Ruben Bauer Naveira: O mundo a caminho do caos

Tempo de leitura: 2 min
Mapa dos países em relação ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP): verde escuro, signatários; verde mais claro, signatários que ratificaram; vermelho, não aderiram; laranja, removidos

Por Ruben Bauer Naveira*

Quem sai como o maior perdedor do conflito Israel-Irã?

Israel? O Irã? Os Estados Unidos?

Nenhum desses.

O maior perdedor é Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

Esse tratado acaba de virar letra morta — não apenas para o Irã, mas perante o mundo inteiro.

O que o tratado proporcionava aos seus signatários?

O direito de acesso à energia nuclear para fins pacíficos, em troca de inspeções pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para garantir que urânio não estaria sendo enriquecido além do necessário.

O que o Irã conseguiu por meio desse tratado?

Que todas as suas instalações nucleares, com as respectivas capacidades, fossem conhecidas do Ocidente. E que os nomes dos principais cientistas e técnicos (que participavam das reuniões com os técnicos da AIEA) fossem também conhecidos do Ocidente.

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Que estas informações tenham sido vazadas para Israel (que NÃO é signatário do tratado) já é uma infâmia. As instalações foram bombardeadas, e os cientistas foram assassinados, em muitos casos em casa, dormindo, juntamente com as suas famílias.

Mas que os EUA (que SÃO signatários) tenham usado essas informações para bombardear as instalações foi a gota d’água.

O Irã já rompeu relações com a AIEA, e se prepara para denunciar o Tratado de Não Proliferação — no que terá o endosso de Moscou.

Veja o que declarou ontem Sergey Lavrov:

“O Diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, poderia ter fornecido um relatório mais preciso. Ele agora insiste que o Irã conceda à agência acesso imediato às suas instalações nucleares, para verificar o paradeiro dos materiais enriquecidos e avaliar a situação in loco. Mas onde estão as garantias de que essas informações não serão vazadas? Não vejo tais salvaguardas. […] O Ocidente está exercendo forte influência sobre os secretariados das organizações internacionais. Em alguns casos, é como se elas tivessem sido efetivamente privatizadas. Funcionários ocidentais nesses órgãos – da ONU por diante – frequentemente desrespeitam os princípios de neutralidade e a proibição de receber instruções de qualquer governo nacional”.

Após o Irã sair do tratado, haverá uma debandada de outros países. E, dentro de no máximo uma década, haverá novos participantes no clube nuclear (Turquia? Arábia Saudita? Polônia? Japão? Alemanha? Venezuela? Coreia do Sul? Egito? Quem dá mais?)

É absolutamente certo que o mundo se tornará um lugar muito menos seguro. Os principais responsáveis? Benjamin Netanyahu, e o seu capanga de cabelo laranja.

Ruben Bauer Naveira (contato e pix [email protected]) é ativista, pacifista e autor do livro Uma Nova Utopia para o Brasil: Três guias para sairmos do caos (disponível aqui).

*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Zé Maria

Dupla Genocida Netanyahu & Trump
é o Caos a Caminho do Mundo.

Zé Maria

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“Vergonhosa, Abominável e Irresponsável ‘Felicitação’
do Secretário-Geral da OTAN a Donald Trump pela Agressão Militar Contra as Usinas Nucleares do Irã”

Teerã, IRNA – O Porta-Voz do Ministério das Relações
Exteriores do Irã, Esmail Baqaei Hamane, condenou
a mensagem do Secretário-Geral da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte,
que parabenizou o presidente dos EUA, Donald Trump,
pelo ataque aéreo contra o Irã.
O Diplomata Iraniano chamou o gesto de Rutte de
“vergonhoso, abominável e irresponsável”.

“É vergonhoso, abominável e irresponsável que o
Secretário-Geral da OTAN parabenize um ato de
agressão verdadeiramente extraordinário contra
um Estado soberano”, escreveu ele em sua conta
no X na quarta-feira.

“Aqueles que apoiam a opressão e a injustiça
não têm honra.
Aqueles que apoiam um crime são considerados
cúmplices e participantes dele”, acrescentou.

