Sérgio Nobre: Metalúrgicos não querem brincar de Lego

Tempo de leitura: 3 min

Desindustrialização e baixa competitividade preocupam metalúrgicos do ABC

sugestão do Igor Felippe, na Radioagência NP

A participação da indústria brasileira na composição do Produto Interno Bruto (PIB) caiu pela metade em menos de 30 anos. Um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que atualmente o setor representa apenas 15,8% das riquezas geradas no país. Em 1984, respondia por 35,9% da soma total.

No período avaliado, o emprego no setor também caiu. Em 1985, a indústria concentrava 30,6% dos postos de trabalho e agora emprega apenas 17,4% do contingente de trabalhadores.

No último dia 8 de julho, os metalúrgicos do ABC de São Paulo realizaram uma manifestação que reuniu aproximadamente 30 mil trabalhadores. Eles interromperam o tráfego na Via Anchieta e alertaram o governo federal e a sociedade para o risco da desindustrialização no Brasil.

O presidente do sindicato, Sérgio Nobre, revela que lutar pela sobrevivência da indústria é tão importante quanto garantir melhores condições de trabalho. Em entrevista à Radioagência NP, ele questiona a baixa competitividade do setor e defende investimentos em tecnologia.

Radioagência NP: Sérgio, o que motivou 30 mil metalúrgicos a ocuparem as ruas?

Sérgio Nobre: Nós não queremos ser apertador de parafuso ou produtor de bugigangas na indústria. Queremos ter alta tecnologia, produzir computadores, aviões, automóveis. E não é o que está acontecendo no Brasil. Se você quiser acessar o mercado chinês, tem que assumir compromisso com o Estado chinês. Você vai montar a fábrica lá, o controle acionário é do Estado, você vai ter que transferir tecnologia e desenvolver lá o produto que você vai produzir. No Brasil é diferente, quem quer assumir o mercado brasileiro – e todo mundo quer – vem de qualquer maneira, produz em seu país de origem, manda para cá em caixas, feito “Lego” e a gente monta.

Radioagência NP: No ano passado, o Brasil bateu um recorde na geração de empregos. Como isso refletiu na indústria?

SN: Essa geração de empregos não é na indústria de transformação, que é o que mais agrega valor. E quando ocorre na indústria, não é emprego qualificado. No ano passado, o Brasil importou 600 mil automóveis. Se eles fossem produzidos aqui, seriam 105 mil novos postos de trabalho só no setor automotivo. Neste ano, a projeção é de importar um milhão de automóveis. É mais do que a Volkswagen – que é a maior produtora no país – produziu no ano passado inteiro.

Radioagência NP: O que se deve fazer para que a indústria brasileira seja competitiva?

SN: O Brasil está virando um exportador de commodities, de matéria primária. Então, aquilo que é de alta tecnologia vem dos países centrais. Aquilo que não tem tecnologia, nós estamos disputando e perdendo – em função do câmbio valorizado, inclusive – para a China, Índia, México. Precisamos ver o que está vindo de fora, sejam máquinas, equipamentos ou automóveis e traçar um plano para produzir internamente, que é o que a China faz. Se ela não tem tecnologia para produzir determinado produto, ela importa, mas ao mesmo tempo ela traça um plano para, em determinado tempo, deixar de importar e produzir em seu próprio país.

Radioagência NP: Que avaliação você faz da greve dos funcionários da Volkswagen, no Paraná, que durou 37 dias?

SN: A ideia de a indústria ir para outros lugares é a de pensar o país como um todo, pensar a indústria nacional e o papel da indústria automobilística nesse contexto. Então, eu vejo com alegria o movimento dos trabalhadores no Paraná porque é isso mesmo que tem que fazer. Se o preço do automóvel é igual em todos os estados, custa a mesma coisa, por que o salário lá é menor? Não faz sentido. Os trabalhadores assimilaram isso e estão reivindicando, o que é muito justo.

Radioagência NP: Mas a descentralização das indústrias não é boa para o país?

SN: As grandes nações do mundo têm uma indústria automobilística muito forte. O Brasil também, mas não pode ficar concentrado só em São Paulo. O que a gente dizia era o seguinte: se for para outras regiões em busca de benefícios fiscais e salários baixos, é ilusão, porque os incentivos fiscais passam e depois de dez anos você precisa pagar os mesmos impostos de São Paulo. O salário baixo, com o tempo os trabalhadores percebem que têm potencial para reivindicar, tem parâmetro de comparação e buscam equiparação. Isso faz parte de processo e estamos vendo isso na China. Lá os salários são baixos, mas agora os trabalhadores olham para o mundo e começam a reivindicar também.

