Janio de Freitas: Dias difíceis, pressentidos por Múcio, não são só até a posse

Tempo de leitura: 3 min
José Múcio Monteiro, indicado a ministro da Defesa pelo presidente Lula. Foto: Agência Brasil

Dias difíceis, pressentidos por Múcio, não são só até a posse

Ministro considera sua prioridade a despolitização das casernas; despolitizar de verdade é militarizar os militares

Por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo

Se a disciplina e a hierarquia fossem os princípios essenciais dos militares, como dizem todas as intenções de caracterizar a vida das casernas, não se explicariam a atualidade nem o tumultuado percurso da República, nascida já da insubordinação contra os poderes constituídos.

Ou, o que dá no mesmo, se a disciplina e a hierarquia são os princípios que caracterizam a função militar, quem não se enquadra nos limites de ambas não cabe na definição de militar, propriamente.

Esta é a questão que se põe, de fato, para o indicado a ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ex-parlamentar da linhagem mais habilidosa na política e nos convívios.

Apesar dessa qualidade, ou levado por ela, ele emitiu na primeira entrevista de ministro designado, dada à GloboNews, uma contradição que sintetiza a realidade pouco visível das tensões que se opõem no momento.

Em frase não provocada, disse José Múcio que o período daqui à posse do novo governo será historicamente dos mais difíceis.

Perguntado, porém, sobre a existência de riscos ao regime, foi absoluto: “Nenhum”.

Nem por isso deixou de associar, diversas vezes, a palavra golpe às concentrações aceitas pelos comandos, quando não incentivadas, na frente de instalações militares com apelos de golpe.

O ministro designado considera sua prioridade a despolitização das casernas. Tranquilidade é, claro, condição indispensável para um governo levar seu país a avanços institucionais, sociais e econômicos.

A despolitização não é suficiente, no entanto, nas circunstâncias latino-americanas e, em especial, nas brasileiras.

Se imposta, a despolitização não perdura. É frágil diante da máquina de indução de condutas possuída pelos interesses contrários aos aspectos sociais e culturais da democracia.

Os militares devem ao país um esforço sincero para atualizar sua mentalidade e seu papel, ainda encravados na Guerra Fria, na propaganda antigetulista, na onda de ditaduras militares.

A politização que se sobrepõe à função militar autêntica tem a ver com esse quadro mofado.

Despolitizar de verdade é militarizar os militares. Inclusive em suas especialidades. Um exemplo destes dias é a lição extraída da Guerra da Ucrânia pelos países atualizados: os blindados estão superados, vencidos pelos novos projéteis.

A cada dia o fotojornalismo exibe ao mundo quantidades espantosas de blindados reduzidos a carcaças.

O Exército brasileiro está gastando mais de R$ 5 bilhões na compra — por ora, suspensa pela Justiça — de blindados convencionais italianos. Caducos e sem serventia.

Os futuros comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica estão escolhidos. A maior antiguidade, que os fez indicados, não é bom critério. O mais antigo não é necessariamente o mais apto ao cargo e ao momento.

No caso, não se sabe se, e quanto, os escolhidos são capazes ou não de mais do que despolitizar pró-forma as suas oficialidades.

O critério da antiguidade justificou-se por evitar, em princípio, que outra escolha mexesse com os melindres das correntes de fardados não premiadas, bolsonaristas à frente.

Os três estarão no mesmo teste em que José Múcio entrará logo ao tomar posse: o que será das concentrações, com muito fanático armado de um lado e outro dos muros? Não são manifestações no uso do direito de externar opinião, como militares têm dito acobertar sua conivência.

São fomentadores de um golpe contra a Constituição, contra o resultado de eleição reconhecidamente legítima, contra o Judiciário e contra a não-violência. São criminosos, todos. Em ação incompatível com governo democrático.

Os dias de dificuldade sem precedente, pressentidos por José Múcio Monteiro, não vão só até a posse.

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Comentários

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Zé Maria

.

“Vamos ver se o ‘mercado’ vai reagir a terrorismo ou se
só reage à chance de pobre ganhar alguma dignidade.”

https://twitter.com/RomuloCarvalho_/status/1602486891298914304

.

    Zé Maria

    “Se fosse uma manifestação da esquerda,
    por muitíssimo menos a polícia já tinha
    descido a porrada e spray de pimenta
    na cara dos manifestantes.”

    https://twitter.com/lelispatricia/status/1602490516402503680

    Zé Maria

    .

    Por que a Mídia Venal procura o Futuro Ministro da Justiça do Governo LULA,

    mas não procura entrevistar o atual Ministro do Governo de Jair Bolsonaro

    nem o Governador do Distrito Federal que são os Responsáveis pela Omissão?

    .

Zé Maria

.

“Parte dos criminosos estão abrigados em área militar
próxima ao QG em Brasília.

Outros tem como base o Palácio do Alvorada [!!!].

A omissão cúmplice de Bolsonaro e a postura
condescendente dos Comandantes Militares
possibilitou a ação dos terroristas radicais
da extrema direita.”

