Manuel Domingos Neto: Por que a febre de renúncia dos comandantes militares antes da posse de Lula? Qual o plano dos fujões?

Tempo de leitura: 2 min
Ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e os atuais comandantes das Forças Armadas: Marco Antônio Freire Gomes (Exército), Almir Garnier Santos (Marinha) e Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica). Fotos: Marcos Corrêa/PR, Exército, Wikipedia e FAB

Fujões

Por Manuel Domingos Neto*

Notícias de que comandantes militares renunciariam a seus postos pontilham na imprensa há muitas semanas.

A vida ensinou-me a duvidar de noticiário desse teor. Através de jornalistas incautos ou de má fé, oficiais vivem plantando informações para formar climas. Dão trabalho aos meus colegas dedicados a acompanhar os lances complexos da guerra híbrida.

Mas desde o início, perguntei-me sobre o que move oficiais a largar o comando dos principais instrumentos de força do Estado em momento tão delicado do jogo internacional, em que a hecatombe nuclear pode ser anunciada a qualquer momento. Os comandantes não pensam nisso?

Perguntei-me também sobre o sentido da renúncia em circunstâncias tão especiais para a democracia brasileira, em que o presidente da República ameaça promover rupturas institucionais.

Por quais princípios éticos se movem os comandantes? Com quais intenções, mesquinhas ou elevadas, se orientam?

Desgosto com a decisão do soberano, que em regimes democráticos é povo?

Mais precisamente, desgosto pela vitória de Lula?

Mais precisamente ainda, amargura pela derrota de seu candidato?

Passou-me pela cabeça a possibilidade de os comandantes pretenderem simplesmente alimentar o ambiente de insegurança para o cumprimento da vontade popular que lhes aborreceu.

Vontade pirracenta de melar a festa agendada para o primeiro dia do ano. Ganhariam, assim, posição de barganha corporativa junto ao próximo Chefe de Estado.

Diante da frustação de um atentado terrorista em Brasília no último final de semana, comecei a pensar que os comandantes estariam fugindo da responsabilidade sobre engrenagens macabras.

Os terroristas se articulam no âmbito de integrantes da família militar acampada nos perímetros de segurança dos quartéis. É difícil dissociá-los da faina dos comandantes.

A notícia de que o Ministro da Defesa renunciaria dois dias antes da posse de Lula deixou-me ainda mais intrigado.

Onde se viu abandonar postos de direção em momentos cruciais? Não há discurso ético que resista a essa febre de renúncia de cargos.

Parece que os fujões planejam uma acefalia no castro. Fileiras sem comando viram hordas. Se contaminadas pelo debate político, ensandecem. Esse é o plano, comandantes?

*Manuel Domingos Neto é professor aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF), ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED) e ex-vice-presidente do CNPq.

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Comentários

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Manuela Lopes

Os geniais perderam uma b.oca boa.
100 mil reais.
Os generais sempre desde antes da República deram palpite na política e isso não vai mudar.

    Manuela Lopes

    B…oca
    Os milicos + graduados de todos se lambuzam na política.
    Talvez freios constitucionais possam frear a sede de poder e dinheiro dos nossos exércitos. Freios na Constituição Federal. Talvez funcione. Talvez.

Nilton Carvalho

Até que dia o exército de brochas voltará a ser um Exército Brasileiro;
A marinha está igual ao Porta Aviões São Paulo;
A aeronáutica. Pra que serve mesmo?
Enfim, Exército, Marinha e Aeronáutica são os terrorista de hoje, seria melhor para o Brasil acabar com esse quadrilha que quer acabar com o Brasil. Sou a favor.

Zé Maria

Daqui a 4 Dias, o Povo Brasileiro
irá subir a Rampa do Palácio.

    Zé Maria

    https://pbs.twimg.com/media/FlE-OOHWAAQtC1G?format=jpg

    Ministro do STF, Alexandre de Moraes, concede Liminar
    pleiteada pelo Ministro da Justiça & Segurança Pública
    do Governo LULA (2023-2026) e determina a Suspensão Temporária de Porte de Armas de Fogo no Distrito Federal, para garantir Mais Segurança na Posse do Presidente Lula.

    “Pessoas que eventualmente descumprirem
    [a Decisão do STF] serão presas em flagrante.”

    https://twitter.com/FlavioDino/status/1608134975848693761

    Zé Maria

    .

    “Às circunstâncias de fato que possibilitaram a edição da Resolução nº 23.669, de 2021 somaram-se graves fatos criminosos e atentatórios ao Estado Democrático de Direito, que demandam medidas legalmente restritivas para a garantia da segurança não só do Presidente e Vice-Presidente eleitos, como também de milhares de pessoas que comparecerão à posse no próximo dia 1º de janeiro de 2023.

    Lamentavelmente, grupos extremistas – financiados por empresários inescrupulosos, explorando criminosa e fraudulentamente a boa-fé de diversos eleitores, principalmente com a utilização de covardes milícias digitais e sob a conivência de determinadas autoridades públicas, cuja responsabilidade por omissão ou conivência serão apuradas – vem praticando fatos tipificados expressamente, tanto na Lei n° 14.197, de 1º de setembro de 2021, relativos aos crimes contra o Estado Democrático de Direito, quanto na Lei n° 13.260, de 16 de março de 2016, que regulamenta o disposto no inciso XLIII do artigo 5º da Constituição Federal, disciplinando o combate ao terrorismo, inclusive punindo os atos preparatórios.

    Portanto, estão presentes a proporcionalidade, Justiça e adequação entre os meios necessários a serem utilizados pelo Poder Público, no exercício de sua atividade de garantidor da segurança pública e da Democracia e a restrição temporária e excepcional, no território do Distrito Federal, de todas as espécies de porte de armas, bem como do transporte de armas e munições por colecionadores, atiradores e caçadores [CACs], sob pena de prisão em flagrante, por porte ilegal de arma (artigos 14 e 16 da Lei n° 10.826/2003).”

    Íntegra da Decisão do Ministro Alexandre:

    https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/PET10685.pdf

    https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=499739&ori=1

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