Jeferson Miola: Na Cisjordânia, onde o Hamas não atua, Israel já matou 102 palestinos

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Foto: Reprodução da internet

Na Cisjordânia, onde o Hamas não atua, Israel já matou 102 palestinos

Por Jeferson Miola, em seu blog

Na Cisjordânia, território ocupado e controlado por Israel e administrado pela Autoridade Nacional Palestina sem nenhuma autonomia, o grupo Hamas não tem atuação política e, menos ainda, organização armada.

A despeito disso, porém, desde 8 de outubro Israel já matou 102 palestinos na Cisjordânia, sendo a maioria das vítimas crianças, mulheres e idosos. Nenhuma dessas vítimas civis, assassinadas covardemente, estava armada ou nas trincheiras de combate do Hamas.

Palestinos são assassinados com repugnante banalidade pelo simples fato de serem palestinos, e, por isso, considerados seres inferiores, desumanizados, destituídos de direitos humanos.

Os palestinos merecem receber, por isso, o tratamento que corresponde a animais selvagens, como declarou Yoav Gallan, o ministro nazi-sionista de Defesa.

A rotina de morticínios na Cisjordânia, de tão frequente ao longo de décadas, é banalizada; já integra a paisagem de terror imposto pelo regime sionista de apartheid nos territórios onde os palestinos são obrigados a viver confinados, cercados e asfixiados por terra, mar e ar. Prisioneiros no maior Auschwitz do mundo.

Esta rotina de brutal violência israelense na Cisjordânia se intensificou muito depois dos ataques do Hamas em 7 de outubro. E deverá escalar cada vez mais.

Sob o falso pretexto de combater o Hamas, Israel segue sem freios a ofensiva genocida que, na realidade, tem por objetivo executar uma limpeza étnica nos territórios palestinos.

O que está acontecendo em Gaza, e, em proporção menor na Cisjordânia, não é uma guerra, é genocídio!

Se o plano sionista fosse verdadeiramente combater o Hamas, por que então o assassinato de 102 palestinos na Cisjordânia, onde o Hamas não atua, e por que a execução de 7 crianças palestinas a cada hora pelos bombardeios assassinos na Faixa de Gaza?

Se o plano israelense fosse verdadeiramente punir os combatentes do Hamas, o que justifica que mais de 60% dos palestinos mortalmente abatidos em Gaza sejam crianças, adolescentes, mulheres e pessoas idosas?

É absolutamente inaceitável e vergonhosa a inação da ONU diante da maior tragédia do mundo, em que está sendo levado a cabo o extermínio do povo palestino.

É repugnante a indiferença dos EUA e governos vassalos, que se aliam a Israel na máquina mortífera de assassinato de uma criança palestina a cada 9 minutos, o que jamais deixariam acontecer se as vítimas fossem crianças judias.

O morticínio que o regime sionista de apartheid promove também na Cisjordânia desnuda o verdadeiro plano do gabinete de guerra israelense, que é consumar a limpeza étnica por meio do genocídio do povo palestino.

Com o genocídio em Gaza, Israel e seus aliados de barbárie abrem guerra total contra a civilização humana e contra qualquer ideal decente de humanidade.

Leia também:

Jeferson Miola: Uma criança palestina é morta a cada 9 minutos; nenhuma é militante do Hamas

Vladimir Safatle: O suicídio de uma nação e o extermínio de um povo

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Manuel Domingos Neto: Guerreiros, terroristas e civis inocentes

Marcelo Zero: Uma grande Gaza

Jeferson Miola: Israel assassina por dia 150 crianças palestinas em Gaza

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Roberto Amaral: O holocausto palestino (da Nakba a Gaza)


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Comentários

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Zé Maria

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“ACABAR COM O APARTHEID ISRAELITA É O ÚNICO CAMINHO PARA A PAZ”

“O contexto crucial para a violência de Israel na Palestina é o facto
de a ocupação mais longa do mundo se ter transformado numa
anexação formal, sem sequer a pretensão de um processo de criação
de um Estado Palestiniano.
Para alcançar uma paz duradoura, o apartheid israelita tem de acabar.”

“Dois milhões de pessoas vivem na Faixa de Gaza,
quase metade são crianças e mais de metade
vive na pobreza, e já foram sujeitas a seis guerras
desde o início do bloqueio israelita.”

“Em 2018, os palestinianos de Gaza iniciaram a “Grande Marcha do Retorno”
— um protesto não violento e em massa contra o bloqueio e a ocupação
alargada.
Israel respondeu matando a tiro mais de 200 manifestantes.”

“É que o único caminho para a paz é o fim do apartheid.
E, no entanto, qualquer pessoa que defenda esse ponto de vista
pode esperar ser fortemente demonizada nos próximos dias e semanas.”

num insulto final àqueles que defendem a não violência,
a longa ocupação por Israel do território palestiniano progrediu
para a anexação total.

Tudo começou com o Partido Likud, do primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu, endossando formalmente a anexação
de partes da Cisjordânia em 2017, que por sua vez se tornou
um pilar fundamental das campanhas eleitorais do partido
em 2019.

Em 2020, este plano tornou-se política governamental e,
em 2022, Israel elegeu um governo de extrema-direita
comprometido com “o direito exclusivo do povo judeu
sobre toda a Terra de Israel”.

Em fevereiro, esta anexação deu o seu passo mais significativo.

Durante décadas, a ocupação foi tratada por Israel como um assunto militar
— supervisionado pelo ministro da Defesa.
Mas no início deste ano, Israel transferiu formalmente os poderes sobre
o território para o seu governo civil.
E mais, entregou-os a um autodenominado “fascista”, Bezalel Smotrich.
Como escreveu a Foreign Policy, “a medida ungiu Smotrich como governador
de facto da Cisjordânia”.

Por Ronan Burtenshaw, Editor da Revista “Tribune”, no Sítio Português
“Setenta e Quatro” (https://setentaequatro.pt/quem-somos)

Íntegra:
https://setentaequatro.pt/ensaio/acabar-com-o-apartheid-israelita-e-o-unico-caminho-para-paz

Ensaio publicado originalmente, em inglês,
na “Jacobin Magazine”, sob o título:

“Ending Israeli Apartheid Is the Only Path to Peace”
https://jacobin.com/2023/10/palestine-israeli-occupation-ending-apartheid-peace
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