Janio de Freitas: ”Uso fraudulento da internet em benefício de Jair Bolsonaro é irreparável e inapagável”

Tempo de leitura: 2 min

Caso do disparo de mensagens no WhatsApp fere a lisura da eleição presidencial

Judiciário está diante de um problema que põe à prova o discernimento, a coragem e a consciência de um bom número de magistrados

por Janio de Freitas, na Folha 

O dano causado à lisura da eleição para presidente, pelo uso fraudulento da internet em benefício de Jair Bolsonaro, é irreparável e inapagável.

Já atingido por desprestígio crescente nos últimos anos, o Judiciário está diante de um problema que põe à prova o discernimento, a coragem e a consciência de um bom número de magistrados. Não só do Tribunal Superior Eleitoral. E ainda da Polícia Federal, que em eleições anteriores comprometeu-se em facciosismos.

São vários crimes associados e simultâneos que se mostram na revelação da repórter Patrícia Campos Mello de que empresas pagaram ao menos R$ 12 milhões por pacotes de disparos em massa de mensagens, no WhatsApp, contra Fernando Haddad (PT).

Já se sabe que uma das empresas de informática capazes desse serviço, por exemplo o Dot Group, pode lançar mensagens para 80 milhões de pessoas.

Gasto de empresas com candidatos é crime eleitoral. Toda ajuda financeira a candidato precisa ser declarada à Justiça Eleitoral, o que não se deu, até por sua origem ilegal.

O uso de endereços eletrônicos deve ser fornecido pelo candidato ou seu partido, sendo ilegal a listagem com outra proveniência, como houve. Formação de quadrilha. Textos com falsidades, prática de fake news também ilegal. Abuso de poder econômico para influir no resultado de eleição.

Embora o inventário possa continuar, já se tem aí o suficiente para deixar entalados os juízes dos tribunais superiores.

Apesar da prolixidade criminal e do seu propósito, feita a revelação, foi no exterior que ocorreu a repercussão devida à gravidade dos fatos.

Mas não há omissão, ou mero e incomodado raspão no assunto, que esvazie esta dupla constatação: “o peso adquirido pela rede na formação da opinião nacional”, como dito em editorial da Folha, é uma obviedade; a destinação do benefício gerados pelas ilegalidades é a outra.

A quanto chegou o impulso não se saberá com exatidão. Mas os saltos do percentual de apoio a Bolsonaro, depois de sua demorada lerdeza nas pesquisas, encontram no golpe dos empresários uma possibilidade de explicação mais convincente do que o tal ódio antipetista.

Esse velho sentimento não contou com fatos repentinos e repetidos que o levassem a espraiar-se nos saltos de tantos milhões de eleitores conquistados, em intervalos de 48 ou 72 horas.

Os juízes que devem se ocupar desse caso —supondo-se que não o despachem também para o futuro incerto— substituíram os candidatos na criação de expectativa.

Alguns deles, como Luiz Fux, já fizeram afirmações claras sobre aspectos legais agora suscitados pelos empresários bolsonaristas.

Mas imaginar algum indício em tais precedentes será esquecer as decisões que levaram à crise de prestígio do Supremo e às críticas ao Superior Eleitoral. Apoiador de Bolsonaro ou de Haddad, espere sem esperança.

Pois é, Bolsonaro falou muito e à toa em fraude. Por algum motivo, fraude não lhe saía da cabeça.

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Comentários

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Hélio Sanchez

O certo seria anular o primeiro turno na disputa para presidente. Deveria ser feito outra eleição para presidente em outra data e ainda este ano. Mas duvido que aqueles pamonhas do TSE tenham culhão e peito para isso.
Todos candidatos na disputa presidencial foram prejudicados pelas Fake News.
É inaceitável a pamonhice do TSE. Se não fizer nada compactuam com o crime eleitoral.

Heitor

Sabe o que o foderoso TSE irá fazer de c9ncreto ? Nada.
Vai ficar o dito pelo não dito.
Esses juízes tb estão ajudando e muito o capital estrangeiro a tomar posse do pré sal e de outras empresas públicas ou estatais brasileiras.
Não farão absolutamente nada. Só estão preocupados com os Bolsos deles, desculpa o trocadilho. #Bolsosdenaro#
Se fosse o pt que fizesse isso, cassavam a candidatura do Haddad. Anulavam a eleição.
A nossa elite é a principal culpada pela corrupção no país. Quem sempre dirigiu e governou o país é a elite, elite do jeitinho. Não foi o pedreiro que governou.
Querem os empresários brasileiros e estrangeiros erradicados no Brasil liberalismo para os pobres, mas para eles querem ajuda do BNDES às suas empresas. O estado, na visão deles, tem obrigação de ajudar os empresários, mas não pode se meter na economia para ajudar os pobres. Só que nos EUA não é assim, na Inglaterra tb não é assim. O estado lá intervém na economia senão o bicho pega.
Até qdo iremos tolerar ministros do supremo que livram ladrões da cadeia, que soltam ladrões.
O programa de segurança do Bolsonaro é fake news. Só sendo muito tolo para acreditar que os ricos deixaram os pobres terem cada um sua arma de fogo. Quem viver verá se isso é verdade ou não. Duvido que a própria polícia queira e permita isso. Uma coisa é apartar uma briga de desarmados; outra, completamente diferente, é apartar uma briga com todos os briguentos armados.
Será que o povo não vê que isso é Fake News do capitão deformado.
Querem vender as empresas estatais, mas não querem abrir o mercado interno para concorrência estrangeira em todas as áreas. São uns caras de pau.

Regina Fe

Finalmente chegou o tempo em que o Brasil (e o mundo) terão certeza da independência do judiciário. Ou se essa independência vale apenas para o partido das duas letras. Que a lei e a lisura do rito prevaleçam. O caminho para o futuro de gerações parou na encruzilhada. Só há duas escolhas. Um futuro a ser construído com todos os erros e acertos que levam ao desenvolvimento para todos, ou, o retorno aos tempos da ignorância, com todo o saldo negativo dessa escolha num caminho sem volta. E se esse último caminho for o escolhido, quem prefere pagar para ver poderá não ter garantias.

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