Urariano Mota: O que vimos no último domingo foi tudo, menos velório

Tempo de leitura: 4 min

Marina rindo 3

A política no velório de Eduardo Campos

por Urariano Mota

No último domingo, enquanto assistia à missa no velório de Eduardo Campos, anotei em uma folha dobrada:

Lula é o cara. Quebrou as vaias, as lanças e hostilidade que se levantaram contra Dilma. Lula pegou Miguelzinho, o bebê órfão, dos braços de Renata. E fala com ela, a ela. Atrás dele, Serra faz uma cara de quem mastiga o insuportável. A cara de Serra, atrás de Lula, me lembrou uma lição da cartilha do ABC na infância: “Paulinho mastigou pimenta…”. Luiz Carlos Azenha me falaria depois, quando o encontrei por acaso em meio à Ponte Buarque de Macedo: “a Globo News mostrou somente a cara de Serra”.

Mas a cara no velório foi outra. Lula roubou a cena das mãos da selvageria, da claque formada que investiu contra Dilma. Acima do pós-doutorado em política e relações humanas, esse homem do interior de Pernambuco tem a dignidade dos que se defendem com o povo. Sem pompa, é autoridade pelo que de brasileiro deserdado ele possui. Quando encontrei Azenha na ponte, nem lembrei dos versos de Augusto dos Anjos, no poema As Cismas do Destino, que recupero agora:

“Recife. Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção à casa do Agra,
Assombrado com a minha sombra magra,
Pensava no Destino, e tinha medo!”

Medo sentimos pela onda de conservadorismo que se levanta.  Quando o arcebispo de Olinda e Recife rezou na missa em frente ao palácio do governo a frase: “Aceita, Senhor, o nossa sacrifício”, uma jovem devota a meu lado, enquanto comia um potinho de doce de banana, repetia com ele: “Senhor, aceita o nosso sacrifício”. E comia. Faz mal à gente  o mundanismo reles, naquele instante e lugar. O que meu íntimo censurava, notei depois, foi o comportamento vulgar da ausência absoluta de respeito aos mortos. A jovem que comia docinho repetia a visão do palco da missa, quero dizer, do púlpito, quero dizer, das autoridades e alguns íntimos do falecido adiante. Ela traduzia o grande mundo à altura das suas posses. A liturgia da morte foi quebrada, dentro e fora do cercado em frente ao Palácio do Campo das Princesas.

Na missa, o arcebispo Dom Fernando Saburido falava em ressurreição.

“Como disse o apóstolo Paulo, na segunda leitura: como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão…. E o mais bonito, meus irmãos e irmãs, é que todos os que creem em Jesus reviverão, não somente depois da morte, mas desde o instante em que acreditamos na sua Palavra”.

Clique na foto acima para ver um álbum do velório de Eduardo Campos

Na Praça da República, no Recife, o que se interpretava de tais palavras era mais carnal. De fato, no contexto armado do show cujo mote era uma tragédia, entre os telões com os atores políticos e pessoas com bandeiras eleitorais, do PSB e de Marina Silva  a ressurreição falava mais perto à terra. E aqui, nem vamos lembrar, porque herético, demolidor,  o sentido que deu à palavra o romance Ressureição, de Tolstói. Porque o significado era mais simples e baixo, nas condições do show eleitoral criado em torno da missa: a ressurreição era para Marina Silva.

Por isso o encontro com Luiz Carlos Azenha, na ponte Buarque de Macedo, foi mais respeitoso e aberto, quando lhe disse: “A gente fala no diabo e você aparece”. Ao que ele me respondeu: “E eu sou filho do capeta”.

É muito bom encontrar pessoas, repórteres honestos, corajosos, à margem da bênção eleitoral. Então lhe falei que Lula roubou a cena, inverteu o sentido das vaias com o gesto de agasalhar em seus braços o bebê Miguel. Menos para as imagens na televisão, onde apareceu a brilhante calvície de Serra. E lhe falei que me preocupava a pregação das qualidades de Eduardo Campos em que  avulta o amor à família cristã. Para mim, para mais de 90% dos brasileiros que não nos formamos em famílias sólidas, de avós, pai, mãe e filhinhos harmonizados, isso é o mesmo que um escárnio. Suavizado, é claro, pela doce luz do evangelho.

Por que em lugar de uma pregação de valores humanos que abriguem a realidade vivida pela maioria dos brasileiros, por que se faz uma construção piegas, e falsa, por extensão? Será mesmo assim tão importante ser família no sentido mais burguês da palavra, não ter falhas, somente filhos, amar o lar doce lar, último reduto contra a tempestade do mundo? Então somos obrigados a ver Jarbas Vasconcelos elogiar o respeito à família em Eduardo, ao mesmo tempo que nem devemos lembrar a última “namorada” de Jarbas ser capa da Playboy. Faz parte da hipocrisia eleitoral, que em vez da homenagem que o vício paga à virtude, é substância mais grosseira: a destruição da lembrança da orgia da última noite.

