: 3 min

A questão mais imediata do meio ambiente é a falta de ética

por Nelson Tembra, via Linkedin

Sobre a decisão do Juiz Federal Ronaldo Desterro, que determinou a suspensão imediata da licença de instalação parcial que permitiria o início das obras do canteiro da usina hidrelétrica de Belo Monte, em minha opinião o Juiz está correto ao afirmar que “a preponderância do interesse público encontra-se, na espécie, invertida”.

Trago para reflexão e análise o exemplo bibliográfico oportuno, do final da década de 90, bastante didático e representativo do “modus operandi” habitual, citado por Vicente Rahn Medaglia em “Sinópse da Filosofia do Meio Ambiente“.

Esses conceitos estão presentes em se analisando um caso que ficou conhecido como mais um crime ambiental: a Hidrelétrica de Barra Grande, situada no Rio Pelotas, divisa com o estado de Santa Catarina. Mais de 5.000ha de mata nativa foram sacrificados em nome de geração de energia. Essa mata teria um potencial de serviços ambientais, como captação de CO2, regulação do clima, regulação dos ciclos hidrológicos, etc., perdido para sempre.

Para a construção da Usina Hidrelétrica de Barra Grande foi feito “como manda a lei”, um Estudo de Impacto Ambiental. O EIA foi elaborado por uma empresa, que, surpreendentemente, mentiu sobre a composição vegetal da área submersa pela barragem. No EIA foi dito que a área comportava somente capoeiras e capoeirões, estágios de sucessão ecológica que não são protegidos por lei. Ocorre que, de fato, metade da área era composta por vegetação primária, ou seja, que nunca havia sido derrubada pelo homem ou áreas em que se encontrava em estágio avançado de regeneração. Como sabemos, essas duas últimas formações são protegidas por lei, mas o IBAMA, órgão responsável por vistoriar o estudo e verificar se ele estava correto, não apurou essas irregularidades.

O Ministério de Minas e Energia comemorou mais essa mega-hidrelétrica como mais uma obra que aceleraria o crescimento econômico do país, mas não o desenvolvimento social. De fato, a construção dessa hidrelétrica, como todas as demais, só foi possibilitada pela alegação, por parte do poder público, de que ela era de “interesse público”.

Esse exemplo nos fornece elementos para que tenhamos uma idéia superficial sobre de que forma os conceitos filosóficos se aplicariam. Em primeiro lugar, tentemos identificar a cadeia de ações que aí está envolvida. Essa cadeia é estabelecida simplesmente perguntando-se o porquê de cada ação. Então, começando pelo fato “foi construída uma usina hidrelétrica que irá inundar uma grande floresta”. Por quê? “Pois se considera que a energia elétrica gerada é importante”. Por quê? “Pois com energia elétrica a economia do país pode crescer, e o crescimento econômico é algo importante”. Por quê? “Pois crescendo a economia, o país tem mais dinheiro, e ter dinheiro é importante” Por quê? “Pois dinheiro traz felicidade”. Em se chegando nesse ponto, não cabe mais perguntar ‘Por quê?’. Não faz sentido perguntar por que se quer ser feliz. O que se pode perguntar é o que é e a quem pertence a tal felicidade, já que é isso que determina toda a escala de valores. Em se assumindo que o dinheiro traz felicidade, fica então justificada a ação da construção da barragem.

Passemos ao modelo de felicidade presente na cadeia de justificativas apresentada. Em primeiro lugar, cabe notar que é consequência direta da construção da barragem a inundação de 5.000 ha de mata considerados como área prioritária para conservação pelo próprio Ministério do Meio Ambiente. Assim, seja qual a justificativa dada ao empreendimento, ela deve contemplar esse fato.

