Ricardo Cappelli: Derrota da Frente Ampla trará um desastre?

Tempo de leitura: 3 min
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

FRENTE AMPLA DERROTADA?

por Ricardo Capelli*, no Facebook

A sonhada Frente Ampla seria uma coalizão política nucleada pela unidade da esquerda, formando um pólo capaz de atrair parcelas do centro e forças mais amplas da sociedade.

A cristalização de duas candidaturas do campo progressista indica que este caminho parece cada vez mais improvável.

A pancadaria entre o PT e Ciro está a todo vapor, um apostando no isolamento do outro.

Os pedetistas culpam o hegemonismo petista.

Apontam o dedo para os erros cometidos pelo PT em seus governos.

Como maior força do campo, o PT reivindica a liderança da frente. Lula é o maior líder e principal cabo eleitoral do pleito.

Como sabe que não irá longe isolado e tem consciência do poder de pressão do PT sobre a esquerda, Ciro vai atrás do Centrão e do DEM.

Os petistas batem pesado e acusam Ciro de não ser “de esquerda”. Não querem ninguém ciscando na sua “fatia do mercado”.

O programa apresentado pelo pedetista coloca no centro o enfrentamento ao capital financeiro e a defesa do projeto nacional de desenvolvimento.

Independentemente da identificação dos culpados, o fato é que a política de frente ampla parece derrotada.

Os sinais históricos não são nada promissores. A chegada da esquerda ao poder esteve diretamente ligada à sua capacidade de ampliação.

A flexibilidade tática, hoje demonizada por alguns é, de forma torta, apresentada como capitulação estratégica.

Uma leitura equivocada da correlação de forças que sustenta visões baseadas apenas em vontades.

Esta situação pode levar o PSB à neutralidade. O apoio ao PT seria um pesado revés para Márcio França em São Paulo.

O apoio ao PDT poderia decretar a derrota do PSB em Pernambuco, com a confirmação da petista Marília Arraes ao governo do estado.

No PT prevalece até aqui a política de frente de esquerda. Será difícil que algum partido aceite passar um cheque em branco para Lula assinar apenas em setembro.

Se acontecer, a ampliação da candidatura petista será uma boa novidade. Não conseguindo apoio de alguém mais amplo, o PT vai pressionar o PCdoB oferecendo a vice.

Manuela faz uma bela campanha. A candidatura própria até o fim seria uma novidade para o PCdoB. Num quadro de iminente fragmentação, o que fazer?

Candidatura própria, Ciro ou quem Lula indicar em setembro?

Orientar-se pela busca de identidade própria, afinidade programática, pela leitura da correlação de forças ou agir pragmaticamente pensando nas melhores condições para os candidatos comunistas no pleito?

Marina continua sua saga de candidata forte nas pesquisas sem partido viável.

A tendência do DEM é o apoio ao PSDB. PTB e PSD devem seguir o mesmo caminho.

O MDB continua com seu “Cristiano” Meirelles. O PRB deve ter candidato. O PR, segundo seu presidente, está dividido entre Bolsonaro e Lula.

O PP flerta com Ciro. Aldo Rebelo, do Solidariedade, tenta virar a opção do Centrão. Se não vingar, Solidariedade e PP ficarão entre Alckmin e Ciro.

Bolsonaro joga certinho. Com a Lava Jato nos calcanhares de um Alckmin esquálido, é presença cada vez mais provável no segundo turno.

Não irá a debates no primeiro turno. Evitará tropeços e reforçará sua imagem de “negação da política”, “anti-establishment”.

Divide a batalha estrategicamente em duas etapas e sonha com o PT no segundo turno. Curiosamente, o PT também sonha enfrentá-lo.

Uma ameaça fascista rondando e a esquerda dividida, trocando tapas.

Nem crianças enjauladas em pleno século XXI no “país da liberdade” parecem sensibilizar os partidos progressistas.

A derrota da política de frente ampla é um grave e perigoso retrocesso.

Só nos resta rezar para que um desastre civilizacional não esteja a caminho.