De acordo com a IRNA, o presidente dos EUA,
Donald Trump, divulgou imagens de mensagens
de texto pessoais de Mark Rutte, nas quais
o Secretário-Geral da OTAN elogia a decisão
do presidente dos EUA de realizar ataques
agressivos contra as instalações nucleares do Irã.

https://es.irna.ir/news/85873042/Ir%C3%A1n-califica-de-vergonzosa-felicitaci%C3%B3n-del-secretario-general
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Zé Maria

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“Ministro da Defesa do Paquistão condenou veementemente
as ações ilegais e os ataques ilegítimos do regime israelense ao Irã”

Islamabad, IRNA – Durante uma reunião bilateral com
o Ministro da Defesa iraniano à margem da Reunião
de Ministros da Defesa da Organização de Cooperação
de Xangai (OCX) na China, o Ministro da Defesa paquistanês
Khawaja Muhammad Asif condenou veementemente as
ações ilegais e os ataques ilegítimos do regime sionista
à República Islâmica do Irã.

Expressando profunda preocupação com os conflitos
globais em andamento, o Ministro condenou as ações
militares não provocadas e ilegais tomadas por Israel
contra a República Islâmica do Irã.

Em seu discurso, o ministro da defesa paquistanês
reafirmou o firme compromisso do Paquistão com os
princípios e objetivos da OCX, enfatizando a importância
da segurança coletiva, dos esforços coordenados de
combate ao terrorismo e da conectividade regional
aprimorada.

Nesse sentido, ele defendeu a solução pacífica de
disputas por meio do diálogo, da mediação e da
diplomacia preventiva.

https://en.irna.ir/news/85873845/Pakistani-Defense-Minister-condemns-Israeli-attacks-on-Iran

Zé Maria

“O Mundo [Ocidental, isRéu e Ucrânia] a Caminho do Caos”

Zé Maria

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“Os Laços Entre o Irã e a Rússia
Não Estão Sujeitos à Influência
da Atual Situação Internacional”,
diz Embaixador Russo em Teerã.

Enfatizando a tendência crescente das boas relações entre Teerã e Moscou, Alexy Dedov, Embaixador da Federação Russa no Irã, disse em entrevista exclusiva
à Agência de Notícias Mehr (MNA) que os laços entre
os dois Estados não estão sujeitos à influência da atual
situação internacional.

A seguir a íntegra da Entrevista.

MNA: As relações entre o Irã e a Rússia têm sido
descritas como “estratégicas” nos últimos anos.
Você acha que esses laços são estratégicos e
que os dois vizinhos podem ser chamados de
parceiros estratégicos?

Embaixador Russo no Irã: Moscou valoriza muito seus
laços de amizade com Teerã, com quem compartilhamos
visões comuns sobre a maioria das questões globais
e regionais.
Nossas relações baseiam-se em tradições de longa data
de amizade e boa vizinhança, compreensão mútua e
confiança, e são caracterizadas por um desejo sincero
de cooperação mais estreita.
Estamos comprometidos com a construção de uma
ordem mundial democrática e justa, baseada em
princípios universalmente reconhecidos de direito
internacional, multilateralismo, segurança igualitária
e indivisível, e buscamos uma política externa
independente e soberana.
O alto nível de coordenação em política externa alcançado
é natural e lógico.
Cooperamos ativamente em plataformas multilaterais,
incluindo a OCX [Organização para Cooperação de Xangai], os BRICS e a UEE [União Econômica Eurasiática],
e apoiamos a adesão de nossos amigos iranianos a essas
organizações.
Notavelmente, nenhum de nossos parceiros fora do
espaço da CEI [Comunidade dos Estados Independentes]
possui status correspondente em todos esses três principais grupos.
Na última década, sob a liderança dos Chefes de Estado
dos dois países, os laços entre a Rússia e o Irã se
fortaleceram significativamente, ganhando impulso
e profundidade sem precedentes na história.
Estamos buscando expandir a cooperação multifacetada
em todas as áreas-chave.
O desejo mútuo de intensificar a parceria é confirmado
por contatos frequentes – dezenas – nos níveis mais
altos e Escalões Superiores.
A cooperação intergovernamental, interparlamentar
e interdepartamental está se desenvolvendo com
sucesso, enquanto os laços inter-regionais e entre
cidades-irmãs também estão sendo fortalecidos.
A cooperação comercial e econômica está em constante
crescimento.
No final do ano passado, o crescimento atingiu 13,29%, um resultado próximo aos níveis recordes de 2022.
Estou confiante de que esse número será ainda maior,
considerando que o Acordo de Livre Comércio entre a
União Econômica Eurasiática [UEEA] e o Irã entrou em
vigor em 15 de maio.
Estamos trabalhando ativamente para resolver as
questões pendentes e iniciar a construção da ferrovia
Rasht-Astara o mais breve possível.
Estamos dando continuidade à construção da segunda
e terceira unidades da usina nuclear de Bushehr para geração de eletricidade e implementando diversos outros
grandes projetos de investimento no setor energético.
Levando em conta todos os fatores acima — a natureza
de confiança de nossos contatos e nossos interesses
nacionais — a alta liderança política de ambos os países
optou por elevar o nível das relações.
Como afirmou o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin,
o tratado interestatal atualizado, assinado durante a
histórica visita do presidente iraniano Masoud Pezeshkian
a Moscou em 17 de janeiro de 2025, é “um documento
verdadeiramente inovador que estabelece metas
ambiciosas e delineia direções para o aprofundamento
da cooperação a longo prazo”.
Este é, sem dúvida, um evento marcante.
Pela primeira vez, as relações receberam o status de
uma parceria estratégica abrangente.
Isso reflete plenamente as profundas mudanças
qualitativas que ocorreram na cooperação entre
a Rússia e o Irã.