Radioagência NP: Como a pauta da desindustrialização está sendo discutida com os trabalhadores?

SN: Não adianta ficarmos discutindo como melhorar as condições de trabalho e o salário, se a indústria está em jogo, se a sobrevivência dela está ameaçada. Uma coisa está ligada na outra. Nossa categoria, graças aos 30 anos de luta, conquistou padrões salariais diferenciados da realidade brasileira, mas temos que pensar na sobrevivência da indústria. E aí, a agenda é com o governo. Então, estamos atuando nas duas frentes.

De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo


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Comentários

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Ricardo CG-MS

Essas montadoras ditas nacionais (GM, FORD, FIAT, VW) não cansam de querer ganhar no grito.
Querem que o governo force uma diminuição das importações, mas esquecem que as próprias atuam da mesma forma.
Carros populares sempre serão fabricados por aqui. Os mais completos que migram para Argentina e México.
Não esqueçam também que a coreanas e chinesas, além da BMW instalarão fábricas no Brasil.

mundim

Prezado Calves , acabei de ler um artigo do André Siqueira na Carta Capital que reinforça o que estou tantado dizer em meu comentário anterior. Dois pontos válidos de mencionar:

"O País fechou o primeiro semestre com um passivo externo líquido da ordem de 1,2 trilhão de reais. Em português claro, essa é a diferença entre os investimentos de brasileiros no exterior, que vão de fábricas e participação em empresas a empréstimos concedidos a outros governos, e os ativos que estrangeiros detêm por aqui. A entrada de dólares, resultado tanto da atratividade da economia brasileira quanto da oportunidade de desfrutar de taxas de juro entre as mais altas do planeta, fez o saldo negativo aumentar mais de duas vezes e meia desde a turbulência financeira internacional de 2008."

"Embora disponha de um guarda-chuva- de 333 bilhões de dólares, em reservas, o Brasil não é capaz de, com ela, cobrir mais que 60% da potencial debandada- de recursos que seria desencadeada por um episódio como a falência do Lehman."
http://www.cartacapital.com.br/economia/depois-da

—-

Infelizmente as primeiras vítimas deste tsunami que desponta no horizonte serão a nova classe média brasileira e a pequena e média empresa. Será que os novos consumidores irão agüentar segurar os pagamentos das prestações com uma taxa de juros ainda maior? E se conseguirem, como irão enfrentar o desemprego que virá como consequência desta contração da atividade econômica? Nós sabemos com que velocidade o empresariado brasileiro demite os seus empregados, lembra-se da recente marolinha?

E o que acontecerá com o pequeno e médio empresariado, a economia real e que emprega, se hoje eles já não conseguem competir com os chineses, coreanos e indianos por causa desta louca e irresponsável politica econômica, imagina em um período de crise e juros altos. Adicione o fato que países como a China, irão desvalorizar ainda mais as suas moedas e forçar as suas indústrias a baixarem os preços de seus produtos de exportação para manterem os seus postos de trabalhos e evitar convulsão social em seus territórios.

Para o Partido Comunista Chinês o importante não é obter lucro em suas estatais, mas ficar firme no poder e uma grande retração nos postos de trabalhos em suas fabricas é mais perigoso do que um milhão de seitas Falugongs, o Dalai Lama e toda a nação tibetana, ou todo o poder militar dos americanos reunidos. Ele não irão querer uma nova Praça Tianimein, feita por trabalhadores, os mesmo que mandam os seus filhos a engrossarem as fileiras do exército vermelho, a base real de sustentação do PCC. Antes de abraçar o dragão chineses deveriamos ter tomados precauções para proteger o nosso mercado e indústria, mas o lucro fácil e rápido das commodities falou mais do que uma análise realista da visão do mundo na ótica chinesa.

Vamos ser realistas e convenhamos que sem a China o Brasil quebra, perdemos os nossos mercados externo para os manufaturados asiáticos e o nosso mercado interno sozinho não irá conseguir segurar a crise como da marolinha anterior. Alguém dirá, hei, mas nós temos o pre-sal!

Sim, temos este tesouro nas nossas costas, mas precisaremos de mais investimentos e estaremos vivendo em um mundo em que o crédito barato (que eufemismo) desaparecerá, e se conseguirmos amadurecer a produção nestes campos em tempo (geralmente leva de 5 a 10 anos), veremos o nosso país obrigado a exportar o crude para saldar as suas importações já que o investimento em refino além de ser bem mais longo é ainda mais caro do que a extração em águas profundas. Corremos o risco da Nigerização do Brasil.

