Rillo: Compor com golpistas é legitimar a facada nas costas que Dilma e todos nós levamos; a militância não vai perdoar

Tempo de leitura: 4 min

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por João Paulo Rillo*

A resolução do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, autorizando a bancada de senadores e deputados federais a votar, se desejar, em golpistas nas eleições para as mesas diretoras, sintetiza um dos problemas centrais do PT, um abismo entre a base social e militantes e a cúpula partidária.

Em momentos cruciais nos últimos 13 anos, diversas vezes as direções sucumbiram ora ao governo federal, ora a um pequeníssimo núcleo de decisões, abdicando de tomar posições compatíveis com o nosso programa e o sentimento da maioria dos seus filiados e apoiadores.

Incluem-se aqui companheiros que, mesmo não sendo da direção, ocupavam espaços de extrema importância no governo federal.

Eles assistiram passivamente aos erros políticos e econômicos do governo Dilma, erros que também nos distanciaram da nossa base social.

Desencontros entre base e cúpula acontecem em partidos populares de esquerda. Mas devem ser evitados tanto quanto possível porque sempre deixam feridas, algumas incicatrizáveis, quando acontecem muitas vezes.

Dessa vez, feito Pilatos, o Diretório Nacional lavou as mãos e delegou a uma instância menor uma decisão maior, cara à nossa luta, que, neste momento, não cabe apenas às bancadas. Deve envolver, sim, o conjunto de filiados e apoiadores.

Por mais que alguns gênios do pragmatismo digam que é uma questão menor, pontual, tática, não nos convence, porque, na verdade, ela é estrutural, estratégica.

O combate claro aos golpistas faz parte de um conjunto de sinais que precisamos emitir ao povo brasileiro, que já confiou seu futuro a nós e, hoje, nos olha com, no mínimo, desconfiança e assiste à destruição pelos traidores e vendilhões da pátria do que construímos para a classe trabalhadora.

Não somos mais poder central. Deixamos de ser por uma via violenta e traiçoeira. Isso faz dessa questão ainda mais estrutural e menos pontual.

Quando se é governo central, na linha “conciliação acima de tudo”, e existe normalidade democrática e respeito às regras, é razoável compor o parlamento (que é plural e heterogêneo por natureza) com partidos ideologicamente díspares.

Sendo oposição, dentro das regras e normalidade democrática, também me parece razoável, mas é necessária uma preocupação estratégica e não apenas tática.

Já na situação em que nos encontramos, de oposição a um governo que deu um golpe jurídico-parlamentar, o mínimo que se espera do partido atingido em cheio é que ele faça de cada mandato conquistado pelo voto popular uma trincheira de luta e resistência.

Que ele lidere a construção de uma grande frente ampla e popular de resistência e fomento de sonhos e esperança em dias melhores.

Não esperamos um comportamento rebaixado, conciliador, que ajude a legitimar o golpe e os golpistas.

É necessário olhar a história e colocar a mão na consciência para perceber a mancha irreversível que deixaremos como legado.

O PT já demonstrou força e capacidade de recuperação em muitos momentos difíceis, mas está cansado e muito ferido de guerra.

Sua militância está cabisbaixa, envergonhada, sem voz, sem discurso.

A cada passo em falso, como o tomado pela direção na semana passada, o sangue jorra.

Essa é a grande oportunidade de a Direção Nacional do PT se reencontrar com sua base social e sua cultura de esquerda popular.

Quando as posições estão bem divididas na base do partido, a direção tem o direito de fazer sua opção e até errar.

Mas quando a esmagadora maioria da sua base tem uma clara e convicta posição, a direção perde o direito de errar sozinha.

Se tiver que errar, que seja junto a essa esmagadora maioria política e não junto a uma pseudomaioria, institucional e burocratizada.

Está clara a posição da nação petista e das mulheres e homens de esquerda deste país.

Elas e eles não querem compor com golpistas, eles e elas não querem perdoar os algozes da democracia, elas e eles não querem legitimar a facada violenta que Dilma e todos nós tomamos nas costas.

Eles e elas querem enfrentar de peito aberto essa agenda econômica e social regressiva e selvagem da casa grande.

Ainda há tempo de mudar e ouvir a nação de mulheres e homens que, apesar do golpe, ainda sonham com um projeto de país livre e democrático.

Os argumentos que tentam justificar a aliança com golpistas são frágeis, não se sustentam.

É falsa a tese de que estar na mesa diretora garante mais condições de enfrentar a direita e o golpe.

É ilusório pensar que, ao fazer parte da mesa, ficaremos menos isolados do que já estamos.

