Pedro Pinho: Trump — petróleo, direita mundial, retrocesso na globalização e fake news

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Pedro Augusto Pinho: ‘’A 'era de ouro' prometida por Trump será das 'fake news', para o que se cercou dos donos das big techs: Elon Musk (X e ‘ministro’ do Departamento de Eficiência Governamental), Mark Zuckerberg (Meta), Jeff Bezos (Amazon), Tim Cook (Apple), Sundar Pichai (Google) e, em negociação, a aproximação com Zhang Yiming, do TikTok’’. Foto: Captura de tela da CNN

Trump: petróleo, direita mundial, retrocesso na globalização e fake news

Por Pedro Augusto Pinho*

Neste dia de São Sebastião, 20 de janeiro, protetor da cidade do Rio de Janeiro, os Estados Unidos da América (EUA) dão posse ao presidente Donald Trump, 47º estadunidense.

Algumas mensagens foram emitidas, mais ou menos veladas. Outras para intimidar e se impor interna e externamente como liderança ocidental ou mesmo mundial.

Porém a “Era de Ouro” prometida será das “fake news”, para o que se cercou dos “donos das mídias”: Elon Musk (proprietário do X e “Ministro” do Departamento de Eficiência Governamental), Mark Zuckerberg (Meta), Jeff Bezos (Amazon), Tim Cook (Apple), Sundar Pichai (Google) e, em negociação, a aproximação com Zhang Yiming da TikTok.

Doravante as notícias que recebermos das redes sociais, dos sites de relacionamento e mesmo nas manchetes de jornais e revistas devem merecer a maior atenção pois vem aí o quadriênio da empulhação.

O Brasil já foi vítima no caso do imposto sobre o Pix que uma “fake new” obrigou o governo a revogar o que não fora aprovado.

Chama-se também a atenção para o comunicado do governo chinês, que não mais importará petróleo dos EUA, concentrando suas necessidades nas disponibilidades da Rússia, da Venezuela e do Irã.

Seria o recado que não acataria as decisões visando à união das direitas sob as asas estadunidenses?

Entre os convidados para posse de Trump está o larápio Juan Guaidó, que se apresenta como “presidente interino da Venezuela, de 2019 a 2023”, mera fantasia.

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Porém, no discurso de posse, Trump declarou que iria mandar às favas as questões ambientais e climáticas e incentivar a produção de petróleo, inclusive pelo fraturamento hidráulico dos folhelhos betuminosos (fracking), reconhecido como a mais poluidora.

O petróleo é verdadeiro problema estadunidense quando Trump divulga a nova era industrial, para qual o petróleo ainda é insubstituível.

Porém, o discurso de posse de Trump, dirigido a Guaidó e Edmundo González, este último reconhecido membro da extrema direita venezuelana, fica óbvio que a maior reserva de petróleo em um único país, como se situa a Venezuela, será o petróleo o que mais pressionará o novo presidente estadunidense. E para controlar sua produção está disposto à guerra.

Todo discurso concentrado nas questões internas dos EUA demonstra a importância da Rússia e da China para reconquista do status perdido nos quase meio século de governos estadunidenses submissos às finanças apátridas.

E a expatriação de venezuelanos residentes nos EUA, qualificados por Trump de marginais e doentes, mostra a pressão que se exercerá para apropriação do petróleo venezuelano.

Os homens das plataformas de comunicação que cercam Trump podem fazer submergir a verdade, mas não ocultam a falta de petróleo para quem propõe voltar às cadeias de produção para colocar os EUA em posição de poder mundial.

Outra referência explícita de combate à China foi o Canal do Panamá.

O advogado de direita José Raúl Mulino, vencedor das eleições presidenciais de 2024, chegou a emitir Comunicado – “Com Paso Firme” – afirmando que o canal continuará sendo do Panamá, ainda que mantendo as relações “entre países aliados e amigos, como demonstram a história e nossas atuações com os EUA”. Ou seja, far-se-á a transferência sem barulho nem substituição de Mulino.

A globalização serviu ao domínio das finanças apátridas. Agora elas terão endereço e não mais servirão ao Império.

A retirada dos EUA da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Acordo de Paris de 2015, sobre as mudanças climáticas, mostram que a confiança na desinformação supera os relacionamentos com o mundo OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O fim da guerra na Ucrânia torna-se possível.

Muitas vezes no discurso a palavra “democracia” foi pronunciada. No entanto, a Constituição de 1787 deu à democracia o significado de plutocracia.

E o que se viu naquele salão da posse foram os 300 estadunidenses mais ricos e poderosos do País. Trump, com os dois únicos gêneros – masculino e feminino – os representa e cita o Destino Manifesto (1845).

Os EUA realmente estão mudando. E com olhos no passado invoca a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 e o governo do presidente William McKinley (1897-1901) como medidas “para libertarmos nossa nação”.

Voltados para seus problemas internos, Trump imagina os EUA depois da Guerra de Secessão (1861-1865), quando a descoberta do petróleo na Pensilvânia (1859) alavancou a industrialização e o desenvolvimento do país.

E Trump também acredita que a direita cairá no colo dos EUA por falta de apoio em qualquer outro lugar no mundo. Como os 21 parlamentares brasileiros (18 do PL bolsonarista) que foram ficar ao relento pois jamais seriam convidados para festa de bilionários.

Agora resta se prevenir das fake news que serão constantes e abundantes e ter o projeto de nação nacional trabalhista para reconstrução do Brasil.

*Pedro Augusto Pinho é administrador aposentado.

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Zé Maria

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Às custas de quem ?

Bilionários Lucram R$ 34 Bilhões Por Dia no Mundo
enquanto pobreza global mantém-se inalterada
desde 1990,
aponta Oxfam

“60% da riqueza dos bilionários de hoje
vem de herança, monopólio ou conexões
com poderosos”.