Enfim, espero sinceramente que esteja apenas delirando em minhas idéias e que as minhas previsões sejam tão certas como as da Miriam Leitão e outros ilustres economistas e articulistas da grande imprensa e do mercado, mas o fato é que a marolinha desta vez parece realmente ser um grande tsunami.

Um grande abraço e bom fim de semana para todos.

Marcos W.

O imbróglio é tão grande,e eu tão míope,que só consigo ver uma solução,qual seja,pararmos de comprar tanta quinquilharia!

O_Brasileiro

A verdade é que as multinacionais instaladas no Brasil só se preocupam com o lucro imediato, e não estão nem ai para investir no Brasil.
Tenho um exemplo próprio:
Há uns dois meses fui comprar um carro, comecei procurando um montado por uma dessas multinacionais "brasileiras" instaladas por aqui, dessas que montam aqui com peças de maior valor agregado fabricadas lá fora! Nas concessionárias em que fui, não tinham a decência de ter um carro com "air bag" e ABS nem para pronta
entrega, e nem para entregar em 30 dias. Ou seja, não investiram quando tiveram o incentivo fiscal e agora não têm produto de qualidade para entregar para o consumidor.
Ou seja, eu tinha o dinheiro pra comprar, e eles não tinham o produto pra vender!!!
Resultado? Fui procurar um importado que tivesse os itens que eu procurava.
Agora, me respondam, a culpa é do governo ou das montadoras???

    mundim

    O_Brasileiro, você já deu uma olhada na lista dos maiores bancos brasileiros?

    Confira as posicões dos bancos no link: http://www4.bcb.gov.br/top50/port/top50.asp

    Lá você irá encontrar multinacionais como a Ford, General Motors, Volkswagen, Fiat, Cargill, Monsanto, Renault, John Deree e por aí vai. Os braços financeiros destas empresas tornaram-se o negócio principal e mais lucrativo no Brasil, dê uma olhada nos balancetes financeiros destes grupos e nos diga o resultado.

    Para que investir em qualidade e renovação de produto quando os ganhos com os juros pagos pelo consumidor e a ciranda financeira trazem retorno maior e mais rápido e não necessitam de nenhum investimento em contratação, modernização ou ampliação do parque produtivo?

    Os veículos Coreanos e outros importados tem que ganhar maiores fatias de mercado para poderem abrirem os seus bancos/financeiras, depois a história será a mesma que a das outras montadoras.

    A culpa talvez não seja do governo ou das empresas, o culpado é quem tem o poder da escolha e não a usa, o consumidor brasileiro. Mas peraí, se você quiser importar um carro diretamente do seus países de origens, êpa! você não pode, pois o nosso governo impõem restrições para proteger a indústria automobilística nacional(?) só as montadoras e agentes oficiais de fabricantes é que podem importar veículos mas não o consumidor final. Pensando bem, a solução talvez seja ir ao Paraguay, Argentina ou Uruguay e comprar um veículo, emplacar por lá e rodar no Brasil, oops! mas isto também não pode e é crime.

    Resumindo, o consumidor pode escolher entre andar de carroça nacional, a mais cara do mundo, ou comprar um importado mais luxuoso e barato, mas correndo o risco de pagar uma fortuna por peças sobressalentes que muitas das vezes não estão disponiveis nos estoques das concessionarias ou no Brasil e por estas razões obter um valor muito menor na hora da revenda. E como você dizer: Pessoal, tenho uma picape Chrysler e um Lada Niva para vender, quem quer comprar?

    Pensando bem, é realmente muito difícil ser consumidor no Brasil, nos falta escolha e uma politica industrial séria por parte do governo.

    Quando falo em proteção a indústria nacional estou olhando principalmente a proteção ao emprego mas convenhamos, quando um pequeno produtor fabrica o seu produto ele tem que ter preço, qualidade e desenho inovativo por que senão fica impossibilitado de competir. Este pequeno e médio empresário geralmente não tem uma proteção adequada do governo ou a força de barganha junto aos sindicatos para poder negociar redução da jornada de trabalho ou salários. Estas empresas geralmente empregam dezenas e raramente centenas de trabalhadores mas no entanto sao juntas responsaveis por cerca de 70% dos postos de trabalho na indústria brasileira e as grandes vitímas da concorrência desleal dos importados.

Rafael

Eu não entendo o porquê desse alvoroço em relação a desindustrialização, pelo pouco que entendo acredito que basta o governo mudar a política de juros, mas a questão por que o governo não muda?

    mundim

    Rafael esta é uma questão que vale um China…

    …meu medo é que a resposta seja por que o Mercado não quer.