Mas é verdade que, ao termos mais cargos e estrutura nas casas legislativas e boa relação com os presidentes dos poderes legislativos, tem-se caminhos encurtados no governo.

No entanto, de que valem esses atalhos se nosso projeto de país não cabe dentro desse governo?

De que vale ter meia dúzia de deputados bem relacionados, com portas abertas no governo, se a esmagadora maioria da esquerda e de seus líderes está sendo perseguida pela repressão fascista?

A verdade é que essa composição com golpistas é muito boa apenas para o carreirismo parlamentar de alguns.

Não são 60 ou 80 cargos a mais ou a menos que estruturarão um novo projeto a ser defendido nas ruas por nós, mulheres e homens livres e de esquerda.

É preciso tirar a fantasia de governo, carnaval acabou.

Somos oposição aos golpistas e usurpadores.

O PT não pode se rebaixar frente à responsabilidade histórica apresentada.

Não pode sucumbir ao cretinismo parlamentar. A recuperação de sua desgastada imagem passa pelo resgate da confiança dos militantes e apoiadores.

A militância quer lutar e já decidiu o seu lado. Ainda é tempo de a Direção Nacional decidir o seu.

João Paulo Rillo é deputado estadual pelo PT/SP.

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Comentários

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guilherme souto

Não é de hoje que andamos tomado bolas nas costa. Onde estão as militâncias? Todas, pelo que parece, e talvez tenha sido o maior erro, foram cooptadas pela máquina do governo, pós 2002.

Fico imaginando o que o mp e pf, não tem nas mãos, contra dirigentes sindicais…

Acabou! Por enquanto, mas está por ser reconstuído.

Alexandre Nunis

Pra mim chega…nem sei em quem votar…mas PT não da mais chega de rastejar…que vergonha…estou desolado …não voto mais no PT…

    mello

    Essa de eu votei no PT, sempre votei no PT…..frase comum aos que querem a destruiçâo do Partido e dos seus ideais. Filme muito repetido.

Gilson

Quem Vota em Golpista é Golpista também

FrancoAtirador

.
.
“Em um Brasil capturado por um enredo de Costa Gravas – o mestre do cinema político –
no qual interesses conservadores e quadrilhas disputam um golpe de Estado
fazendo do sobressalto a rotina, e do caos, a norma,
o PT mergulha no seu VI Congresso com o desafio mais difícil em 37 anos de existência:
decifrar a própria esfinge, se quiser agir sobre a do país.”
.
Por Saul Leblon, na Agência Carta Maior
.
“Passados seis meses, o PT ainda não conseguiu estabelecer um consenso
sobre as causas e consequências do golpe consumado em agosto de 2016,
quando uma Presidenta reeleita 22 meses antes com 54 milhões de votos
foi apeada por um golpe das elites com a escória política da nação.

Enquanto se detém em coadjuvantes do enredo,
o partido reluta em concentrar-se no principal.”
[…]
“Por haver acumulado êxitos reais na coexistência com métodos e limites
do sistema contra o qual nasceu mas que agora se voltam contra ele,
a ponto de o vice-presidente de Dilma ter assumido o governo do golpe –
a sigla experimenta uma profunda crise de identidade.

Apartado da engrenagem dominante não por opção, mas por uma aliança de elites
que enxergaram na estagnação mundial um risco e uma oportunidade
para implementar seu próprio programa, o PT busca agora um novo rosto
no espelho da história.

Reluta, porém, em responder as perguntas que a travessia cobra.

O projeto de desenvolvimento inclusivo do PT não perdeu sua pertinência histórica.

Numa sociedade onde o saneamento público coleta apenas 50% dos dejetos
e trata menos de 25%, a prioridade inclusiva do crescimento persiste
não apenas atual como urgente.

O que a radicalização da desordem neoliberal esfacelou aqui
foi o velho pacto vigente desde 2003 para implementá-lo.

Tentar remenda-lo, como sugere a decisão do partido
em relação às mesas da Câmara e do Senado,
não vai parar o relógio da história.

O mais provável é o PT ser atropelado por ela.

Seu método de luta, com a ênfase deslocada dos movimentos de base
para a estrutura do Estado e a atividade parlamentar
– com as consequências sabidas de indiferenciação política e ética –
é que precisa mudar.”
[…]
“Como o maior partido de trabalhadores da América Latina chegou a esse descompasso?

O PT protelou perigosamente aquilo que já se impunha como ultimato de vida ou morte
desde o final do primeiro governo Dilma (2013/2014):
a necessidade de se reinventar enquanto projeto, alianças e método de luta.