*É secretário-chefe da representação do Maranhão no DF


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Comentários

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Paulo Werneck

Eu acho isso tudo muito engraçado, se não fosse trágico. O PT foi acusado de ter feito alianças amplas para poder chegar ao poder. Agora está sendo acusado de se resguardar dessas mesmas alianças, com uma agravante: é quem tem os votos mas nem seria cabeça de chapa.
Essa “frente ampla” me parece uma competição individual pela presidência com os votos do PT, sem proposta de governo, tipo me apoia para você dizer para o mundo que apoia a frente ampla.
Ora, se o PT tem votos, se o Lula preso tem votos, é porque os governos do PT tiveram aprovação da sociedade, a ponto do PT apanhar todos os dias da inprensa e não perder os votos.
É mais fácil a Manoela ser convidada para vice, mesmo cim um partido pobre de votos, que k Ciro. Por uma razão simples: ela defende o partido dela, a candidatura dela, e a democracia, ao defender o Lula contra a prisão política dele. Então eu sou petista de carteirinha mas confio nela e vejo que ela poderia ter um espaço importante numa aliança eleitoral. Boulos idem idem. Requião, de um partido afundado no golpe, idem idem.
O que o Ciro está fazendo em prol do restabelecimento da democracia? Só timidamente aquilo que ele entende não prejudicar a campanha pessoal dele.
Um político de verdade não faz política com objetivo de ser presidente, senador, deputado. Se candisara a presidente, senador, deputado para poder alcançar os objetivos que defende – justiça social, educação, o que for do seu programa.
Ciro tem o programa de se eleger presidente porque quer ser presidente. Pode até ter boas propostas em algumas áreas, certamente é melhor que outros como Serra, FHC etc, mas está longe de merecer o meu apoio como candidato a preaidente.
A matéria citar a Marina, mostra a própria fraqueza da análise. Quem é a Marina senão um Ciro, sem as qualidades dele?
Existe um personagem de quadrinhos, se não me engano da dupla do Asterix, o Isnogud, que queria ser vizir no lugar do vizir. Não valia nada, donde o nome derivar de “is not good”, que me faz lembrar alguns candidatos.

Darcy Brasil Rodrigues da Silva

Também estou desiludido e pasmo com a incapacidade de certos setores do PT, dirigentes e militantes, de se curarem do mal do “exclusivismo”, que os fazem acreditar que, em quaisquer circunstâncias, o cabeça de chapa terá que sair de suas fileiras. Assim, inviabilizasse a Frente Ampla, e viabilizasse a vitória da direita. É mais um erro gravíssimo que será incluido na conta do PT. O que empurrou Ciro para o lado do Dem foi a campanha de isolamento de sua candidatura deflagrada por influentes petistas, que receberam a senha de Emir Sader, ao afiirmar que votaria num poste em lugar de votar em Ciro (mesmo que o pedetista fosse indicado por Lula), e de Gleisi Hoffmann, que afimou raivosamente que Ciro não seria apoiado “nem com reza brava”. Restaria a Ciro e ao PDT aceitarem o isolamento político, desistindo de concorrer, ou, senão, concorrer com pouquíssimo tempo de campanha e sem alianças ELEITORAIS robustas, caminhando inevitavelmente para a derrota. O PT pode, ao dividir a esquerda e implodir a Frente Ampla, até chegar ao 2° turno, mas não vencerá as eleições com os nomes que aventa indicar e com o peso da rejeição à sigla petista, produto inevitável da campanha de destruição da imagem desse partido movida pela mídia golpista. Toda a esquerda será, com isso, derrotada, e a direita prosseguirá com o plano de implantação do neoliberalismo em curso, agora com um nome respaldado pelas urnas. Eu, que simpatizo ideologicamente com a candidatura de Manuela D’ Ávila, embora não seja militante desse partido, entendo que o PCdoB não terá outra alternativa senão a de ajudar a levar o melhor nome para o 2° turno, numa aliança com o PDT, o PSB e até mesmo o Solidariedade de Aldo Rabelo, mas, lamentavelmente, sem a presença do PT. Essa é a melhor aproximação de uma Frente Ampla com a participação de setores da esquerda que se poderá salvar, sendo, entretanto, bastante difícil disputar o pleito apenas com essas forças reunidas, contra uma direia que saberá chegar ao 2° turno provavelmente com um nome que ainda não se cogita.