    Abs,

    Lucas

    Só mudar a política de juros não adianta. Tem que esquecer o neoliberalismo e praticar protecionismo, e subsidiando a indústria brasileira (que é o que o BNDES faria, se não estivesse muito ocupado dando dinheiro pra qualquer fusão que aparece pela frente). Nenhum país – NENHUM – em toda história do mundo conseguiu montar uma base industrial em regime de livre mercado.

    Olha só pra China, por exemplo. É a potência industrial que é graças ao capitalismo de Estado promovido pelo Partido Comunista Chinês. Mas não são o único exemplo. Se você ver a história dos países da Europa, dos tigres asiáticos, ou dos EUA, vai ver que as épocas de expansão industrial e melhora no padrão de vida coincidem com as épocas em que o Estado mais interferiu na economia.

    A mudança na política de juros é uma condição sine qua nom para impedir uma maior desindustrialização de nossa economia, mas não é a única medida necessária.

Helio Aguiar Filho

E isso ai!
Empurrando, este governo anda.
Se nao empurrar, como bons apartchniks, vao ficar parados.

Marcio

O modelo baseado na reserva de mercado, o qual impulsionou nossa industria não serve mais. O empresariado nacional tem que se adaptar ao mercado global mas não o faz. Ou por que não sabe, ou por que está acomodado. Enquanto isso a China………..

    Rafael

    Eu duvido que a China tenha algo que o Brasil não tenha em questão de competência ou estrutura. A grande diferença de China é os baixíssimos salários, praticamente não existem direitos trabalhistas.

    leandro

    Não é só isso. O que mata o potencial brasileiro é o custo de tudo, energia na china é um décimo do que custo no Brasil, a infraestrutura brasileira é de péssima qualidade, escoar produção aqui custa muito. O custo do capital aqui é proibitivo. Sálario é só a ponta do iceberg.

    mundim

    Marcio, a proteção da indústria é algo diferente da reserva de mercado. Hoje o mercado global está criando mais e mais proteção a suas indústrias e eu irei apenas citar um produto que representa bem esta proteção na Europa e um caso recente envolvendo o Brasil e a China.

    A Champagne, você pode produzi-la em qualquer país mas terá que chamar de espumante, sparkling wine ou qualquer outro nome, mas não Champagne. Se você quiser tomar Champagne tem que comprar o produto francês.

    A Embraer abriu uma fábrica na China para produzir o ERJ-135, mas uma das muitas condições que o governo chinês impôs a Embraer era a de se associar a um empresa local, e neste caso a estatal AVIC foi a escolhida pelo governo chinês para ser sócia da Embraer. Ao mesmo tempo que fabricava os aviões com a Embraer na AVIC I a irmã AVIC III estava desenvolvendo um modelo de maior capacidade e baseado no ERJ-180, o China Regional Jet (CRJ).

    Quando a Embraer viu secar o mercado para jatos de ate 45 lugares e a armadilha que entrou com a AVIC e quiz fabricar a família do ERJ-180 na China, o governo chinês negou a autorização simplesmente porquê a Embraer iria competir com o jato CRJ da AVIC III na China e nos países identificados como potenciais mercados para os jatos CRJ da AVIC III.

    Usaram da proteção a sua indústria que nem a determinação da nossa Presidenta conseguiu removê-los, como consolação deram a Embraer a licença para produzir os jatos executivos Legacy, quer dizer um ERJ-135 com um interior executivo.

    No Brasil qualquer um pode vir e abrir uma fábrica para fabricar o que quiserem ou importarem o que quiserem, mas na China, Índia e muitos outros países que hoje fazem concorrência desleal no comércio entre as nações, um empresário precisará primeiramente apresentar um plano ao governo e esperar que este seja aprovado para depois abrir a sua fábrica, licença de importação então é quase impossível de obter. E se a atividade tiver produtores nacionais dificilmente este fabricante estrangeiro irá conseguir esta licença.

    Estes governos forçam as empresas estrangeiras a se associarem a uma local e a local geralmente desfaz a associação assim que passa a dominar a tecnologia trazida pelo parceiro estrangeiro. Esta prática é muito bem representada pelos Chaebol coreanos, hoje na Coreia é quase impossível achar produtos que não sejam coreanos e o mesmo é válido para a China, Vietnã e outros países que estão, competindo com o Brasil no exterior e entrando para dominar o mercado interno brasileiro.

    O problema principal é que o grande empresário pode mudar a sua produção para outros países onde o custo de produção é barato e exportar os seus produtos para o Brasil, mas os trabalhadores e os micro e pequenos empresários não tem escolha, a eles apenas restam o desemprego e o fechamento de seus estabelecimentos frente à concorrência estrangeira, que nem sempre é leal.