O custo da omissão marcou a confusa campanha pela reeleição em 2014.
[…]
“Seu corolário foi o desastroso ajuste ortodoxo delegado a Joaquim Levy, logo em seguida,
em colisão com uma vitória eleitoral marcada pelo resgate do compromisso progressista
no segundo turno.

A espoleta do golpe ganhou seu gatilho aí.

Pasteurizados diuturnamente pela mídia conservadora, com a desfrutável contribuição
do juiz de Curitiba, esses ingredientes ganharam dimensões de catarse de rua
para dar à destituição da Presidenta um verniz institucional.

Os trilhos da história se moveram.

À revelia da locomotiva que preferiu não considerar os sinais do caminho.”
[…]
“Sem uma resposta progressista à altura da urgência trazida pela desordem neoliberal,
o descontentamento social no Brasil permitiu ao establishment
hipnotizar o centro político da sociedade com um pacto golpista
antissocial e antinacional inspirado em um thatcherismo tardio e radicalizado.

As consequências práticas são devastadoras.”
[…]
“Evitar o descarrilamento e reorientar a rota é a obra que desafia o VI Congresso do partido.

Pode-se reordenar uma ferrovia com a locomotiva andando?

As forças que querem destruir o PT garantem que não.

Em nome dos erros do partido – que não são poucos –
avança-se na desqualificação das virtudes
e conquistas que não são desdenháveis.

Uma resume todas as demais.

O PT ressuscitou a bandeira da justiça social na agenda política do país de forma genuína.

Elevou-a à condição motor e finalidade do desenvolvimento econômico, em contraposição ao exclusivismo mercadista que atribuía esse papel às metas de inflação (leia-se juros reais elevados); ao superávit fiscal (leia-se arrocho e estado mínimo) e ao câmbio livre (leia-se, livre mobilidade dos capitais, endividamento e renúncia à base industrial brasileira)

É verdade, o partido não contestou o cuore conservador, não trocou uma coisa pela outra.

A singularidade dos seus governos foi trazer o conflito social do capitalismo para dentro do aparelho de Estado.

E pautar o crescimento pela busca negociada de uma maior convergência social.

Esse, o ciclo que agora se despede em ruidosa transição.

A dificuldade de se renovar na travessia
– e assim reagir ao massacre que o desnorteia –
não reside propriamente na incapacidade teórica
de enxergar tropeços e equívocos.
Mas, sim, no fato de que o PT se tornou uma réplica
do sistema político que precisa combater para ressuscitar.

O sistema político brasileiro exige muito pouco dos quadros partidários
em termos de identidade programática e coerência de princípios.

Premia, ao contrário, a densidade dos vínculos com interesses tão ecumênicos
quanto os que o poder do dinheiro consegue estabelecer na sociedade.

O PT que vai ao VI Congresso decidir o rosto que quer ter no futuro
está encharcado dessas contradições.

Daí a paralisia diante da esfinge que ameaça devorá-lo.

Como desarmar um sequestro paralisante, quando se é refém
mas também, em parte, a tranca da porta?

Um partido de trabalhadores consegue se despir dos vícios
e desvios da política conservadora depois de passar
pela experiência de administrar o capitalismo?

Não qualquer capitalismo.

A oitava maior economia da terra, fraturada por uma concentração de riqueza despótica
e ainda assim cobiçado pelo seu mercado de massa, seus recursos naturais e seu peso geopolítico.

Um partido marcado por cicatrizes históricas tão profundas consegue se reordenar
sem se deixar calcificar por limites e compromissos inerentes à correlação de forças
desfavorável à qual se ajustou?

Pode recuperar a hegemonia progressista, sem a qual descansará
sob a lápide do ‘sonho perdido’, de que falava Florestan Fernandes?

Ou consumará a derrota em suicida histórico, com a adesão ao algoz?

A quem dá de ombros como se a perda em risco fosse um mero artefato obsoleto,
renovável no mercado de trocas da política, cabe ponderar.

O que está em jogo é um pouco maior que isso.

Sob o clamor dos ataques conservadores ao PT, o que se dissimula
é a determinação de anular o papel que as lutas sociais tiveram, tem, e ainda terão,
na ordenação do país, na sorte do seu desenvolvimento e no destino de sua sociedade.

O alvo verdadeiro do cerco diuturno não é o PT.

A meta-síntese do arrastão no qual se lambuza a mídia
é descredenciar o povo brasileiro da titularidade
na construção da própria história.

Por mais que se martele o oposto, a tragédia do PT consiste justamente no fato
de não se tratar aqui de um bando, como quer o juiz de Curitiba.
Mas do símbolo de um futuro em disputa.