    Vera S F Sixel

    concordo em gênero número e grau desde sempre. renegaram o Ciro e o alijaram e hoje. ao final da dampanha estamos vendo um cenario terrivel. Lembro 88…Lula e Brizola e deu no que deu…So que agora os estrategistas esqueceram do rabao petista e nao fazem mês culpa pela situação política que vivemos!!!

stalingrado Lula da Silva

Ciro, menino mimado, crítico feroz do PT, continua em sua cruzada de isolamento.
O PT, teve erros, mas acertou muito. Hoje paga o preço pelos acertos.
Ciro declarou ‘a BBC, “olhe onde está Lula e onde estou”.…
#HaddadNoGovernoLulaNoPoder

Cláudio

:
: * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra♥♥S♥♥il e postando: Poesia contra a distopia (Distopia = Ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários (!??!!!????) em que tudo está organizado de uma forma opressiva, assustadora ou totalitária, por oposição à utopia. ) : Poemas (acrósticos) de autoria do PoeTa anarcoexistencialista Cláudio Carvalho Fernandes para alguns dos valorosos blogueiros progressistas:

Para o Luiz Carlos Azenha, do Viomundo:

L uiz Carlos Azenha, a senha para a boa informação
U m jornalista que dignifica o jornalismo
I nvestigativo do poder e a liberdade de expressão
Z ênite do mais humano altruísmo

C omunicação com amor à verdade
A o nobre propósito de bem servir bem
R umo a uma nova sociedade
L ivre para se ir mais além
O bservando criticamente a realidade
S omando experiência(s) e multiplicando-as também

A dmirável ativista do bem humano
Z elando sempre pela justiça social
E ntusiasta da liberdade, igualdade e fraternidade, no plano
N atural de quem é tal e qual
H omem civilizado, honesto, bom e lhano
A h, se todo ser fosse a você igual!

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Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) ! ! ! ! Lul(inh)a Paz e Amor (mas sem contemporizações indevidas, ou seja : SEM VASELINA) 2018 neles/as (que já PERDERAM, tomaram DE QUATRO nas 4 mais recentes eleições presidenciais no BraSil) ! ! ! ! !
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MAAR

POR UMA FRENTE AMPLA DE ESQUERDA

È importante lembrar que uma parceria do PT com o PDT não é a única alternativa para viabilizar uma Frente de Esquerda. Nem seria a melhor opção.

Fato é que Ciro Gomes já perdeu suas credenciais, em razão do seu posicionamento de centro-direita, tanto pela vinculação com o agronegócio, quanto pelo anúncio da ‘trinca de ferro’, encabeçada pelo hermético anglófono Mangabeira Unger.

Na minha humilde opinião, é muito mais adequado formar uma chapa com o PC do B, com base na definição de uma plataforma política democrática, firmada sobre rigoroso compromisso com o resgate da legalidade constitucional, a reversão dos retrocessos e a restauração e ampliação dos direitos sociais.

Creio que esta alternativa de união da esquerda desde o primeiro turno é, sem dúvida, a melhor opção para garantir uma vitória segura e uma expressiva maioria parlamentar.

Todavia, a hora para viabilizar este caminho seguro é agora, pois o tempo urge. Adiar a formação da frente de esquerda seria um erro, que favorece a direita. O mais sensato é construir uma aliança ampla para apoiar uma coligação aglutinadora, capitaneada por nomes de destaque, tais como Manuela D’Ávila e Fernando Haddad.

Manuela, que representa bem a juventude politizada, tem mostrado um amadurecimento político admirável, com uma postura coerente, objetiva, responsável e firme, E Haddad já mostrou sua capacidade de administrador competente, ágil e diplomático.

O PT precisa perceber com urgência que insistir na pré-candidatura de Lula equivale a atirar no próprio pé, visto que o ex-presidente corre o risco iminente de ser impedido por uma condenação em última instância, apesar da inexistência de provas contra ele, pois resta evidenciado que o poder judiciário não se pauta pela Constituição.