Pensando melhor, o que vimos nesse último domingo foi tudo, menos um velório. Chamem-no de evento, espetáculo, oportunismo, desrespeito aos mortos, insensibilidade à tragédia, surfismo eleitoral.

“Nós temos família e sabemos o quanto é importante uma família feliz. Ontem, por coincidência, foi o encerramento da Semana Nacional da Família, cujo tema para reflexão neste ano de 2014 foi A espiritualidade cristã na família: um casamento que dá certo. Ou seja, tudo a ver com a família que Eduardo e Renata procuraram constituir e que viveram na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e que agora continua tão firme e estável como antes, na saudade e no amor que não morre”, assim falou o arcebispo Dom Saburido.

Prefiro os versos de  Augusto dos Anjos, ao subir a ponte Buarque de Macedo:

“Mas a Terra negava-me o equilíbrio…
Na Natureza, uma mulher de luto
Cantava, espiando as árvores sem fruto,
A canção prostituta do ludíbrio!”

Depois do último domingo, sabemos que a  mulher de luto é Marina Silva. Há um tom profético em toda poesia.

Leia também:

Amaral rebate Noblat: A direita alugada não entende minha integridade


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Comentários

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Tomudjin

Já não bastassem tucanos candidatos, agora também temos chupims.

FrancoAtirador

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TORCIDA VTNC PETROBRAX DO ITAÚQUERÃO
FOI ORGANIZADA E PAGA POR EMPRESÁRIOS

21 de agosto de 2014 | 09:02

Empresários da Direita paulista
pagaram cartazes anônimos
para vaiar Dilma no Itaquerão

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Depois de quase três meses em sigilo,
ficamos sabendo, pelo Estadão,
que 20 mil cartazes foram distribuídos
à entrada do Itaquerão, na abertura da Copa,
atacando e pedindo manifestações contra Dilma Rousseff.

O apelo era explícito:
“Na hora do Hino Nacional
abra este cartaz e mostre para todos
que está na hora do Brasil
vencer de verdade”.

Foram pagos pela empresa Multilaser,
pertencente aos empresários
Alexandre Ostrowiecki e Renato Feder.

(http://tijolaco.com.br/blog/?p=20205)
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Rina Ibirajara de Alencar Laboissiere

Maravilha, até chorei.Continue presenteiando os leitores com a riqueza dos seus textos

Urbano

Uma coisa que ocorre, independentemente de que acreditemos ou não, é que quem morre realmente é o corpo, continuando em plena integridade o espírito, com todos os seus defeitos e virtudes, nem mais, nem menos. O grande alívio é saber que ainda terá a enésima mais uma oportunidade de se acertar na vida, de uma vez por todas. Minha sorte… E também a de bilhões e mais bilhões de espíritos que orbitam os orbes cósmicos. Tem mais, não vale pose de jeito e maneira, mas tão somente o ser…

lulipe

Lula faz falta em Hollywood ou mesmo na Globo, carentes de grandes atores!!!

Rogério Ferraz Alencar

sobre a Globonews não mostrar Lula e mostrar José Serra: ela fez muito pior: nem citou o nome de Lula. Quando vi o programa das sete da noite, a apresentadora disse que José Serra e Aécio Neves compareceram ao velório, “assim como vários políticos e autoridades”.

Julio Silveira

A logica da imprensa corporativa nunca foi honrar o Eduardo Campos, por quem (para quem é lucido) certamente não nutriam grandes afinidades, mas tão somente para aproveitarem da oportunidade que a morte desse cidadão ofereceu para enfraquecer a candidatura mais forte no momento, por puro interesse particular.
No Brasil as oligarquias valem-se de qualquer artificios mesmo os mais torpes para atingir seus objetivos.

Walter

Texto genial em forma e conteúdo.
Parabéns ao autor e ao viomundo por publicá-lo.

Ceiça Araújo

Lúcido e pertinente. Já indignada diante da reação encabeçada pela mídia, desde os primeiros momentos do acidente, não senti um pingo de vontade de acompanhar o evento final pela televisão. Eu tinha mais o que fazer. Pelo que li, posteriormente, através de alguns blogues e sites de notícias, cheguei à compreensão de que se tratou da espetacularização da morte, em que a politicalização desta foi personagem principal e não o defunto.