Por mais que o medo e o ódio queiram – e até certo ponto tenham conseguido
reescrever a tragédia assim – no ferro desse garrote pretende-se
pendurar o pescoço coletivo do povo brasileiro.

É a deriva do PT viabiliza a PEC 55, a entrega do pre-sal,
a espoliação do salário mínimo, a destruição da saúde pública,
a implosão da previdência, o ocaso da universidade pública,
a terceirização do trabalho…

A percepção de que o debate gira em círculos e que desse cativeiro o partido
não sairá de fato sem o impulso de um novo ciclo de lutas é correta.

Mas não legitima a protelação de uma nova estratégia para uma nova práxis .

A compreensão efetiva da realidade só se completa na prática transformadora, é certo.
Mas o peso material das ideias não pode ser subestimado para compreender
as determinações de uma época, sob risco de ser atropelado por ela.

A perplexidade que acomete as fileiras do PT diante da transição de ciclo econômico
local e global decorre do lento e sofrido reencontro das ideias com as ruas em todo o mundo.

Nesse chão mole, é frequente a subestimação da desordem global do capitalismo
que condiciona e magnifica a encruzilhada brasileira.

Os riscos dessa omissão são imensos.

Ela avaliza soluções que na verdade não estão credenciadas
a liderar o passo seguinte da história, reiterando-a como farsa.

A compreensão fragmentada ora se rende à panaceia neoliberal
que atribui um poder ubíquo aos mercados, ora enxerga na ‘vontade política’
um deus ex-machina, dotado de inexcedível capacidade de respostas,
sejam quais forem os impasses contidos na caixa de Pandora da economia
e da correlação de forças.

A panaceia golpista difundida pelos burros de carga da mídia, por exemplo,
assegura que basta tirar o Estado do caminho e colocar o PT nas mãos de Moro:
os mercados farão o resto.

A receita envolve o atropelo de três perguntas
incômodas aos centuriões do dinheiro grosso:
– Queremos desenvolvimento para quem?
– Desenvolvimento como?
– Desenvolvimento para quê?

O desenvolvimento comandado pelo poder financeiro – é isso em última instância
que nos reserva o núcleo duro do receituário neoliberal – impõe condicionalidades
na forma de operar do sistema que radicaliza a interdição capitalista
à convergência da riqueza, à isonomia das oportunidade
e à soberania do voto nas escolhas da sociedade.

A determinação rentista fragiliza o próprio sistema ao colidir com o timming longo
do investimento produtivo, das grandes obras e serviços de infraestrutura
e por fim, mas não por último, com o tempo da natureza
e a parcimônia no uso dos recursos que compõem as bases da vida.

Todas as crises do sistema global dos últimos quarenta anos
têm como pano de fundo essa discrepância em cascata.

Não são tertúlias para o coffee break do VI Congresso do PT.

Como formular e implantar uma política de desenvolvimento
nesse ambiente de volatilidade erigido em virtude pelo golpismo?

Há números eloquentes a rechear um antagonismo em que o próprio movimento
de expansão do capital espreme e estreita o alicerce social do qual, paradoxalmente,
depende a sua efetiva valorização.

Estão diariamente nos jornais edulcorados pela retranca ‘ajuste’
ou pomposas séries do tipo ‘A reconstrução do Brasil’…

O resultado desse desencontro é a crise.

Sobra capital especulativo de um lado,
enquanto a sociedade carece de investimento e de empregos,
de outro, ao mesmo tempo em que a retração da atividade
reduz a margem de ação fiscal do governo e a demanda patina.

Não é obra do ‘desgoverno petista’.

Grandes empresas mundiais estão sentadas em trilhões de dólares de liquidez,
mas não investem em produção, porque a sociedade carece de demanda
e o emprego virou bico, não fator de estabilidade das famílias assalariadas.

Trump se propôs a remendar o impasse.

A seu modo –o modo da truculência imperial xenófoba, autoritária e delirante.

Venceu emulando o ódio ao sistema no imigrante.

Há precedentes na história e seguidores na fila eleitoral em todo o mundo.

Não são poucas as chances de réplicas.

O investimento fixo global patina abaixo do patamar de 2008.

Mais de 200 milhões de desempregados convivem com uma concentração de renda,
no topo dos 10%mais ricos, sete a oito vezes superior ao observado há uma geração.

Cerca de US$ 57 trilhões (segundo a OCDE) encontram-se estocados
em fundos de investimento (mais que a soma do PIB de todo os países ricos),
enquanto o planeta carece de infraestrutura e de uma revolução produtiva
para atender a metas ambientais, sem as quais a vida vai virar uma cabine de avião em pane.

