EUA e União Europeia questionam Israel fechar organizações de direitos humanos na Palestina

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Em 18 de agosto de 2022, soldados israelenses invadiram e fecharam 7 ONGs palestinas de direitos humanos, acusando-as de ligação com o terrorismo em Ramallah, Cisjordânia. Entre as atingidas estão a Addameer (palavra em árabe para "consciência") e al-Haq (palavra para "justiça"). Fotos: Twitter da al-Haq e Agência Anadolu

EUA e União Europeia questionam fechamento de organizações de direitos humanos da Palestina

Até mesmo para aliados de Israel e mantenedores de estruturas da ocupação, ação militar seria injustificada

Por Michele de Mello, em Brasil de Fato 

Aumentam os questionamentos internacionais sobre a ação de Israel contra sete organizações não-governamentais e de direitos humanos da Palestina.

Na última quinta-feira (18), militares israelenses invadiram e fecharam a sede de sete ONGs na cidade de Ramallah, região ocupada da Cisjordânia. Representantes de nove países europeus manifestaram sua preocupação em relação ao caso.

O embaixador da União Europeia, Dimiter Tzantchev, disse que o fechamento das ONGs era inaceitável.

“A União Europeia apoia uma sociedade civil livre e forte. Vamos continuar apoiando as organizações palestinas que desempenham um papel na promoção dos direitos humanos e valores democráticos. Não houve informação substanciosa de Israel que justifique a revisão da nossa política”, publicou.

Na última sexta (19), representantes de nove países europeus, entre eles Alemanha, Itália, França, Espanha, Holanda, Bélgica, Irlanda, Dinamarca e Suécia, já haviam manifestado sua “preocupação” sobre o fechamento das ONGs palestinas.

As organizações atingidas são: Addameer (palavra em árabe para “consciência”), al-Haq (palavra para “justiça”), Defesa das Crianças da Palestina (DCI), União dos Comitês de Trabalho Agrícola (UAWC), Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento, Comitê da União das Mulheres Palestinas (UPWC) e o Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde (UHWC).

Além disso, um relatório secreto da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) que vazou em parte nesta segunda-feira (22) considerou que faltam evidências para classificar as organizações de direitos humanos da Palestina como “terroristas”.

A classificação foi imposta por Israel em outubro do ano passado contra seis das organizações e serviu de justificativa para o fechamento das sedes das ONGs na madrugada da última quinta.

O documento da CIA teve como base as supostas evidências enviadas pelo governo de Tel Aviv ainda no passado, mas a conclusão é de que não há provas sobre as relação das entidades com a Frente Popular de Libertação pela Palestina (FPLP) ou com “atividades terroristas”.

“Nós continuaremos revisando todas as informações que nos forneçam”, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, e reiterou que há que se cruzar uma “alta barreira” para que as forças de segurança atuem contra organizações da sociedade civil.

Em julho, o presidente Joe Biden comprometeu-se com a solução de “dois Estados independentes” após reunir-se com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

Greve de fome

O Clube de Presos Palestinos (PPC) iniciou, nesta segunda-feira (22), uma greve de fome coletiva em forma de protesto contra a repressão dos militares israelenses. Os detidos também decidiram não sair das suas celas para impedir as inspeções realizadas pelas forças de segurança de Israel.

Em março, Israel e Palestina assinaram acordos que previam o fim da tortura e maus tratos contra presos palestinos.

No entanto, segundo o PPC, as condições das cárceres de Israel continuam as mesmas e ainda denunciam que são vítimas de abusos por parte dos militares israelenses.

Existem aproximadamente 4,5 mil palestinos detidos em prisões israelenses, deste total, cerca de 500 são presos administrativos – sem acusação formal ou julgamento.

* Com informação de Hispantv, The Guardian, Middle East Monitor e Jerusalem Post

Edição: Arturo Hartmann

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