Marcelo Zero: A perversidade e a inutilidade da guerra de Netanyahu
Tempo de leitura: 3 min
A Perversidade e a Inutilidade da Guerra de Netanyahu
Por Marcelo Zero*
A guerra iniciada pelo governo de extrema-direita de Netanyahu contra o Irã, além de perversa e extremamente perigosa para o Oriente Médio e o mundo, é inútil.
Netanyahu, como se sabe, tem dois grandes objetivos com essa agressão: acabar com o programa nuclear iraniano e estimular uma mudança de regime no Irã.
Acabar com o programa nuclear iraniano, além de ser algo ilegal, sobre o prisma do Tratado De Não-proliferação de Armas Nucleares (TNP) e de outros instrumentos de direito internacional público, é, do ponto de vista técnico, algo praticamente impossível de ser alcançado com bombardeios, mesmo com a eventual ajuda dos EUA.
A bomba que os EUA dispõem para penetrar em estruturas subterrâneas (a GBU-57 series MOP -Massive Ordinance Penetrator) tem limitações que o Irã levou em conta, quando construiu suas novas instalações nucleares.
Essa bomba, revestida de aço muito resistente e muito pesada (cerca de 13, 6 toneladas) é capaz de penetrar cerca de 60 metros de terra ou 18 metros de concreto com resistência à compressão de 5.000 psi (34 MPa).
Acontece que as novas instalações de Fordow e Natanz estão a mais de 80 metros de profundidade e usam um concreto com resistência à compressão de 30.000 psi (210 Mpa). Ou seja, é um concreto seis vezes mais resistente à compressão que um concreto protendido normal.
Ademais, há outro fator, que, segundo os técnicos, dificultaria ainda mais as ações dessas bombas.
A penetração máxima da GBU-57 só é alcançada em uma trajetória perfeitamente perpendicular, que dissipa menos a energia cinética da bomba.
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Ora, os engenheiros iranianos, com a possível ajuda de chineses, teriam construído estruturas adiamantadas, as quais provocariam o desvio das trajetórias das bombas de penetração em ângulos diagonais diversos, o que não só limita a penetração, como também torna muito difícil o possível uso cumulativo das bombas para se alcançar a profundidade almejada.
Ademais, o Irã armazenou centrífugas e urânio em pontos muito diversos de seu território, o que significa que, mesmo ante a improvável total destruição de Fordow e Natanz, sobrariam muitos elementos para o Irã reconstruir seu programa nuclear.
Conspira também contra essa estratégia de destruir o programa iraniano com bombardeios o grave perigo de uma contaminação radioativa que extrapolaria o território iraniano.
Frise-se que o Irã poderia construir uma bomba atômica com o plutônio de seu reator nuclear de Bushehr. Contudo, a destruição desse reator provocaria uma tragédia histórica no Oriente Médio. Seria um novo Chernobyl.
Assim, o desmantelamento total do programa nuclear iraniano não poderia ser alcançado somente com uma guerra aérea, mas exigiria uma guerra de ocupação, com muitas tropas em solo contra o Irã, algo que Israel não é capaz de fazer e que Trump, obviamente, não deseja fazer.
A mesma lógica aplica-se ao objetivo de se promover uma mudança de regime no Irã.
Não adianta Israel assassinar as principais lideranças iranianas com seus bombardeios muito precisos.
Os EUA só conseguiram promover mudanças de regime, como nos casos do Iraque e da Líbia, por exemplo, com sangrentas e custosas guerras de ocupação, as quais contaram com o apoio de grandes dissidências internas. Mesmo assim, tais mudanças de regime provocaram o caos e a destruição desses países e tiveram um custo humano altíssimo.
Do ponto de vista geopolítico, foram um fracasso. No caso do Afeganistão, os EUA devolveram o poder, de forma humilhante, aos Talibãs! Gastaram US$ 2,5 trilhões por nada. Trump sabe disso. Foi ele quem ordenou a retirada, a qual foi apenas concretizada por Biden.
No caso do Irã, um país com 92 milhões de habitantes, membro do BRICS, o custo seria muito maior e poderia incendiar todo o Oriente Médio. O Irã tem forças armadas com quase 1 milhão de homens. Não seria um passeio.
Embora exista uma oposição ao regime iraniano, ela não tem escala popular suficiente para insuflar uma mudança de regime, ainda mais no contexto de uma brutal agressão externa promovida por “inimigos históricos.” A tendência é a dos iranianos “cerrarem fileiras”, em defesa de seu país.
Caso o aiatolá Khamenei seja assassinado, como chegou a ameaçar Trump, haveria a insurreição de cerca de 200 milhões de xiitas. E a guerra se estenderia também ao Iraque, que tem maioria xiita, e possivelmente também ao Líbano, à Síria, ao Iêmen e ao Azerbaijão.
O ideal, portanto, é persistir em negociações razoáveis, que respeitem o direito do Irã de ter um programa nuclear para fins pacíficos, algo que é assegurado a esse país, assim como a qualquer outro país membro do TNP, como o Brasil, por exemplo. O Irã sempre demonstrou moderação e racionalidade, nesse aspecto.
Hegel dizia que se há uma lição que a História nos ensina é a de que os homens nada aprendem com ela.
Trump e Netanyahu que o digam.
*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.