Honestino Batista

Precisamos de uma nova ordem mundial. Não é possível convivermos com Capitais especulativos como soe hoje. Capital que vem passar uma noite no outro dia vai embora. O Governo precisa olhar com cuidado esta questão da desindestrualização o mais rápido possível. Pelo que se está se vendo a loucura já começou: O países Europeus os EUA com suas crises creecentes vão começar a fazer liquidação e quererão vender tudoque produzema preços de banana. O nosso Governo tem que ficar atento a este fenômeno.

    Caracol

    Pois é… o Brizola, coitado, cansou de bater nessa tecla. Diziam que ele era ultrapassado.

miack

Merece ser lido:
http://oleododiabo.blogspot.com/2011/07/sobre-des

rundfunk hörer

Aqui ninguém é bobo.
Desindustrialização?
Prove!
Números apresentados:
a) Proporção da indústria no PIB de 84 e de 2010. Os outros setores cresceram mais que a indústria, é óbvio. Precisa dizer (e provar) que a produção industrial refluiu, o que, como sabemos não aconteceu.
O dado apresentado, portanto é SOFISMA. Buzina neles!
b) Mais uma vez proporção de postos de trabalho entre indústria e outros setores da economia. Ora aqui é ainda mais grave, pois temos que, além do crescimento em ritmos diferentes há o fator tecnológico (automatização, maquinários, etc) que influi diretamente no número dos postos de trabalho. Mais um SOFISMA.
Em suma, dá até pra discutir estratégias de política econômica para os setores e a defesa da sua categoria faz parte do jogo democrático, mas a conversa fica prejudicada quando os dados apresentados não são confiáveis.

    leandro

    Isso é tapar o sol com a peineira. Todo mundo conhece alguem ou algum dono de pequena industria que fechou ou está fechando por causa da concorrencia estrangeira. Se a automação diminuiu a mão de obra nas fabricas isso também ocorreu com a agricultura altamente mecanizada. Enquanto estamos aqui discutindo se é culpa do PT ou da oposição, a China agradece.

    rundfunk hörer

    Leandro, eu não quero só discutir. Eu quero entender. E não me interessa se a culpa é de "A" ou "B". Mas não dá pra conversar com base no achismo, sem base, sem dados.
    Olha, prá ajudar vai aqui um link de um estudo que põe em cheque esta história de desindustrialização:
    http://oleododiabo.blogspot.com/2011/07/sobre-des

    Eduardo Valuso

    Está certo, horer. A participação % da indústria no PIB do Brasil cai porque aumenta a % do setor de serviços, como ocorrer em qualquer país moderno. Os sindicalistas estão fazendo lobby com base em informações erradas.

Lucas Brasil

Bem, e qual o plano dos empresários? Eles têm alguma idéia concreta, bem pensada, bem discutida com os trabalhadores? O quê eles maturaram ao longo destes (hum) 15 – 20 anos de concorrência chinesa? O mesmo grupo é governo há mais de 8 anos. O que eles acertaram com o PT? O que eles já tinham progredido nos tempos do FHC?

Sabemos que o problema é difícil e que se sofre esta concorrência em escala planetária, mas se os industriais desejam algo, têm que se mexer. O que eu duvido que farão.

Sergio Navas

"O presidente do sindicato, Sérgio Nobre, revela que lutar pela sobrevivência da indústria é tão importante quanto garantir melhores condições de trabalho. Em entrevista à Radioagência NP, ele questiona a baixa competitividade do setor e defende investimentos em tecnologia."

O sr Sergio Nobre precisa defender que produtos primários que detemos supremacia de produção, seja disponibilizado aos fabriicantes nacionais, com isonomia de custos em relação aos mesmos fabricantes internacionais, para que possamos ampliar os niveis de emprego e também ampliar o nível de competitividade internacional.
abçs
abçs

Cronopio

EUNAOSABIA, você é idêntico aos lulistas fanáticos.

Antonio

Pós 2008, Lula baixou os impostos para que as pessoas consumissem mais produtos industrializados no Brasil, como a linha branca e automóveis. Antes, Lula estava preocupado em recompor a Economia e o emprego. Revigorou a construção de navios, fez o PAC e aumento o emprego na construção civil. Mas depois do desmantelamento do Estado feito por FHC durante 8 anos na Presidência e por 16 anos no Estado de São Paulo, onde infelizmente o PSDB também desgoverna, 8 anos de Lula são poucos para reconstruir um país quase às cinzas. Mas Dilma acertará os eixos, pois o Governo Dilma não trabalha para estrangeiros, trabalha para brasileiros e o problema da desindustrialização pegou o mundo todo de calças curtas. Agora, todo o mundo, após a crise de 2008/2009 abrirá os olhos para a reindustrialização e a China vai dançar nessa história, assim eu espero. Deve nascer uma nova ordem financeira e econômica proibitiva para o capital especulativo e mais ligada ao capital-trabalho, que é a razão das coisas existirem.

