Para igualar Lula a Bolsonaro — e “vender” candidato de centro — Folha esconde censura da Globo, acusam assessores de ex-presidente

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Foto: Felipe Augusto Peres

Folha distorce, falseia e defende a censura da Globo

A Terra é redonda, a Petrobrás foi espionada pelos Estados Unidos, a Globo censura a Vaza Jato: esses são os fatos que Lula aponta e incomodam tanto

Por José Chrispiniano e Ricardo Amaral *, no Lula.com

Folha de S. Paulo deveria informar-se melhor, lendo suas próprias reportagens, antes de advogar a censura praticada pela Rede Globo, como fez na manchete falsificada deste primeiro fim-de-semana de fevereiro de 2020.

Não há outra palavra para definir a cobertura da Globo sobre a Vaza Jato como um todo, e não apenas no breve período que a emissora selecionou para disfarçar sua parcialidade e que a Folha empurrou aos leitores, sem checar, defendendo quem a censurou.

A Folha publicou 25 reportagens em parceria com o The Intercept Brasil, editado pelo jornalista Glenn Greenwald, e o site UOL produziu outras 8. De 9 de junho até 24 de julho de 2019, período selecionado pela defesa da Globo, foram 5 reportagens da Folha, mas só uma foi reproduzida pela TV e não tratava da parcialidade de Sergio Moro e da Lava Jato no caso Lula.

O tema é tabu na Globo, como foram as Diretas na década de 1980 e como a liberdade de imprensa era tabu para o nazismo.

Por isso censuraram todas as provas de que Moro agiu para prender Lula e eleger Bolsonaro.

Se a Folha tivesse lido a Folha antes de defender a Globo (e difamar Lula), registraria que o Jornal Nacional censurou a matéria “Lava Jato desconfiou de empreiteiro pivô da prisão de Lula, indicam mensagens” (30/06/19).

Nela se comprova que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, quando preso, mudou seu depoimento e criou um enredo sobre Lula para ter sua delação aceita pelos procuradores.

Contou uma história sem provas, da qual até os procuradores desconfiaram, para sair da cadeia e condenarem Lula.

A Globo censurou “Conversas de Lula mantidas sob sigilo pela Lava Jato enfraquecem tese de Moro” (8/9/19).

A Folha mostrou, e a Globo não, que Moro e a força-tarefa esconderam, do STF e do país, conversas nas quais Lula explicava a razão de assumir a Casa Civil de Dilma Rousseff, em março de 2016 – e não era para buscar foro privilegiado, mas para salvar o governo e consertar a economia.

Moro voltaria a mentir sobre o assunto no Roda Viva, semanas atrás, quando disse ter enviado ao STF “todos os áudios” grampeados de Lula ao STF.

A Folha revelou que a Lava Jato grampeou os advogados de Lula e fez relatórios para Moro. A Globo censurou a notícia.

O JN fez alarde da delação mentirosa de Antonio Palocci vazada pelo ex-juiz a uma semana do primeiro turno de 2018, mas não noticiou “Moro achava fraca delação de Palocci que divulgou às vésperas de eleição, sugerem mensagens” (Folha 29/07/19).

A Lava Jato espionou Lula e seus familiares ilegalmente, porque ele era o alvo.

Mas a Globo censurou “Lava Jato driblou lei para ter acesso a dados da Receita, mostram mensagens” (Folha, 18/08/19).

A nota da Globo que a Folha reproduziu em editorial terça-feira e na manchete de hoje é uma empulhação.

Se é fato que o JN e o Fantástico deram 103 minutos de reportagens sobre a Vaza Jato nos primeiros 46 dias, não é menos fato que 66 minutos foram dedicados à defesa de Moro e ao esforço de criminalizar a série desde o nascedouro. E que em apenas 5 dias, de 24 a 28 de julho, JN e Fantástico bombardearam o país com 68 minutos sobre a Operação Spoofing, que associa a Vaza Jato a pessoas acusadas de crime cibernético, incluindo notícias falsas que tentavam envolver o PT.