Não se trata de uma tragédia distante.

O conjunto compõe o mosaico do qual o VI Congresso do PT deve extrair
suas consequências políticas, se não quiser ser soterrado por elas.

Sem freios e contrapesos democráticos, entre eles a ação coordenadora do Estado
e dos interesses populares, o capitalismo jamais se disporá – hoje mais que nunca –
a atender prioridades e projetos de relevância do desenvolvimento
e da segurança ambiental planetária.

Não existe da parte do poder capitalista uma disposição a negociar o futuro.

Ele só o fará forçado.

Pela correlação de forças que se define nas ruas.

Políticas de desenvolvimento aqui e em qualquer latitude
não lograrão êxito no século XXI – ainda que os preços estejam alinhados –
se não forem providenciados instrumentos políticos de proteção contra a supremacia dessa lógica.

Sem uma reforma tributária indutora, por exemplo, que taxe o rentista e os acionistas
– estes isentos no Brasil – não se fará política de desenvolvimento no país.

Da mesma forma, a desregulação dos mercados financeiros
que delega ao sistema bancário o poder supranacional
de mobilizar e transferir riquezas e manipular a moeda,
é incompatível com o planejamento de um futuro
pautado pela democracia social.

Se o VI Congresso do PT convergir nesse diagnóstico
não poderá declinar de suas consequências.

Se for essa a escolha, que ninguém espere tampouco outra coisa
que não a ferocidade dos interesses contrariados pelo repto progressista.

É para isso que serve um partido, para organizar a defesa da sociedade.

O tempo urge.

As bombas da insanidade sistêmica – econômica e ambiental –
estão explodindo em velocidade cada vez maior na ‘panela’ da história.

Tudo se passa como se o tempo fosse um aliado, quando a novidade
é que deixou de sê-lo há centenas de folhas do calendário.

Duas ou três décadas, se tanto, é o que se tem de prazo
para um aggiornamento progressista nas formas de viver
e de produzir no século XXI.

Com um agravante: aquilo que se preconiza como imperativo para as próximas três décadas
destoa brutalmente da tendência registrada nas três anteriores.

Não por coincidências, nas últimas décadas a desregulação financeira
irradiada a todos os níveis da atividade humana agravou os contornos
da crise social e ambiental.

Simples: se o dinheiro veloz consegue dobrar o rendimento
dos detentores da riqueza financeira em prazos curtíssimos,
todos os demais setores da economia terão que perseguir idêntica voragem.

Do contrário, acionistas insaciáveis fritarão o fígado de gestores empedernidos
numa grande fogueira de ações nas Bolsas de Valores.

A dominância financeira impõe assim uma aceleração predatória do micro ao macro.

Acelerar, no léxico dos mercados, significa desregular.

O quê?

Tudo: da proteção ao trabalho à exploração das riquezas naturais
– como se propõe agora a obsequiosa elite brasileira.

O VI Congresso do PT decidirá o futuro do partido diante desse horizonte.

O que está em jogo é a resposta do PT à natureza de classe
da restauração neoliberal em curso no país.

O divisor de águas já estava em curso no Congresso anterior, em 2015,
mas o partido preferiu não se debruçar sobre o que viria – e veio.

Quem acha que não há nada a fazer sob o domínio avassalador do capitalismo desregulado, e pretende insistir no celofane da indiferenciação programática, será esmagado pelo peso morto das ilusões.

O mundo pede esperança.”
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Íntegra em:

http://cartamaior.com.br/?/Editorial/So-ilusoes-esperanca-nao-/37607
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Marcos Antonio da Silva

Basta de direções conciliadoras; por um PT autentico, enquanto há tempo.

henrique de oliveira

Concordo em gênero numero e grau , nos da militância do PT temos é que fulminar os golpistas e seus aliados , temos que trata-los, como nos tratam , e não esquecer que fomos sem sombra de duvidas o melhor governo que o BRASIL já teve.

marcos alexandre de souza

precisamos de um novo partido de esquerda esse pt e seus dirigente estão tambem fora do mundo, são vira latas leva porrada e voltam lambendo os pés, isso é absurdo, me desculpe os companheiros filiados fora pt.

ari

se apoiar NUNCA mais ganha eleiçao

Serjão

O Rui Falcão anda precisando tomar umas cachaças com a militância.
A militância NÃO concorda, NÃO quer!
São surdos?
Saiam do Partido dos Trabalhadores! O PT não é o lugar para políticos profissionais!

FrancoAtirador

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É Impressionante a Capacidade de Auto-Destruição do PT.
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FrancoAtirador

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#Lula2017
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