BdF

Relatório diz que conta dos mais ricos cresceu
quase R$ 12 trilhões em 2024, três vezes mais
rápido que no ano anterior

A riqueza somada dos bilionários do mundo aumentou US$ 2 trilhões (cerca de R$ 12 trilhões) em 2024.

Isso representa crescimento três vezes maior do que o registrado no ano anterior, enquanto o número de pessoas pobres quase não muda desde 1990.

Esses dados fazem parte de um relatório divulgado na segunda-feira (20) pela Oxfam.
O documento
“As custas de quem:
A origem da riqueza e
a construção da injustiça
no colonialismo”
foi revelado no mesmo dia em que políticos
e grandes empresários se reúnem para mais uma
edição do Fórum Econômico de Davos, na Suíça.

Segundo a Oxfam, durante 2024, o número de
bilionários no mundo subiu de 2.565 para 2.769.

O patrimônio combinado deles passou de
13 trilhões de dólares para 15 trilhões de dólares
(R$ 78 trilhões para de R$ 90 trilhões).

Essa ínfima minoria da população ficou
5,7 bilhões de dólares – R$ 34 bilhões –
mais rica por dia.

Cada um dos dez mais ricos do mundo,
em média, ganhou 100 milhões de dólares
por dia, ou cerca de R$ 600 milhões.

De acordo com a Oxfam, mesmo que essas
dez pessoas perdessem 99% de sua riqueza,
ainda assim eles permaneceriam bilionárias.

Trilionários em 2035

A Oxfam dedica-se a monitorar a desigualdade social no mundo há anos. Ela denuncia por meio de estudos o crescimento vertiginoso da concentração de renda.

Por conta dessa concentração, em 2023,
a Oxfam previu o surgimento do primeiro trilionário dentro de uma década.

Neste ano, porém, por conta do aumento do
ritmo de acumulação dos bilionários, ela alertou
que em dez anos o mundo deve ter pelo menos
cinco trilionários.

“Essa crescente concentração de riqueza
é possibilitada por uma concentração monopolista
de poder, com os bilionários exercendo cada vez mais influência”, declarou a organização.

“O auge dessa oligarquia é um presidente
bilionário [Donaldo Trump], apoiado e comprado
pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk,
governando a maior economia do planeta [EUA].

Apresentamos este relatório como um alerta
severo de que as pessoas comuns em todo
o mundo estão sendo esmagadas pela enorme
riqueza de um número ínfimo de pessoas”,
acrescentou Amitabh Behar, diretor-executivo
da Oxfam.

Riqueza Não Merecida
De acordo com a Oxfam, boa parte da riqueza dos mais ricos não é fruto do trabalho deles.
É imerecida. “60% da riqueza dos bilionários de hoje vem de herança, monopólio ou conexões com poderosos”.
[Que tal seguirmos o conselho de Marx e Engels e definitivamente acabarmos com a Herança e
de fato implantarmos a Meritocracia, dando
“a cada um segundo o seu trabalho
e a cada trabalho conforme seu mérito”?].

Uma pesquisa da revista Forbes citada pela
Oxfam aponta que todos os bilionários com
menos de 30 anos herdaram sua riqueza.

Outro levantamento, este do banco UBS,
mil bilionários deixarão 5,2 trilhões de dólares
(mais de R$ 30 trilhões) para seus herdeiros.

“Os super-ricos gostam de nos dizer que ficar
rico exige habilidade, determinação e trabalho
árduo. Mas a verdade é que a maioria da riqueza
é tomada, não criada.

Muitos dos chamados ‘autodidatas’ na verdade
são herdeiros de vastas fortunas, passadas
por gerações de privilégio imerecido”, disse Behar.

“Muitos dos super-ricos, particularmente
na Europa, devem parte de sua riqueza
ao colonialismo histórico e à exploração
de países mais pobres”, acrescenta a Oxfam,
que denuncia que tal exploração existe
ainda hoje.

De acordo com a organização, o 1% mais rico
em países do Norte Global, como EUA, Reino
Unido e França, extraiu 30 milhões de dólares
(cerca de R$ 180 milhões) por hora de países
de baixa e média renda em 2023.

“O Norte Global controla 69% da riqueza global,
77% da riqueza dos bilionários e abrigam 68%
dos bilionários, apesar de representarem apenas
21% da população global.”

“O dinheiro desesperadamente necessário
em todos os países para investir em professores,
comprar remédios e criar bons empregos está
sendo desviado para as contas bancárias dos
super-ricos”, disse Behar.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU)
citados pela Oxfam indicam que países de baixa
e média renda gastam em média quase metade
de seus orçamentos para pagar dívidas com
credores ricos.

Isso supera em muito o investimento combinado
em educação e saúde.

Entre 1970 e 2023, os governos do Sul Global pagaram 3,3 trilhões de dólares (cerca de
R$ 20 trilhões) em juros para credores do Norte.

A Oxfam recomenda que governo taxem os mais
ricos, acabem paraísos fiscais e com o fluxo de
riqueza do Sul para o Norte.

“Isso significa desmontar monopólios,
democratizar patentes e regular as
corporações para garantir que paguem
salários dignos, como limite aos [salários]
dos ‘CEOs.”

“Os governos precisam se comprometer
a garantir que as rendas dos 10% mais rics
não sejam mais altas do que as dos 40%
mais pobres”, pediu a entidade.
“Reduzir a desigualdade poderia acabar
com a pobreza três vezes mais rápido”.

Edição: Nathallia Fonseca

https://www.brasildefato.com.br/2025/01/20/bilionarios-lucram-r-34-bilhoes-por-dia-enquanto-pobreza-global-segue-intocada-desde-1990-aponta-oxfam

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