O editorial da Folha em defesa do mau jornalismo da Globo soou como um ato de contrição do jornal pela entrevista de Lula ao portal UOL.

O texto é axiomático: “governantes não gostam de imprensa livre”. Livre do contraditório? Livre da obrigação de checar o que publica? A Folha deu-se a liberdade de publicar mentiras como a de que, no governo, “Lula flertou com dispositivos para controlar a mídia”, sem dizer quais, pois nunca existiram.

Que seu governo “deu preferência, inclusive financeira (…) a veículos em torno do petismo”, sem dizer quais, como e quanto, pois essa é outra mentira repetida à moda Goebbels.

A Folha quer igualar Lula a Bolsonaro porque o ex-presidente diz que o atual tem razão em algumas queixas sobre a imprensa. É um reducionismo desonesto.

Lula não ameaçou cassar concessões, não fez retaliação econômica. Denunciou o mau jornalismo do qual todos podem ser vítimas.

A mesma imprensa que critica Bolsonaro (por várias razões) defende a desconstrução do estado, a desnacionalização do país e a revogação de direitos que ele impõe.

Jamais farão com seu governo o que fizeram com Lula, Dilma e o projeto de desenvolvimento com inclusão.

Iguais são Folha, Globo, Veja, Estadão, todos alinhados com o projeto de Paulo Guedes, mesmo que o preço seja conviver com Bolsonaro.

O fato é que essa “imprensa livre” muitas vezes fabrica manchetes para amparar sua opinião.

É perfeitamente legítimo externar estranheza e associar, como fez Lula, o roubo de informações sigilosas da Petrobrás num container da Halliburton, em 2008, à espionagem da NSA na estatal e nos telefones de Dilma Rousseff, noticiada no mundo inteiro em 2013 com farta documentação provida por Edward Snowden.

Não é teoria, é fato que o golpe do impeachment, a prisão de Lula, a destruição da indústria brasileira de óleo e gás e a desnacionalização da Petrobrás e do pré-sal atendem a interesses geopolíticos e econômicos dos Estados Unidos.

Como é fato que Moro e a Lava Jato atuaram em fina sintonia – e fora da lei – com agentes daquele país.

Procuradores do Brasil fizeram a Petrobrás pagar 3,8 bilhões de dólares em multas e acordos judiciais nos Estados Unidos.

É muita vezes mais do que a Lava Jato teria recuperado no Brasil, mas isso nem a Folha consegue ver na Globo.

Tampouco se vê a terra arrasada em que Moro transformou o pais, como denuncia Lula, pois a Folha está ocupada em esclarecer o terraplanismo alheio.

É simplesmente ocioso checar, como faz a Folha, se um picareta como Olavo de Carvalho acredita mesmo que a terra é plana ou tem apenas dúvidas a respeito.

Fato relevante é a destruição do ensino público, do meio ambiente e da soberania nacional por obra dos pupilos que ele nomeou no desgoverno de Bolsonaro.

Lula distorceu Olavo? Olavo distorce a inteligência. E a Folha distorce o conceito de checagem de dados – que seria importante contribuição do jornalismo frente à pandemia de mentiras – porque precisa desqualificar Lula.

A Folha pode negar que Lula tenha ficado numa solitária, como o ex-presidente se referiu à prisão num dos discursos checados pela reportagem. Lula ficava sozinho 22 horas por dia, com exceção das quintas-feiras, quando tinha visita de amigos e familiares, e dos fins de semana, quando ficava sozinho 24 horas por dia.

Tecnicamente não se chama solitária o regime prisional a que ele foi submetido por Sergio Moro, até o Supremo Tribunal Federal restabelecer, para todos, o princípio constitucional da presunção de inocência que havia sido negado a Lula.

Mas não há como checar, tecnicamente, o sentimento de uma pessoa de quem tomaram uma eleição como favorito à presidência da República, a honra pessoal e 580 dias da existência, num processo farsesco, uma condenação injusta e uma prisão inconstitucional.