Calves

Além da política monetária o Estado brasileiro tem instrumentos para atuar.

Leio aqui no Carta Maior sobre a suplementação de recursos para o BNDES:
"O governo estima que, neste ano, o BNDES vai receber pedidos de empréstimos que somam R$ 145 bilhões. Com o orçamento de cerca de R$ 90 bilhões, não seria possível atender a todos – 40% teriam de ser negados. Daí a necessidade de complemento.

O dinheiro é obtido pela Secretaria do Tesouro Nacional com a venda de títulos públicos ao “mercado”. Do limite de até R$ 55 bilhões eo novos recursos ao BNDES, o Tesouro já providenciou R$ 30 bilhões, em junho." http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMos

Calves

Continuação:
Além do BNDES, maior banco de fomento do mundo, há programas para desenvolvimento de indústria de base tecnológica via Ministério de Ciência e Tecnologia. O MCT, via Finep conta com recursos razoáveis para o desenvolvimento da indústria de valor agregado ao produto.

Acredito na capacidade do Estado brasileiro emular o sistema de CAPITALISMO DE ESTADO chinês, obviamente com todos os senões das diferenças. Há nesse caso a vantagem de diminuir a facilidade com que a indústria brasileira se desnacionaliza (lembre, de cabeça mesmo, quantos empresários brasileiros venderam suas empresas a estrangeiros?). Manifestação xenofóbica minha? Nada disso: só não quero que aconteça o que ocorre agora com as empresas estrangeiras mandando recursos para suas matrizes em apuros.

Mas, ao final, parece que a questão-chave está nos juros básicos e na valorização do real.

Fabio_Passos

Não seremos uma nação desenvolvida enquanto os especuladores controlarem a politica macroeconômica do Brasil.

É preciso romper com o neoliberalismo e construir um projeto nacional de desenvolvimento.

Já passou da hora de fechar o cassino e apostar na produção.

Os adversários de um Brasil desenvolvido são bem conhecidos:
– banqueiros e especuladores
– mídia-corrupta. rede globo / veja / fsp / estadão
– partidos da direita neoliberal. psdb, dem, pps

O PT quer participar deste grupo?

mundim

Ontem foram os empresários do setor têxtil, hoje são os trabalhadores que estão expondo este absurdo que é esta política econômica e a falta de uma política industrial do governo.

Falamos muito da herança maldita do FHC mas qual é a diferença na política econômica entre o governo dele e o do PT? Ele privatizou tudo em benefício dos amigos e da megalomania do seu ego em ser aceito como par igual aos governantes do norte desenvolvido e neo liberal, e no fim apenas mostrou-se um capacho do mercado, um governante medíocre e passageiro na cena da periferia do capital internacional.

E o PT, a nossa grande esperança de mudar tudo isto que está ai, o nosso partido chega ao poder e o que faz para reverter as políticas do PSDB? Talvez privatizações tenham mudado de nome, mas ela ainda permanece no horizonte e a formação de cartéis e oligopolização da economia irá representar um mal futuro tão grande quanto as privatizações do FHC/Serra.

A proteção da indústria não é somente a proteção do emprego, é também a proteção de nossa soberania como país, soberania que já está bastante corroída pela desnacionalização de nossa economia. Hoje exportamos soja para alimentar os porcos chineses e o lucro vai para os Estados Unidos e Europa, falamos no telefone mais caro com o pior serviço do mundo e que pertence a empresários de países periféricos do grande capital. Os nossos automóveis ainda estão no mesmo nível que o Fernando Collor tão bem definiu em seu governo, CARROÇAS, a diferença é que hoje são as carroças mais caras do mundo, pelo preço de uma no Brasil você pode comprar dois carros no exterior. E por aí vai.

Estamos assistindo uma desnacionalizando e desindustrialização do Brasil a uma velocidade espantosa e o silêncio e inanição do governo nos deixa simplesmente perplexos. Estamos em um processo de decadência igual ao dos Estados Unidos sem no entanto sermos os donos da moeda padrão mundial ou mesmo do capital.

Enquando estamos felizes comemorando o desempenho fantástico nas exportações e de vendas de produtos de consumo no mercado interno, não percebemos que a base de sustentação da economia está sendo construida em areia movediça. Estamos afundando tendo a sensação que tudo está as mil maravilhas, exatamente igual ao Estados Unidos e quando o governo acordar talvez seja tarde de mais.

