Jeferson Miola: Com vazamentos para imprensa, militares tentam enquadrar transição

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Foto: Centro de Comunicação Social do Exército

Com vazamentos para imprensa, militares tentam enquadrar transição

Por Jeferson Miola, em seu blog

Oficiais militares, principalmente do Exército, usam a imprensa para testar o trânsito das suas pretensões na transição de governo; mas, em especial, para tentar enquadrar e/ou influenciar as escolhas do governo eleito acerca do ministério da Defesa e das Forças Armadas.

Plantam informações e versões – algumas verdadeiras, outras falsas –, insinuam planos e propostas e, também, fazem circular factóides e balões de ensaio.

Eles estão centralmente empenhados em emplacar seus interesses político-partidários, corporativos e estratégicos no processo de transição de governo.

Apesar de aquartelarem nas sedes dos comandos militares as hordas de criminosos e fascistas que promovem caos, baderna e atentam contra a democracia, as cúpulas militares fazem de conta que tudo transcorre dentro da mais absoluta normalidade.

Este simulacro de normalidade é funcional e conveniente. Com a simulação de uma falsa normalidade, eles tentam continuar interferindo na política como se nada tivesse acontecido e como se nada de anormal e inconstitucional ainda continuasse acontecendo.

São sintomáticos, nesta condição de normalidade, os vazamentos que eles fazem sobre o perfil do ministro da Defesa que poderiam “aceitar” ou “objetar”. Vazam que “admitem” um ministro civil, mas não sem indicar preferências e restrições.

Não simpatizam com a possibilidade, por exemplo, de que o eventual indicado venha a ser algum jurista egresso do STF ou, então, algum diplomata.

Por outro lado, sinalizam que ficariam satisfeitos com a nomeação de alguém com o perfil de Aldo Rebelo – que, não por acaso, cultiva uma cosmovisão convergente com a deles sobre o papel histórico, presente e futuro das Forças Armadas na tutela da democracia.

Para a escolha dos comandantes das três Forças, eles nem de longe cogitam transferências para a reserva, pois “apostam” que Lula observará o critério de antiguidade e nomeará os mais antigos – estes mesmos generais oficiais e comandantes que estimulam e defendem os atos criminosos e antidemocráticos organizados e reunidos em áreas de administração militar.

Em reportagem do jornal Estadão, o jornalista Felipe Frazão menciona que na visão de generais da ativa ouvidos, “seria natural a preparação da transição pelos generais mais antigos de cada Força, cotados para assumir o comando-geral”.

Esta pretensão absurda evidencia a arrogância das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas, que arvoram para si prerrogativas e poderes não previstos na Constituição brasileira. Eles não reconhecem o dever de obediência ao poder civil e às instituições civis.

O fim do governo militar nominalmente presidido por Bolsonaro representa, igualmente, o encerramento de mais um ciclo desastroso de atuação dos militares na política.

No contexto da restauração da democracia, será preciso despartidarizar, despolitizar e, sobretudo, profissionalizar as Forças Armadas à luz da missão exclusiva da defesa do país em relação a eventual agressão estrangeira.

Para isso, é imprescindível transferir para a reserva a geração de oficiais que ainda hoje, século 21, respira os ares do porão da ditadura, idolatra o sanguinário Brilhante Ustra e reverencia como guia intelectual o general-conspirador Villas Bôas.

A tragédia legada pelo governo militar, que deixou o país em escombros e o povo brasileiro em sofrimento profundo, é um testemunho eloquente da incompatibilidade do alto oficialato e dos comandantes não só com a democracia, mas também com um projeto de Forças Armadas competentes, legalistas, profissionais e confiáveis.

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Comentários

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    Zé Maria

    “Falou também que o Coronel Nakaharada
    ‘apagaria’ qualquer um que o Valdemar
    da Costa Neto pedisse.”

    https://twitter.com/JornalismoWando/status/1594150087424413697

    Zé Maria

    https://twitter.com/i/status/1594094568802328579

    Desse jeito, nós não conseguiremos ler
    os livros que temos e devemos ler.
    Ainda bem que alguém teve uma idéia
    pra resolver o nosso problema …

    https://twitter.com/acervim/status/1594094568802328579

    Zé Maria

    O PL Partido de Bolsolão, continua querendo tumultuar a Eleição.
    Agora, a Alegação Absurda é de uma suposta Repetição de Número.
    .
    .
    “Uma análise de alguns arquivos nas urnas eletrônicas,
    de fato, mostra a ausência de alguns números de identificação,
    como diz o PL.
    No entanto, o problema pode ser resolvido com um simples
    cruzamento de dados.”

    A avaliação é do Professor e Pesquisador do Departamento
    de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da
    Escola Politécnica da USP, Marcos Simplício.

    Simplício afirma que a falha no “log” deveria ser investigada
    e corrigida, mas diz que o problema em nada impede
    a fiscalização da urna:

    “Há sim um bug no software,
    e seria bom investigar a causa dele,
    além de corrigir.
    Agora, dizer que é ‘impossível correlacionar
    univocamente esse log com o Boletim de Urna‘,
    invalidando a possibilidade de auditoria’
    é uma interpretação um tanto criativa [FALSA]
    do que pode ser a causa do problema”,

    COMO OBTER O NÚMERO DA URNA

    No exemplo abaixo, o professor mostra onde está o bug.

    No lugar onde deveria aparecer o número da urna,
    aparece só a repetição de um número: 67305985.
    Esse número é o bug, ele aparece em várias urnas
    diferentes.
    É possível ver na imagem abaixo, porém,
    o código do município (em verde),
    a zona eleitoral (azul) e a seção eleitoral (amarelo):
    https://static.poder360.com.br/2022/11/bug-log-urna-1024×537.jpg

    Fazendo uma consulta ao boletim de urna com esses dados,
    é possível encontrar o número das urnas.
    Leia em vermelho na imagem abaixo como foi possível
    encontrar a numeração da urna a partir dos dados
    que existem no log:
    https://static.poder360.com.br/2022/11/print-urnas-eletronicas.png

    Marcos Simplício também rebate a afirmação de que “não dá pra conferir a autenticidade dos logs, porque eles não dizem qual o ID da urna correspondente“. “É preciso esclarecer que não é o ID de urna que confere autenticidade ao arquivo de log, mas sim a assinatura digital feita pela urna sobre aquele arquivo de log”.

    [Fonte: Poder360]

    Zé Maria

    .

    Resumo do que a ex-mulher de Valdemar da Costa Neto fala no vídeo:

    Segue o FIo da Meada:
    https://twitter.com/apyus/status/1594326670646706176

    .

    Zé Maria

    Segue o Fio:
    https://twitter.com/desmentindobozo/status/1594431355282198528

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