A dor da gente não sai no jornal. Nem na Globo.

*José Chrispiniano e Ricardo Amaral são jornalistas e assessores do ex-presidente Lula


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Comentários

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Nelson

Amigo, a Folha andou emprestando suas Veraneios [Chevrolet] para que a polícia política da ditadura civil-militar transportanse seus desafetos para a prisão ou mesmo para as sessões de tortura. Portanto, não será ingenuidade esperarmos ética jornalística dessa turma?

Henry Maciel

FSP, estadao, globo, veja, todos fazem parte do golpe.
O golpe continua.
Os ricos tao mais ricos e os pobres mais pobres. E segue o jogo. O povao ta hipnotizado pelo jogo das elites. Nao consegue enxergar um palmo a frente do nariz.

Lucia Marta

Mais como os brasileiros sao lentos, tem gente que ainda nao percebeu que deram um golpe de estado com a ajuda do judiciario, MP e o alto comando das FFAA.
Realmente nao adianta falar com certas pessoas.
Tem os lesa-patria e tem os lesos mesmo.
Qtas reformas precisarão ter para o povo perceber que foi passado para trás. A cada reforma “imprescindivel ” o pais vai deslanchar, gerar milhoes de empregos e desde 2015 continua tudo na mesma bostha.
Se disserem que papai noel existe mesmo o povo brasileiro acredita. Bando de boca aberta.

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1224330689404907521

Inconformados com a indicação de “Democracia em Vertigem” ao Oscar,
bolsominions tentam agora, em vão, descredibilizar Petra com a patética tag
#PetraCosta l_iar por ela falar verdades sobre Bolsonaro na TV americana.
Não querem que este vídeo circule.
Então vamos de divulgação! http://player.pbs.org/widget/partnerplayer/3037916633/
https://twitter.com/apellegrino/status/1224330689404907521

Zé Maria

A Folha sendo Folha:
O Fascismo está no DNA
Dos Frias de Oliveira.

E com toda a desfaçatez, que sempre lhes foi peculiar,
têm o cinismo de criticar um Ministro do Bolsonaro
que citou Joseph Goebbels em um áudio-visual público.

Zé Maria

FOLHA DEFENDE A CENSURA

“Se a Folha tivesse lido a Folha
antes de defender a Globo (e difamar Lula),
não teria mentido na reportagem publicada
hoje contra Lula.”

DILMA ROUSSEFF em: https://t.co/NjqhDf7SpA

http://dilma.com.br/folha-defende-censura/
https://twitter.com/dilmabr/status/1224051812405301248

Zé Maria

Nota à imprensa

A FOLHA FALSIFICA OS FATOS

“Em matéria feita para atacar Lula, o jornal também
distorce a verdade sobre o golpe de estado
que me destituiu sob o disfarce de impeachment.”

Dilma Rousseff, ex-Presidente do Brasil,
deposta por um Golpe de Estado, em 2016.

Leia a íntegra da nota: https://t.co/QaRKh93Q5p

A FOLHA FALSIFICA OS FATOS
Em matéria feita para atacar Lula, o jornal também distorce a verdade sobre o golpe de estado que me destituiu sob o disfarce de impeachment

02/02/2020 11:34

“A Folha publica hoje uma reportagem cujo objetivo é atacar Luiz Inácio Lula da Silva.
Baseia essa matéria em manipulações e falsificação de fatos.

A certa altura, o jornal diz que Lula distorce a verdade
ao reclamar que até hoje o meu recurso contra
o impeachment ilegal não foi julgado no STF.
Lula tem razão e o que disse é a mais pura verdade.

O jornal afirma que, em 2015, ‘Dilma atrasou repasses a bancos estatais para o pagamento de programas como o Bolsa Família e subsídios agrícolas, manobra conhecida como pedalada fiscal. O artifício, que permitiu ao governo gastar mais do que poderia com seus próprios recursos, é um crime de responsabilidade. Desde 2016, ano de seu impeachment, a ex-presidente move um processo no STF para anular o seu afastamento.’

