Zeca Dirceu: O feijão está caro? A culpa é do Bolsonaro que se lixa para a fome da população

Tempo de leitura: 3 min
O descaso de Bolsonaro com a fome dos brasileiros é tão grande que, em 27 de agosto de 2021, chegou ao absurdo de chamar de idiota quem defende comprar um pacote de feijão em vez de fuzil. Fotos: Reproduções

O feijão está caro e a culpa é do Bolsonaro

Por Zeca Dirceu*, exclusivo para o Viomundo

Muitos se perguntam como um país tão rico e próspero como o Brasil voltou a enfrentar tantos problemas em relação à fome e à insegurança alimentar, enquanto temos presenciado o agronegócio bater recordes de produção e exportação de alimentos. No Brasil de hoje o número de brasileiros com fome só aumenta.

A produção brasileira não é mais focada em alimentar a população, mas, sim, na exportação, principalmente de soja e milho.

Por outro lado, a produção de itens da cesta básica e a remuneração da agricultura familiar caíram. Se o campo não planta, a cidade não lancha, não almoça e nem janta.

O problema da fome brasileira não é apenas uma questão da fisiologia humana, “é um projeto político, de manipulação”, como diria Josué Castro, em 1946, ao escrever a obra “Geografia da Fome”.

Entre os anos de 2003 até o golpe de 2016 conseguimos avançar, deixando esse passado nefasto para trás, saindo do Mapa da Fome mundial em razão de todas as políticas públicas criadas pelos governos de Lula e Dilma.

Criamos políticas de comercialização, armazenamento e venda de produções.

Existia equilíbrio de preços e o Brasil dispunha de crédito, assistência técnica rural e investimentos em pesquisa, tecnologia e inovação para a agricultura familiar e a organização de pequenas e médias unidades de produção, agroindústrias e cooperativas.

Os bancos públicos tinham um olhar diferenciado para quem produzia alimentos para o consumo da população.

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Existiam ainda as políticas de fortalecimento do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e de projetos como o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), que hoje é quase uma lenda. Tudo dentro do compromisso dos governos do PT de erradicar a fome e fortalecer a agricultura.

Mas ao passo de tantas evoluções nos últimos anos, nos deparamos com Temer e Bolsonaro. A agenda da alimentação nunca foi uma prioridade para eles.

Em 2019, Bolsonaro começa a política de desidratação da Conab: foram vendidos mais de 30 armazéns que serviam de estocagem de alimentos.

Antes disso, se fosse um ano de safra ruim, do feijão, por exemplo, com uma oferta pequena e preços altos, a Conab injetava o produto estocado no mercado, conseguindo baixar os preços, dando condições de compra para a população.

Infelizmente isso não ocorre mais. Atualmente, a produção estocada pela Conab não abastece mais que um dia de consumo nacional.

Sem condições para compra, sem políticas estratégicas e, enfim, sem um estoque regulador para enfrentar momentos difíceis, como foi o caso da pandemia da Covid-19, que acirrou a questão da fome e do desabastecimento.

O isolamento social para conter o avanço da doença revelou o lado mais cruel e nefasto do desmonte de políticas públicas promovido desde o golpe de 2016.

A pandemia não trouxe a fome de volta, apenas acelerou o retorno a um passado do qual já estávamos longe. Voltamos para o Mapa da Fome e para precarização dos direitos sociais, que impactam diretamente no poder de compra das famílias.

Com Bolsonaro no poder, os ataques não vão cessar. O último deles foi o fim do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial, e a criação do chamado Auxílio Brasil, que ignorou mais de 22 milhões de pessoas, deixando-as sem nenhum benefício social em plena pandemia.

Como se vê, a fome e a desigualdade social são projetos criados pela perversidade daqueles que atendem ao sistema financeiro.

Por aqueles que querem o “quanto pior, melhor”, afinal, uma população bem alimentada e com direitos não pode ser manipulada e nem aceitar todas as mazelas impostas por governantes cruéis.

Ter comida na mesa também é um ato revolucionário.

