Gleisi desmente que Haddad tenha sido o escolhido, mas ex-prefeito fica mais próximo de Lula

Tempo de leitura: 4 min

Ricardo Stuckert

Da Redação

A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, passou as últimas horas desmentindo que o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, já tenha sido escolhido para substituir Lula como candidato do partido ao Planalto.

Primeiro, no twitter, ela atirou contra uma notícia da coluna Radar, de Veja, segundo a qual com a desistência do ex-governador Jaques Wagner a escolha de Haddad teria sido sacramentada.

“Realmente é muita viagem na maionese. Essa gente não se conforma com a candidatura de Lula. Lula é mais candidato do que nunca. De novo: aceitem que dói menos”, escreveu.

Horas depois, Gleisi tratou de desmentir a Folha, segundo a qual existiria uma disputa interna no PT.

“Ontem o Plano B estava definido, hj está em disputa?! A grande mídia não se entende e não entende o PT. Matéria da FSP cheia de fofocas, especulações, toda em off, pra desinformar. Desistam, nós temos candidato definido e pra desespero de vcs, ganha a eleição em qualquer situação”, escreveu, referindo-se ao ex-presidente Lula.

A capacidade de Lula transferir votos divide opiniões.

Na pesquisa Datafolha de 30 de janeiro, 44% dos entrevistados considerariam votar em alguém indicado pelo ex-presidente (27% com certeza).

Pesquisa da CNT de março apontou que Lula teria a capacidade de transferir até 42% de seus votos.

Seria uma base significativa para um candidato petista tentar o segundo turno (no quadro de pulverização de hoje, com alto potencial de brancos, nulos e abstenções, 20% garantiriam passagem).

O plano do PT segue sendo o de registrar a candidatura de Lula no dia 15 de agosto. Para aquela data o partido já organiza a Marcha Brasil de Volta aos Brasileiros com Lula.

Como a presidenta do STF, Cármen Lúcia, não incluiu na pauta da corte a votação das ADIns que questionam a prisão depois de condenação em segunda instância, tudo indica que o ex-presidente seguirá preso na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Ainda assim, é certo que o ex-prefeito de São Paulo está se aproximando cada vez mais de Lula, como relata Marina Gama Cubas em CartaCapital:

Haddad passa a ser advogado de Lula e amplia dias de visita

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, coordenador de campanha do ex-presidente Lula, “assume” mais uma tarefa na próxima semana. Ele passará a ser um dos advogados que integram a defesa do petista, preso há quase três meses em Curitiba.

Formado há mais de 30 anos em Direito pela Faculdade Largo São Francisco, da USP, Haddad não construiu carreira na área jurídica. Após fazer mestrado em Economia permaneceu na vida acadêmica até adentrar na vida política, quando passou a conciliar as duas ocupações.

Seu diploma em Direito e a carteira da OAB, no entanto, abrirão as portas da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba para que o petista possa visitar Lula com mais frequência e, consequentemente, despachar assuntos da campanha eleitoral sem a ajuda de intermediários.

Antes de integrar o time de advogados de Lula, Haddad fazia parte da restrita e concorrida cota de visitas que só podia ver o ex-presidente por uma hora nas tardes das quintas-feiras.

O período é destinado a amigos, mas tem sido usado pelo partido para tratar de assuntos políticos e eleitorais. Haddad havia visitado Lula apenas duas vezes desde sua prisão, em abril.

Com a mudança de status, ele terá o direito de ver o pré-candidato petista todos os dias da semana.

Responsável pelo programa de governo de Lula, o ex-prefeito vem representando o petista em debates e sabatinas pelo país — dividindo o papel com Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Emídio de Souza, tesoureiro da legenda e pré-candidato a deputado estadual.

O mais recente encontro entre o coordenador da campanha e o ex-presidente foi nesta quinta-feira, 28. Na saída da visita, Gleisi afirmou à imprensa que Lula gostaria de ver Haddad todos os dias.

O partido deverá apresentar as propostas de governo da pré-campanha nas próximas semanas.

Movimentos

Após forte divergência interna na legenda com a conversa de Haddad e Ciro Gomes (PDT) no final de abril, o ex-prefeito de São Paulo fez questão de deixar claro na noite desta sexta-feira, 29, que não há PT nas eleições sem o Lula — discurso que converge com aquele adotado por outros dirigentes da legenda.

“Como nós do PT podemos abrir mão do Lula? Não temos condição política, eleitoral, moral, programática. O PT não pode e não vai abrir mão de Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou Haddad ao final de sua fala no debate com representantes dos pré-candidatos à Presidência da esquerda, promovido pelo movimento Quero Prévias.

No encontro, tanto o porta-voz da pré-candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB) como a da de Ciro Gomes focaram suas falas na necessidade de a esquerda eleger um único candidato para disputar já o primeiro turno.

Outro sinal que conduz o ex-prefeito de São Paulo a uma maior proximidade com a cúpula do partido foi seu recente ingresso na corrente majoritária petista Construindo um Novo Brasil (CNB), do qual o próprio Lula faz parte.

A mudança foi vista com bons olhos entre correligionários, que ainda o consideram um estranho no ninho, e como um alinhamento de ideias.

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Comentários

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Julio Silveira

Se a decisão do Lula for pelo Haddad tudo bem, terá meu voto novamente, mas mais uma vez mostra que prefere o PT dos politiqueiros, dos coxandelas (mistura de coxinha c/mortadela), esses que dão a outra face para que lhes encham ambas as faces de porrada. Como sou apenas eleitor critico sem vinculos politivos teria muito mais prazer em votar no Lindbergh, no Damous, e olha que nem sou eleitor do Rio. Mas estou farto de gente que acha que no Brasil os que se afirmam esquerda tem que construir pontes com cleptocratas, trairas e golpistas, e outros salafras que se escondem no conservadorismo da canalhice.

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