Leonardo Azevedo: A publicidade precisa ser antirracista

Tempo de leitura: 2 min

Por que a publicidade precisa ser antirracista?

Por Leonardo Azevedo*

Antirracismo é prática diária, e chegou a hora da publicidade entender isso.

Um estudo recente da consultoria Croma aponta que 37% dos brasileiros concordam que a publicidade brasileira ainda é racista.

Até aí, poucas novidades. Mas ao analisar os dados dessa pesquisa com mais atenção, é possível fazer inferências importantes sobre a postura que os profissionais da área precisam adotar frente ao compromisso de fazer da publicidade um ambiente mais representativo.

O estudo, batizado de ‘Oldversity’, ouviu aproximadamente 2 mil pessoas de diferentes idades, origens étnicas, classes sociais e regiões do país.

O resultado é animador: 70% dos entrevistados concordam que a publicidade não é genuína ao incluir diversidade na sua comunicação.

Ou seja: estamos fazendo pouco, e a demanda é por mais.

Negros e negras são 54% da população deste país.

Este é apenas um dos motivos pelo qual essa sub representação no ambiente publicitário é inconcebível, inclusive sob a perspectiva comercial.

Prova disso é que, quando perguntados sobre as marcas mais lembradas quando o assunto é diversidade, mais da metade dos entrevistados mencionaram empresas do setor de cosméticos e beleza — que se destaca historicamente quando o assunto é representatividade.

Portanto, não basta inserir modelos negros nos comerciais de TV e outdoors.

Para 32% dos pesquisados, as marcas ainda reproduzem comportamentos preconceituosos.

Outros 29% apontaram preconceito no atendimento das empresas.

O que escancara uma realidade urgente: a mudança precisa ser muito mais profunda da porta pra dentro das empresas.

Nesse cenário, a publicidade deve assumir o papel de catalisadora, fazendo uso dos canais que têm à disposição para ouvir consumidores e consumidoras e suas demandas em relação à representatividade que esperam — e nós sabemos que esperam.

A publicidade enquanto profissão é um ambiente majoritariamente branco, então não seria racional ou honesto que a decisão sobre como pautar o racismo nas agências e departamentos de marketing fosse tomada apenas lá dentro.

É hora de ouvir. Ouvir profissionais negros é indispensável, mas não o suficiente.

Além de ouví-los, é necessário potencializar suas vozes, pautando o racismo no seu ambiente de trabalho, mas também em todos os ambientes onde você for.

Afinal, antirracismo não é pauta, é prática. Prática diária.

*Leonardo Azevedo é estudante de Publicidade e Propaganda na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ativista de direitos humanos da Anistia Internacional Brasil.


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