Wanderley Guilherme dos Santos: Mesmo sem Lula, disputar e ganhar as eleições

Tempo de leitura: 3 min

OPINIÕES DE UM PEQUENO BURGUÊS

por Wanderley Guilherme dos Santos, em seu blog, sugerido por Olimpio Cruz

Lula não será candidato.

Apesar da cristalina excepcionalidade de interpretações da lei e evidentes arranhões em sua aplicação discricionária, só há fraude eleitoral quando o eleitor é coagido, as urnas violadas ou o resultado adulterado.

São mais de cento e quarenta milhões de eleitores já registrados.

A ausência de Lula castra a liberdade de escolha de cerca de um terço deles, havendo sólido fundamento para a passionalidade com que reagem ao estupro.

Fraude eleitoral, porém, não será.

Quanto mais cedo as legendas populares perceberem a extensão da materialidade do que elas próprias denunciam – comportamento seletivo de instâncias do Judiciário – mais clara se tornará a ineficácia de pressões externas para alterar decisões recentes.

Os últimos fracassos se repetirão, com o risco nada desprezível de que a militância tenda a crescente desânimo.

As tempestades bíblicas têm faltado ao compromisso de inundar as instituições coatoras e seria penoso, além de fatal, assistir ao raquítico desenlace de manifestações brancaleônicas.

Um líder da estatura de Lula, indestrutível encarnação da livre escolha de milhões de brasileiros, não deve permitir a figuras subalternas expropriarem-no de autonomia para decidir.

Sair da disputa por acachapante submissão à sentença que o expulsa, seria desastroso.

Rebelar-se, tolo e infrutífero.

O fantástico cabedal de confiança de que dispõe acabaria abalado, pois não existe derrota vencedora senão na esfarrapada desculpa de perdedores crônicos.

Não é próprio de líderes populares transferirem ao empenho dos liderados a responsabilidade pelo sucesso de uma causa; no caso, garantia legal da candidatura Lula à presidência.

Especialmente quando se tem por certo que a derrota jurídica é inevitável.

O desbloqueio das candidaturas populares ocorrerá, quer por decisão antecipada de Lula, quer por insuperável imposição legal: Lula não será candidato.

O amargo de uma causa perdida arrisca atropelar o entusiasmo dos responsabilizados, abandonando aos adversários a arena que mais temem: a competição por votos.

E o infeliz refrão de que eleição sem Lula é fraude acompanharia o féretro de uma campanha esquizofrênica, intrinsecamente contraditória.

Ao contrário, a vitória de um candidato ou uma candidata indicado/a por Lula, tendo abortado a festa conservadora ao exclui-lo das eleições, reduziria a estrume cavalar os votos fúteis de juízes boquirrotos.

O jogo pede uma intervenção decisiva na estratégia: superar o cerco de bispos dogmáticos e submeter um rei faz-de-conta, quase tísico, a constante ameaça de xeque mate.

Preso ou solto, vivo ou morto, Lula, sua rouquidão e surpreendentes analogias, apavoram os grandes.
Embora conquistando degraus na escala de renda e prestígio, Lula manteve-se atado ao fio terra que o conecta ao insubornável faro político dos desvalidos.

Não se justifica reduzi-lo a intérprete de um dos segmentos do seu eleitorado.

Mais do que os conselhos de uma classe média ilustrada e brava, a arriscar apenas o voto, é a expectativa de emprego, comida, saúde, educação, segurança e habitação que orienta a escolha dos grupos vulneráveis.

Se os benefícios da vitória são imponderáveis, o custo da derrota é certo e bruto.

Não há conciliação digna com o adversário nem é conveniente alimentar um radicalismo encurralado pela legislação.

Interromper a catástrofe social impondo indiscutível derrota eleitoral à reação aponta para objetivo constitucional e razoável.

Contudo, é indispensável inaugurar, sem tergiversação, persistente propaganda em favor de eleições conforme a legislação em vigor, sem casuísmos urgidos pela oscilação das pesquisas.

Nem antes e nem, definitivamente, depois da votação.

A lei está a favor das expectativas dos desvalidos.

Opor-se a ela, difamando as eleições, não passa de grosseria contra a totalidade do eleitorado brasileiro.

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Comentários

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Alberto Jorge

Respeitosamente, eleições sem Lula é fraude!

Não há como negar essas arbitrariedades jurídicas advindas desse Golpe Jurídico, Midiático e Parlamentar contra Lula e a sua Honra!

Defender sua candidatura é defender e reconhecer sua própria cidadania.

O Povo Brasileiro, trabalhador e honesto, está com Lula e quer ter o direito de votar no Lula!

Essa é a causa a ser defendida.

Jose carlos lima

Difamando uma eleiçāo em que os eleitores de Lula estao tendo o cadastramento biometrico recusados

Em que a Dodge carro velho nao quer o papelzinho do Brizola pq os golpistas querem fraudar o pleito

Em que o Judiciario monta uma farsa pra impedir Lula assim como essa mesma elite do atraso fez o mesmo com JK

Sera que o Wanderley ta com Alzheimer e alguem escreveu no lugar dele

Desobediencia civil ja e a luta por Lula
Alias eh perda de tempo a esquerda se iludir com essa eleicao …os golpistas nao vao soltar a rapadura tao cedo…no minimo 20 anos de taca no povo e Wanderley sabe disso

Nilson Moura Messias

Lula, e PT, tem resistir até a prorrogação…….até entra o reserva….Jacques Wagner ou Roberto Requião, não necessariamente, nesta ordem.

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