MNA: Na sua opinião, a questão das “sanções” pode ser
considerada um desafio ou uma força motriz nas
relações Irã-Rússia? Nesse sentido, que medidas foram
tomadas para facilitar as transações bancárias, cambiais
e comerciais entre os dois países para lidar com as
sanções? Você acha que o roteiro da China e dos
Emirados Árabes Unidos pode ser considerado um
impedimento ou um facilitador nas relações econômicas
entre Irã e Rússia?

Embaixador Russo no Irã: Sem dúvida, as sanções
unilaterais ilegais impostas aos nossos países não são
apenas um sério desafio, mas também um motor para
o crescimento da cooperação comercial, econômica e
de investimentos entre a Rússia e o Irã.
Estamos nos esforçando para aproveitar ao máximo
nosso potencial existente, criando mecanismos adicionais
para criar condições favoráveis ​​e estimular o comércio mútuo.
Por exemplo, uma infraestrutura de pagamento independente
já foi criada e está funcionando com sucesso, permitindo
transações em moedas nacionais.
Sua participação agora ultrapassa 95%.
A aceitação mútua de cartões de pagamento nacionais
foi garantida — recentemente, nossos cidadãos ganharam
a possibilidade de fazer pagamentos sem dinheiro em
espécie por bens e serviços durante visitas recíprocas.
A entrada em vigor do Acordo de Livre Comércio entre
a União Econômica Eurasiática e o Irã, que mencionei
anteriormente, contribuirá para uma maior liberalização
dos regimes comerciais, reduzindo e eliminando barreiras
tarifárias e não tarifárias.
Isso envolve questões de acesso a mercados, medidas
sanitárias e fitossanitárias e simplificação de procedimentos
aduaneiros.
No total, nos últimos três anos, nosso arcabouço jurídico
e contratual foi ampliado em 40 documentos setoriais e
interdepartamentais, a maioria dos quais visa aumentar
o volume de negócios entre a Rússia e o Irã.
A emergência de uma ordem mundial multipolar é
acompanhada por um aprofundamento da crise
da globalização econômica e uma aceleração da
fragmentação do sistema comercial global, sob
a influência de cadeias de produção e distribuição
rompidas e do colapso dos mecanismos de mercado.
Os algoritmos da cooperação econômica externa estão
sendo reformatados.
Então, qual é a nossa resposta às mudanças nas condições? Além de uma infraestrutura financeira
independente, separada do Ocidente e das ferramentas
de apoio ao comércio internacional, hoje, juntamente
com o Irã, estamos essencialmente criando uma artéria
de transporte continental completamente nova:
o Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul, que
está se tornando o eixo logístico central da Eurásia.

No geral, estamos interessados ​​em estabelecer
cooperação multilateral e implementar projetos de
integração conjunta com todos os países com
mentalidade construtiva, incluindo nossos amigos
iranianos, chineses e emiradenses.

