Orlando Silva: Tsunami da educação fez frente ampla nas ruas

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O “tsunami da educação” fez a frente ampla nas ruas

por Orlando Silva*

A política tem dessas coisas, às vezes um determinado fato tem o condão de catalisar toda uma onda de insatisfação social que vem se sedimentando e transformá-la em movimento de massas.

É a “centelha que incendeia a pradaria”, diriam os chineses sobre esse tipo de fenômeno.

Quis a dinâmica política que o gatilho a disparar esse sentimento fosse a política educacional do governo e seus irresponsáveis cortes orçamentários.

A bandeira de defesa da educação e da ciência galvanizou amplo apoio na sociedade, ultrapassando em muito a “bolha” da esquerda.

As lideranças e movimentos souberam, muito habilmente, entrelaçar a luta contra os cortes e a defesa da Previdência Social e da democracia.

O resultado foi expressivo, seja pelo número de participantes, seja pela capilaridade alcançada.

Em qualquer contagem que se faça, com dados fornecidos por organizadores ou órgãos de segurança, a barreira do milhão foi rompida.

Em São Paulo, há quem fale em 150, 250 e até 500 mil mobilizados.

Seja qual for o número, o fato é inconteste: a Avenida Paulista ficou pequena para a multidão.

Mas tão impressionante quanto a massa envolvida nas metrópoles é que cerca de 250 cidades registraram protestos — é muita coisa!

O êxito impediu que o movimento ficasse subsumido na grande mídia, que acabou levando o tema aos telejornais e páginas principais dos impressos, dando-lhe repercussão universal. A

inda mais que, enquanto as praças estavam tomadas pelo povo, o ministro Abraham Weintraub era obrigado a prestar esclarecimentos no plenário da Câmara, em virtude de convocação proposta por mim e aprovada por 307 votos contra 82 — uma construção com quase todos os partidos, o que demonstra por si o isolamento da atual gestão no Congresso.

É inegável que o estrago para o governo foi grande.

O presidente, ao tentar minimizar o acontecido como coisa de “militantes” caiu no ridículo — ou, antes, bancou o “idiota”, para emprestar o adjetivo com que caracterizou os cidadãos.

O fracasso parece ter subido à cabeça de Bolsonaro.

A arrogância e a desqualificação não apagam o 15 de maio, justamente ao contrário, potencializam novas manifestações, tanto que a próxima, no dia 30, já está convocada.

Não foram apenas “militantes” os que tomaram as ruas, até porque, se fossem, Bolsonaro não estaria onde está. Tampouco eram “idiotas”.

É bem provável que parcela significativa do público fosse composta inclusive por eleitores arrependidos do presidente, categoria que não para de crescer, segundo todas as pesquisas de opinião.

Gente que acreditou em algo “diferente” e se viu enganada por um charlatão incapaz de administrar o país.

Está justamente aí a chave do sucesso do “Tsunami da Educação”: sua amplitude.

Os atos tinham uma bandeira justa, que foi abraçada por diferentes setores e estratos sociais, e tiveram o mérito de saber agregar e não segregar.

Estudantes, professores e funcionários estiveram ombreados com pais de alunos, cientistas, artistas, intelectuais, profissionais liberais e gente simples do povo.

Nada a ver com a despolitização sectária ou o horizontalismo hipócrita das manifestações de 2013.

O 15 de maio teve alvo definido – o governo e sua política de desmonte da educação –, lideranças reconhecidas, representações políticas diversificadas e em plena harmonia democrática.

Em uma palavra: foi uma construção prática de frente ampla em torno de uma pauta concreta.

É o que devemos continuar perseguindo, a partir de questões que unifiquem largas parcelas do povo, como a educação, a democracia, o emprego e a aposentadoria, fugindo do isolamento que procuram nos impor.

O movimento foi o primeiro duro golpe das ruas no governo.

Outros virão, e não porque a oposição aposte no quanto pior, melhor.

O povo se levanta porque precisa de emprego, renda, serviços públicos, enquanto o presidente só se ocupa em criar factoides para agradar sua horda de fanáticos nas redes sociais.

Que as ruas continuem cheias no dia 30, que ganhe corpo a greve geral de 14 de junho em defesa da aposentadoria.

Que essas jornadas democráticas alcancem um reequilíbrio na correlação de forças da sociedade e façam frente ao obscurantismo que vinha se impondo.

É a frente ampla democrática se forjando nas ruas.

*Orlando Silva é deputado federal pelo PCdoB-SP


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Zé Maria

Procuradora-Chefe do INEP, Carolina Scherer Bicca, correu incapaz do MEC

O governo federal já tem um novo nome para o comando do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
É Alexandre Ribeiro Pereira Lopes, que atuava como diretor legislativo na Secretaria Executiva da Casa Civil da Presidência da República.

Ele assume no lugar do delegado da Polícia Federal Elmer Vicenzi, que deixou o cargo na quinta-feira (16), menos de um mês após assumir.