Estamos criando uma bolha que se não tratada vai explodir levando consigo o sonho de milhões de pessoas recém incluidas na nova classe média.

    Julio Silveira

    É meu caro, parece que Brasilia é um acido lisergico na veia dos politicos brasileiros, independente de qual alinhamento ideológico se declarem. Ao irem para lá parece que passam a ter delirios de elefantes cor de rosa. Será que não é função de tanto assédio pelo dinheiro publico e interesses de alguns privados que os levam a crer serem os senhores de uma ilha da fantasia?

    Calves

    Seria possível esclarecer, Mundim, o que é essa bolha?

    mundim

    Prezado Calves,

    Embora o progresso do Brasil e o nosso potencial não sejam uma ilusão a nossa economia ainda se baseia em características insustentáveis, temos a moeda mais sobrevalorizada do mundo e a segunda maior taxa de juros do planeta. Principalmente a estes dois fatos estamos entrando em um perigoso processo de desindustrialização que além de trazer conseqüências indesejáveis a todos os outros setores da economia transformará o país em um simples produtor de commodities, correndo o perigo de contagiar com a indesejável doença holandesa.

    As vendas crescem mas igualmente testemunhamos uma participação crescente de produtos importados, em alguns setores até três ou quatro vezes maiores do que as taxas de crescimento de venda. Exportamos cada vez mais soja e minérios e outras commodities sem agregar nenhum valor e para somente um cliente, estas exportações nos dar uma sensação de que a economia está forte, mas na realidade estamos importando aço e maquinário que hoje poderiam ser produzidos no país, e somos dependentes de um parceiro que já mostrou que ele é que dita as regras do jogo do comércio.

    As commodities têm os seus períodos cíclicos e será que o país conseguirá sobreviver com um baixa sensível nos preços destas commodities ou das importações chinesas? Devemos ter em mente que o que mais interessa aos chineses, americanos e europeus, não são as nossas commodities mas sim a nossa maior riqueza que é o nosso mercado interno.

    Outro fato preocupante que ninguém comenta mas que está alimentando silenciosamente esta bolha e que o nosso governo parece não atentar, é que hoje as famílias brasileiras estão gastando mais de um quinto de sua renda no pagamento de empréstimos ou financiamentos e esta porcentagem está crescendo vertiginosamente e deve atingir 30% em 2012. As conquistas desta nova classe média poderão ser rapidamente corroídas por taxas de juros altas comos estamos assistindo graças ao boletim FOCUS e ao BACEN. Poucos falam mais o Brasil hoje é um dos países mais do caros do mundo para se viver. Infelizmente a qualidade de vida não corresponde ao preço que pagamos pelos serviços e bens.

    Estamos perigosamente seguindo os passos dos EUA, desmontando o nosso parque industrial acreditando que o setor de serviços poderá ou irá absorver a mão-de-obra dispensada pela indústria e pela mecanização da lavoura. As famílias estão se endividando sem perceber o perigo que representa altas taxas de juros aos seus orçamentos familiares, e para completar o quadro, estamos aplicando uma taxa muito baixa do PIB em nossa infraestrura e isto tudo aliado a uma pequena poupança interna.

    Enfim, o consumo aumenta mas os gargalos que sufocam a capacidade de resposta da nossa indústria não são atacados/resolvidos pelo governo. As altas taxas de juros e impostos na cadeia produtiva tornam os bens e produtos fabricados no país muito caros e o mercado interno em processo de desindustrialização e aberto a dominação do estrangeiro.

    Sintetizando, esta é a bolha que me referir.

    Abs,

    ZePovinho

    Aqui é o velho ZePovinho de guerra,Mundim.Você faz críticas arretadas,bicho.A gente precisa bater no governo porque,com alguém disse aqui,o PT já chegou onde queria e só vai para frente,agora,com a militância empurrando.

    mundim

    Meu amigo ZePovinho, sou seu fã e seguidor dos seus comentários e pode ter a certeza que muita me honraria tomar umas cervejas e umas doses daquela branquinha maravilhosa que ainda é brasileira e tão bem apreciada por nós o Povinho deste amado Brasil.

    Este negócio de critica é muito arriscado amigo, a maioria das pessoas vem aos blogs para sentirem-se bem, seja por causa da afinidade de pensamento ideológico com os seus partidos ou seja porque lá terão os seus comentários publicados, abrirão as suas idéias para o mundo. E este fator feel good, como gostam de falar a elite brasileira em Miami, dificulta muitas vezes o debate.

