Lelê Teles: O badernaço da elite branca deve ser punido com rigor

Tempo de leitura: 4 min

O Badernaço

Por Lelê Teles*

le bon e freud estudaram o comportamento de manada, dali depreende-se como é perigoso manter um grupo unido por tanto tempo, alimentado com uma ração diária de desinformação e discurso de ódio.

no dia da infâmia, cada um daqueles indivíduos arruaceiros estava motivado pelo reforçamento positivo dos seus companheiros.

todos contavam com o apoio de pilantras parasitas e endinheirados, de alguns covardes generais golpistas, de inescrupulosos empresários da fé e de políticos poderosos e irresponsáveis.

dessa forma, o grupo se sentia potente e intocável.

as redes antissociais serviram como uma importante ferramenta para angariar adesão desses midiotas, criar um ambiente de pertencimento ao grupo e disseminar um discurso classista, racista, capacitista, machista e terrorista.

tudo isso está armazenado no inconsciente dessa manada, porque é um comportamento ancestral, essa gente descende de escravizadores (modernos e antigos), e traz consigo a herança da impunidade, do arbítrio e da cumplicidade sabuja das leis, que afinal de contas foram criadas para proteger o patrimônio e os patriotas quem têm patrimônio.

o animal de rebanho, traduzido aqui na figura grotesca do gado bípede, mergulhado em um ódio delirante, dá vazão à sua aporofobia, seu asco às pessoas pobres, justificando uma inclinação conservadora, que teima em manter em pé os dois brasis, onde um serve apenas para servir ao outro.

é importante dizer que esse bando de criminosos não manteria sua coesão e não ocuparia espaços públicos por tanto tempo, pregando uma ruptura institucional, se não fosse formado por pessoas brancas, em sua maioria.

no laboratório do caos onde estavam acampados, pregavam dia e noite o discurso pseudo-messiânico que demoniza o progressismo, pregando uma guerra santa, e o manjado discurso militarista, que monstrifica as esquerdas; na mente dessa gente demente somos um monstro demoníaco.

foi esse o amálgama que os manteve unidos por todos esse tempo; perceba que quando não estavam ajoelhados, orando, estavam marchando e/ou cantando hinos militares.

claro está que ao elegerem um mito, esse bando de alucinados criminosos encontrou alguém disposto a representá-lo; a manada precisa de um líder apenas para que todos sigam uma mesma direção.

“o mito é o nada que é tudo”, disse fernando pessoas; bozo é uma espécie de bezerro de ouro, não existe essa de bolsonarismo, não há uma doutrina bolsonárica, essa gente é incapaz de formular ideias.

o que há é apenas um ódio de classe vagabundo e uma certeza ancestral de que o macho branco tudo pode, é ele quem manda e desmanda, mata e desmata.

o bozo era a representação do culhão, dos dois ovos, era ele mesmo o lugar de falo daquela gente, o pica das galáxias, machificado na figura paudurescente do homem de pulso firme, belicoso, imbrochável e incomível.

a invasão dos prédios públicos, a depredação do nosso patrimônio e a destruição de objetos de arte, mostra o quanto essa gente selvagem é inculta, imoral e delinquente.

mijaram e cagaram nos corredores e nos escritórios.

a elite branca do brasil é formada por essa gente, um bando de bandidos que estupram, matam, desmatam, invadem, grilam, tocam fogo, mineram, poluem e vão passear na europa, depois de darem uma gorjeta pro padre na missa de domingo.

eu já havia previsto esse badernaço em agosto de ‘21, numa crônica futurista onde eu fumava a erva do diabo com o sapientíssimo cacique papaku.

nada daquilo me surpreendeu.

um domingo antes dessa barbárie, eu estava ali na esplanada, para a posse de lula, acompanhado de minha filha, que tremulava, cheia de um orgulho fagueiro, a bandeira do arco-íris.

também estavam comigo o amigo jaburu, inquieto em sua cadeira de rodas, e o fleumático casal formado por tia teca e mozim.

todos alegres, todos felizes por ver aquela festa da diversidade, todos celebrando os novos tempos onde o pobre terá comida no prato, os pretos serão tratados com respeito e as pessoas com deficiência e os lgbtqia+ não serão mais tratados como deficientes cívicos, cidadãos de segunda classe.

era isso que festejávamos.

é contra isso que aquela gente desalmada protestava, foi contra isso que invadiram palácios e tentaram abortar a democracia.

o ódio ao governo lula é um ódio à ascensão social, ódio ao pobre em avião, em universidades, indo ao trabalho de automóvel….

anna marina, a colunista classista do jornal estado de minas, emulando sua colega carioca danuza leão, deixou evidente o que pensa essa gente quando comentou sobre a diversidade que lula havia levado para subir com ele a rampa do planalto.

desavergonhadamente, a senhora marina escreveu que aquela gente lulística, formada por “índios, pretos e estropiados”, havia lhe causado uma péssima impressão.

eles nos odeiam.

é certo que para o brasil deixar de ser apenas um país e se tornar verdadeiramente uma nação, é preciso civilizar os incivilizados e trancafiar os incivilizáveis.

nosso projeto de nação não pode ser sabotado por essa minoria barulhenta, arrogante, prepotente e criminosa.

para deixar claro que outra insurreição insolente como essa não será mais tolerada é preciso colocar atrás das grades não apenas os bois de piranha que estavam na linha de frente nos ataques de ontem, é preciso punir seus mandantes, os covardes do ar condicionado, os que financiaram essa fancaria, os que mandavam picanha pros churrascos golpistas, os que enchiam os ranchos de farta comida e bebida.

é preciso também repensar o papel da polícia militar, formatada para reprimir sua própria gente, em defesa dos que atacaram o estado ontem.

a polícia que mais mata nas américas, a mais temida das américas, a que senta o porrete em professor, a que espanca trabalhadores, a que mete bala na cabeça de criança e faz de alvo os corpos negros favelados, ontem se mostrou dócil, conivente, servil e sabuja.

ela foi criada pra isso!

é preciso deixar claro que não haverá anistia, não haverá mais esquecimento; esse dia infame tem que estar na memória de todas as gerações para que nunca mais se repita.

e, ó, a capital da república não pode ficar nas mãos de forças de segurança subordinadas a um governador, porque corre o risco de que esse cabra seja inimigo do governo federal e aí já vimos o que pode acontecer.

a democracia, eu dizia aos amigos que estavam comigo no dia da posse, não é uma dádiva, é uma conquista, é preciso lutar por ela todos os dias.

é preciso manter os punhos erguidos; sim, é necessário sorrir, dançar e cantar, mas é prudente manter o pé atrás, como nos ensina a ginga da capoeira.

é lula lá e nóis aqui.

palavra da salvação.

*Lelê Teles é jornalista, publicitário e roteirista.

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Comentários

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Ibsen Marques

Parei para o comentário. Depois volto à leitura. Não são poucos generais covardes e golpistas, são todos. Todo o alto comando, generais, almirantes, brigadeiros, coronéis, tenentes- coronéis, todos são golpistas. As FFAA precisam ser extintas porque não são inúteis, elas são um cancro entre as instituições e um atentado permanente ao povo brasileiro e sua liberdade de decidir os destinos da nação.

Zé Maria

“Mais de 1,5 mil terroristas já foram presos em Brasília,
mais de mil já foram para a Papuda.”

PAULO PIMENTA
Ministro-Chefe da SECOM
Governo LULA (2023-2026)
https://twitter.com/DeputadoFederal/status/1612530343688413201

‘Só falta’ prender os Mandantes e os Financiadores da ORCRIM.

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