FrancoAtirador

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terça-feira, 19 de agosto de 2014
Blog do JoLuGue

Marina Silva: Um debate limitado aos temas religiosos nas eleições de 2014

Por José Luiz Gomes (https://plus.google.com/110402077345751405576/posts)

Não é muito comum acompanharmos o programa Conexão Manhattan, transmitido pela Globo News, mas, em razão da presença do cientista político José Álvaro Moisés, resolvi acompanhar o programa de ontem, dia 18. A linha editorial do Programa todos conhecem, embora algumas situações fujam ao controle, como entrevistados com um grau de altivez e independência que costumam embaraçar os repórteres. Atualmente, José Álvaro Moisés é professor da USP e foi, durante um período de sua vida, muito ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Salvo algum engano, participou de sua assessoria.

A grande questão posta era a última pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, realizada antes mesmo do funeral do ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos. Em analogia às pesquisas de boca de urna, essa pesquisa ficou popularmente conhecida como pesquisa de boca de cova, merecedora de muitas críticas por parte da imprensa. A pesquisa tentou aferir como o eleitorado iria se comportar diante da morte do ex-governador. Quem herdaria o seu espólio político, sobretudo com a sinalização clara de que Marina Silva(Rede) poderia substituí-lo na cabeça de chapa? Como ficariam Aécio Neves e Dilma Rousseff diante desse novo contexto? Apesar de Marina Silva aparecer bem na fita – com percentual que a coloca acima de Aécio Neves – o cientista político Álvaro Moisés sugere algumas ponderações. Há, de fato, uma grande comoção popular com a morte do ex-governador e isso, no Brasil, é um dado que costuma interferir nas eleições. Lembra o professor que o Golpe Civil-Militar no Brasil foi adiado por 10 anos, em razão da morte trágica do ex-presidente Getúlio Vargas. Foram os mesmos militares que derrubaram o ex-presidente João Goulart.

Outro aspecto é que o perfil de Marina Silva reúne as condições de galvanizar essa comoção, sobretudo por sua figura aparentemente frágil, de olhos de ressaca, mansa, franzina, franciscana, possivelmente à lá dona Sebastiana. Soma-se a isso o caráter de religiosidade que sempre esteve afeito à sua figura. Por outro lado, existem uma série de outras questões embaraçosas que a candidata precisa enfrentar nessas eleições, o que pode determinar sua boa performance ou não. Exige-se, portanto, ponderação sobre a sua situação aparentemente confortável na pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha. Vamos aos fatos: a) Eduardo Campos era o grande articulador político da aliança PSB/Rede. Em vários momentos, nas quadras regionais, precisou aparar algumas arestas internas com a sua companheira de chapa, sempre com o propósito de costurar alianças locais. Como ficariam essas divergências regionais – em colégios eleitorais importantes – uma vez que ela assume a cabeça de chapa? b)A ortodoxia religiosa de Marina Silva também se constitui num grande entrave com segmentos sociais importantes, como os grupos LGBT e com grupos feministas; c)As posições ambientalistas de Marina Silva chocam-se frontalmente com setores econômicos como o agronegócio, que vive de birra com a irmão desde a época em que ela ocupava o Ministério do Meio-Ambiente, no Governo Lula. Marina, portanto, tem uma série de arestas a serem aparadas daqui para frente. Por seu temperamento, não costuma ceder em suas posições, o que, pragmaticamente, constitui-se num entrave. Muita cautela, portanto, com essa “onde” que está sendo inflada por setores sabidamente conservadores do eleitorado. Em artigo publicado aqui no blog, o professor Michel Zaidan observa que poderemos ter um embate eleitoral centrado na religiosidade, o que empobrece a discussão sobre as questões que realmente importam ao país.

(http://blogdojolugue.blogspot.com.br/2014/08/marina-silva-um-debate-limitado-aos.html)
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    FrancoAtirador

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    Detalhe

    Foi nesse mesmo Manhatann Connection, programa norte-americano

    transmitido pela Globo News, Sucursal da CNN aqui no braZil,

    que o ‘especialista convidado’, acima mencionado, afirmou:

    “Marina Silva é a principal ‘atôra’ no atual quadro eleitoral”.

    “Atôra”… Provavelmente um neologismo na Ciência Política.
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    Caracol

    FrancoAtirador, “atôra” deve ter a ver com o verbo “aturar”, o que significa que vamos ter de aturar a Marina Silva até outubro.
    (É, Sakamoto, tá difícil manter a sanidade).

    FrancoAtirador

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    É mesmo, Caracol. Infelizmente.

    Ou de repente se refere a ‘Atorar’

    que tem a ver com os desmatadores

    com quem a Marina está coligada.