*Zeca Dirceu é deputado federal (PT-PR) e vice-líder da Minoria na Câmara dos Deputados

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Comentários

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Zé Maria

.
Assim como exporta Petróleo Bruto,
não refina e importa refinados, cotando
os Preços dos Combustíveis em Dólar,
o desgoverno Guedes/Bolsonaro também
faz com os Alimentos, sobretudo os Grãos:
o Agronegócio exporta Produtos Agrícolas
e não abastece o Mercado Interno, deixando
os Preços cotados em Dólar aqui no Brasil.

Enquanto isso, os Brasileiros recebem em
Real, quando recebem, pois, como viu-se
no caso do Moïse, o trabalhador realiza o
serviço e não recebe, e ainda é morto,
senão a pauladas, “de Fome um pouco
por dia”, como disse o Poeta Nordestino (*).
.
* Morte e Vida Severina
(João Cabral de Melo Neto)
[…]
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
[…]
— Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a cota menor
que tiraste em vida.
— É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
neste latifúndio.
— Não é cova grande.
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
— É uma cova grande
para teu pouco defunto,
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
— É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
— É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.

[ https://youtu.be/uL9cDmQxMwo ]

— Viverás, e para sempre
na terra que aqui aforas:
e terás enfim tua roça.
— Aí ficarás para sempre,
livre do sol e da chuva,
criando tuas saúvas.
— Agora trabalharás
só para ti, não a meias,
como antes em terra alheia.
— Trabalharás uma terra
da qual, além de senhor,
serás homem de eito e trator.
— Trabalhando nessa terra,
tu sozinho tudo empreitas:
serás semente, adubo, colheita.
— Trabalharás numa terra
que também te abriga e te veste:
embora com o brim do Nordeste.
— Será de terra
tua derradeira camisa:
te veste, como nunca em vida.
— Será de terra
a tua melhor camisa:
te veste e ninguém cobiça.
— Terás de terra
completo agora o teu fato:
e pela primeira vez, sapato.

— Como és homem,
a terra te dará chapéu:
fosses mulher, xale ou véu.
— Tua roupa melhor
será de terra e não de fazenda:
não se rasga nem se remenda.
— Tua roupa melhor
e te ficará bem cingida:
como roupa feita à medida.
— Esse chão te é bem conhecido
(bebeu teu suor vendido).
— Esse chão te é bem conhecido
(bebeu o moço antigo)
— Esse chão te é bem conhecido
(bebeu tua força de marido).
— Desse chão és bem conhecido
(através de parentes e amigos).
— Desse chão és bem conhecido
(vive com tua mulher, teus filhos)
— Desse chão és bem conhecido
(te espera de recém-nascido).
— Não tens mais força contigo:
deixa-te semear ao comprido.
— Já não levas semente viva:
teu corpo é a própria maniva.
— Não levas rebolo de cana:
és o rebolo, e não de caiana.
— Não levas semente na mão:
és agora o próprio grão.
— Já não tens força na perna:
deixa-te semear na corveta.
— Já não tens força na mão:
deixa-te semear no leirão.
— Dentro da rede não vinha nada,
só tua espiga debulhada.
— Dentro da rede vinha tudo,
só tua espiga no sabugo.
— Dentro da rede coisa vasqueira,
só a maçaroca banguela.
— Dentro da rede coisa pouca,
tua vida que deu sem soca.
— Na mão direita um rosário,
milho negro e ressecado.
— Na mão direita somente
o rosário, seca semente.
— Na mão direita, de cinza,
o rosário, semente maninha,
— Na mão direita o rosário,
semente inerte e sem salto.
— Despido vieste no caixão,
despido também se enterra o grão.
— De tanto te despiu a privação
que escapou de teu peito à viração.
— Tanta coisa despiste em vida
que fugiu de teu peito a brisa.
— E agora, se abre o chão e te abriga,
lençol que não tiveste em vida.
— Se abre o chão e te fecha,
dando-te agora cama e coberta.
— Se abre o chão e te envolve,
como mulher com que se dorme…

[ https://youtu.be/ffGwvmy5YZk ]

Íntegra:

[ https://youtu.be/MthmmdJgQXY ]

https://colegiocngparanagua.com.br/wp-content/uploads/2020/07/MORTE-E-VIDA-SEVERINA.pdf
.

Riaj Otim

os nossos produtores de feijão já deveria tá recebendo uns R$ 40,00 por kilo produzido e quem quiser comer barato, é só ir comprar na Venezuela

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