Perguntemos quem é que ganha dinheiro com esse empreendimento. Pode-se considerar que são os trabalhadores da obra, mas o dinheiro que eles ganham é pouco. Quem de fato ganha dinheiro às claras são os acionistas, já que a barragem é um empreendimento totalmente privado. Poder-se-ia dizer que isso representa somente a contraparte da geração de energia, que é considerada igualmente um bem que contribui para a felicidade dos cidadãos que teriam energia em suas casas. Mas isso tampouco é o caso, já que a hidrelétrica foi construída por grupos industriais de produtos eletro intensivos, como alumínio (da Alcoa – Aluminium Company of America – com metade das ações do empreendimento), cimento e celulose (da Votorantin, também acionista), entre outros grupos. Essa hidrelétrica se coloca em um contexto de auto-geração, ou seja, os produtos dessas fábricas necessitam de muita energia e são muito rentáveis, logo, é ótimo negócio construírem suas próprias hidrelétricas.

Colocados esses pontos, a justificativa ética da obra ficaria mais complicada, já que, para tanto, o sistema de valores assumido deveria considerar lícito sacrificar um bem público, o meio ambiente, em nome de um bem privado, o lucro de algumas megacorporações multinacionais. Isso só seria factível se assumíssemos que o correto é que quem pode mais, ou quem possui mais poder, use todos os meios que considere cabíveis, possíveis, impossíveis, imagináveis e inimagináveis para perseguir seus interesses, doa a quem doer.

Nelson Tembra

Engenheiro Agrônomo

Consultor Ambiental

Belém/Pará


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Comentários

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ratusnatus

Fique tranquilo que o caso de Belo monte é bem diferente. Ninguém foi enganado!

Está lá escrito que toda a mata afetada era virgem.
Portanto ninguém foi enganado e vc pode dormir tranquilo.

glapido

Na medida em que Belo Monte fará parte do Sistema Interligado Nacional – portanto, sua energia será disponibilizada para todo o território nacional – e que está previsto um aumento de demanda de energia de 5% ao ano, é justamente a perspectiva ética do interesse público que parece fundamentar a obra (ela vai atender a todos, e fornecer a energia extra necessária para o aumento de demanda), e o argumento que o autor usa contra o projeto passa a ser também o mesmo que o justifica.
Assim, a argumentação de que o projeto irá atender a interesses privados corporativos perde bastante – senão toda – a sua força – incluindo aí a voz de Osvaldo Sevá. No mínimo, é preciso fundamentar esse discurso para contrapor as evidências (a energia vai para todo o território; a demanda de energia vai aumentar em 5% aa) que, por enquanto, justificam a construção da usina, justamente, em nome do interesse público – ou seja, ético.

Marcelo de Matos

“um caso que ficou conhecido como mais um crime ambiental: a Hidrelétrica de Barra Grande, situada no Rio Pelotas, divisa com o estado de Santa Catarina. Mais de 5.000ha de mata nativa foram sacrificados em nome de geração de energia. Essa mata teria um potencial de serviços ambientais, como captação de CO2, regulação do clima, regulação dos ciclos hidrológicos, etc., perdido para sempre”. Estou chorando copiosamente pela perda desses 5.000ha de mata nativa. Certamente, tenho chorado muito mais pela perda de nossa mata atlântica, engolida pelos canaviais desde os tempos da colonização portuguesa. Temos de continuar construindo hidrelétricas e começar a produzir carros elétricos. O governo brasileiro não dá incentivos à produção desses veículos porque está comprometido com o pessoal do álcool. Aliás, pessoal do açúcar, já que o etanol sumiu dos postos. Quem comprou carro flex entrou em uma flex tubulation: o motor gasta mais gasolina que um similar com motor monocombustível.

fernandoeudonatelo

Tudo bem, que se deve condenar a construção de grandes reservatórios para os aproveitamentos hídrelétricos por questões de emissão de gases metano e causadores do efeito estufa .

Mas, um estudo recente feito pela Abiape mostra que quatro hidrelétricas em construção ou planejadas na Amazônia (Belo Monte, Santa Isabel, Santo Antônio e Jirau) com operações a fio d'água, irão comprometer parcela mínima da cobertura vegetal do bioma (0,02%), equivalente a apenas 4,1% do que foi desmatado nos anos de 2006, 2007 e 2008.

Grandes reservatórios são válidos no alto das bacias como Furnas, Tres Marias, Jurumirim de regulação plurianual.