MNA: A cooperação militar-defesa entre Teerã e Moscou
tem sido avaliada como de bom nível, especialmente
nos últimos anos. Esse tipo de cooperação poderia ser considerado no âmbito do acordo abrangente de parceria
estratégica entre o Irã e a Rússia, assinado em 17 de janeiro de 2025?

Embaixador Russo no Irã: A interação russo-iraniana na
esfera militar e no campo da cooperação técnico-militar
não é um fenômeno novo — ela vem sendo realizada há
muitas décadas, principalmente em plena conformidade
com o direito internacional e não direcionada contra os
interesses de terceiros países.
Naturalmente, ela recebe atenção em nosso novo tratado estratégico.
O tratado contém um artigo sobre a não prestação de
assistência militar ou de outro tipo a um agressor caso
uma das partes seja atacada.
As áreas abrangidas incluem o treinamento de militares,
o intercâmbio de cadetes e instrutores, visitas de navios
de guerra aos portos de cada país, a participação em
exibições de defesa, a realização de eventos esportivos
e culturais conjuntos, operações marítimas de assistência
e salvamento, o combate à pirataria e ao assalto à mão
armada no mar.
Além disso, com o objetivo de manter a paz e a segurança
na região, o tratado prevê a realização de exercícios
militares nos territórios das partes, bem como consultas
para combater ameaças militares e riscos à segurança
comuns.
De modo geral, o tratado sistematiza e codifica as áreas
de cooperação em que temos nos envolvido nos últimos
anos.

MNA: No nível internacional, como a abordagem do
presidente dos EUA, Donald Trump, para resolver a
questão da Ucrânia e o possível acordo com Teerã
podem afetar as relações entre Irã e Rússia?

Embaixador Russo no Irã: Devo enfatizar que as relações
entre nossos países são inabaláveis, estratégicas e
não sujeitas à influência da atual conjuntura internacional.
Esses são os princípios fundamentais definidos pela mais
alta liderança política de ambos os países.

Defendemos uma solução político-diplomática para
o programa nuclear iraniano em termos aceitáveis ​​
para nossos amigos em Teerã, incluindo o levantamento
de sanções unilaterais ilegais.
Se necessário, estamos prontos para fornecer aos
nossos parceiros a assistência necessária, levando
em consideração a experiência e a contribuição decisiva
que demos para a conclusão do “acordo nuclear” em 2015.
Agradecemos aos nossos amigos iranianos por sua
postura objetiva e equilibrada em relação à situação
na Ucrânia.
Mantemos contato com representantes do governo
americano sobre a crise ucraniana.
Fornecemos explicações detalhadas sobre suas causas
e gênese.
Esclarecemos nossa visão dos parâmetros para um
acordo, levando em consideração os interesses legítimos
da Rússia, principalmente nas áreas de segurança e
proteção dos direitos humanos.
Parece que nossos interlocutores americanos passaram
a compreender melhor nossa posição.
Há sinais de que estamos caminhando na direção certa.

MNA:Dadas as áreas potenciais para cooperação entre
o Irã e a Rússia, a posição de Teerã na política externa
de Moscou deve ser considerada dependente do equilíbrio
da Rússia no sistema global, ou há necessidade de
aumentar a cooperação e melhorar o status do Irã
na política externa russa?

Embaixador Russo no Irã: Respondi parcialmente à sua
pergunta no meu comentário anterior.
As relações russo-iranianas são autossuficientes.
Sem dúvida, ainda temos muito a fazer para alinhar
a cooperação comercial e econômica ao potencial de
nossos países.
Ao mesmo tempo, se analisarmos todo o espectro de
relações, fica claro que a direção iraniana é uma das maiores prioridades da política externa russa. Isso é
determinado tanto pelo status da República Islâmica do Irã
como grande potência regional quanto por sua posição
internacional, considerando sua filiação plena à OCX, convite para o BRICS e status de observador na UEEA.
Para entender quanta atenção a liderança de nossos
países dedica à cooperação bilateral, gostaria de remetê-los
mais uma vez à dinâmica dos contatos de alto nível.
Na minha opinião, tudo está bem claro aqui.

https://en.mehrnews.com/news/232818/Iran-Russia-ties-not-subject-to-Intl-situation-influence

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