E fato é que a direita golpista, apoiada pela mídia oligárquica, teria meios para alardear miríades de mentiras e de meias verdades capazes de prejudicar a candidatura do líder petista, que deve ter a grandeza de apoiar a formação de uma chapa presidencial apta a aglutinar as diversas camadas da população insatisfeitas com o governo temerário.

A formação de uma frente de esquerda tem, neste momento, a possibilidade de utilizar as evidências da relação direta entre as pretensões exibidas por todos os pré-candidatos direitistas e a gritante deterioração das perspectivas de futuro da sociedade brasileira, decorrentes das políticas adotadas pelo governo temerário.

Tanto as populações carentes, quanto as camadas mais esclarecidas da sociedade, que incluem profissionais de diversas áreas, tais como professores, juristas, engenheiros, trabalhadores da indústria em geral e do comércio, bem como as lideranças empresariais que gerenciam as atividades ligadas ao setor real da economia, têm hoje a plena certeza de que é indispensável restaurar e preservar as condições apropriadas para promover o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis e inclusivas.

Neste sentido, vale ressaltar que o definhamento da candidatura de Jair Bolsonaro é tão previsível quanto inevitável, em face de seu ranço facista e eugenista. Além disso, a visão de economia do referido deputado é tão elitista e entreguista quanto as posições de outras pré-candidaturas já queimadas de saída, como as de Marina Silva, Geraldo Alkimin, Henrique Meirelles, e demais neoliberais.

Assim, urge defender a formação de uma frente ampla de esquerda, pois a maneira adequada para enfrentar todos os descalabros atuais, inclusive no que tange à escalada da barbárie policial, é promover o uso inteligente dos meios democráticos para construir uma plataforma política para disputar as eleições com base no compromisso firme com o resgate da legalidade constitucional, com o respeito à dignidade humana, com a reversão dos retrocessos e com a proteção e ampliação dos direitos sociais.

    MAAR

    Vale acrescentar que, a fim de estabelecer o necessário consenso em torno da formação de uma frente ampla de esquerda, e com vistas a maximizar o apoio do eleitorado em geral, e dos lulistas em especial, nada impede que seja indicado o nome de Fernando Haddad para presidente e de Manuela D’Ávila para vice.

Francisco de Assis

Ricardo Cappelli quer, agora, dar uma de isentão, mas foi, junto com Wanderley Guilherme e outros, um dos iniciadores da verdadeira blitzkrieg sobre Lula e o PT, para submete-los ao projeto pessoal de poder de Ciro Gomes. Depois, ao ver a reação indignada da militância lulista e petista contra essa armação, tirou o seu da reta e deixou, entre outros, o Miguel do Rosário pendurado na broxa. Exigem tanta autocrítica dos outros, mas parecem que não têm espelho em casa.

Julio Silveira

Me sinto confortavel para emitir opinião sobre esse assunto. Não sendo Petista nem militante oficial, sou um eleitor que quer o melhor para meu país, tenho uma visão muito positiva sobre esse partido. Já fui um dos que viam no Ciro uma opção alem do PT, hoje não vejo mais e tenho certeza de que ele foi quem buscou essa situação, por sua opção por apoiar indiretamente os desafetos do PT. Mais ou menos busca o mesmo tipo de atitude que tomou o Alkmim, quando vê nos reacionarios sua rala oportunidade de alcançar o poder. Ciro apostou na vitoria do discurso da criminalização do PT, cada vez mais claramente mostrado como perseguição politica para alijar o povo, ação que vem sendo orquestrada como um mantra pelos desclassificados golpistas e cleptocratas deste país. Age portanto como oportunista, dando fé de que os eleitores não seriam suficientemente esclarecidos para entenderem que existe mutreta nesta criminalização e que seguiriam comendo o milho dos golpistas e corruptos midiaticos, mancomunados. Ciro ao optar pelo continuismo das relações expurias para governar e dar como favas contadas a continuidade no mando dos grupos mafiosos “de bem” deste país, acredita no seu direito a repetir o erro de Lula (que ja deve ter se arrependido) e de se valer da estrutura cleptocratica nacional, que ele diz não querer, mas quer, e acha que ninguem notará que ele não é o Lula, nem que o PDT não é o PT.

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