Comentários
Zé Maria
https://t.co/DiTxRZtwo6
https://x.com/MayadeenEnglish/status/1936890959230324740
Zé Maria
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“ONU e Governos Árabes Regionais
Condenam Atentado à Igreja Síria”
Condenação generalizada de árabes e internacionais
seguiu-se ao atentado suicida que teve como alvo
a Igreja Mar Elias, no bairro de al-Dweila, no leste
de Damasco, capital da Síria, na noite de domingo.
O ataque deixou vários civis mortos e feridos e foi
descrito como um ataque hediondo contra civis
e locais de culto.
O Enviado Especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen,
denunciou o ataque e pediu a todos que respeitem
o direito internacional humanitário, pedindo a proteção
de civis e locais sagrados.
O Patriarcado de Antioquia e Todo o Oriente da Igreja
Ortodoxa Grega também condenou o atentado,
que ocorreu enquanto a igreja celebrava a Festa
de Todos os Santos de Antioquia.
Em um comunicado, o Patriarcado lamentou o que
descreveu como um ato de traição que “atingiu fiéis
inocentes durante uma missa noturna”.
O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, condenou
o atentado como um “ato criminoso desprezível”,
expressando a total solidariedade do Líbano à Síria
e sua disposição em cooperar na luta contra o
terrorismo.
Ele reafirmou sua confiança na capacidade do Estado
sírio de resistir às tentativas de desestabilizar o país.
O Ministério das Relações Exteriores da Jordânia
também emitiu uma forte condenação.
O porta-voz, Embaixador Sufian Qudah, declarou que
Amã se solidariza plenamente com a Síria, reiterando
a rejeição categórica da Jordânia a todas as formas
de terrorismo e violência.
Ele também expressou apoio aos esforços da Síria
para preservar sua unidade e integridade territorial.
O Ministério das Relações Exteriores do Iraque também
condenou o ataque com a maior veemência.
Em um comunicado, Bagdá reiterou sua firme rejeição
à violência contra civis e locais de culto, alertando que
tais ataques correm o risco de inflamar tensões
sectárias entre as comunidades regionais.
O Hezbollah, movimento político do Líbano,
de tendência xiita, emitiu um comunicado
no domingo no qual descreveu o ataque
como um “crime hediondo” que mais uma vez
reflete a brutalidade da ideologia extremista
‘takfiri’ [*].
O movimento libanês enfatizou que tais atos
não têm conexão com nenhuma religião divina
e representam “uma criação satânica apoiada
pelo eixo americano-sionista”, ativado por EUA
e Israel, sempre que vêem necessidade de semear
a discórdia entre as nações árabes regionais
para depois fragmentá-las.
*[Termo em árabe que se refere a um muçulmano
que acusa outro muçulmano de apostasia, ou seja,
de ter se desviado da doutrina islâmica ou abandonado
o Islã.
A prática de ‘takfir’ envolve declarar outro muçulmano
como infiel ou não crente. Alguns grupos extremistas
usam o termo, por vezes, para se referir às pessoas
que não concordam ideologicamente com eles, isto é,
que não se submetem à interpretação muito particular
que esses extremistas fazem do Alcorão.]
https://english.almayadeen.net/news/politics/un–regional-governments-condemn-damascus-church-bombing
Zé Maria
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“Após a Agressão dos EUA e do Regime Sionista Contra o Irã,
Rússia, China e Paquistão – Três Países que, por sinal,
já possuem Bomba Atômica – submetem Projeto de
Resolução tratando do Assunto no Conselho de Segurança
da Organização das Nações Unidas (ONU).”
https://en.mehrnews.com/news/233526/Russia-China-and-Pakistan-submit-draft-Res-on-Iran-to-UNSC
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Zé Maria
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“Embaixador do Irã nas Nações Unidas, Amir Saeed Iravani,
disse que Teerã reserva-se o Direito Legítimo de se defender
e responder à Flagrante Agressão dos EUA e de Israel.”
https://x.com/mehrnewscom
https://en.mehrnews.com/news/233521/US-destroyed-the-negotiations-Iran-UN-envoy
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Zé Maria
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“Ministro das Relações Exteriores do Iraque
condena veementemente o ataque militar
dos EUA às instalações nucleares do Irã”
https://en.mehrnews.com/news/233511/Iraq-denounces-US-military-attack-on-Iran-s-nuclear-sites
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Zé Maria
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https://t.co/KYPmAAX67Z
“Irã condena ataques dos EUA e de Israel a
instalações nucleares como crime internacional”
Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI)
condenou veementemente os ataques militares
conjuntos dos EUA e de Israel às suas instalações
nucleares, denunciando-os como uma clara violação
do direito internacional e uma provocação imprudente
que não ficará sem resposta.
https://x.com/Tasnimnews_EN/status/1936749552721080426
https://www.tasnimnews.com/en/news/2025/06/22/3339892/iran-condemns-us-israeli-attacks-on-nuclear-facilities-as-international-crime
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Zé Maria
https://tn.ai/3340338
https://x.com/Tasnimnews_EN/status/1936845342495908218
https://www.tasnimnews.com/en/news/2025/06/22/3340338/anti-israeli-hacktivist-group-cripples-israeli-military-industry-in-major-cyberattack
Zé Maria
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“Ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã é ‘imperdoável”,
afirma Chanceler Iraniano
https://x.com/EnglishFars/status/1936827937820753969
https://farsnews.ir/Qaysar/1750597935997059660/FM:-US-Attack-on-Iran's-Nuclear-Facilities-%E2%80%98Unforgivable%E2%80%99
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Zé Maria
Contra o Irã é uma Guerra por Procuração dos EUA.