O que a Folha publica é uma monstruosa falsidade.
Confessa sua cumplicidade com o golpe de estado de 2016.

Vamos à verdade: impeachment sem crime de responsabilidade
é golpe.

As alegações que embasaram meu julgamento no Senado
carecem de base jurídica e administrativa.
Possivelmente, essa é uma das razões para o STF
não ter dado sequência a meu julgamento.

Importante ponto, solenemente ignorado pela Folha,
e destacado por Lula, é que o processo persiste sem ter
sido analisado e, portanto, não há veredito jurídico
para o caso, e a Folha não pode se arvorar a emiti-lo,
se erigindo em 4ª instância do judiciário.

Quanto às alegações que embasam o suposto crime
de responsabilidade, repito o que temos dito desde
que este inconsistente e manipulado processo golpista
foi iniciado:

1 – Os decretos de crédito no meu Governo seguiram
procedimentos adotados desde a entrada em vigor da Lei
de Responsabilidade Fiscal, em 2001.
Somados, estes decretos não implicaram, como provado
nos autos, em nenhum centavo de gastos a mais para
prejudicar a meta fiscal.
O meu governo agiu como todos os governos antes dele,
inclusive o meu, no primeiro mandato.
Mais importante, ao final do ano fiscal, que é a referência
correta para julgar o desempenho fiscal, todas as contas,
inclusive os créditos, haviam sido autorizados pelo
Congresso Nacional.

2 – O alegado atraso nos pagamentos das subvenções
econômicas devidas ao Banco do Brasil, no âmbito da
execução do programa de crédito rural Plano Safra,
não equivalia a uma ‘operação de crédito’, o que estaria
vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Isto não procede porque a execução do Plano Safra
era regida por uma lei de 1992, que atribui ao Ministério
da Fazenda a competência de sua normatização,
inclusive em relação à atuação do Banco do Brasil.
A Presidência da República não pratica nenhum ato
em relação à execução do Plano Safra.
Ou seja, eu não poderia ser acusada e condenada
por um ato que não cometi.

3 – A controvérsia quanto à existência de operação de
crédito surgiu de uma mudança de interpretação do TCU,
cuja decisão definitiva foi emitida em dezembro de 2015,
meses depois de as operações terem sido realizadas.
Ou seja: depois dos fatos analisados.
Houve, assim, uma tentativa de me atribuir, e ao meu governo,
um crime antes da definição de que o ato praticado
seria um crime.
O Ministério Público Federal já havia arquivado inquérito
sobre esta questão, afirmando não caber falar em ofensa
à lei de responsabilidade fiscal, porque eventuais atrasos
de pagamento em contratos de prestação de serviços
entre a União e instituições financeiras públicas
não se constituem em operações de crédito.

4 – Vale destacar que, diante da mudança de interpretação
do TCU, agi de forma preventiva e, ainda antes do
pronunciamento final do Ministério Público, solicitei
ao Congresso Nacional a autorização para pagamento
dos passivos, e defini em decreto prazos de pagamento
para as subvenções devidas.
Em dezembro de 2015, após a decisão definitiva do TCU,
e com a autorização do Congresso, saldamos todos
os débitos existentes.

Fui julgada e condenada sem crime, verdadeiro lawfare.

Daí porque, repito, este processo deve ser caracterizado
como um golpe, pois impeachment sem crime
de responsabilidade é golpe.
É que objetivo era tirar uma presidenta eleita
com 54 milhões e meio de votos, colocando em seu lugar
um títere ilegítimo, para ‘estancar a sangria’ e executar
uma agenda de pseudo reformas anti-populares e
contra a soberania nacional, e que jamais seriam aprovadas
na vigência do Estado Democrático de Direito.

DILMA ROUSSEFF

http://dilma.com.br/falsificacao-da-folha
https://twitter.com/dilmabr/status/1223980572822982656

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