Segundo informações do MEC, o novo presidente é servidor público de carreira desde 1999, formado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em Direito pela Universidade de Brasília (UnB).
Já atuou como secretário no governo de Rodrigo Rollenberg (PSB) no Distrito Federal e, em janeiro deste ano, foi nomeado pelo chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Alexandre Ribeiro Pereira Lopes é o quarto chefe do órgão responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) desde o começo do ano.

A Demissão de Elmer Vicenzi ocorreu porque ele insistia, com respaldo da
equipe do MEC, que o Inep produzisse um parecer técnico que liberasse
o Acesso a Dados Pessoais dos Estudantes da Educação Básica e Superior.

O objetivo era utilizar essas informações sigilosas para fazer diversas ações,
como cruzamentos para investigações policiais, conferência com o programa
Bolsa Família e a viabilização de uma carteirinha de estudantes que o governo
pretende criar para Esvaziar a Principal Fonte de Recursos das Entidades Educacionais.

O órgão coleta as informações Pessoais de Estudantes junto a Secretarias de Educação e instituições de Ensino Superior para produção de estatísticas oficiais, como o Censo Educacional.

Os Dados são Protegidos por Sigilo, entendimento com que a cúpula do MEC
não concorda.

Nas últimas semanas, Vicenzi pediu parecer sobre o assunto à Diretoria de Estatísticas Educacionais, que foi contrária à abertura.

A Procuradoria do órgão produziu documento na mesma linha, o que desagradou Vicenzi.

Após o episódio, o presidente do instituto decidiu, na última sexta (10), pela exoneração do procurador substituto, Rodolfo Carvalho Cabral (ainda não publicada oficialmente).
O ato ocorreu na ausência da Procuradora-Chefe do INEP, Carolina Scherer Bicca,
em viagem.

Toda a equipe da Procuradoria ameaçou abandonar o posto e, de volta ao Inep,
a Procuradora-Chefe foi ao Ministro expor a situação. Carolina teria dito que
não aceitaria a mudança e que só ficaria no posto, se Vicenzi deixasse o cargo.

Vicenzi colocou o cargo à disposição e acabou demitido, pois a forma
com que ele lidou com o caso, ao exonerar servidor da Procuradoria,
sem a anuência da Procuradora-Chefe, não foi a mais correta.

Elmer Vicenzi estava no cargo há 24 dias.
Esta foi a primeira baixa no alto escalão da gestão
de Abraham Weintraub no comando do MEC.

[Folhapress, via NSCTotal com APUFSC Sindical]

    Zé Maria

    “Isto é Crime!
    A confusão que culminou na demissão do terceiro bozopresidente do Inep,
    Elmer Vicenzi, começou quando o ministro da Educação pediu acesso a dados
    sigilosos de estudantes, solicitação que foi negada pelo procurador do órgão.”

    https://twitter.com/Haddad_Fernando/status/1129340937518370816

Zé Maria

Oficina do OLavo

14 Mil Alunos do Sistema Colégio Militar foram PROIBIDOS de participar
da 11.ª Olimpíada Nacional de História do Brasil
O Departamento de Educação e Cultura do Exército [DECEx] atribuiu a decisão ao fato de o evento “não atender ao interesse da proposta pedagógica do
Sistema Colégio Militar”.
Representantes [do DECEx] tiveram acesso ao conteúdo de algumas questões
e consideraram inadequado para seus alunos…

A competição é coordenada pelo Departamento de História
da Universidade Estadual de Campinas [UNICAMP],
com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações
e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico.
[…]
A proibição provocou indignação de estudantes.
Eles ressaltaram que a medida destoa da conduta adotada
nos colégios do sistema, que sempre foi o de incentivo
à participação nesse tipo de competição.

Os Alunos atribuem a proibição à tentativa do Departamento [DECEx]
de evitar que alunos do sistema tenham contato com questões que façam alusão ao período da Ditadura Militar.

Professores foram encarregados de transmitir
o comunicado da proibição para os alunos.
Não foi informada qual a punição para
aqueles que desrespeitarem a proibição
e participarem das etapas de seleção.

https://educacao.uol.com.br/noticias/agencia-estado/2019/05/18/alunos-de-colegios-militares-sao-proibidos-de-participar-de-olimpiada-de-historia.htm

Zé Maria

BolsoAsnos vivem num Mundinho,
Limitado pelo Déficit Cognitivo,
dentro d’uma Bolha de Ignorância,
Ressentimento e Fanatismo.

No Texas, Jair Bolsonaro disse que só 3 (três)
instituições fazem Pesquisa de Qualidade no Brasil:
Mackenzie [Privado];
Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) [Militar]
e Instituto Militar de Engenharia (IME) [Militar].

https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1129807717361750023

As Milícias no (des)governo de Jair Bolsonaro são incapazes
de compreender que quanto menos investimento (não gasto)
em Ensino Público e Pesquisa as instituições universitárias
cada vez cairão mais no rancking internacional, sem contar
o fato de que um País não se desenvolve sem Ciência.

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