PAULO PIMENTA (PT/RS)
Reeleito
https://twitter.com/DeputadoFederal/status/1602590023215357953

Não foi só ‘Vandalismo’,

foi Atentado Terrorista !

.

Zé Maria

“Há um mês milhares de manifestantes [SIC] estão

acampados em uma área que pertence ao Exército.

Pedem abertamente um golpe e a ruptura democrática.

Ninguém os desautorizou ou os retirou dali.

Hoje [12], Brasília vive uma noite de atos terroristas
promovidos por esses mesmos bolsonaristas.”

GUILHERME MAZIEIRO
Repórter Intercept BR
https://twitter.com/GuilhermezMazi1/status/1602473891238236162

    Zé Maria

    .

    Ídolo da extrema-direita, recebido por Bolsonaro no Palácio da Alvorada,
    Serere Xavante é natural de Poxoreu, em Mato Grosso.

    É pastor evangélico, filiado ao Patriotas, foi candidato a prefeito de Campinápolis, município situado a 658 km de Cuiabá. Ele teve apenas 689 votos e não foi eleito.

    “Ele é dono de prostíbulos e traficante”, disse ao DCM um ex-governador do MT.

    Após a prisão, Serere gravou um vídeo [!!!] na PF mandando os bolsonaristas
    irem para casa.

    “É uma ordem”, falou, milagrosamente sem o sotaque que sempre teve.

    https://twitter.com/DCM_online/status/1602620146006253573

    Zé Maria

    Já passou da hora da Imprensa-Empresa
    parar de chamar os Bandidos Golpistas
    de ‘manifestantes’ ‘que fazem protesto’.

    São Criminosos, Terroristas, que atentam
    contra o Estado Democrático de Direito.

    O Código Penal tem a Solução ao Fascismo:

    “Art. 359-L. Tentar, com emprego de violência
    ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático
    de Direito, impedindo ou restringindo o exercício
    dos poderes constitucionais:
    Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos,
    além da pena correspondente à violência.”

    https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14197.htm#:~:text=359%2DL.,da%20pena%20correspondente%20%C3%A0%20viol%C3%AAncia.&text=Art.,-359%2DM.

Zé Maria

Há informações de que estes Sites da Extrema-Direita
recebem verbas da SECOM do desgoverno Bolsolão:
https://pbs.twimg.com/media/Fjxezy-WQAASdWO?format=png

Confere, GT Comunicação Social?

    Zé Maria

    .

    “Pastor Sererê” Não é Cacique de Pôrra Nenhuma!”

    ‘José Acácio Sererê Xavante’, apresenta-se como ‘cacique’,
    título que sua própria comunidade lhe nega.

    Para completar a farsa, Sererê e os indígenas que o seguem
    foram enviados de ônibus para Brasília financiados por um
    produtor rural, que se apresentou aos Sandeus de Porta de
    Quartel como “Didi Pimenta”. https://t.co/ugI9OPGZ1c

    .
    “O ‘cacique’ Sererê, a tentativa de invasão da PF
    e mais uma farsa do bolsonarismo no DF”

    [Reportagem: Sylvio Costa | Congresso em Foco | 12/12/2022 23h26 ]

    “O ‘grande líder’ indígena em nome do qual os bolsonaristas resolveram
    tocar o terror na capital federal, o pastor evangélico ‘José Acácio Sererê Xavante’,
    apresenta-se como ‘cacique’, título que sua própria comunidade lhe nega.

    Mais que isso: o povo que Sererê, 42 anos, diz representar não apenas o repudia
    como, na palavra do seu verdadeiro cacique, apelou ao ministro Alexandre
    de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para que não se dê
    ouvido aos golpistas que recorrem à violência na pretensão de prolongarem
    na marra o mandato do presidente Jair Bolsonaro, mesmo após a derrota
    nas urnas.

    Para completar a farsa, Sererê e os indígenas que seguem sua liderança
    foram despachados para Brasília de ônibus por obra de um produtor rural,
    que se apresentou em grupos bolsonaristas como ‘Didi Pimenta’.

    No vídeo a seguir, ele também pede ‘ajuda financeira’ para arcar
    com os ‘custos de manutenção’ dos golpistas no Distrito Federal.”

    https://youtu.be/WPUYGSp295A

    https://congressoemfoco.uol.com.br/area/pais/o-cacique-tserere-a-tentativa-de-invasao-da-pf-e-mais-uma-farsa-do-bolsonarismo/

    https://congressoemfoco.uol.com.br/area/pais/em-reacao-a-diplomacao-de-lula-manifestantes-bolsonaristas-tentam-invadir-sede-da-pf-em-brasilia/

Zé Maria

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“Embora se diga ‘cacique’, Cerere é Pastor evangélico e bolsonarista radical”

Jornalista CARLA JIMENEZ
Intercept BR
https://twitter.com/CarlaJimenez9/status/1602459650703896576

Zé Maria

Possivelmente, os dias mais difíceis serão
depois da Posse dos novos Parlamentares.

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