Já os reservatórios de regulação sazonal ou usinas de fio dágua (como Belo Monte), para a região amazônica, permitem um custo razoável para os empreendimentos. Não constituiu nenhuma surpreza (71 R$/mwhora e 78) , nem será surpreza uma oferta para B Monte dessa órdem quando finalmente licitado.

Giordano Nunes

Vamos lá, essa é para quem não acredita que energia eólica é mais barata do que energia hidrelétrica.

Olhem esse site:

http://www.jcmiras.net/surge/p130.htm

Estimated Capital Cost of Power Generating Plant Technologies (USD per kW):

Wind – 1208

Conventional hydropower – 1500

Ou seja, segundo a US Energy Information Administration, o custo médio para a instalação de uma usina hidrelétrica é de 1500 dólares por kilowatt, enquanto o custo médio para instalação de um parque eólico é de 1208 dólares por kilowatt.

Como ambos os tipos de planta de geração de energia utilizam combustíveis "gratuitos" (água e vento), então isso é o que realmente conta, o custo de instalação. E a energia eólica ganha em economia!

Parques eólicos construídos pela Eletrobrás, já!

    Gabriel Pezzini

    O custo de operação ser mais baixo é factível, mas o custo de instalação, por unidade de potência, deve ser muito mais alto para a energia eólica.

    As turbinas são caríssimas e uma só converte pouca energia. Além de que a eletrônica de potência para equalizar tensão e frequência de geradores a velocidades diferentes e sincronizar tudo com a rede não deve ser brincadeira.

    Giordano Nunes

    Segundo a US Energy Information Administration, como citado acima, o custo de instalação da eólica é menor, e não maior.

    Caríssimas são as turbinas de hidrelétricas, que são enormes e produzidas por encomenda. As turbinas eólicas são fabricadas em série, produzidas em massa, e por isso são muito mais baratas.

    ratusnatus

    leia meu comentário.

    Kelvin

    A energia eólica no Brasil ainda está começando, ainda dependemos fortemente de subsídios e investidores; a energia eólica também trás alguns impactos e é menos eficiente e muito menos confiável… Apesar de vários estudos é díficil confiar toda a energia consumida de um país à energia dos ventos, pois não dá para prever se haverá vento e se ele vai estar à uma velocidade suficiente para gerar uma energia de qualidade!

    O que devemos é diversificar nossas fontes de energia… Temos que investir na eólica, solar, fotovoltaíca entre outras mas não podemos abrir mão das hidrelétricas…

    Estudos mostram que o impacto ambiental provenientes de hidrelétricas é menor que 3%. O problema do Brasil é desmatamento e queimadas, responsável pela maior parte de perda de mata nativa e responsável por mais de 80% das emissões de CO2 do Brasil.

    Eu acho que tudo deve ser avaliado, impacto ambiental, imapcto social e econômico, mas não podemos simplesmente negar o aproveitamento desse grande potencial energético que o país possui, sendo que grande parte da população não tem acesso a internet, computador, geladeiras, entre outras coisas básicas e para termos uma país mais justo o mínimo que podemos oferecer é energia.

    ratusnatus

    Vou acreditar na sua boa fé apresentando este argumento falso aqui. Ninguém pode saber tudo.

    Você não sabe que 1kw hídrico instalado gera 1kw de energia enquanto que 1kw eólico instalado gera no máximo 0.45kw.

    Logo o custo de geração(não instalação), de acordo com seus valores, de 1kw eólico é de 2685 dólares.
    Apenas 79% a mais, coisa pouca.

    ratusnatus

    Me expressei mal.
    O custo de instalação de equipamentos para geração de 1kw e não custo de geração.

    Giordano Nunes

    Quem te disse que no cálculo da US Energy Information Administration esse fator já não foi levado em consideração?

    Pergunta para as empresas privadas que estão instalando parque eólicos aos montes no Ceará, e vendendo a energia para a companhia elétrica local, se é realmente "caro" instalar turbinas eólicas.

    Além das turbinas eólicas serem produzidas em massa, e serem mais baratas do que as gigantescas turbinas de hidrelétrica produzidas uma a uma por encomenda, as turbinas eólicas em breve serão totalmente fabricadas no Brasil (atualmente as pás já são fabricadas aqui) enquanto que as turbinas de hidrelétrica continuarão durante décadas sendo fabricadas pela Siemens no exterior.

    ratusnatus

    rsrsrs, não foi levado em consideração COM CERTEZA porque não é o equipamento que limita a potência e sim o local onde seria instalado.