    Enfim, o meu olhar crítico não é por que eu sou contra este ou aquele partido mas porque quero o bem e o progresso do nosso povo e país, e isto é de coração, já que não nunca tive, tenho ou terei propriedades ou interesses no Brasil, a não ser o meu amor pela terra e povo.

    Talvez a distância me dê a frieza de uma análise crua, mas real, do momento em que vive o nosso país e estimulem o debate nas pessoas que estão aí e que podem fazer este país melhor para o seu povo. Falam da Globo, mas eu não vejo novelas ou jornal nacional,mesmo tendo banda larga barata, uncapped e de de 4Mbps. Não leio revistas, somente o site da Carta Capital do meu querido Nino Carta e algumas vezes a Istoé, de jornais, infelizmente e, por falta de opção somente a primeira página do site da Folha. Sou imune a grande mídia tupiniquim ou as empresas do Murdoch, esta por pura opção.

    Mas mesmo assim o que já fui chamado de nome por tentar fazer criticas honestas ao governo. Você nem acredita, fui chamado de direitista, pelego, amigo do Reinaldo Cabeção, metido a intelectual de merda que só fala bobagen e por aí vai e tudo porque ousei criticar, o que penso ser errado, a politica do governo atual.

    Ainda temos gente no Brasil, que se acham progressistas mas que acredita que gritando mais alto irão conseguir abafar a voz discordante, mesmo que seja em um blog da internet. O probleminha é que no passado fui militante e conheço estas táticas de cor e salteado, estas truculências verbais podem até funcionar bem se o seu argumento é fraco. O azar deste pessoal é que por ser Buddista tenho a paciência e humildade necessárias para lidar com a insignificância e cegueira do pensamento de que é mais fácil agredir uma idéia do contrário do que iluminar-la com argumentos (isto é Buddismo).

    Por mais irritante que seja o EUNAOSABIA, a.k.a. a grande tacada do Azenha, ele ou ela é necessário para estimular debates no blog,. Precisamos deste contrário para estimular o desenvolvimento das idéias e convenhamos este negócio de comentar em blogs é tão viciante como videogame, pois nos deixa com a sensação de que fazemos parte do debate e da vida política do Brasil. Coisa que todos no fundo querem mas que é quase impossível se você é apenas um simples cidadão ou membro da militância de um partido político tradicional. Lá quem fala e mandam são as cúpulas dirigentes, o resto da manada somente ouve e segue, as vezes tentando defender o indefensável. Uma ditadura que chamamos de democracia partidária.

    Enfim, um grande abraço para você e obrigado ao Azenha por este blog democrático e sério e também por mostrar que não é só pelo Facebook ou Orkut que se pode fazer amigos na internet.

jaime

Enquanto na China o Estado é o acionista majoritário (isto é, participa do lucro e não apenas dos impostos) e obriga à transferência de tecnologia, aqui no Brasil as empresas se encostam no Estado através das PPP (mais ou menos como se fosse uma "aposentadoria da empresa"), com cláusulas que lhe garantem o lucro em caso de perdas (equilíbrio econômico financeiro a ser provido pelo Estado, isto é, nossos impostos), ou seja, estão blindadas contra a concorrência. Isso é o capitalismo brasileiro, já capitalismo de verdade é outra coisa – e só funciona com pessoas normais.
Mas essa não é a pior parte. Há outra, quando o Estado, depois de amargar anos em uma atividade indispensável e não lucrativa, no momento em que começa a obter algum retorno, repassa à esfera privada para que essa continue fazendo a mesma coisa, com a pequena diferença de que os lucros não serão mais socializados, mas apropriados pelo "empreendedor"!! – Vide nesse site: Em Defesa da Água como um bem Público.

EUNAOSABIA

Sérgio Nobre, você está totalmente coberto de razão…não tem como não concordar… só quero lhe adiantar uma coisa… os próximos comentários darão o diagnóstico desse problema… "É culpa de FHC"""… vai por mim… o que vamos ler neste post vai se ater a isso… ""É tudo culpa de FHC"""….

Depois de oito anos, dois mandatos, seis meses de um terceiro mandato.. é claro que a culpa é de FHC.. mas eu pergunto… Lula fez o quê esse tempo todo?? NADA?…

    ZePovinho

    Digite o texto aqui![youtube BQQZIqUhVmk http://www.youtube.com/watch?v=BQQZIqUhVmk youtube]

    Calves

    Cara, tira férias. O pessoal aqui já sabe qual é a sua. Larga mão.
    Você já fez seu pezinho de meia com seu besteirol.
    Vai para a praia e quando tiver eleições você volta. Te esperamos ansiosamente porque já sabemos exatamente o que você vai aprontar.

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