    (http://www.brasildefato.com.br/node/13663)
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    FrancoAtirador

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    segunda-feira, 18 de agosto de 2014
    Blog do JoLuGue

    “Quando a Morte é uma Festa”

    Por Michel Zaidan Filho

    Esse é o título do livro escrito pelo historiador baiano João Reis, falando dos velórios realizados no interior do Brasil.

    Para não fugir à tradição, o velório e o funeral do ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República pelo PSB tem tudo para se transformar num mega-espetáculo, inclusive com carros de som convocando a população do Recife para o evento fúnebre, a se realizar – aliás – no Palácio do Governo. [*]

    A festa tem a cara de uma ato político-eleitoral,
    com a anuência da família do falecido.

    Nem bem ainda o IML tinha realizado o exame de DNA para a identificação dos despojos que corresponderia ao corpo do ex-governador, o irmão- literato usou de suas habilidades intelectuais para redigir uma carta aberta propondo a substituição do irmão morto pela irmã (de fé?) Marina Silva na cabeça da chapa majoritária do PSB.

    Não deixa de ter seu valor de curiosidade etnológica essa mistura – tipicamente nordestina e brasileira – entre negócios e luto.

    A morte também pode ser um grande negócio.

    Haja vista a venda de flores pelas floriculturas do Recife.

    Muitas lucram com a morte trágica e o sentimento de luto da família do ex-governador.

    Daí a preocupação com o funeral que deve contar com honras de Estado.
    Lembrem-se do suicídio de Getúlio Vargas, a morte de Tancredo Neves, a morte de Miguel Arraes e agora, a do seu neto e herdeiro político.

    Muita gente quer tirar proveito desse funeral.

    Até os adversários e ex-adversários políticos do ex-governador.

    Um evento desse tipo pode ser facilmente transformado – com o auxílio inestimável da mídia e do governo estadual – numa comoção popular semelhante à perda do pai primordial, do deus ancestral, das divindades totêmicas que velam pela sorte dos vivos.

    Não será a primeira vez na história política brasileira.

    O primeiro desaparecido ilustre que encabeça a lista é o rei D. Sebastião Diniz, morto na batalha de Al Kacequibir, na África, em sua cruzada contra os mouros.

    A espera messiânica de D. Sebastião – romanceada por Ariano Suassuna – alimenta até hoje o imaginário político brasileiro, que vive aguardando ‘o retorno do encantado’.

    A transformação do messianismo religioso em messianismo político para ser, hoje em dia, obra de assessores de campanha política a serviço da esperteza de parentes do falecido (lembrar a carta aberta do irmão- literato)

    Não vai ser tarefa fácil.

    Um líder religioso ou profano não surge assim da noite para o dia, por obra e graças de um desastre aéreo, por mais investimento simbólico-propagandístico que venha a receber.

    A tragédia desses líderes precisa corresponder – de verdade – a uma vida de sacrifício, de dedicação ao interesses da população, martírio, exílio e morte.

    Como dizia Hegel, os verdadeiros líderes históricos não passaram de caixeiros viajantes do espírito absoluto:
    uma vez cumprida a sua tarefa, são abandonados à sua própria e infeliz sorte.

    Não é bem este o caso do neto de Arraes.

    Nem na vida, nem na morte se vê indícios de sacrifício ou abnegação por uma grande causa humanitária.

    Quem se lembra da foto, divulgada pela imprensa, do ex-governador tomando champagne em seu jatinho, enquanto a população de Pernambuco sofria com a greve dos policiais do seu ‘pacto pela vida’, não pode concordar com o seu ingresso no Panteão dos deuses.

    A rigor esse exercício de santificação é mais da responsabilidade
    dos que estão vivos (‘bem vivos’) do que do morto.

    Em primeiro lugar, da família,
    que não quer perder o controle da sucessão do cabeça de chapa.
    Daí a carta-aberta do irmão literato.
    Segundo, da ex-senadora Marina Silva de olho em sua indicação oficial, na próxima quarta-feira, como sucessora de Campos.
    [Terceiro,] do próprio PSB em encontrar um nome a altura
    de substituir o nome do ex-governador na chapa majoritária.
    E [por último] da coligação política local
    em garantir a eleição do preposto para o governo estadual.

    No fundo, a morte é um bom negócio.

    De um cenário pouco estimulante,
    pode se fazer uma mudança eleitoral que beneficie a candidata.

    (http://blogdojolugue.blogspot.com.br/2014/08/michel-zaidan-filho-quando-morte-e-uma.html)
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    [*] Observe-se que este artigo foi escrito antes da realização

    do cerimonial fúnebre realizado em Recife-PE, no domingo (17/8).
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    denis dias ferreira

    José Álvaro Moisés foi filiado ao PT.

    FrancoAtirador

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    Aloysio Nunes foi motorista do Marighella.
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