    O pessoal fala de lugares que "ventam o ano todo" achando que nestes lugares a geração seria constante o ano todo mas não é.
    Nos lugares com melhor vento chega-se a 0.45% em algumas usinas, como no Rio Grande do Norte.

    O fator de potência existe porque se em um dia a turbina de 1kw gera 1kw em outro dia vai gerar zero.
    O fator de potência é um índice de referência com base ANUAL. E quer dizer que, dependendo da localidade em que for instalada , uma turbina de 1kw vai gerar, ao longo do ANO, no máximo, o equivalente a 0.45kw/dia.

    Reparou que eu disse no máximo.
    0.45 é um fator excepcional. A maioria(mais que 95%) das turbinas instaladas não chega a 0.4.

    flw

lauro

Qualquer decisão que não se apoie no bom senso só pode trazer grandes prejuizos para o Brasil que já espera por tempo demasiado por tal obra. Se continuamos ter energia em nossos lares certamente porque construimos mais térmicas enquanto esperamos por Belo Monte e é o que provavelmente continuará ocorrer. Com isto passamos por um mix de geração mais caro e mais poluente, passamos ter dependência energética até da Bolívia. Como aprovar tal feito? Grandes hidroelétricas como qualquer atividade humana causa algum impacto ambiental, A autoridade capaz de observar a relação custo benefício é o IBAMA outras intromissões serão sempre nefastas. Comparar Barra Grande com Belo Monte e´um absurdo.

    glapido

    Prezado Lauro,
    Esse é outro ponto importante na discussão, que já vai para lá de complexa.
    Segundo a análise do Plano Decenal de Expansão de Energia (http://www.epe.gov.br/PDEE/20101129_2.pdf) feita pelo Prof. Luciano Losekan, economista com especialidade em economia da energia (http://infopetro.wordpress.com/2010/06/07/plano-decenal-de-expansao-de-energia-pde-2019-trajetorias-principais/), "Até 2013, a expansão da geração de eletricidade é determinada pelos resultados dos leilões de energia nova que já foram realizados. Assim, a capacidade de geração termelétrica cresce nesse período, sendo que as centrais a óleo combustível apresentam forte incremento de capacidade. A partir desse horizonte, somente centrais hidrelétricas e de fontes alternativas são contempladas no planejamento.". Isso que teremos até 2013 é o que o Lauro acertadamente lembrou e nomeou de "mix de geração mais caro e mais poluente (centrais a óleo combustível!!!). Se não me engano, esse mix de energia remonta à era FHC, época de apagões, quando houve um incremento enorme desse tipo de geração energética. O que o governo quer é que, findos os prazos dos leilões, se substitua e elimine completamente essas fontes energéticas por energia hídrica. Me corrijam se eu estiver errado.

Gisela

Meu deus, o Brasil tem a matriz energética MAIS LIMPA DO MUNDO, e os ambientalistas ainda reclamam…não entendo. Se estivessemos discutindo a construção de usinas nucleares, termoelétricas, tudo bem…mas estamos discutindo a construção de HIDRELÉTRICAS, ENERGIA LIMPA E RENOVÁVEL, que permitirão ao país continuar com a MATRIZ MAIS LIMPA DO MUNDO POR DÉCADAS! Precisamos de energia para melhorar a qualidade de vida do povo, e estamos fazendo da melhor maneira possível, considerando custo/benefício! Ou vcs (ambientalistas) acham que temos $$ suficiente para construir só usina solar, eólica, biomassa…MUITO mais caras e ineficientes?

    Giordano Nunes

    Você sabia que as milhares de árvores que ficam debaixo d'água nas represas de hidrelétricas se decompõem? Todas elas se decompõem rapidamente… E sabe o que essa decomposição libera? Libera bolhas de gás carbônico e de metano, que sobem até a superfície do lago, e alcançam a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global.

    Adilson

    pois é… Vamos adotar a solução do impacto zero… andar a pé pois até a bicicleta gera um impacto na fabricação, morar ao relento – cimento vixe…
    Senhores que coisa, a alternativa a hidrelétrica não é a energia eólica (rendimento de 40%) muito menos a solar (não vou nem comentar como os espanhóis e americanos estão fazendo para aproveitar a energia solar com uma potência mínima que seja apresentada). Os europeus, americanos, canadenses, todos praticamente esgotaram seu potencial hídrico. Belo Monte, do jeito que tá (fio d'água) é um desperdício poderia ser a maior usina com o menor custo de MW/h. Somos um pais pobre e estamos encarecendo nossa matriz energética. Enquanto atrasamos BM térmicas serão construídas para compensar e com certeza não precisará derrubar arvores para isso. (queimará coque, BTF, Gás natural etc)… Não adiante olharem os europeus, olhem para o pais e vejam as alternativas.

    Fernando

    A energia em si é limpa, isso não se discute.

    Mas a construção e o funcionamento de uma hidrelétrica não é.

    Nelson

    Gisela.
    Sugiro que leias a altamente esclarecedora entrevista concedida por Osvaldo Sevá, Engenheiro Mecânico e Doutor em Geografia, ao jornal Brasil de Fato. Creio que você já não terá uma opinião tão convicta assim, favoravelmente a Bele Monte, após a leitura da entrevista.
    Sevá mostra os interesses reais por detrás de grandes projetos na área da energia elétrica, da mineração e outras e os impactos negativos que trarão aos povos de todo o mundo. Isto porque, esses grandes projetos não são idealizados a partir da necessidade do atendimento da demanda desses povos por uma melhor "qualidade de vida", como tu escreves, mas, sim, da otimização dos lucros das mega corporações. Trata-se, como salienta Seva´, de uma forma de retomar o velho processo de "acumulação primitiva" numa conjuntura de super-acumulação que joga as taxas de lucro para baixo.
    Bem, Gisela, paro por aqui. Como afirmei, a entrevista é altamente esclarecedora; por isso, imperdível.

    Aliás, meu caro Azenha, aqui vai uma sugestão. Você poderia reproduzí-la aqui no teu Viomundo para que o debate sobre esses grandes projetos possa ser ampliado e apimentado.
    A entrevista de Osvaldo Sevá foi publicada no sítio http://www.brasildefato.com.br sob o título "Conquistar territórios: a prioridade corporativa", seção "Entrevista", com data de 25/02/2011.
    O link para acessá-la diretamente é http://www.brasildefato.com.br/node/5784.

    Kelvin

    Cara essa entrevista é um discurso extremamente anti-sistema! O cara está criticando o capitalismo basicamente… Concordo com muita coisa que ele falou, mas é um tipo de discurso que não resolve nada, é claro que às corporações vão lucrar mais… só que o fato de a demanda de energia aumentar, a necessidade de minérios crescer, a população ter direitos iguais… ele não avalia!

    Pra mim seria muito mais correto se chegassemos aos americanos que consome mais da metade da energia produzida no mundo e obrigá-los a gastar menos porque aqui no Brasil, numa Índia, numa África tem gente precisando de energia… Essa conscientização coletiva nunca vai acontecer…

    Tenta explicar um cara do Maranhão que ele não pode ter uma geladeira ou um computador porque já estamos produzindo muito para os ricos ou porque não podemos gerar mais energia!

    O problema é muito mais complexo que o discurso "social" e anti-capitalista desse professor!

JOEL PALMA

Vai morar lá, onde falta energia, aí tu diz como é…

    Nelson Tembra

    Joel Palma, demais internautas, eu moro aqui na Amazônia, conheço esta realidade e não estou escrevendo de um gabinete refrigerado e hermeticamente fechado…. O exemplo de Barra Grande foi citado para demonstrar mecanismos utilizados para burlar a legislação, agora, se a legislação não vale nada, se o Ministériio Público está "viajando na maionese" ao propor ações contra Belo Monte, é melhor que TODOS OS CIDADÃOS BRASILEIROS SEJAM LIBERADOS PARA SEQUESTRAR, MATAR, ROUBAR, ENFIM, PARA PRATICARTODO E QUALQUER TIPO DE ILÍCITO, INDEPENDENTEMENTE DE SEU STATUS SOCIAL.

Bruno

glapido, você tem razão: Belo Monte vai fornecer 70% de sua energia para o consumidor comum. 30% vai para o mercado livre e autoprodução/autogeração.

Já o Nelson acerta quando diz que o industrial é o maior beneficiário de uma nova planta de sua indústria. Mas erra (já explico onde está o erro) ao dizer que o industrial é o maior beneficiário de uma nova usina hidrelétrica. Nelson minimiza o efeito sobre os empregados das obras das usinas e simplesmente ignora as repercussões do aumento da industrialização: além do lucro das indústrias alimentadas por Barra Grande, deveriam entrar na conta os empregos gerados por essas indústrias, o bem estar obtido pelos consumidores finais desses produtos industriais e a parcela do lucro que é reinvestida em pesquisa.

Mas, acho que a principal falha na argumentação do Nelson é que mesmo que 100% da energia de uma usina fosse para o setor industrial, isso liberaria o resto da rede para atender o consumidor comum e assim permitiria que mais computadores pessoais, máquinas de lavar roupas e geladeiras fossem usados pelos brasileiros que tanto precisam. Assim, graças a um sistema inteligado (como apontou o glapido), aumentar a potência instalada será sempre útil a todos e não só aos consumidores circunstanciais da energia daquela usina. Isso, me parece, acaba com o cerne do argumento do Nelson.

Finalmente vale lembrar que, além de recuperar os ecossistemas aquáticos próximos de Altamira que hoje estão em cada vez mais ambientalmente degradados, Belo Monte tem como missão garantir que o Brasil continue sem racionamento de energia pelos próximos anos em um cenário de forte crescimento, distribuição de renda e eliminação da miséria. Como sabemos ao incluir os mais pobres, vamos aumentar nosso consumo de energia grandemente. Precisamos fazer frente a isso.

Fatos e Dados de Belo Monte pela Empresa de Pesquisa Energética :
http://www.epe.gov.br/leiloes/Paginas/Leil%C3%A3o

Bertold

Me desculpem mas não levo a sério a muito tempo os argumento (tecnicos?) de ECOCHATOS. Governos erram? Claro que erram e as vezes muito. Mas ao menos tem o compromisso e o dever legal de pensar e planejar o desenvolvimento para o conjunto do país e à sociedade. A ideologia do meio-ambiente, incapaz de pensar em termos universais, tal como o nazismo e o fascismo, é o modismo precursor de novas idéias totalitárias em que o homem também não poderá assumir-se como sujeito das suas aspirações e necessidades. Para o "ambientalistas" radicais, nenhum argumento macro-político do progresso tecnológico e econômico de outras regiões que não sejam o sudeste e sul maravilha podem ser sustentável social e éticamente. Todo o poder aos capins, lambaris e pererecas!!!

glapido

O argumento do autor se fundamenta na premissa de que a energia elétrica produzida por uma hidrelétrica atende apenas à região em que está instalada.
Entretanto, de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia do Ministério das Minas e Energia, está prevista para 2016 a interligação do subsistema Belo Monte ao subsistema Norte que, por sua vez, já se encontra interligado ao Sistema Interligado Nacional(SIN).
Não sou especialista no assunto, mas acho que não se poderia mais afirmar que a energia produzida localmente por um nó dessa rede de interligações só irá favorecer a determinados interesses, pois essa energia estará fluindo pelo território inteiro.
Entretanto, não encontrei nenhuma referência à interligação da usina de Barra Grande, usada como exemplo pelo autor, ao SIN. Sendo assim, nesse caso específico, concordo com o autor de que Barra Grande terá atendido mais a interesses de grupos industriais do que a interesses públicos.
Mas, pelo que apontei acima, não parece ser o caso de Belo Monte.

Previsão de interligação de Belo Monte ao SIN (ver pg 55): http://www.epe.gov.br/PDEE/20101129_1.pdf

Mapa do SIN(VER PG 59): http://www.epe.gov.br/PDEE/20101129_1.pdf

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